Análise – The Awesome Adventures of Captain Spirit
Bem antes de sequer sabermos o que nos espera em Life is Strange 2, a Dontnod Entertainment lançou um pequeno aperitivo. The Awesome Adventures of Captain Spirit é uma pequena oferta que deixa boas perspectivas do que aí vem.
Não sabemos ainda como será o enredo de Life is Strange 2. Será que teremos um regresso de Max Caulfield e dos seus poderes de manipulação do tempo? O que será feito de Chloe? Estaremos de volta a Arcadia Bay? Se assumirmos que os eventos deste jogo que vamos analisar são antecedentes a esse novo enredo, então parece que vamos ter toda uma nova aventura. O que mais nos interessa, porém, é que o rumo dado pela Dontnod parece-nos muito positivo. Life is Strange: Before the Storm, o último jogo em jeito de prequela sobre a vida de Chloe, removeu os elementos de fantástico, deixando-nos algo apreensivos. The Awesome Adventures of Captain Spirit, por seu lado, parece trazer de volta o ADN da produtora que nos fez gostar tanto do primeiro Life is Strange. Bom, só mesmo um pequeno vislumbre dessa fórmula. O que é melhor que nada.
Não se deixem enganar pelo facto de ser um jogo gratuito, nem achem que não vale o vosso tempo por ser relativamente curto. Dependendo do vosso interesse em explorar e executar tarefas, o jogo pode ocupar-vos apenas por uma hora ou pouco mais que isso. Contudo, o que nos traz nesse curto espaço de tempo, é verdadeiramente um bom regresso da já mencionada fórmula, entre a história credível, jogabilidade intuitiva, personagens e diálogos fortes e decisões importantes. Não vou dizer que é um jogo intenso. Obviamente, não tem tempo para ter a profundidade ou o alcance do primeiro jogo da série. Mas, como já disse, é um excelente aperitivo.
Também não devem menosprezar a história que começa a ser contada nos primeiros instantes. O que parece um jogo infantil e algo “silly”, acaba por ser uma história muito interessante de imaginação e com assuntos algo delicados à mistura. À boa maneira da Dontnod, no entanto, nada disto é perceptível nos minutos iniciais da aventura. É preciso continuar a jogar e “escavar” um pouco mais. A dada altura, percebemos que há assuntos bastante adultos para lidar, misturados com a inocência de uma criança que depende da imaginação para ultrapassar uma fase negra da sua vida.
Chris tem 9 anos e tem uma imaginação muito fértil, granjeada pela sua falecida mãe que lhe deixou a paixão pela banda-desenhada. O pai de Chris, Charles, bem se esforça por acompanhar a imaginação do filho mas o álcool é o seu verdadeiro vilão. O Natal está quase à porta, mas Chris não tem ilusões. Com o pai desempregado, resume-se a viver a sua vida imaginária de Captain Spirit, um super-herói com poderes extraordinários e que lidera uma equipa de outros heróis, num combate constante contra os vilões liderados pelo infame Mantroid. Claro que tudo faz parte do universo imaginário de Chris… ou será que há algo mais nos seus poderes fictícios? Terão de jogar para perceber.
Esta é mais uma aventura na terceira pessoa em ambiente tridimensional e com elementos de point and click, diálogos e alguns pequenos puzzles simples. Não há muita coisa para fazer, como devem imaginar. Só poderemos deambular pela casa de Chris, pelo seu quintal nevado e por uma garagem claustrofóbica. Também terão de criar o vosso fato de super-herói reunindo peças, elaborar diversas tarefas domésticas, interagir com o pai de Chris e outras acções simples. Contudo, há algumas tarefas especiais que envolvem “super-poderes” e que permitem explorar o tal universo de fantástico latente nesta série. Terão de os descobrir mas, o que parece ser apenas imaginação assume contornos bem maiores.
Não posso realmente contar muito mais da oferta que vos espera em jogo, sob pena de vos estragar a experiência. Esperem alguns diálogos para escolher, algumas decisões para tomar e algumas tarefas opcionais que darão desenlaces diferentes. Mas, acaba tudo muito rapidamente. E, subitamente, surge a frase “To be continued”. Como seria de esperar, este jogo é um gigante teaser para Life is Strange 2. O que nos deixa com um sentimento misto. Queremos mais, muito mais, da história de Chris. Mas, por agora, teremos de esperar. Não é que esperasse aqui um jogo completo, obviamente, ainda por cima sendo gratuito. No entanto, a boa introdução que nos dá, deixa qualquer fã na expectativa.
No plano técnico, é bom ver que a Dontnod continua a apostar no grafismo em jeito de banda-desenhada tridimensional, com algum realismo à mistura. Também gostei de ver mais um bom exemplo do que é um excelente casting de vozes e de captura de movimentos. Tudo tem óptimo aspecto, bastante polido e sem grandes problemas a assinalar. Analisámos este jogo no PC, onde pertencem estes jogos de aventura gráfica. Contudo, foi muito positivo ver uma total integração dos comandos de consola, antevendo uma excelente experiência também na PS4 e XB1. E depois, temos aquele gosto tão peculiar de banda-sonora que embrulha tudo de forma quase, quase perfeita.
Veredicto
Se há pontos contra The Awesome Adventures of Captain Spirit é que é demasiado curto e deixa-nos tanta expectativa pelo que aí vem no próximo jogo da série. De resto, é bom ver a Dontnod Entertainment com a rédeas de uma história tão intrincada e que se desenvolve à nossa frente. O que parece ser inicialmente uma história simples de contornos infantis, torna-se num interessante enredo de super-heróis, aventura e imaginação, permeado por temas francamente fortes e que criam um surpreendente contraste. E, quem sabe o melhor de tudo, não terão de pagar para se juntarem a Captain Spirit. Até Setembro.
- ProdutoraDontnod Entertainment
- EditoraSquare Enix
- Lançamento25 de Junho 2018
- PlataformasPC, PS4, Xbox One
- GéneroAventura Gráfica
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Um bom regresso do ADN da Dontnod
- A imaginação de Chris
- Casting de vozes e Banda Sonora
- É gratuito
- Fica tanto por explicar e...
- ... mais, só em Setembro
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.