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Análise – Warhammer 40K: Inquisitor – Martyr

Já tantos jogos foram lançados recentemente baseados no lore de Warhammer que, por esta altura, a Games Workshop já nem deve precisar lançar mais nenhum jogo de tabuleiro. Warhammer 40K: Inquisitor – Martyr é uma aposta deste lore no género ARPG.

A produtora Húngara NeocoreGames não é propriamente estreante neste género peculiar. Certamente recordam um certo jogo chamado de The Incredible Adventures of Van Helsing. Não sendo propriamente famoso, até foi bem recebido na sua primeira aparição, com uma sequela um pouco menos popular a seguir-se. Tão diferente, porém, Inquisitor – Martyr tinha outros desafios. Um lore muito bem estabelecido e intrincado com uma legião de fãs e pouca margem para estragar a imagem dos imaculados Inquisitors da série Warhammer 40K. Também não ajudou na expectativa que o jogo enfrentasse diversos adiamentos em três anos de produção e que, depois, a versão de consolas (analisada no hoje via XB1) tivesse tão grande atraso em comparação com o PC (5 de Junho). É que a Inquisição Imperial não tolera heresias…

Para quem não conhece o lore de Warhammer 40K, os Inquisidores do Imperium of Man são agentes Imperiais cujo objectivo é investigar acontecimentos em nome do Imperador. Mais que isso (e o jogo frisa muito bem), são juízes desses eventos e executores dos culpados. Imaginem um autêntico Judge Dredd, mas sem mota e com ainda mais armadura e armas gigantes. Além de serem excelentes combatentes, são também devotos fervorosos do Imperador “deus” e das suas leis. Há muitas referências a doutrinas religiosas, sobretudo no seu discurso francamente fanático. Fanatismo esse que é transposto para o seu julgamento dos eventos, como uma extensão divina do poder Imperial.

A nossa acção começa com o nosso Inquisidor a ser chamado para um estranho pedido de ajuda, algures no espaço profundo. Ao chegar ao local, encontramos uma gigante nave Mosteiro chamada de Martyr. Acontece que esta nave tinha sido dada como destruída anteriormente e surge agora sem explicação. Aparentemente desactivada, cedo descobrimos que, afinal, Martyr esconde uma invasão de agentes do Chaos. A ideia inicial é destruir a nave por completo. Mas, nas suas investigações, o Inquisidor encontra uma equipa de Space Marines a bordo. Num resgate arriscado, Martyr acaba por fugir e a investigação do que aconteceu inicia-se.

Todo este prólogo dá-nos logo uma primeira abordagem à jogabilidade, introduzindo lentamente diversas mecânicas e algumas lógicas. Obviamente, a jogabilidade torna-se mais complexa logo de seguida, mas esta introdução é excelente para tomar o pulso do que nos espera. Este é um jogo de acção com elementos RPG na terceira pessoa. A perspectiva é isométrica com a câmara bem no alto mas roda livremente e até podemos fazer zoom em qualquer momento. Em muitos casos, irão encontrar inúmeras semelhanças e inspirações em Diablo III (já vão perceber quantas), pelo que já saberão o que esperar da acção.

Antes de entrarmos no combate, porém, começamos por criar o nosso Inquisidor, dando-lhe um perfil específico entre três classes. Não temos muito para escolher, mas há uns quantos tipos de armamento e habilidades para seleccionar. A ideia é dar-nos diferentes tipos de combate (em alcance, próximo, com armas de fogo ou com espadas, etc) e outras tantas habilidades de acordo com a nossa forma de jogar. É bem possível que ao início estejam um pouco perdidos quanto ao que escolher. As opções não são assim muitas, mas eu sugiro vivamente que inicialmente escolham algo mais “ranged”. Poderão sempre trocar armas e habilidades se não gostarem do combate em distância. E até podem criar novas personagens se o vosso Inquisidor não vos satisfizer.

Numa primeira abordagem, optei por um Crusader com especialidade Assault. É um soldado do género tanque mas que tem alguma mobilidade e armas dinâmicas. Se optarem pela especialidade Heavy Gunner, por exemplo, a sua lentidão é compensada com armamento muito mais destrutivo. Confesso que não me atraiu muito as classes Psyker (estilo Mage) ou Assassin (estilo Rogue). Contudo, até parecem possuir muitas habilidades interessantes, como o Scryer da classe Psyker que é uma excelente mistura entre mago e soldado. E também a velocidade e tiro furtivo da Assassin podem ser algo do vosso agrado. Como já disse, escolham as classes e habilidades consoante a vossa forma de jogar.

Quando é altura de distribuir a justiça Imperial, esperem uma interacção muito simples. Os comandos dos diferentes tipos de ataque recorrem a botões, D-Pad e gatilhos e os movimentos e perspectivas de câmara usam os analógicos. Há um esquema muito básico de cobertura recorrendo ao botão LB mas que, confesso, não gostei particularmente. Torna-se apenas prático para tiroteios estátivos, tornando-se pouco prático contra hordas. Também não sou grande fã da mira, iluminando inimigos no raio de acção a vermelho. É um processo automatizado e que nem sempre obedece ao lado que estou virado, criando alguma confusão. Podemos bloquear a mira nos adversários, iluminando-os a branco, mas nem sempre bloqueamos a mira no adversário que queremos.

Em termos de missões, esperem diversos tipos de tarefas, entre caçar e aniquilar inimigos, exploração e busca de informação, entre outras. Todas estas missões podem ser activadas através de um mapa na base e podem ser executadas pela ordem do modo de história ou repetidas mais tarde. Na maioria dos casos, exigem planeamento de equipamento e armas. Entre missões principais da história, há também diversos níveis de desafio com missões secundárias ou paralelas com objectivos diferentes. O objectivo é ganhar loot, dinheiro e experiência extra para evoluir a personagem e poder abordar missões avançadas de maior nível e complexidade.

Nos mapas, todos francamente lineares, irão encontrar diversos adversários de vários estilos de combate e defesa, entre soldados e bosses mais “esponja de balas”. O jogo dá-nos dois níveis de dificuldade para escolher, um mais casual (Story) e outro mais complicado (Challenging). Como devem calcular, ao início tudo é simples mas, sobretudo em missões de maior envergadura e maior dificuldade, os inimigos começam a ficar igualmente mais difíceis e numerosos, aparecendo bosses e mini-bosses que nos darão muito que fazer. No entanto, achei o modo Story algo fácil demais ao fim de umas horas. Por outro lado, o modo Challenging mostrou ser francamente impiedoso. Não era mal pensado ali um meio-termo…

Sugeri lá em cima que escolhessem classes e habilidades “ranged” porque, ao longo da minha passagem pelo jogo, salvo algumas excepções, notei que é mesmo esse o foco. Cheguei a andar com umas espadas e um escudo, mas os inimigos parecem sempre preferir disparar à distância na maioria dos casos. Felizmente, o armamento pode ser trocado numa lógica de inventário que, uma vez mais, nos lembra Diablo III. Até mesmo no esquema de cores (branco, verde, azul e roxo) consoante a raridade e valor e também no cofre que temos na base para guardar itens. Parece que a malta da Neocore é fã do jogo da Blizzard.

Como qualquer ARPG que se preze, há também um esquema de evolução e angariação de novo loot para melhorar a personagem. Como já disse, há um esquema de raridade de armas, armaduras e equipamento que acumulam estatísticas e bónus que precisamos optimizar. Estes itens podem ser encontrados em jogo (largados de bosses eliminados ou escondidos em cofres) ou ganhos mediante objectivos e em caixas de loot oferecidas no fim da missão. Também podem comprar novos itens ou vender os que já não precisam na loja em jogo. Eventualmente, a cada novo nível ganham pontos de evolução para gastar numa complexa árvore de evolução. E há também feitos heróicos que desbloqueiam habilidades passivas mediante objectivos.

Eventualmente, achei algumas destas lógicas algo intrincadas demais, chegando mesmo a ser um tanto confusas. Se no prólogo somos “carregados” com mensagens e dicas, a dada altura, o jogo deixa de nos ajudar directamente. Sim, podemos consultar um menu de ajuda sempre que quisermos mas, em muitos casos as coisas surgem sem aviso. Muito do que está disponível acaba por ser intuitivo. mas outras tantas novidades são algo toldadas e exigem alguma perspicácia adicional. É o caso dos modos multi-jogador e cooperativo. Dois computadores surgem na nossa base num canto e só quando chegamos perto percebemos que são lobbies para esses modos online. Também encontrei por acaso a opção de criar uma guilda (chamada de Cabal), sem que o jogo me avisasse que era possível.

Contudo, mesmo que encontrem esses tais lobbies que falo acima, é bem possível que ignorem os modos online de Inquisitor – Martyr. Isto porque, não só têm tanto para fazer a solo, como os lobbies não estão muito concorridos. Não é que o jogo não tenha a qualidade necessária ou que os fãs de Warhammer 40K não encontrem aqui uma boa aposta em jogo. A popularidade de um título deste calibre é sempre complicada de avaliar. Contudo, dado o seu lançamento recente nas consolas, temos de lhe dar um tempo para ganhar uma base de fãs mais vasta. Por outro lado, nas poucas vezes que entrei numa sessão online, notei que algum lag omnipresente prejudica bastante a acção. É algo a melhorar em actualizações.

Mas, já que falamos de online, não quero soar rude mas há algo que deveria simplesmente desaparecer a bem do futuro deste jogo. Nos dias que correm, começa a ser tristemente frequente que os jogos se liguem online por tudo e por nada, mesmo sem que joguemos algum modo que o justifique. Acontece que em Inquisitor – Martyr, não só estamos permanentemente ligados aos servidores da Neocore, como somos obrigados a criar uma conta de utilizador. Não, não podemos saltar o processo, temos mesmo de criar conta com email de registo e tudo. Pior, se perdermos ligação ao servidor ou acesso à conta enquanto jogamos, regressamos ao menu e perdemos todo o progresso ganho até então. Não faz muito sentido e cria um certo receio em investir tempo e dedicação neste título.

Por fim, tenho de falar do aspecto técnico deste jogo. Joguei Inquisitor – Martyr numa Xbox One X e os primeiros instantes surpreenderam-me. Sobretudo em dois pontos: todo o visual cyberpunk/gótico reproduzido em cenas intermédias bem produzidas e a sonoridade geral igualmente bem conseguida. Já em jogo, por causas das distâncias de câmara, perde-se um pouco deste deslumbre e há alguma pixelização estranha de modelos, já para não falar de algumas texturas que se desfocam ocasionalmente. Podemos optar por um modo 1080p ou outro 1440p nesta consola mas, as diferenças são algo irrisórias, para dizer a verdade. De resto, tudo tem bom aspecto, com animações e efeitos competentes. Não vos vai deslumbrar, penso eu, mas também não compromete tecnicamente.

Veredicto

Warhammer 40000: Inquisitor – Martyr consegue replicar muito bem uma classe de personagens icónicas do riquíssimo lore de Warhammer 40K. E isso, só por si, é um feito. O jogo não é, de forma alguma, perfeito, mas cumpre o objectivo de nos divertir numa acção ARPG acessível e com muitas chamadas a outros jogos do género, com clara inspiração em Diablo III. Infelizmente, é bastante intrincado para os jogadores que não se dediquem, como acontece em todos os ARPG, aliás. E essa dedicação pode ser prejudicada pela ligação online constante que pode causar outros problemas. Mesmo assim, a NeocoreGames está de parabéns por nos dar um dos melhores jogos da série Warhammer na actualidade.

  • ProdutoraNeocoreGames
  • EditoraBigben Interactive
  • Lançamento23 de Agosto 2018
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroAcção, Role Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Ligação online permanente
  • Algums problemas gráficos
  • Falta de jogadores online

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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