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Análise – Session: Skate Sim

Em Acesso Antecipado no Steam desde Setembro de 2019, a produção sempre apostou em lançá-lo apenas “quando estivesse pronto”. Parece que, finalmente, Session: Skate Sim estava pronto… estava mesmo?

Este título foi feito por Skaters, para Skaters, num projecto apoiado via Kickstarter. Tal como o próprio título indica, aposta numa simulação e não tanto numa jogabilidade “arcade”, semelhante a títulos como Tony Hawk’s Pro Skater. A grande diferença está nos controlos, com os comandos analógicos a controlar cada pé do skater e os gatilhos, por sua vez, ficam responsáveis por distribuir o peso do corpo. Escusado será dizer que é uma mecânica que dá maior controlo na prancha mas também exige dedicação e alguma aprendizagem. Mas, calma! Não desistam na primeira queda do skate.

Session tem um maior sentido de simulação, mais de encontro a físicas e dinâmicas realista. Se tiverem realmente a devida dedicação e um dom natural para o skate, serão capazes das maiores acrobacias. Caso contrário, terão de se contentar em falhar 20 vezes até finalmente conseguirem o truque. Provavelmente não é a forma mais espectacular de fazer as coisas. Até mesmo um simples Ollie irá precisar de algum tempo e coordenação para ser realizado com o mínimo de qualidade, principalmente porque as direcções dos analógicos dependem da vossa postura.

É este tipo de minúcia que Session realmente triunfa. E é também aqui que os jogadores tão habituados ao estilo arcade poderão perder a vontade de jogar. Um simples truque que pode demorar um minuto para aprender na série Tony Hawk, por exemplo, pode demorar dezenas, até centenas de tentativas. Falo por experiência própria, porque fazer um grind nesta jogabilidade não é tão fácil como parece. Sim, o caminho de aprendizagem vai ser longo e sinuoso. Tal como na realidade não conseguimos pegar num skate e começar a fazer kickflips.

É um título que requer mestria, algo que não é completamente estranho no género mas é raro que manobras simples sejam tão difíceis de realizar. E, embora existam algumas missões simplistas, tutoriais, e desafios, raramente explicam tudo de uma forma intuitiva. Isto deve-se, em parte, à ausência de um sistema de pontuação, reduzindo assim os desafios a coisas como aplicar um Manual de 3000 metros no espaço de uma semana ou realizar uma manobra específica num spot “cool”.

Em vez disso, Session quer que andemos de skate à volta dos seus três locais: Nova Iorque, Filadélfia, e São Francisco de forma livre, experimentando o skate das formas mais diversas, como se acabássemos de o comprar e agora precisamos justificar o investimento dessa mesada gasta. Alguns pontos icónicos nestas cidades foram recriados, pelo que se pode andar no Parque FDR em Filadélfia ou aplicar uns grinds (se conseguirem) nos bancos de Brooklyn. Turismo em cima de um skate, com liberdade para uns truques sem chatear os moradores, portanto.

Como devem calcular, esta falta de estrutura significa que falta um senso de objectivos no jogo. De um modo geral, está quase inteiramente dependente da própria determinação do jogador em melhorar no jogo e julgar o seu próprio progresso. É, no fundo, um jogo para quem quer algo mais “lifestyle”, não tanto para um modelo de jogo com uma carreira definida. Assim, acaba por não apresentar um modo de carreira satisfatório como em outros títulos do género. Se esperam taças, medalhas de ouro ou outros troféus para ganhar, esqueçam.

As missões e os desafios são dados por outros skaters através de caixas de texto e imagens estilizadas que, para dizer a verdade, não adicionam muito ao jogo. Este tipo de interacção, torna tudo bastante opcional. Dei por mim a saltar estes diálogos para ir direito às missões. No final, o que se ganhar em cada missão bem sucedida são descontos específicos para usar na Skate Shop. Contudo, nem mesmo fazer missões deixa de ser redundante. É que há aqui uma facilidade de ganhar dinheiro que, a certa altura, é tanto que não sabemos o que fazer com ele. Para quê descontos, então?

Para compensar a ausência de sistema de pontuação para os truques, resta-nos puxar pelo ego. É possível gravar as vossas manobras com um editor de vídeo e fotografia dentro do jogo. Sendo claramente uma homenagem aos anos 90, existem filtros que permitem recriar o aspecto de vídeos antigos. Ser capaz de partilhar facilmente as vossas melhores quedas manobras online ou nas redes sociais, vai ajudar os maiores fãs de skate a aderir ao jogo. É mais uma prova que o jogo foi feito para eles.

Ao final de algumas horas meio perdido, meio focado em aperfeiçoar manobras, achei que o jogo precisava de um fio condutor para aumentar a sua longevidade. Podia muito bem dar algo mais aos jogadores para se agarrarem (além da prancha, claro). Aliás, tecnicamente não se nota que o jogo estivesse assim tão pronto para este lançamento. A falta de traduções com o erro “Missing [PT] Translation” e uma detecção de colisões ou na geometria do jogo muito falível, faz com que o jogo pareça ainda muito embrionário. O que três anos depois é muito difícil justificar.

Veredicto

Session: Skate Sim não é, de todo, perfeito. É uma tentativa de trazer algo mais autêntico na arte do skate, sem dúvida. Faz jus ao seu nome por ser certamente o simulador de skate mais realista de sempre a nível do que se consegue fazer com a prancha. No entanto, a curva de aprendizagem é intimidadora, exigindo tempo, paciência e precisão para fazer truques sem frustração. Em termos de oferta, é satisfatório fazer o que se quer mas, depois das horas investidas, falta-lhe uma carreira propriamente dita para justificar o tempo… que podíamos gastar num skate real. E mais uns tempos no “forno” não era mal pensado.

  • ProdutoraCrea-ture Studios
  • EditoraNacon
  • Lançamento22 de Setembro 2022
  • PlataformasPC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroDesporto, Simulação
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Linha de aprendizagem muito acentuada
  • Missões e desafios raramente são cativantes
  • Alguns erros e falta de polimento geral

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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