TitanFall- (3)

Análise: TitanFall

“Mais um shooter?” Perguntam vocês. Seria normal essa pergunta dada a dose de jogos do género, actualmente. Mas este é diferente, garanto! TitanFall chega-nos pelas mãos da Respawn Entertainment para tentar redefinir o que é um jogo de acção na primeira pessoa. A redefinição ficou por acontecer, mas há muitas coisas que inovam. Entrem no nosso Titan e sigam-nos para a batalha!

Um dos meus jogos preferidos de acção na primeira pessoa foi Call of Duty Modern Warfare 2. Foi o jogo com que me iniciei nas lides dos campeonatos Online e onde cheguei a competir representando Portugal. Não me canso de dizer que Call of Duty teve o seu auge nesse jogo e desde então nunca mais soube inovar. Porque falo nisso? Porque o jogo que vamos agora analisar foi concebido pelas mesmas pessoas. Na nossa antevisão falei-vos no histórico da Respawn Entertainment e como TitanFall é um dos jogos que fica para a história por ter nascido do legado de uma das séries de maior sucesso neste género dos FPS (First Person Shooter).

De facto, está ali no ADN de TitanFall um pouco da fantástica jogabilidade e equilíbrio do velhinho Modern Warfare 2. Há também um constante cuidado nos mapas e na fluidez do jogo que só me recordo de ver nesse jogo. Mas acabam aí as semelhanças. Assim que começamos a correr pelas paredes, damos saltos assistidos por foguetes e entramos num robô gigante de metal, apercebemo-nos que já não estamos a jogar um “COD” e sim uma frenética batalha de soldados e Titãs (literalmente).

No recém colonizado planeta Frontier há uma guerra civil entre os colonos, que se intitulam de Militia e o poder militar da corporação comercial IMC. No breve modo carreira (online) vemos que as batalhas são muito equilibradas já que Militia e IMC possuem poderosos Mechs que são chamados de Titan. A guerra assume contornos de operações de guerrilha com sabotagem e ocupações e os Titans são lançados a partir do espaço para cair no campo de batalha de modo a auxiliar os soldados que mais não são que pilotos de Titan treinados como infantaria.

Este jogo inteiramente online alia componentes de acção multijogador com uma narrativa contínua. O campo de batalha é dinâmico e, dependendo dos modos que seleccionamos, vamos tendo prioridades diferentes ao longo da sessão. Isto é tudo muito bonito, excepto para os novatos. Como eu que peguei neste jogo do zero (mesmo tendo jogado algo extensivamente a Beta), muitos chegam a TitanFall à procura de um modo de carreira normal, offline, para treinar e conhecer os controlos. Infelizmente, a única coisa que encontramos é uma pequena introdução aos comandos com uma simulação de um treino digital. Depois disso, ou repetem até dominar tudo ou então são “entregues aos lobos”. Penso que isso faz parte desta experiência de TitanFall. Partimos todos do nada, sem auxílio nem transição. Para alguns, porém, isto é frustrante e seria bom uma pequena fase de aprendizagem mesmo que fosse em treino, mas um pouco maior do que aquilo que nos é dado.

Há, de facto, um modo carreira, sim. Mas é online e, quanto a mim, apenas uma forma de contar uma história algo acessória de como a Militia tenta desancar a IMC, ou na outra perspectiva de como a IMC se tenta proteger dos rebeldes, com pequenas introduções narradas e depois com sessões de jogo que rodam os diferentes modos base online. Ou seja, antes de entrarmos em campo é-nos dado o briefing da missão e depois, bom, depois é um jogo online normalíssimo de 12 jogadores. Esta carreira dura por quase duas horas e não voltamos mais a ela, excepto se quisermos encontrar mais novatos ou para ser mais fácil de jogar sem levar com veteranos ou para explorar a sua inaptidão para ganhar pontos fáceis. Ficam a saber!

Além dos adversários humanos (6×6 no total de 12 humanos por servidor) há também uns incrivelmente inaptos grunts, personagens que nos acompanham no campo de batalha controlados pelo computador. Há momentos caricatos em que estes grunts correm para nós desenfreadamente ou simplesmente explodem com as suas próprias granadas. Estes seres servem apenas para encher o campo de batalha e darem-nos pontos fáceis. São uma maneira que a Respawn arranjou de encher os mapas para que não digam que 6×6 soa a pouco ou é pouco preenchido. Quanto a mim funciona e até ajuda a dar moral por serem tão fáceis de matar. Algumas horas depois de dominado o estilo de jogo, apercebemo-nos que a experiência noutros shooters até é valiosa. Matar pilotos ou grunts requer pouca estratégia. Apontar e disparar. Bom, excepto se os pilotos puderem dar saltos de grande altitude e trepar paredes. Aí temos de dominar um estilo mais atlético e persegui-los. Mas é tão divertido como recompensador.

Contudo, é quando saltamos para dentro de um dos Titan que surge aquilo que defino como “o momento TitanFall”. Quando fazemos Parkour pelas paredes, saltamos por cima de um adversário e o pontapeamos com violência para logo de seguida alvejarmos um Titan com um lança-mísseis, apercebemo-nos da real perspectiva deste jogo. Os mechs gigantes! Ao fim de alguns pontos conquistados e com uma contagem decrescente, podemos decretar o ponto de pouso do nosso Titan. O combate com estes gigantes, é igualmente divertido e rápido, proporcionando momentos épicos. Sejam as batalhas “mano-a-mano” com Titan inimigos ou simplesmente a caçar soldados e pilotos pelo mapa, este é outro jogo dentro do jogo. E há momentos épicos, enquanto corremos que nem loucos para alcançar a nave que nos vai resgatar e ouvimos a informação que o nosso Titan está pronto para ser largado. Ele cai, entramos nele e em vez de tentarmos fugir na nave, destruímos os inimigos que são apanhados desprevenidos. Quando o Titan está prestes a explodir ejectamo-nos e vemos o seu reactor nuclear a rebentar e matar os adversários à volta. Vamos morrer, é certo, perdemos o jogo, também é certo, mas permitimos a fuga aos companheiros de equipa e, no acto, ganhámos mais uns preciosos pontos.

É que a progressão é rápida apenas no início. Depois, todos os pontos contam. Esta evolução de carreira visa sobretudo dar-nos novas classes, armas e funcionalidades, tanto aos soldados como aos Titans que operamos. Por isso, é importante garantir pontos por cada sessão para escalar os 50 níveis de progressão. Existem três classes de piloto (Rifleman, Assassin e CQB) e Titan (Assault, Tank e Artillery), cada uma com características e operação próprias. Armas, equipamento e personalização são essenciais para dominar o campo de batalha. Há armas mais indicadas para espaços confinados, outras mais precisas para infantaria, mas o que é importante é dominar os Titans porque são eles que mudam o rumo da batalha. Por melhores que sejamos a desancar inimigos humanos ou grunts, como já disse, a real dimensão do jogo está nos gigantes mecânicos. Todas as armas destes são importantes. Podemos entrar nos mesmos e operá-los ou colocá-los em dois modos automáticos, um para guardar um ponto, outro para nos seguir e proteger. Seja qual for a forma como os usamos, os Titan são peças chave em qualquer modo de jogo.

Falando de modos, existem, pelo menos nesta fase, apenas cinco modos de jogo: Captura de bandeira, captura de pontos (Hardpoint Domination), Pilot Hunting (estilo Assassination que tínhamos em Killzone), Attrition (tradicional Team Deathmatch) e o mais interessante Last Titan Standing, um dos modos mais divertidos que joguei online em que 12 Titans lutam (6 x 6) e ganha o último sobrevivente. Gosto particularmente de algumas missões que permitem a fuga dos derrotados. Podemos, de facto, perder a missão mas podemos ainda fugir. Entramos num modo de extermínio em que não há respawn até atingir uma nave que fica meros segundos à nossa espera. Se fugirmos, ganhamos mais uns pontos. Faz-me lembrar o fim de sessão do lendário modo de jogo de Battlefield 2142, apropriadamente chamado de Titan.

Jogam-se estes modos em mapas espectaculares de dimensões e características diferentes. Os Pilotos beneficiam de cordas para Zip Line em quase todos, mas também amplos campos e ruelas com edifícios com salas labirínticas. Há espaço para os Titans se movimentarem, mas apenas no exterior dos edifícios, embora um piloto experiente consiga facilmente alvejar infantaria através de uma janela com o seu Mech. São ao todo 15 mapas diferentes que misturam a arquitectura futurista com a paisagem natural do planeta Frontier. Devo dizer que não encontrei um ponto negativo nestes mapas, todos eles fluidos e sem defeitos a assinalar. Há alguns que prefiro a outros, é normal. Mas é inegável o equilíbrio de zonas que anulam vantagens a uma das facções. Só tenho a reparar que por vezes os pontos de fuga no fim das missões são demasiado expostos e sem grande cobertura e os pontos de respawn são algo longe da acção. Talvez algo a rever pela produção.

A nível técnico já tinha mencionado na Antevisão que este jogo é excelente graficamente. Continua fantástico nesta versão final. Durante a Beta alguns problemas de ligação e diversas questões de optimização gráfica foram resolvidas com o hardware mais recente. Notei que nesta versão PC que analisámos com o nosso Toshiba Qosmio X870, continuamos a ter um jogo magnífico que puxa bem pelo hardware. Muitas questões foram resolvidas… excepto o ServerFall. O nome carinhoso dado pela comunidade aplica-se como uma luva aos servidores da Electronic Arts (que também são geniais em Battlefield 4). Muitas quedas de servidor, muitos breaks e falhas de ligação. O que, para um jogo inteiramente online, é grave. É que não podemos jogar de todo (sem modos offline). No meu caso, o meu IP ficou pendurado numa sessão que expirou e tive de fazer reset ao meu Router. E outras tantas peripécias que só a EA nos oferece. Que tal um Upgrade ao parque informático de servidores, talvez?

Veredicto

TitanFall cai mesmo em cima da concorrência (viram a piada?). Num altura em que muita gente dizia que não havia muito mais para inventar no género, eis que surge uma lufada de ar fresco. Há todo um mundo novo de jogabilidade de acção na primeira pessoa aliada ao Parkour e à pilotagem dos Titan. De facto, muitas horas de jogo em vários FPS não me tiram a satisfação de jogar TitanFall, com o mesmo entusiasmo que joguei o ido Modern Warfare 2 que menciono no início. Arrisco dizer que este será um dos jogos do ano, mesmo que seja tão parco em modos de jogo e ainda com muita coisa para corrigir. A Respawn Entertainment acertou em cheio, com um Titan! Já agora, um pequeno reparo. Corre muito bem no PC (Versão testada) e deverá correr tão bem na Xbox One (ainda por lançar por cá) mas era bom trazerem isto para a Playstation 4, sim?

  • ProdutoraRespawn Entertainment
  • EditoraElectronic Arts
  • Lançamento11 de Março 2014
  • PlataformasPC, Xbox One
  • GéneroFPS
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Falta de modos offline
  • Problemas de ligação
  • Ausência na Playstation 4

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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