Análise: Shadow of the Beast (2016)
Passaram-se precisamente vinte e sete primaveras entre o original Shadow of the Beast, lançado originalmente pela produtora Heavy Spectrum Entertainment Labs no velhinho Commodore Amiga e esta reedição exclusiva para a PlayStation 4 que vamos analisar aqui hoje. Será que passa na prova do tempo?
Em quase três décadas, muito mudou nesta Indústria e este jogo é um excelente exemplo para demonstrar toda essa evolução. Qualquer reedição que se preze precisa de um termo de comparação e, acima de tudo, precisa também de melhorar onde é possível, sem piorar o que já era bom ou, pelo menos, dava ao jogo original a sua identidade. Com as capacidades técnicas díspares entre o Commodore Amiga e a PlayStation 4, pode ser um autêntico desafio não se perder em inovação, colocando a jogabilidade em causa. Que o digam muitas reedições actuais que descaracterizam títulos. Felizmente que na reedição deste título de 1989, uma boa parte da equipa original voltou novamente ao trabalho.
Shadow of the Beast conta-nos a história de Aarbron, um homem que foi raptado ainda em criança e transformado através de magia num monstruoso escravo-guerreiro para servir o temível Maletoth. Contudo, a criatura acaba por recuperar a sua memória de quando era humano ao ver a execução de um homem. Mais tarde reconhece esse homem como sendo o seu próprio pai e é então que Aarbron começa então a sua grande aventura com base na vingança contra Maletoth.
Como é normal nestas reedições, vou falar um pouco do jogo original. Este é recordado com carinho por muitos jogadores, tido por muito como um título brilhante. É o primeiro de uma trilogia mas as suas sequelas não tiveram o mesmo impacto que o jogo de 1989 que, para a sua época, era perfeito em todos os sentidos. Os gráficos, que contavam com 50 fotogramas por segundo, eram muito avançados, desde o detalhe das árvores aos objectos em movimento no fundo, com um efeito de 12 níveis de parallax, algo que não era comum para a altura. Para além disso, o jogo contava com uma banda sonora capaz de nos deixar a assobiar melodias durante semanas.
A nível de jogabilidade, as armas que o jogador terá desde o início do jogo (e irá usar por grande parte dele), são as afiadíssimas garras de Aarbron, capazes de desmembrar inimigos com um só golpe. Ao longo do jogo é possível desbloquear novos movimentos de combate e outras armas, mas não vos quero estragar a surpresa. No entanto, vão passar muito tempo com as icónicas garras que, para além da sua finalidade principal de combate, também conseguem ajudar Aarbron a deslocar-se pelas paredes, seja a subir ou descer.
Para desbloquearem novos movimentos e armas, os diversos confrontos de cada nível pontuam a nossa prestação que pode, mais tarde, ser comparada numa tabela a nível mundial. Nesta tabela podem filtrar os resultados pelos amigos, para criar um nível de competição mais elevado. Estes pontos permitem também desbloquear alguns extras ao jogo como por exemplo a mítica versão do jogo original emulada do Commodore Amiga ou substituir a banda sonora desta reedição com a original.
E, enquanto jogava, não pude deixar de pensar imensas vezes em God of War. Desde as alterações de ângulo de câmara, o sentido de escala, os enormes edifícios, até como Aarbron consegue combater dezenas de inimigos em simultâneo, muito fez-me lembrar Kratos. E esse sentimento serviu também para me familiarizar com o combate. O quadrado serve para atacar, o triângulo para atordoar e o círculo para agarrar os inimigos. Para esquivar podem usar o analógico direito e para bloquear o R1. Se jogaram algum God of War, irão reparar imediatamente que são precisamente os mesmo controlos. A única diferença do seu primo Grego é o poderoso ataque de Aarbron com o pressionar do touchpad, capaz de invocar espinhos que saem do chão e derrotam todos os inimigos que o rodeia.
Se forem precisos nos tempos dos ataques quando estão a surgir as vagas de inimigos, a vossa barra de sangue é preenchida. E uma vez cheia, permite-vos desencadear um ataque especial, onde Aarbron numa espécie de cena intermédia acaba com o todo os seus inimigos de forma brutal, enquanto o sangue pinta todo o cenário. No modo de dificuldade mais acrescido, o timing é de tal forma preciso que eu tive dificuldade em preencher a barra de sangue logo no primeiro nível. Tal como o jogo original, este Shadow of the Beast também requer alguma dedicação para sobreviverem até ao final de cada nível.
Mas há mais para além de todo o sangue derramado e da violência. Graficamente, esta recriação é um regalo para qualquer amante de plataformas. Muito provavelmente, esta fidelidade visual é mesmo o melhor que o jogo tem para oferecer. Os ambientes são diversificados e oferecem uma incrível sensação de profundidade, mesmo que a jogabilidade seja totalmente em duas dimensões. Os efeitos visuais, partículas e efeitos de iluminação estão bem ao nível de outros títulos, tirando perfeito partido das capacidades da PS4. Quase não notei grandes perdas de performance.
Por fim, não posso deixar de falar novamente no sangue que é derramado enquanto vamos derrotando os nossos inimigos. Para além de preencher o ecrã, como podem ver na imagem a seguir, é espalhado por todas as superfícies, até mesmo na relva que se agita com ajuda do vento. Tudo isto num jogo que poderia funcionar muito bem em três dimensões, mas mantém-se fiel ao original, como numa homenagem ao seu grande sucesso. E ainda bem que a produção não se deixou levar e recuperou essa sua essência.
Veredicto
Não tenho dúvidas que este Shadow of the Beast é uma excelente reedição do clássico de 1989. O aspecto gráfico foi o que mais me surpreendeu, de facto. Mas não deixa de ser um grande jogo de plataformas com grande foco no combate. Tal como o original, este remake também necessita de algum domínio dos controlos, o meu único ponto negativo vai para o timing, por vezes, demasiado preciso para poder desencadear o ataque especial de Aarbron, sobretudo nos níveis de dificuldade mais acrescidos. Se gostam de jogos de plataformas e de acção violenta, deem uma oportunidade a este jogo e não vão ficar desiludidos.
- ProdutoraHeavy Spectrum Entertainment Labs
- EditoraSony Interactive Entertainment
- Lançamento17 de Maio 2016
- PlataformasPS4
- GéneroAcção, Plataformas
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Possibilidade de jogar o jogo original
- Sistema de combate familiar
- Visualmente é um exemplo para jogos de plataformas
- Timing necessário para desencadear ataque especial
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.