Análise – Tour de France 2022
É caso para dizer: “mais um ano, mais um jogo”. Os Cyanide Studios e a Nacon continuam a apostar no jogo oficial da famosa “Volta a França”. Só que este Tour de France 2022 é também um “acumular de fadiga”.
Todos os anos temos um Pro Cycling Manager e um Tour de France. Todos, mesmo todos os anos. Considerando que o ciclismo é (ainda) o terceiro evento desportivo mais assistido na Europa (depois do Futebol e da Fórmula 1), é de caras que há uma audiência para estes jogos. Só que, também é preciso inovar um pouco num jogo com esta cadência anual. Convenhamos que as provas de ciclismo também não inovam assim muito. Mudando o design das bicicletas e quem as conduz, as tácticas e dinâmicas são quase sempre as mesmas. Mas, isso não pode funcionar assim num videojogo.
Nesta edição temos a desejada reprodução da prova-maior do ciclismo profissional, a Volta a França nos seus mais de 3300 quilómetros de corrida em 21 estágios por França, Dinamarca, Bélgica, Luxemburgo e Suíça. Neste aspecto, nota-se o interesse da produção em continuamente actualizar os traçados para serem fiéis à prova real. Não seria de esperar outra coisa de um jogo oficial mas, ainda assim, é de louvar que possamos seguir “taco-a-taco” o Tour real, mesmo com algumas reservas.
Para jogar, temos o modo Pro Leader que é, talvez, o mais popular do jogo. Aqui, podemos desenhar o nosso ciclista, escolhendo uma vertente de especialização, entre o rápido “sprinter”, o resistente “climber”, o explosivo “puncher” ou o polivalente “versatile”. Esta escolha influencia o nosso jogo, claro, dependendo da estratégia que escolhermos em cada momento na corrida. Pessoalmente, achei o “versatile” muito pouco interessante e não o recomendo. Por outro lado, adorei a dinâmica do “climber” para subir troços de montanha. Faz mesmo toda a diferença.
O outro modo interessante e, quem sabe, o mais completo e abrangente, é o modo Pro Team. Aqui, a diferença é que comandamos toda uma equipa, subindo desde os níveis mais baixos de ranking. Isto significa que, inicialmente, ganhar provas pode não ser tão frequente neste modo. Mas, também não é bem esse o objectivo inicial. Fazemos nome por pontuar ou até por vencer um dos troços, por exemplo. Ao fazer isso, quanto mais a equipa “se mostra”, mais convites recebe para corridas mais importantes e mais recompensadoras. E, aí sim, apontamos ao pódio.
Se desejarem, ainda poderão criar a vossa própria competição com o modo My Tour. Aqui, usamos as mais de 92 etapas disponíveis e que atravessam os já mencionados quatro países, podendo assim desenhar o traçado que desejarmos. Além disto, ainda escolhemos as equipas que participam nesta prova, agendando até os dias de intervalo para as mesmas descansarem. Não é, claramente, tão robusto como gostaríamos num modo “manager” mas é o mais próximo que temos disso.
Pegando no volante, não há muito para falar em termos de inovação comparando com os títulos anteriores da série. Continua a ser, essencialmente, um jogo de estratégia e de paciência, onde os ímpetos e os erros custam bem caro. Por isso, muita da interacção é feita via menus. Nesta edição, temos um novo interface para porções da prova em piso de pedra e alguns incidentes e mesmo acidentes durante as corridas. De resto, será perfeitamente familiar para todos os veteranos da série.
Há também um novo sistema de preparação para as corridas que, sinceramente me fez “coçar a cabeça”. Cinco ciclistas são escolhidos de forma aleatória para terem boa forma e cinco outros estarão em baixa forma. Cabe-nos ficar atentos à sua prestação e lidar com os sinais de que um ciclista pode ser melhor aproveitado ou outro precisa ficar mais tempo no pelotão. Não entendi bem a lógica, sinceramente. Pareceu-me demasiado aleatório e, por vezes, injusto.
Notei que a inteligência artificial foi um pouco melhorada, com os ciclistas virtuais bem menos imprevisíveis e mais focados no momento da corrida. Agora as nossas escapadas do pelotão são mais assertivas porque os nossos companheiros fazem o seu trabalho de “tampão”. O mesmo acontece com as escapadas da IA, agora mais complicadas de apanhar, especialmente em sprints. Esta melhoria nota-se melhor no modo Pro Team, já que ao volante praticamente só nos focamos em pedalar.
Quando dominarem as corridas, podem apostar nos novos desafios temporários, uma espécie de “corrida da semana”. Esta é uma missão semanal para lutar por um lugar na tabela de liderança mundial online. Varia entre vencer uma prova específica, ganhar mais pontos em determinados troços, vencer com uma equipa específica, entre outros. Todas as provas que completem dão pontos e esses pontos contam para um ranking mensal e anual que, depois, oferecem troféus específicos.
Ainda a nível de novidades, neste ano temos uma nova prova clássica, a Primavera Classic, inspirada no Giro Italiano e três novas equipas que entram em prova nesta época (a Eolo-Kometa Cycling Team, a Caja Rural-Seguros RGA e Uno-X Pro Cycling Team). No próprio Tour, neste ano temos o regresso do troço de Paris-Roubaix, cerca de 20km com algumas porções inéditas. De resto, não esperem grandes adições ou alterações de conteúdo.
Devo dizer que, mais uma vez, não foram incluídos modos online multi-jogador nesta edição. Além do tal modo de desafio semanal, não há nenhuma opção de ligação online competitiva ou cooperativa neste jogo. O que é uma perda tremenda para estes jogos. Havia aqui potencial para multi-jogador cooperativo, nem que fosse local. Acredito que uma equipa inteira de jogadores virtuais a competir fosse algo caótico online mas, com algumas limitações, seria interessante. Enfim.
Seria de esperar que, ao fim de tantas edições e várias remodelações técnicas, a equipa Cyanide atingisse aqui um novo pináculo de qualidade visual. Especialmente na nova geração de consolas. Sim, temos centenas de ciclistas em pistas detalhadas com uma performance que se aguenta muito bem. Só que o visual não parece talhado para uma PlayStation 5 (versão analisada). Nota-se alguma “idade” na modelação, texturas e efeitos visuais deste jogo. A iluminação no geral é, digamos, competente, mas também não deslumbra quase nunca.
Quem sabe o pior elemento desta constatação, é a constante e notória repetição de objectos e texturas. Nota-se especialmente nos edifícios e no público, com muitos modelos repetidos e animações robóticas. Isto é mais notório em planos mais abertos, como nas vistas aéreas, mas também nos planos próximos quando notamos que as caras e corpos dos ciclistas são idênticos. Entendo que esta repetição de recursos até possa ajudar na performance, sem dúvida, mas “fere” o olho frequentemente.
Veredicto
A prova original só estreia no dia 1 de Julho, mas nós já pedalámos em Tour de France 2022. Foi como se os Cyanide Studios tivessem “pressa” em capitalizar na popularidade da prova. Mas, neste seu “sprint”, lança aqui um título pouco inovador, com poucas novidades de assinalar para quem acompanha a série ao longo dos anos. É um óptimo título para os fãs de ciclismo, sem dúvida, mas não esperem grandes conquistas, nem mesmo proezas técnicas no hardware mais potente. E a falta de modos online é uma oportunidade perdida… outra vez.
- ProdutoraCyanide Studio
- EditoraNacon
- Lançamento9 de Junho 2022
- PlataformasPC, PS4, PS5, Xbox Series X|S
- GéneroCondução, Desporto
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Todos os mais 3000km de prova em 4 países
- Modo Pro Team continua a ser o mais interessante
- Novos incidentes de prova
- Melhorias na Inteligência Artificial
- Graficamente datado
- Pouco conteúdo novo, nada inovador
- Falta de modos online
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.