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Análise: Technobabylon (PC)

Há um par de anos, antes de entrar para a redacção do WASD, lembro-me de discutir com alguns amigos que o género point-and-click merecia voltar em força. O mundo dos videojogos precisava urgentemente deste estilo para relembrar os criadores que os videojogos podem e devem oferecer excelentes argumentos e histórias capazes de marcar gerações de jogadores. Enquanto discutia isto, na minha ignorância, a antiga ‘Revolution’ planeava trazer de volta a saga Broken Sword e a Telltale Games introduzia uma lufada de ar fresco no género de aventura gráfica com The Walking Dead. Passados estes dois anos a trabalhar no WASD reconheço que, afinal, o género está vivo, de boa saúde e recomenda-se.

Prova disso mesmo é Technobabylon, o point-and-click cyberpunk da Technocrat Games com um aspecto digno de um clássico do género saído directamente dos anos noventa. Sim, isso mesmo! Technobabylon parece ter sido trazido até 2015 através de uma cápsula do tempo e colocado no meio de jogos da actual geração como The Witcher 3, Dragon Age: Inquisition ou Batman: Arkham Knight com os seus pixeis extremamente evidenciados e orgulhosamente ostentados. E será o seu aspecto retro um ponto negativo? Nada disso! Mas já lá vamos…

Technobabylon passa-se no ano de 2087, em Newton, uma cidade administrada por uma inteligência artificial – a Central – onde vivem milhões de pessoas. Por lá os empregos escasseiam, na maioria ocupados pelas máquinas, e os desempregados acabam por encontrar um escape na Internet e nos mundos virtuais. O limiar entre o saudável e o vício é facilmente atravessado. A temática, apesar de recorrente em várias obras clássicas da ficção científica como Blade Runner, é abordada de uma forma muito contemporânea e actual. Afinal de contas a temática cyberpunk é cada vez mais próxima daquilo a que nós próprios chamamos de actualidade – a Internet, as realidades virtuais e o vício como temas recorrentes e presentes na nossa sociedade.

Ao nosso dispor estarão 3 personagens: Latha – uma desempregada, apática e desligada do mundo real, mas sempre ligada e viciada no mundo virtual Trance; Dr. Regis – um detective ainda pouco crédulo nas capacidades das inteligências artificiais e nas potencialidades da informática; e Max – a colega de Dr. Regis e perita em informática.

Com uma conspiração nas entrelinhas, enquanto as histórias dos três protagonistas se cruzam, este é um dos melhores argumentos a que já pude assistir no mundo dos videojogos. Uma história bem construída e que te agarrará do princípio ao fim enquanto, muito subtilmente, vamos relacionando os problemas deste mundo cyberpunk com os problemas da nossa sociedade actual. Certamente, deixará os jogadores a pensar…

Como não podia deixar de ser com o género point-and-click, vêm associados os puzzles habituais. Combinar objectos, descobrir saídas ou interagir com personagens é apenas a ponta do Iceberg do que teremos de fazer para os solucionar. Alguns com soluções mais óbvias que outros, outros ainda com resoluções mirabolantes mas nada que os jogos do género não nos tenham já habituado.

Temos vivido, nos últimos anos, um regresso à pixel art como homenagem à geração 16 bit – num estilo artístico que não é tão inovador assim, afinal de contas desde a antiguidade clássica que se constroem cenas épicas recorrendo a pequenos quadradinhos (neste caso específico recorrendo a mosaicos e às suas pequenas tesselas). Jogos como Lone Survivor ou Dungeon of the Endless utilizam a pixel art de uma forma magistral e Technobabylon está nesse patamar. A pixel art é efectivamente da melhor que já vi e, por momentos, senti-me como se ainda estivesse na casa dos meus pais a jogar a um título cyberpunk nos anos 90. A Technocrat Games conseguiu o que queria mas este estilo gráfico pode afastar muitos jogadores. Espero que o caro leitor desta análise não o faça porque, se for o caso, estará a perder uma das melhores aventuras gráficas de 2015 para PC. Technobabylon é claramente um título em que a qualidade visual é suplantada pela qualidade da sua narrativa e das suas personagens.

Ainda uma última palavra para o facto de não existir uma deixa em Technobabylon que não tenha voz associada… E se o trabalho de voz foi bem conseguido!

Veredicto

Uma aventura point-and-click repleta de todos os elementos que elevaram o género e o glorificaram com jogos como Broken Sword ou The Curse of Monkey Island, possuidora de um excelente argumento, com personagens com profundidade na história e cujas decisões acabam por ter impacto mais tarde ou mais cedo. O estilo artístico leva-nos de volta à década de noventa com uma pixel-art do melhor que se tem visto nos videojogos nos últimos anos mas que pode afastar alguns jogadores. Não obstante, Techobabylon é não só um jogo fácil de recomendar aos amantes do género point-and-click, como também fácil de recomendar aos fãs da ficção científica cyberpunk ao bom estilo de Blade Runner.

  • ProdutoraTechnocrat Games
  • EditoraWadjet Eye Games
  • Lançamento21 de Maio 2015
  • PlataformasPC
  • GéneroAventura, Puzzle
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • O estilo pixel art pode afastar alguns jogadores (mas a nós não nos afastou!)

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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