Análise – Tell me Why
Chegou Tell Me Why, uma nova aventura e um novo mistério dos mesmos criadores da série Life is Strange. Preparem-se para explorar diversos locais do Alasca e encontrar todas as pistas de forma a descobrir o que realmente aconteceu numa certa noite de Março de 2005.
Se estão familiarizados com o conceito de exploração de diversos espaços de forma a obter pistas para avançar a história, vão se sentir rapidamente em casa. Tell me Why usa o mesmo motor de jogo dos anteriores jogos da DontNod Entertainment, de modo a contar uma nova narrativa onde os personagens. Também neste novo título terão de tomar várias decisões críticas para o desenrolar da trama. Decisões, essas, que levarão a um dos múltiplos finais no epilogo. E também terão tudo dividido por episódios, três para ser mais preciso. O primeiro já foi lançado, o segundo será lançado a 3 de Setembro e, por fim, o terceiro capítulo chegará a 10 de Setembro. Quase a mesma fórmula, portanto. O que muda, então, é a história.
A história decorre na cidade fictícia de Delos Crossing, no Alasca. Arranca com o reencontro dos gémeos Alyson e Tyler, 10 anos depois de um determinado incidente que ocorreu em Março de 2005. Após este encontro, os gémeos apanham um ferrie para visitar a sua casa de infância, agora a necessitar de ser reparada para ser vendida. Este é o ponto que dá realmente início à nossa história, tendo de juntar todas as peças para deduzir o que realmente aconteceu naquela noite há dez anos atrás. Iremos visitar zonas distintas durante o jogo, tais como, a casa de infância de Alyson e Tyler, o mini-mercado no qual Alyson trabalhou, a esquadra da polícia onde trabalha o tio dos gémeos, Eddy Brown, entre outros ao longo dos três capítulos.
Este título, tal como o seu antecessor, é um jogo na terceira pessoa, cujo objectivo é explorar e interagir tanto com as diversas personagens, como com as pistas que existem nos diversos locais que o jogador visitará. Poderá ser tão simples como apanhar ou observar itens ou um pouco mais complexo como ligar memórias do passado. Tudo será óbvio de identificar, uma vez que o jogo dá feedback visual e auditivo quando estamos perto de uma pista, podendo então usar o modo de “Focar” para localizar as ditas memórias. Será desta forma que será possível progredir e compreender a história dos gémeos e entender o porquê de Tyler ter estado 10 anos afastado de Alyson e a razão para se juntarem agora.
Vamos jogar com as duas personagens, interagindo com os vários elementos no mapa que permitirão desenrolar o enredo do jogo e arranjar as pistas necessárias para conseguir avançar no mistério. É preciso realçar que os irmãos têm uma ligação especial e sobrenatural, podendo comunicar entre eles telepaticamente. Este pequeno detalhe abre a oportunidade de usar a mecânica única do jogo, relembrar memórias do passado, que poderão ser diferentes entre as duas personagens. Estas memórias servirão não apenas como exposição de história mas também ajuda na resolução de puzzles e ao tomar decisões que afectaram a história. Algo que me lembra muito Until Dawn.
Outro elemento interessante que oferece um novo dinamismo à história, é o Livro dos Goblins. Este é um livro escrito pela mãe dos gémeos que contém vinte diferentes e originais histórias. O intuito do livro é demonstrar a relação especial que a mãe teve com os irmãos durante a sua infância. Mas, também é a chave para a resolução de vários quebra-cabeças. Torna-se necessário ler bem algumas das histórias, de forma a decifrar o seu significado e conseguir a informação necessária para abrir portas ou encontrar códigos para desbloquear cadeados, por exemplo.
Este é um jogo curto que poderá ser concluído entre dez a quinze horas de jogo totais nos três episódios. Tendo isso em conta, todo o foco está na narrativa criada pela produtora, que nos cativa do início ao fim e que está bem estruturada entre as três partes. O melhor dos três capítulos é sem dúvida o último, que é obviamente o das conclusões. Os dois primeiros montam todas as peças ao longo do enredo, tornando-se instrumentais, mas onde não há grandes desenlaces. A última parte consegue explicar todos os pormenores detalhadamente em todos os acontecimentos, entregando, quanto a mim, assim um final dramático e satisfatório. Obviamente que tudo varia com as decisões tomadas ao longo da história.
Em adição à história, existirão espalhados pelos capítulos alguns coleccionáveis, que convidam a uma exploração mais cuidada dos locais que visitamos. Ao todo, existem 13 itens para descobrir, trazendo cada um deles um audio-livro que expande um pouco mais a história geral de Tell Me Why. Como já é habitual em títulos deste género, no final de cada capítulo poderemos também comparar as nossas decisões tomadas durante a nossa aventura com as de outros jogadores a nível mundial. É assim possível ver que tipos de decisões foram tomadas, em percentagem com o resto do mundo. Um detalhe que é sempre bem vindo, nem que seja como “bússola moral”.
Tecnicamente, nota-se que este motor de jogo já tem alguma idade. Em termos de grafismo, existem situações em que se nota que as animações e modelos são pouco detalhados e o sincronismo de lábios, tão essencial num jogo com tantos diálogos, deixa bastante a desejar. Também se notou que existem algumas pequenas instâncias onde os actores parecem “robôs” a falar e não demonstram, nem causam, o impacto dramático necessário para a cena ser bem transmitida ao jogador. Não são muitos estes casos, mas os poucos em que acontecem foram suficientes para quebrar a imersão durante uns minutos. Num lado mais positivo, algo que tem grande efeito durante toda a narrativa é a banda sonora usada ao longo da história. Quando tocada em momentos chave, consegue transmitir com grande impacto diversos momentos durante a história.
Veredicto
Os três capítulo de Tell Me Why foram um misto de reacções para mim. Achei todo o jogo um pouco curto, demorando para cada um deles entre três a cinco horas para serem terminados. Felizmente, a qualidade da história manteve-se durante todo o seu percurso e é interessante passar pelos cliffhangers deixados pelo final de cada capítulo. Semelhante às séries televisivas, deixam jogador a ponderar o que irá acontecer no próximo episódio, oferecendo um momento de pausa para reflectir sobre as últimas horas de jogo. Assim sendo, este é um título que consegue oferecer uma história com um mistério interessante que manterá a atenção dos jogadores durante toda a sua narrativa do início ao fim. Só tenho pena que graficamente esta fórmula já precise de uma reforma.
- ProdutoraDontnod Entertainment
- EditoraXbox Game Studios
- Lançamento27 de Agosto 2020
- PlataformasPC, Xbox One, Xbox One X
- GéneroAventura Gráfica
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Uma história e um mistério interessante
- As decisões afectam o final do jogo
- Usar o Livros dos Goblins para resolver quebra-cabeças
- Visuais que não impressionam
- Actores de voz nem sempre se empenham
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.