TalesOfArise (1)

Análise – Tales of Arise

Para falar de Tales of Arise, temos de recuar no tempo. Afinal, esta é a 17ª edição de uma série de longa data da Bandai Namco e a expectativa era enorme. Especialmente porque o jogo foi adiado para este ano, estando previsto originalmente para 2020.

Porquê tanta espectativa? É que este novo Tales pretendia revitalizar a série. Além uma equipa de veteranos da franquia (desde Tales of Phantasia), novos elementos foram integrados no projecto com essa finalidade. Só que estas mudanças criaram uma pausa nos lançamentos. Desde o último Tales of Berseria, passaram-se 5 anos sem qualquer título. Considerando a cadência de lançamentos desde 1995 até esse jogo, foi um vazio doloroso para os fãs. Até porque a produção já tinha mencionado que Arise estava em produção desde 2018, produzido pela primeira vez no Unreal Engine 4, prometendo maior qualidade visual, estreando-se também nas novas PS5 e Xbox Series X|S. Será este o melhor Tales de sempre?

A história de Arise possui todos os ingredientes habituais dos enredos desta série, uma vez mais um conto clássico no género JRPG. Temos aqui um drama de opressão, onde os implacáveis e tecnologicamente avançados invasores do planeta Rena tomam o poder pela força sobre Dahna, um planeta mais arcaico ainda numa era medieval. A diferença de poder e nos conhecimentos de magia dos invasores, criam uma injustiça social, literalmente escravizando os invadidos.

É nesta altura que conhecemos Alphen, um escravo mascarado, cujo destino parece traçado. Na verdade, o protagonista é conhecido por “Iron Mask”, não só porque tem realmente uma máscara de ferro na cara, mas também porque não se recorda do seu passado. Na sua labuta de trabalho forçado, acaba por se cruzar com Zephyr e o seu bando de rebeldes, que lutam contra o poder opressor de Lord Balseph. Por uma série de eventos furtuitos, Alphen junta-se a Shionne, uma Renan com uma habilidade peculiar e que está foragida, alvo do interesse das tropas de Balseph e do próprio Zephyr. É aqui que a aventura realmente começa.

Ao contrário de Berseria, cujo enredo se passava 1000 anos antes to antecessor Zestiria, esta nova história é independente dos demais jogos da franquia. Pelo que nem precisam jogar nenhum outro Tales. Ainda assim, que os jogou encontrará imensos pormenores e desenlaces que serão francamente familiares. Mais para a frente na trama vamos conhecer e conviver com outras personagens. A história, eventualmente, é uma de redenção e de libertação contra uma força opressora, aparentemente invencível. Uma vez mais há um herói improvável que se ergue e lidera um povo oprimido. Apenas devem notar que o tom dado a este enredo é bem mais sombrio, claramente a apelar a uma audiência mais madura.

Para muitos, há só duas ou três séries de JRPG que realmente vingam no mercado. Muitos recordarão Final Fantasy como o “rei do pedaço”, seguindo-se de perto por séries igualmente populares como Xenoblade ou Dragon Quest. É discutível qual realmente é a melhor, tratando-se muitas vezes de uma questão de preferência pessoal. A Bandai, porém, teve sempre algo a dizer com a franquia Tales, lentamente a entrar no panorama com bons títulos. Este jogo parece ser o “murro na mesa” que era preciso dar. Não só pelo seu enredo mais “maduro” mas também pela sua revolução visual, demonstrando uma enorme ambição de ser maior.

Felizmente, o ADN de Tales não se perdeu com a pretendida inovação. A jogabilidade continua praticamente intacta, envolvendo muitas interacções com personagens através de diálogos e outras acções e, claro, muito combate. Este continua robusto, envolvendo ataques no género “hack’n’slash”, combinados com ataques especiais e “Artes” que funcionam como ataques pesados com muitos efeitos visuais à mistura. De um modo geral, este combate é muito fácil de dominar, ganhando novos combos entre os elementos de equipa e habilidades especiais conforme vamos evoluindo. E com essa evolução, vem também maior desafio nos adversários com um maior nível de dificuldade proporcional, bem ao jeito desta série.

A contribuir para esta jogabilidade virada para a acção, está a relação entre as personagens, especialmente entre Alphen e Shionne. Não apenas na forma como interagem entre si mas também em combate. Isto, porque, por exemplo, o poder da jovem Renan permite gerar uma espada poderosa para Alphen poder enfrentar os maiores desafios, num combo muito destrutivo. Gostei mesmo da “química” dos vários elementos, especialmente lá mais para o meio da trama, quando os combos fazem mesmo diferença contra inimigos mais poderosos. Gostava mesmo muito que esta dinâmica fosse explorada num modo multi-jogador mas, infelizmente, ao contrário do que é normal, este jogo não possui nenhum modo online para explorar.

Tecnicamente, aquilo que saltará à vista são as cenas intermédias de banda-desenhada de elevada qualidade. Muito embora o salto tecnológico proporcionado pelo Unreal Engine 4 seja evidente nas sua tridimensionalidade, Tales of Arise continua a “tradição” com mais cenas intermédia em 2D. O resultado é um enorme filme Anime com secções em que interagimos com as personagens em 3D, com um competente efeito de Cell Shading. A paleta de cores e efeitos combina muito bem com o tom mais sombrio que já mencionei acima, um claro contraste com os demais jogos da franquia e até do que é popular neste género em concreto.

Na versão onde testei o jogo, no PC, a fluidez e qualidade geral, mesmo em presets mais altos nunca se ressentiu. Gostei bastante de ter a opção de ouvir as vozes originais em Japonês ou em Inglês, embora nem todos os diálogos possuam vozes, o costume nestes jogos nipónicos. De um modo geral, tratando-se de um jogo que, tecnicamente, já estava pronto há um ano, a experiência é agradável. Apenas tive algumas reservas no estilo e organização dos menus de jogo e encontrei umas ligeiras questões com o uso de gamepads. Nada de especial, portanto.

Veredicto

Visualmente fantástico, tanto na história que conta em 2D, como na sua jogabilidade 3D, Tales of Arise é realmente um marco técnico, uma revolução positiva nesta série, sem perder a sua jogabilidade viciante. É também um merecido presente à comunidade que soube esperar pacientemente durante cinco anos por um novo título na franquia. Há muito pouco a assinalar de negativo neste jogo criado com imenso cuidado para se afirmar num género tão exigente. Quanto a mim, fiquei rendido ao novo JRPG da Bandai Namco.

  • ProdutoraBandai Namco Studios
  • EditoraBandai Namco
  • Lançamento9 de Setembro 2021
  • PlataformasPC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroAventura, Role Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Algumas pequenas questões com gamepads
  • Design algo confuso dos menus
  • Falta um modo online...

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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