Análise – Song of Nunu: A League of Legends Story
O novo Song of Nunu podia ser mais uma entrada no registo impecável de jogos no universo League of Legends. Só que pode ser visto como um passo atrás em comparação com os outros lançamentos, porque não impressiona como os demais.
Para muitos dos seus fãs, a Riot Forge deixará saudades. Com esta incubadora de ideias paralelas no universo LOL, a Riot criou uma fórmula pouco comum para seus jogos, com títulos criados não propriamente para os fãs de um género ou de uma personagem em particular mas sim para os adeptos do lore vastíssimo da popular franquia League of Legends como um todo. Permite, entre outras coisas, aprofundar as histórias e mitos em torno das personagens e do jogo principal, ao mesmo tempo que a marca experimentou outros géneros. Os anteriores Mageseeker, Ruined King e CONV/RGENCE, além de estarem repletos de referências para os amantes de League of Legends, também são bons representantes dessa exploração de ideias. Song of Nunu, por outro lado, tem uma história agradável e, em alguns pontos, é muito emocionante mas… como irão ver, não chega para nos convencer. Pelos vistos, não terá chegado para evitar a extinção da Forge.
A história de Nunu e Willump é, de facto, muito emocionante. Nuno é um órfão que tem em Willump, o último yeti no mundo de Runeterra, um amigo improvável. Estes são dois espíritos solitários que se encontram e lutam contra as adversidades, excelentes protagonistas de uma história sobre amadurecimento. Além dos protagonistas, vamos encontrar o corajoso Braum e a malévola Lissandra, juntamente com alguns outros campeões famosos da região de Freljord. Não me vou estender muito sobre o enredo, porque é, de facto, a principal oferta e assim também vos poupo de uns quantos spoilers. Direi apenas que a história é relativamente agradável de seguir, dentro do que seria de esperar neste lore. O desempenho de todas as personagens é cumpridor e faz justiça ao famoso tom vindo do reino nórdico de League of Legends.
Se são fãs do universo narrativo de League of Legends, Song of Nunu tem algo a dizer, apesar de não brilhar em termos de jogabilidade. Nunu e Willump contam muitos aspectos da sua história, assim como Braum (com seu majestoso bigode) e Lissandra, que actua como a vilã do jogo. Vão redescobrir os mitos e lendas de Freljord, o perigo apocalíptico que se esconde sob o gelo e as grandes divindades que habitam esta terra mitológica. As piadas vão fazer-vos sorrir e o inevitável final feliz vai deixar-vos com um certo sentido de esperança para o futuro. Se até duas almas abandonadas pelo mundo, como as de Nunu e Willump, podem encontrar amizade, significa que todos têm uma oportunidade. Boa mensagem.
No entanto, se nunca ouvirão falar destas histórias ou das lendas de Runeterra, poderão ficar um tanto desapontados pela quantidade de itens que o jogo “assume” que devem conhecer e apreciar. Nem todos ficarão apaixonados por um jogo baseado em secções de plataformas um tanto repetitivas, quebra-cabeças pouco originais e secções de furtividade que não são particularmente complexas ou desafiantes. Tudo isto foi criado em torno de uma história relativamente brilhante, sem dúvida. Mas, torna-se complicado ganhar apreço ou empatia pelo jogo se tudo está meramente implícito e a jogabilidade falha em entusiasmar.
O destaque de Song of Nunu está nos quebra-cabeças e nas secções em que o protagonista deve tocar Svellsongur, uma flauta mágica com o poder do “Gelo Verdadeiro”. No universo de League of Legends, existem três tipos de gelo: O normal, como todos nós conhecemos, o Gelo Verdadeiro, que só pode ser produzido pela magia dos yetis, sendo um mineral super resistente e mágico, e o Gelo Sombrio, uma força maligna que Lissandra domina. Este minério tão especial usado na flauta dá a Nunu habilidades sobrenaturais mas apenas se a melodia certa for tocada. Esse aspecto foi traduzido para a jogabilidade tornando-se a sua base.
Tocar a flauta envolve usar os dois gatilhos e os dois analógicos do comando como controlos principais. Cada botão corresponde a uma nota, assim como podemos emparelhar os botões, totalizando dez combinações possíveis. Cada som tem uma representação visual no estilo rúnico, numa musicalidade própria. Teremos de usar estas lógicas para abrir portas e até controlar elevadores, passando pelo controlo mental de criaturas da floresta e manipulação de poderes de gelo. Essa mecânica é muito divertida e muito paralela à própria narrativa do jogo, já que a tribo Notaj (de onde Nunu vem) tem uma forte tradição musical.
Mas, há mais elementos musicais em jogo. Um dos coleccionáveis espalhados pelo mundo do jogo é uma espécie de carrilhão de vento que canta um verso de uma canção em Notaj e que podem desbloquear por completo até o final da aventura. Como as outras boas ideias de Song of Nunu, no entanto, a flauta torna-se demasiado explorada, servindo para completar tarefas repetitivas e pouco originais tornando os quebra-cabeças ambientais um tanto fastidiosos. Além disso, no final da aventura, as músicas tornam-se cada vez mais complicadas, tornando o que poderia ser um desafio de memória e ritmo agradável em algo repetitivo que acaba por se tornar um tanto monótono.
Para o bem e para o mal, Song of Nunu é um jogo de aventura relativamente curto. Se a oferta se torna tão repetitiva, vendo bem, não há nada de errado no facto de poder ser jogado em seis ou sete horas, completando-o sem grande esforço ou pressa. Mesmo dedicando algum tempo para apanhar os poucos coleccionáveis espalhados pelos níveis, não irá extender a experiência por muito mais tempo. Terminando-a uma vez, também não vejo grande motivação para repetir tudo novamente. Para todos os efeitos, este é um jogo de companhia do jogo principal e não faz questão de ser nada mais que isso. Não creio que os jogadores procurassem muito mais mas ficam avisados se esperavam outra coisa.
Infelizmente, produtora Tequila Works focou-se bastante na nostalgia, por vezes capitalizando demais na familiaridade que a maioria dos jogadores terá com LOL. Por causa deste “dado adquirido”, a exploração dos níveis não entusiasma muito, faltando-lhe um pouco mais de criatividade. As plataformas são, por vezes, repetitivas, as lutas nunca representam um verdadeiro obstáculo e os quebra-cabeças, em alguns casos, são frustrantes. É uma verdadeira formalidade em algumas ocasiões, não fazendo grande justiça à intensidade emocional e óptimos momentos narrativos que a história quer proporcionar.
Veredicto
Apesar de ter uma narrativa bem escrita, envolvendo um lore de longa data relacionada com os campeões da icónica série League of Legends, Song of Nunu: A League of Legends Story fica aquém do que vimos em outros produtos da Riot Forge. Em termos de jogabilidade, não é particularmente original nem consegue entusiasmar. Entre alguns excelentes momentos narrativos, são intercalados por uma jogabilidade algo repetitiva e quebra-cabeças discretos que pouco acrescentam à experiência. Os grandes fãs do reino de Freljord são os claros alvos desta experiência, pelos mitos e lendas aqui explorados. Os demais, talvez não se sintam muito motivados para uma experiência que em quase nada surpreende.
- ProdutoraTequila Works
- EditoraRiot Forge
- Lançamento1 de Novembro 2023
- PlataformasPC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X|S
- GéneroPlataformas
Podia ser melhor mas tem alguns pormenores positivos que podem agradar a muitos jogadores.
Mais sobre a nossa pontuação- História emocionante
- É sempre agradável tocar a flauta
- Muita informação sobre o reino de Freljord
- Quebra-cabeças triviais
- Exploração repetitiva
- Fases de furtividade monótonas
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.