Análise: Victor Vran
Sensivelmente até à chegada de Diablo 3 da Blizzard, era esta uma das séries que governava o género ARPG (Action RPG – RPG de Acção) com elementos de Dungeon-Crawl. Muitos recordam ainda com saudade o tão aclamado Diablo 2 e as horas que nele despenderam. No entanto, a desilusão gerada pelos problemas ocorridos na altura de lançamento desta terceira entrada na série, tal como a inclusão de algumas componentes de risco (que entretanto foram removidas), como a Auction House onde os jogadores podiam vender os seus itens a troco de dinheiro de jogo ou (algo ainda mais polémico) a troco de dinheiro real, os fãs começaram a procurar por alternativas.
Apesar de Diablo 3 estar bem melhor agora, recheado de conteúdo (com mais ainda por vir) e já com uma expansão, esta procura por alternativas provou que havia na altura uma lacuna no mercado; um vácuo num espaço até então totalmente preenchido por Diablo 2. Assim, com a série a cargo da Blizzard como referência, muitas vezes até como sinónimo do género, não tardaram a aparecer jogos “Diabloesque” (Diabloescos numa tradução muito livre).
Exemplo de um caso de sucesso é Torchlight a cargo da Runic games que já vai na segunda entrada na série e o Free to Play Path of Exile fortemente inspirado no legado deixado por Diablo 2, mas ainda há mais. Entre vários, temos The Incredible Adventures of Van Helsing do qual analisámos o terceiro título da série e finalmente Victor Vran, o jogo sobre o qual vos venho falar hoje.
Victor Vran, a cargo da Haemimont Games, foi lançado no dia 27 de Julho deste ano e desde então que não para de fazer as delícias dos fãs do género. Não por inovar, necessariamente, mas sim por se mostrar como uma forte alternativa, algo que os fãs agradecem sempre que queiram fugir um pouco à repetição oferecida pelo género, e por trazer elementos que lhe conferem uma identidade muito própria.
A história cumpre mas não é de todo memorável. Aliás, dei por mim a saltar alguns momentos de conversa de modo a passar mais depressa para a acção. Uma vez que a arte conceptual que acompanha grande parte das cinematics do jogo é, no mínimo, sublime e com um Voice Acting de qualidade invejável (Michał Żebrowski, a voz do Witcher Geralt, é quem dá voz a Victor Vran), fiquei com pena que a história não tenha apresentado mais elementos que puxassem pelo meu interesse.
Se não conseguiu cativar-me pela história, conseguiu pela jogabilidade. Victor Vran rapidamente se destacou dos demais jogos do género com a ausência de classes. No meio do vastíssimo loot que vamos encontrar, estamos afinal de contas a falar de um ARPG, vamos encontrar várias peças de equipamento que nos irão ajudar moldar Victor de acordo com o nosso estilo de jogo. Para esse efeito, o jogo oferece-nos primeiro do que tudo vários tipos de armas com as quais iremos desbravar as hordas de inimigos com as quais nos vamos cruzar.
Podemos equipar duas em simultâneo e alternar entre elas a gosto: desde martelos, a espadas e rapieiras, a gadanhas, pistolas, espingardas e armas Laser. A cada arma corresponde um leque de habilidades e serão precisos alguns testes até que consigamos encontrar a nossa combinação preferida. No começo da minha aventura tinha uma diferente mas um pouco mais à frente na história, reparei que combinar uma Gadanha com uma arma Laser e os seus ataques à distância fez maravilhas. Sobretudo, o vasto leque de armas oferece-nos várias maneiras de jogarmos com Victor Vran.
Aliado às nossas armas, temos também ao nosso dispor poderes demoníacos que podemos desencadear e Destiny Cards que, quando equipadas, nos conferem habilidades Passivas. Podemos também contar com um robusto sistema de Crafting através do qual iremos criar ou combinar uma série de itens.
No que diz respeito à jogabilidade propriamente dita Victor Vran joga-se como um tradicional ARPG. Só que, e é estranho dizê-lo, em vez do tradicional teclado e rato, para este título não posso deixar de recomendar que o joguem com um comando. É estranho, eu sei. Só que o controlo da câmara mais a capacidade de salto de Victor (isso mesmo, neste ARPG podemos saltar), até de parede em parede, quase que grita para que acabem com o vosso sofrimento e peguem num comando. Claro que podem manter a forma de jogo tradicional, mas acreditem que com o comando a jogabilidade rapidamente se torna ainda mais intuitiva.
Independentemente dos periféricos que escolherem para jogar este título, o derrotar de enormes grupos de adversários em busca de peças de loot que nos ajudem a fazê-lo mais depressa e melhor, a verdadeira experiência ARPG, é feito de forma gratificante. Apesar do orçamento limitado, que se nota um pouco por todo o jogo, inimigos limitados em variedade, alguns cenários mais vazios do que outros os produtores esforçaram-se por oferecer diversidade aos jogadores e conseguiram-no de uma forma genial.
Primeiro, nos vários mapas do jogo há uma série de desafios específicos que podemos cumprir, fora os objectivos extra que vão surgindo à medida que os vamos percorrendo: Matar 5 destas criaturas, ou matar um número delas dentro de um tempo limite, por exemplo. os jogadores podem até partilhar entre si algumas quests. Um pouco mais à frente na história, ganhamos também acesso a Hexes. Cada um com o seu efeito, quando activados, estes itens acrescem, de uma forma ou de outra, a dificuldade do jogo enquanto que nos oferecem mais pontos de experiência e a possibilidade de descobrirmos melhor Loot. Têm o que é preciso para os activarem a todos em simultâneo?
Aproveito também para dizer que toda esta experiência pode ser jogada com amigos e conhecidos Online. Os mais competitivos podem também participar em combates contra outros jogadores. Se a experiência de Victor Vran se mostrava com uma forte alternativa no género, agora pode certamente ser considerada como uma aposta segura. Destaco também o espaço de inventário de Victor Vran. Como sabem, neste tipo de jogos rapidamente ficamos com os “bolsos cheios” de armas, armaduras e por aí fora. Victor Vran quebra o realismo, a meu ver desnecessário, e oferece-nos um espaço de inventário invejável que nos permite ficar mais tempo dentro da acção e não de 15 em 15 minutos a voltar à cidade.
O grafismo é bastante agradável e oferece-nos cenários variados que pedem que os exploremos até à exaustão. A isto alia-se uma banda sonora (e um trabalho de voz que já mencionei ser impecável) que nos faz uma boa companhia. Na minha experiência de jogo, este título correu bastante bem e não se mostra muito exigente, pelo que não precisam de uma grande máquina para o jogar. Notaram-se algumas quebras e notaram-se ainda mais os aleatórios crashes a meio dos níveis que várias vezes me fizeram recomeçar, por vezes do zero, algumas quests. Algo que será certamente corrigido.
Veredicto
Se, na análise a The Incredible Adventures of Van Helsing III, esse título foi considerado uma alternativa pertinente no género, apesar das falhas não tão pertinentes que oferece, Victor Vran é uma aposta segura. Apesar do orçamento não ter sido, claramente, o mais vasto, os produtores esforçaram-se por oferecer aos jogadores uma fuga aos clichés do género, preenchido por Torchlight e governado por Diablo III. De facto conseguiram-no muito bem, Victor Vran apresenta um enorme conteúdo, todo ele cheio de diversidade. Peca por algumas falhas mas se forem fãs do género não deixem de o experimentar. Aqui no WASD sempre que nos pedirem uma alternativa ao género ARPG, Victor Vran será certamente mencionado!
- ProdutoraHaemimont Games
- EditoraEuroVideo Medien
- Lançamento24 de Julho 2015
- PlataformasPC
- GéneroAcção, Aventura, Role Playing Game
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Trabalho de voz, destaque para Michał Żebrowski
- Arte conceptual
- Fuga aos clichés do género com por exemplo a ausência de classes
- Algumas quebras de frames
- Vários crashes que obrigaram o recomeçar de algumas quests
- História desinteressante
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.