Análise – The Smurfs: Mission Vileaf
Com tantas séries animadas por aí, certamente os mais veteranos lembram-se d’Os Smurfs. Esta era uma banda desenhada franco-belga muito popular nos anos 80, centrada em torno de uma colónia fictícia de pequenas criaturas humanóides azuis que vivem em casas em forma de cogumelo na floresta. Saibam que estão de volta agora para se apresentarem aos mais novos.
Criados pelo falecido Pierre Culliford, conhecido como “Peyo”, os Smurfs sempre tiveram uma forte ligação com os videojogos. Fizeram uma primeira aparição notável no Colecovision e na Atari 2600, antes de brandir seus gorros brancos pela Infogrames na década de 1990. NES, Master System, Mega Drive, Super Nintendo, Game Gear, PlayStation… os Smurfs deambularam por várias plataformas de jogos. No estúdio francês, falou-se até mesmo em fazer um jogo para Nintendo 64 ao estilo de Super Mario 64. As minúsculas criaturas de Peyo então tiveram uma longa pausa antes de surgir timidamente nos smartphones. Por disso, é com uma certa curiosidade que acolhemos esta nova missão dos pequenos seres azuis.
Este novo jogo, Os Smurfs: Missão Florrorosa em Português, é apenas o ponto de partida para um projecto mais ambicioso da editora Microids. Ao que parece, existem acordos pelos direitos dos “homenzinhos azuis” para, pelo menos, para mais quatro jogos que serão lançados nos próximos anos. O objetivo é apresentar os Smurfs a uma audiência mais jovem, também graças a uma nova série de animação que irá estrear mais ou menos em paralelo com estes novos jogos. O enredo é muito simples e perfeitamente alinhado com o espírito da série de animação juvenil.
Neste jogo, o vilão Gargamel, farto de ser incapaz de encontrar ou capturar os Smurfs, decidiu usar uma magia ancestral para invocar a Florrível. Trata-se de uma planta trepadeira altamente versátil e, acima de tudo, tóxica. O feitiço da Florrível ameaça invadir a Vila dos Smurfs mas também lugares mais distantes como o castelo, a barragem e várias áreas que encontrarão ao longo do caminho. Em cerca de oito horas, esta simplese história levar-vos-á até aos créditos finais. A mensagem ambiental é bastante evidente: A natureza deve ser salva da mão nociva do ser humano.
O problema é que Florrível também começou a invocar monstros irritantes de vários tipos (os principais inimigos a serem combatidos). E há ainda outro perigo representado pelas “Florapucas”, sementes produzidas pela planta, que podem prender os Smurfs tornando sua localização conhecida pelo próprio Gargamel. Felizmente, os Smurfs não dizem não a um bom desafio. Basta um discurso motivacional de Papa Smurf para convencer os protagonistas Smurfette, Robusto, Génio e Chef combater esta nova ameaça.
Cada um destes pequenos heróis será o protagonista de uma parte dos níveis do jogo. Mais tarde o jogo torna possível alternar entre eles. Na verdade, embora troquemos de personagens, o estilo de jogo não muda. Isto porque, no cerne desta produção, o mais importante é a nova máquina intitulada de: o “Smurficador”. Os jatos desta arma possuem o antídoto necessário para eliminar a Florrível. Contudo, também permitem atordoar os inimigos e até criar passagens para avançar no ambiente circundante. Além disso, os Smurfs podem usar esta ferramenta para correr a alta velocidade, partir obstáculos de madeira, bater no solo e até mesmo voar por distâncias curtas.
Toda a jogabilidadede gira em torno desta ferramenta, tão artesanal quanto futurista. Os vários níveis, de facto, escondem diferentes tipos de coleccionáveis que podem ser usados na oficina do Inventor para actualizar o Smurficador e melhorar as suas funcionalidades. É uma ferramenta versátil em vários ambientes, como devem calcular. Este é um jogo que mistura habilmente dois géneros, o da aventura e o das plataformas. Assim sendo, esta arma consegue adaptar-se na jogabilidade consoante as necessidades de percorrer distâncias ou alcançar alguma zona.
É de notar que existe neste jogo uma interessante alternância de lugares mais horizontais de outros mais verticais. Nos níveis mais planos, vão simplesmente seguir de A para B, eliminando vários inimigos e a Florrível presente. Mas também há outros níveis bem mais verticais, nos quais uma certa habilidade (que não era esperada) de saltar entre plataformas é fundamental para continuar. Uma vez que certos itens só podem ser alcançados após desbloquear novos poderes, é bom que se inteirem de todas a mecânicas. Não se preocupem, porém, dado o tema mais virado para os mais jovens, é uma jogabilidade muito acessível.
Infelizmente, passados o primeiros instantes, achei que a acção não é muito variada. Não quero com isto dizer que não seja um jogo divertido. Como qualquer jogo de plataformas bem desenhado e com personagens vibrantes, é fácil encontrar elementos com que simpatizamos. Contudo, os limites da minha apreciação deste título estão na sua linearidade excessiva e na pouca variedade dos níveis principais. Torna-se rapidamente repetitivo e bastante previsível, quase mecânico. Em poucos minutos já repetiram fórmula de libertar a área, lutar contra os inimigos, libertar a área, falar com os Smurfs, libertar a área e assim por diante.
Há no entanto uma surpresa agradável, existe um modo cooperativo local. Isto é particularmente importante para os pais (veteranos fãs de Smurfs na sua infância), introduzam os pequenos seres aos mais novos. Neste modo cooperativo, um segundo jogador pode juntar-se à aventura auxiliando o protagonista Smurf com um pequeno robot capaz de atordar inimigos e curar plantas corruptas de forma autónoma. Não é propriamente uma repetição da acção, mas conseguem perfeitamente ver o potencial de envolver alguém para auxiliar o protagonista com tarefas de apoio.
Sobre o visual, bom, tive a oportunidade de testar este título numa PlayStation 5 e, deixem que vos diga, não esperava muito mais do que é mostrado. Afinal, estamos a falar de bonecos animados dos anos 80, não esperava propriamente ambientes foto-realistas ou alguma técnica apurada visual. Ainda assim, gostei do que vi, com a Microids a tentar criar algo “credível” neste universo, dando-lhe um aspecto de “brinquedo animado” que é impossível não apreciar. Não é o jogo mais vistoso que irão ver por aí, mas é fiel ao material original, dando-lhe uma tridimensionalidade simpática.
Veredicto
Os Smurfs: Missão Florrorosa atinge plenamente o objetivo de criar uma nova transposição de uma franquia lendária para um videojogo. A mecânica relacionada ao uso do Smurficador e suas subsequentes expansões, foi estudado com inteligência, sem inventar muito do ponto de vista criativo. Raras vezes um nome importante da indústria do entretenimento não é usado para criar um produto esquecível. Ainda assim, havia espaço para criar algo um pouco mais elaborado, tendo alguns defeitos que não é possível ignorar, como a excessiva linearidade. Quanto ao efeito nostálgico, está “no ponto”.
- ProdutoraOsome Studio
- EditoraMicroids
- Lançamento25 de Outubro 2021
- PlataformasPS4, Xbox Series X|S
- GéneroAventura, Plataformas
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Bom conhecimento e representação da franquia
- Modo cooperativo local
- Um pouco linear demais
- Algo repetitivo
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.