Análise – Ultimate Fishing Simulator 2
De todos os jogos de simulação de pesca, Ultimate Fishing Simulator 2 é a sequela de um dos mais bem sucedidos. Não que o género esteja saturado de grandes jogos mas é bom saber que está entre os melhores.
A editora Ultimate Games só coloca a sua etiqueta “Ultimate” em jogos que sejam realmente da vanguarda. OK! Pescar talvez não seja um marco temático para um jogo. Certamente não é um título para todos. Ainda assim, há qualquer coisa de relaxante de ir para a beira-rio ou beira-mar e lançar a cana na esperança de fisgar uma bela perca para o jantar de logo à noite. Já para não falar de estar no ar livre e de estar no meio da natureza. Bom, este jogo faz exactamente o contrário, por simular esses que talvez sejam os melhores bónus desta actividade. Em casa, no sofá ou cadeira, só temos mesmo a parte técnica deste jogo para apreciar. E o jantar é à parte.
O estúdio Polaco MasterCode tem aqui uma excelente oportunidade de cativar os leigos para uma actividade (ou desporto para alguns) que talvez seja bastante intimidatória para uma boa maioria. Não falo apenas nos preços proibitivos de algum equipamento, falo também na própria técnica. Não basta uma qualquer cana, uma qualquer linha e um qualquer anzol. Há pesos específicos, tensões de linha, tipos de anzol e até engodos diferentes para cada tipo de peixe. E, depois, cada espécie tem a sua “manha” e é preciso dominar diferentes técnicas para cada uma.
No rigor, este jogo pode até ser um bom tutorial para quem quiser aprender a pescar. Entre o tradicional engodo no anzol que fica estático debaixo de água, com uma boia avisadora, até um engodo que se movimenta para simular um peixe, há técnicas específicas para dominar. Depois, temos o timing necessário entre puxar um peixe fisgado ou deixá-lo cansar-se. E ainda temos de contar com a tensão na linha e outros factores. O jogo possui um tutorial e várias ajudas para não se perderem, além de progressivamente introduzir diferentes tipos e pesos de peixe em cada região que desbloqueamos.
Por esta altura, só estão aqui a ler esta análise os curiosos e os entusiastas, porque é bem possível que os outros já tenham perdido o interesse. Acontece isto com qualquer simulador de uma prática tão específica. Como os simuladores de caça, parece simples ao início, afinal é só “apontar e disparar” ou “lançar a cana e esperar”. Mas, depois adensa-se a “trama” com a sua “profundidade” técnica. Afinal, não é assim tão simples e o que poderia ser um jogo de lazer, torna-se num enfado de requisitos, métodos e muita, mesmo muita, tentativa-erro que induz algum aborrecimento.
Se ainda estão aí a ler, é porque entendem este conceito e não se importam de, literalmente, “dar banho à minhoca” por largos minutos para apanhar uma perca de 100g. Se a apanharem, têm duas hipóteses: ou a guardam ou devolvem à água para crescer. O jogo dá pontos de experiência diferentes por esta escolha, na maioria dos casos dando mais pontos por devolver o peixe ao seu ambiente. Contudo, ficar com ele é a única forma de tornar esta actividade rentável na carreira, porque temos de contar com a divisa em jogo para comprar mais e melhor equipamento.
É que, apanhar um pequeno peixe de rio ou um gigante água salgada exige equipamento especializado. O jogo apresenta uma grande variedade de canas, linhas, anzóis, engodos, pesos, bóias e outros itens. Há até suportes com avisos para lançar várias canas ao mesmo tempo. A ideia é ir arranjando cada vez melhor equipamento, até para garantir que apanhamos cada vez mais peixes de espécies e pesos diferentes. Há alguma dificuldade em perceber qual é o melhor equipamento para cada espécie mas as escolhas não são assim tantas que envolva “estudar” muito.
Até porque, no início, estamos limitados ao nível 1 do que podemos comprar e dos locais que podemos visitar. Os itens de início são gratuitos, notem. Só mesmo quando queremos começar a comprar linhas mais fortes ou carretos mais eficazes, é que teremos de puxar os cordões à bolsa. Como na vida real, é tudo caríssimo, claro. Algumas canas podem custar autênticas fortunas. E não me peçam para dizer quanto é que já gastei em engodos e anzóis perdidos por linhas partidas. Felizmente, não é o nosso dinheiro real que está em jogo.
Para ganhar dinheiro, claro, temos de apanhar e vender o peixe. Quando os apanhamos, se optarmos por não os devolver à água, passam para uma “rede” fictícia onde são mantidos (vivos). O seu valor depende do seu tamanho e peso, como devem calcular. Por isso, antes de os vendermos ainda jovens, podemos colocá-los num aquário para que cresçam. Depois disso, fica ao nosso critério: mantemo-los cativos para nossa apreciação ou vendemos maiores e mais pesados pelo preço ao quilo para ir buscar aquela nova cana reluzente.
As duas opções são tentadoras, para dizer a verdade. O jogo apresenta dezenas de espécies de peixe de água doce e salgada e há um claro convite para os coleccionar. A casa virtual é enorme é dá gosto encher os aquários de vida. Por outro lado, o jogo apresenta centenas de peças de equipamento, com marcas licenciadas da Sakura e da Robinson (os entendedores conhecerão). Tudo depende de como queremos jogar: por puro lazer ou pela ambição e pela evolução de equipamento. O jogo serve ambos os gostos, não há problema.
Como cenários, temos seis localizações diferentes para escolher, que nos levam para seis biomas completamente distintos. Dependendo do mapa, é possível pescar na margem ou ir de bote para o centro do lago ou rio. Os mapas de jogo baseiam-se em locais reais, desde Jackson Park nos EUA, o primeiro mapa, levando-nos com a evolução até locais como Mountain River na Eslováquia ou o Lago Kurile na Rússia e até à Tailândia. Beira-mar, rios, lagos ou até um porto dinâmico, cada local possui pontos de pesca diferentes e são exploráveis para encontrar o melhor local possível.
Nesta segunda edição do jogo a produtora MasterCode melhorou vários aspectos em comparação com o primeiro título. Para já, a popular câmara sub-aquática que nos deixa ver o que está por baixo de água em volta do anzol, foi melhorada e tem outro realismo. Também a simulação da água, no geral, está mais realista, juntando-se a um visual geral um pouco mais refinado do meio aquático. Também os modelos de peixes foram melhorados e os menus e interacção estão mais refinados. No fundo, capitalizaram no que foi positivo no primeiro jogo, melhorando a fórmula.
Graficamente, porém, este não será o jogo mais realista que jamais irão ver. Há imensos pormenores bem executados, com muita atenção ao ambiente e aos elementos da simulação em si, especialmente no que toca a modelar os peixes e o seu comportamento. Contudo, a câmara sub-aquática revela um fundo de lagos ou do mar pouco detalhado e por vezes rudimentar. O ambiente fora-de-água até está bem modelado, cheio de efeitos visuais com horas do dia e meteorologia diferente. Contudo, não possui nenhum pormenor de deslumbre. É cumpridor, digamos.
No que toca à performance em si, não há muito a assinalar de menos positivo, o jogo é fluido, todas as dinâmicas de interacção funcionam bem e parece-me que não é muito exigente no hardware para criar alguma perda de qualidade. Só tenho um reparo a fazer quanto às funcionalidades online. Embora não haja grande vantagem de estar com outros jogadores em cena, era bom termos uma melhor interacção social, especialmente durantes os torneios. A pequena caixa de chat parece-me francamente insuficiente. Mas, hey, afinal esta é mesmo uma actividade solitária.
Termino só por dizer que este jogo foi analisado na versão PC em acesso antecipado. A produtora MasterCode espera que o jogo fique neste estágio por uns seis meses e seja, então, lançado com uma edição definitiva, devidamente polida, tanto para PC, como para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch. Há também planos para uma edição em VR que deverá ser muito interessante. Por isso, tudo o que ainda haja para polir, terá tempo para melhorar.
Veredicto
Este é mesmo um daqueles jogos que só mesmo um punhado de entusiastas irão conseguir apreciar. Ultimate Fishing Simulator 2 é realmente uma simulação interessante, com alguma profundidade nas técnicas e equipamento e que irá aliciar os que “se dedicam à pesca”. Não deslumbra propriamente no campo técnico mas cumpre sem falhas o que promete a nível de imersão, variedade e reprodução da actividade real. É claro que precisam mesmo de gostar deste tema para o apreciar. Se for o vosso caso, suspeito que não encontrarão nada melhor neste género.
- ProdutoraMasterCode
- EditoraUltimate Games
- Lançamento22 de Agosto 2022
- PlataformasPC
- GéneroSimulação
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Muitas espécies de peixes
- Os vários locais diferentes
- Muito equipamento para adquirir
- Realmente ensina técnicas de pesca reais
- Curva de aprendizagem além do tutorial básico
- Gráficamente mediano
- Funcionalidades online
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.