Análise – Scott Pilgrim VS. The World Complete Edition
A nossa análise de Scott Pilgrim vs. the World: The Game Complete Edition chega mais de dez anos após o jogo original, lançado em 2010 para a PlayStation 3 e Xbox 360. Este jogo surgiu para aproveitar a popularidade gerada pelo filme que, por sua vez, é apoiado na banda desenhada criada por Bryan Lee O’Malley.
Seis anos após ter sido removido das lojas digitais, por misteriosos motivos que ainda hoje desconhecemos, a Ubisoft não se conteve e respondeu ao pedido dos fãs. Criou a remasterização deste beat’em up peculiar e colocando-o dentro de uma edição completa com todos os seus DLCs, personagens-extra e elementos multi-jogador cooperativo online. Sentem-se preparados para enfrentar novamente os sete ex-namorados malvados de Ramona Flowers?
Ás vezes, o melhor mesmo é não perguntar à actual namorada quantos namorados já teve no passado. O problema de Scott Pilgrim é esse mesmo. Desempregado e com fogo nas veias, decide ignorar por completo o conselho de deixar o passado para trás, tentando conhecer todos os ex-namorados da rapariga por quem ele está perdidamente apaixonado.
O primeiro nome da lista é Matthew Patel, um especialista em magia negra, até mesmo capaz de invocar demónios voadores. Lucas Lee é um famoso skater que também usa a prancha para bater violentamente em quem não gosta dele. Todd Ingram é um guitarrista que gosta de electrocutar os seus inimigos. Roxy Richter é uma ninja particularmente habilidosa com a sua espada. Depois, temos os gémeos Kyle e Ken Katayanagi, que podem controlar um robô gigante. O sétimo e último ex-namorado é Gideon Graves, dotado de poderes tão temíveis quanto misteriosos.
Com o Scott, seus amigos Stills e Kim e a própria Ramona, teremos de enfrentar estes sete temíveis ex. Cada um representa um nível dividido em duas fases, sempre sobrecarregadas de adversários e caracterizadas por um grau de desafio muito exigente mesmo no nível de dificuldade mais baixo. A mecânica é a típica de jogos beat’em up e este título não esconde de forma alguma as referências óbvias a clássicos como Double Dragon, Final Fight e Streets of Rage. Mas, também vi influências de Super Mario Land, Street Fighter II, Golden Axe e, em geral, de alguns dos videojogos mais representativos do género, lançados entre o final dos anos 80 e o início dos anos 90.
No entanto, não é bem a estrutura do jogo que se destaca de imediato mas, sim, a sua peculiar realização técnica. Cada aspecto de Scott Pilgrim vs. the World retoma os ambientes coloridos e animados dos videojogos de há vinte anos atrás. Se não, notem o grafismo bidimensional repleto de personagens desenhadas e animadas à “moda antiga”. Notem osm cenários com um grau de interação limitado, concebidos com uma dose elevada de pixéis bastante visíveis. O som é enriquecido por uma música terrivelmente cativante ao estilo chiptune, que ecoa na nossa cabeça durante dias.
A grande abundância de personagens é surpreendente e não me refiro apenas às já mencionadas personagens jogáveis. Temos algumas adições como Knives Chau e Wallace Wells para desbloquear e uma grande variedade de inimigos, divididos em vários tipos. Cada um destes inimigos, já agora, surge com diferentes padrões de ataque e tenho de dar o óbvio destaque aos bosses, que são apresentados de uma forma mais espetacular e bastante mais multifacetada.
Depois, temos os cenários, também bastante numerosos, espalhados pelos sete mundos onde “reinam” os ex de Ramona. Nestes engenhosos palcos da acção, poderemos navegar num mapa ao estilo de Super Mario Land, divindo-se em duas zonas de livre acesso. Os cenários variam desde ruas de Toronto aos sets de filmagem de Lucas Lee. Se tiver de destacar algum deles, diria que gostei bastante de um certo mapa a bordo de um comboio, no qual nos encontraremos a perseguir um ninja misterioso.
Se tecnicamente o jogo se manteve firme graças aos sprites desenhados à mão e às excelentes animações criadas com métodos tradicionais, o mesmo não se pode dizer sobre a jogabilidade. Após dez anos desde o original, começa a sentir o peso da idade e de certas deficiências de conceito. Não quero com isto dizer que o jogo não seja divertido, longe disso. Tanto a solo como em modo cooperativo, esta remasterização da Ubisoft retoma a mecânica clássica deste género e consegue fazê-lo de maneira competente, principalmente para jogadores mais persistentes e que gostam de um bom desafio.
Scott Pilgrim vs The World e a sua abordagem hardcore não mudou em nada, com inimigos muito fortes e acostumados a desviar todos os nossos golpes. Enquanto o confronto for equilibrado, não há grandes problemas em nos defendermos aplicando socos, pontapés ou até o ataque especial que consome energia vital. O problema está quando os adversários são muitos e usam truques para obter vantagem, como o atordoamento momentâneo da nossa personagem. Aí a situação torna-se caótica e frustrante. Os jogos já evoluíram muito a este nível. Este tipo de dificuldade desnivelada chega a ser injusta em certas ocasiões.
Por outro lado, há umas quantas questões técnicas que precisavam de alguma atenção. Uma delas, é a detecção de colisões. Não ajuda nos níveis de frustração, tornando-se muito recorrente errarmos o nosso alvo quando temos um inimigo sobreposto no mapa. Ironicamente, este é um problema que vem do título original. Torna-se impossível direcionar os golpes de um lado para o outro, dentro de um sistema de movimento no qual é comum ficar preso. Duvido muito que a produção quisesse fazer muitas alterações ao jogo, afinal é uma reedição. Contudo, dava para melhorar alguns aspectos, sem dúvida.
Veredicto
Scott Pilgrim Vs. The World: The Game ainda é um bom jogo nos dias de hoje. Esta Complete Edition entrega-nos uma versão ligeiramente remasterizada, que enfatiza o charme do jogo original, os seus muitos easter eggs e o incrível estilo gráfico. Há, no entanto, alguns problemas que persistem desde o jogo original e que são ainda mais evidentes nos dias de hoje. Ainda assim, a este preço e com este conteúdo, a Ubisoft recupera um jogo que certamente agrada os nostálgicos, os fãs das comics e, quem sabe o mais importante, que nos divirte.
- ProdutoraUbisoft Montreal
- EditoraUbisoft
- Lançamento14 de Janeiro 2021
- PlataformasPC, PS4, Switch, Xbox One
- GéneroAcção, Arcade, Luta
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Grafismo e som elegantes
- Jogabilidade imediata mas não trivial
- Modo Cooperativo
- Detecção de colisões
- Dificuldade extrema em alguns sectores
- Alguns combates caóticos e frustrantes
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.