Análise – Sonic Superstars
No turbilhão de velocidade e aventuras dentro do universo de Sonic the Hedgehog, a SEGA parece ter finalmente encontrado o segredo para voltar a capturar o entusiasmo dos fãs da série, chama-se Sonic Superstars.
Nos últimos anos, as aventuras de Sonic the Hedgehog têm alternado constantemente entre estilos de jogabilidade, para tentar encontrar um público bastante mais abrangente. Sonic Mania, trouxe de volta as origens da série visualmente, enquanto inovava as mecânicas o máximo possível. E depois tivemos Sonic Frontiers, que podemos considerar como um teste para ver a recepção dos fãs a um título mais amplo.
O caso do jogo que vamos falar hoje, também é peculiar. Desta vez, a escolha recaiu sobre o 2.5D, ou seja, num mundo de jogo fundamentalmente em três dimensões mas com progressão horizontal, praticamente como no primeiro capítulo para a Mega Drive. A ambição da SEGA não pode ser questionada, não só pelo elevado número de níveis, mas também pela inclusão de melhorias ligadas às Esmeraldas do Caos e até pelo modo multijogador, para ser disfrutado localmente e online.
Antecipando o que estão prestes a ler, podemos confirmar desde já que nos deparamos com um título cheio de boas ideias, duradouro e bem polido, a ponto de reafirmar o que ainda hoje faz de Sonic the Hedgehog tão original e divertido. E faz isso sem distorcê-lo com truques fora de contexto (estou a olhar para ti Sonic Frontiers). Vou esclarecer todos esses aspectos.
A premissa é a mesma de sempre. O teimoso Dr. Eggman elaborou um plano para conquistar o mundo. Desta vez está interessado num lugar completamente novo, conhecido como Ilha Northstar onde existem animais gigantes, ideais para a criação da seu poderoso exército. Como geralmente as suas invenções não são suficientes para deter o contra-ataque de Sonic e companhia, Dr. Eggman foi buscar aliados. Juntou-se a Fang, a caçadora de recompensas e à misteriosa Trip, de quem, na verdade, se sabe muito pouco, também por causa da armadura improvisada que a cobre.
O modus operandi de Eggman sofreu mudanças mínimas desde há anos. Desta vez, colocou as mãos nas Esmeraldas do Caos, perturbando o equilíbrio do mundo de origem e dos animais locais, forçando-os a lutar na forma de robots agressivos. Temos os caranguejos e morcegos que já conhecemos e outros inimigos novos e muito peculiares. A tarefa de Sonic, Tails, Knuckles e Amy (todos eles jogáveis) é salvar os animais e derrotar as criações do cientista para restaurar a paz. E isso vai levar algum tempo, porque desta vez a aventura principal facilmente ultrapassa as vinte horas de duração, incluindo mundos secundários, medalhas e coleccionáveis.
A fórmula de Sonic Mania parece ter estabelecido um precedente importante. Mesmo em Sonic Superstars, é possível jogar com um dos quatro heróis principais, cada um com poderes únicos: o Sonic tem a corrida e é obviamente o mais importante, mas é impossível negar que o voo de Tails, o deslize e a escalada de Knuckles e, finalmente, o salto duplo de Amy, com um martelo gigante para atacar os inimigos, podem tornar-se bastante úteis. Depende das situações e dos níveis mas, no geral, estes foram projectados para que a progressão não seja nem muito difícil, nem muito fácil, independentemente do protagonista escolhido.
Se a possibilidade de jogar como o vosso herói favorito não é uma novidade, existem muitos outros aspectos que tornam este jogo único na série. Começando pela colecção e uso das Esmeraldas do Caos. Desde os primeiros níveis, tudo parece reconhecível e familiar. Há colinas e prados, monstros habituais, velocidade às vezes incontrolável, pontes e anéis para coleccionar. Depois, entram no primeiro anel gigante, acedendo à sequência de bónus com o objectivo de obter a esmeralda (há uma disponível para cada área). Aqui, os labirintos e corridas cedem lugar a um mini-jogo baseado em vinhas de energia e pontos de apoio, balançando qual “homem-aranha” para apanhar Esmeraldas antes que o tempo se esgote.
Se fosse um título do passado, estaríamos falados, porque as Esmeraldas sempre serviram como colecionáveis para desbloquear finais secretos e super-transformações, tendo o seu impacto na jogabilidade sido algo limitado. Em Sonic Superstars, cada esmeralda desbloqueia um poder, e os poderes podem ser usados por todas as personagens, em todos os níveis, a qualquer momento. Exemplo: a primeira Esmeralda azul permite criar cópias do protagonista em uso para atacar todos os inimigos no ecrã, a roxa permite ver plataformas invisíveis, que podem ser usadas para aceder a áreas secretas. Os poderes são activados com um pequeno menu de habilidades com o analógico direito na PlayStation 5. Os poderes, como devem calcular, são especialmente vantajosos contra bosses, apenas têm uma utilização e têm recargas limitadas.
Os veteranos estarão a indagar se este tipo de habilidades não estragam a jogabilidade. Gostarão de saber que a SEGA fez com que não sejam itens para abusar. Introduz cada um, explica como funcionam e depois cabe ao jogador decidir se os adiciona às suas possibilidades ou os ignora durante todo o jogo. E esta não é a única novidade: a partir do mapa principal, é possível aceder a níveis de bónus cujo único objetivo é acumular o máximo possível de anéis e medalhas. O custo de acesso consiste numa fruta, um dos novos coleccionáveis a destacar, obtida após a conclusão de cada mundo, no momento em que se libertam os animais. Ainda assim, é preciso sorte, porque tudo é confinado numa irritante “roleta russa”: se sair verde, recebem a fruta, se sair vermelha… jogaram “para aquecer”.
Há outras novidades claramente identificáveis na fórmula tradicional. É desnecessário insistir numa descrição detalhada dos níveis, muitos dos quais apresentam layouts semelhantes ao que foi oferecido inúmeras vezes no passado da franquia. No entanto, temos a introdução de novas mecânicas, como vinhas saltitantes, comboios malignos, bolhas para mover debaixo de água e outras ideias que devem descobrir por vocês mesmos. Apesar destes aspectos indiscutivelmente positivos, no entanto, tenho de dar o devido destaque ao novo modo multi-jogador com as suas várias vertentes.
Primeiro temos a esperada opção local, até quatro jogadores no modo história, um bom “extra”, se tiverem amigos e comandos suficientes disponíveis. Em segundo lugar, existe também um modo de batalha, curioso e completo, embora um pouco menos convincente do que tudo o resto em termos de mecânicas. Pode ser jogado localmente (até sozinho, contra o CPU) mas também online, com mais de dez jogadores. A oferta consiste numa série de três desafios diferentes: sobrevivência, batalha e acumulação de estrelas. No final, as pontuações são somadas para encontrar o vencedor. A ideia é divertida e permite passar algumas horas de competição saudável. Infelizmente, o design de níveis regrediu para o limiar do “suficiente” e, em geral, começa a tornar-se muito casual e confuso. A possibilidade de jogar novamente cada nível no modo de desafio de tempo, com uma classificação online partilhada, é mais linear e simpática.
Em tudo isto, a introdução de medalhas revela-se fundamental para as possibilidades de personalização de Sonic Superstars. Escondidas tanto nos níveis normais como nos de bónus, as medalhas permitem comprar várias peças na loja para criar a vossa própria personagem de raiz a ser usada no modo multijogador local ou online. Na verdade, cada peça individual é um pouco cara, o que significa que terão de acumular muitas delas antes de completar o conjunto que vos possa interessar. É no fundo, um incentivo para voltar a jogar.
Como já ficou claro, analisei o jogo na sua versão para PlayStation 5. Não há muita coisa a dizer, uma vez que o grafismo é claramente uma mistura de clássico com moderno, tal como o próprio conceito de jogo. Não é um titulo que puxe muito pelo hardware da consola, cumprindo o objectivo de nos trazer todo o design familiar da franquia e das suas personagens, sem qualquer deslumbrar quase nunca. Penso que a SEGA se aperceber que criar um Sonic “foto-realista” não é muito relevante. É mais importante torná-lo no que sempre foi: um herói colorido e animado. Chega.
Veredicto
Sonic Superstars marca uma excelente evolução da série, um episódio que é tanto tradicional e fiel no cenário, como fresco em quase todos os outros aspectos. A estrutura dos níveis é inteligente e funcional para o uso de quatro personagens com características muito diferentes. As batalhas contra os chefes são divertidas e nunca verdadeiramente frustrantes. O aspecto menos bem-sucedido da produção é, sem dúvida, o modo de batalha, projectado exclusivamente para multijogador local e online, felizmente quem não gosta pode simplesmente ignorá-lo. No geral, Sonic Superstars é um daqueles títulos que não pode faltar na colecção dos fãs históricos. E na verdade, também é perfeito para todos os recém-chegados. Desde que saibam correr muito, muito rápido.
- ProdutoraArzest, Sonic Team
- EditoraSEGA
- Lançamento17 de Outubro 2023
- PlataformasPC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series X|S
- GéneroPlataformas
Óptimo, aconselhamos a apreciar ao máximo.
Mais sobre a nossa pontuação- Rico em níveis e conteúdo
- Os poderes das Esmeraldas do Caos são interessantes
- A história pode ser completada em modo coop
- O modo de batalha leva o seu tempo
- A personalização através da loja custa várias medalhas
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.