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Análise: Watch_Dogs

A Ubisoft lançou Watch_Dogs numa tentativa de provar que, afinal de contas, a vida de um hacker pode ser cheia de acção e aventura. Será Aiden Pearce personagem suficiente para aguentar o hype que se gerou em volta do novo título da Ubisoft? Fica a saber na análise WASD.

Em Watch_Dogs, a Ubisoft coloca-te no papel de Aiden Pearce, um vingador de boné e sobretudo, numa mistura entre dois heróis da banda desenhada, a DC Comics e a Marvel Comics respectivamente, possuindo o lado escuro de Batman com a sede de vingança de Punisher. Do homem morcego, Aiden possui ainda semelhanças na voz carregada ao bom estilo de Christian Bale.

A narrativa arranca com um assalto a um hotel de Chicago que corre mal e, após um ataque de retaliação, a sobrinha de Aiden Pearce acaba morta num acidente. O protagonista embarca depois numa série de missões para descobrir os responsáveis com a ajuda da permeabilidade do sistema operativo ctOS, responsável por interligar todo o tipo de dispositivos numa enorme rede de ligações em Chicago. Recorrendo ao seu smartphone, Aiden é capaz de controlar tudo à distância de um clique.

Pearce recorre habitualmente à acção furtiva mas, inevitavelmente, acaba por ter de recorrer também à confusão e caos pelas avenidas de Chicago. Às vezes até o simples deambular num carro de missão em missão acaba numa perseguição policial aparatosa, dada a dificuldade que é circular de uma forma dita “normal” em Watch_Dogs. Este problema já o era inevitável em GTA e aqui, pela herança que carrega do jogo da Rockstar, acaba por trazer também esse problema para a sua jogabilidade. Contudo, aqui funciona de uma forma pior e acaba por estragar o envolvimento do jogador no universo do hacker Aiden Pearce já que, por exemplo e ao contrário dos protagonistas de GTA V, a este convém-lhe manter-se oculto nas sombras e evitar ao máximo qualquer tipo de alarido. Isto inclui, obviamente, qualquer acto que envolva provocar 20 acidentes até chegar ao seu destino.

Pelo meio dos cinco capítulos da história extremamente aborrecida de Aiden, vamos poder completar uma quantidade exorbitante de conteúdo alternativo. As hipóteses são tantas que chega a ser avassalador no momento da decisão de escolher o que fazer nesta Chicago alternativa. Existem criminosos para apanhar com a mão na massa, carros para roubar, jogos de realidade aumentada, monumentos de Chicago para visitar e as Digital Trips (mini-jogos bem alternativos que transportam Aiden para desafios igualmente peculiares como os de matar zombies, saltar de flor em flor ou até controlar uma aranha mecânica gigante enquanto destruímos tudo o que vemos).

A componente hacker durante o free roam pela cidade é o que torna tudo mais interessante em Watch_Dogs. Através do simples pressionar de um botão temos acesso a uma infindável panóplia de opções para alterar o dia-a-dia dos habitantes de Chicago. Aceder a câmaras, rebentar com condutas subterrâneas, alterar os sinais de trânsito ou até aceder a um computador num determinado escritório, são apenas algumas das coisas que podemos fazer à distância, sem nunca sujar as mãos.

A facilidade é tanta que, quando começamos a pensar que por este mundo a fora poderá existir alguém igual a Aiden Pearce, começamos a ficar verdadeiramente assustados. Sobretudo quando através de uma simples câmara ou smartphone temos ainda acesso à vida privada das pessoas. E nesse aspecto, o open world da Ubisoft funciona como nenhum outro, possuindo extraordinários detalhes sobre a vida virtual de Chicago, ao mesmo tempo que reconstrói de uma forma fantástica toda a malha urbana da cidade.

A cidade americana de Chicago funciona ainda como um excelente cenário para a componente multijogador deste título. Tenho até de admitir que foi a parte online que mais me cativou em Watch_Dogs. Existem vários modos de jogo a que podemos aceder: desde a simples corrida de carros ao jogo em equipa, passando pelas alternativas homem a homem. Aliás, foi mesmo aqui que passei mais tempo, durante vários momentos tensos em que tentava hackear outro jogador para lhes roubar informação, tentando ao máximo evitar que ele me descobrisse e o mesmo acontecia quando a situação se invertia. O ctOS está também disponível como aplicação móvel e traz também alguns momentos interessantes, com o jogador que tudo controla a partir de um tablet, ou smartphone, acedendo aos hacks da cidade enquanto tenta impedir que o jogador da consola consiga alcançar os checkpoints. Uma adição inovadora à experiência Watch_Dogs que só peca por não estar disponível na Playstation Vita.

Graficamente, Watch_Dogs não deslumbra em todos os aspectos como se admitia a início. Possui alguns brilharetes técnicos como a água do mar, os efeitos da chuva a cair no chão, os pormenores das texturas da roupa de Aiden ou até mesmo a ilusão de profundidade nas janelas dos edifícios. Contudo, devido à enorme dimensão da cidade, vários foram os sacrifícios feitos no aspecto gráfico. Aí não posso deixar de mencionar a pobre qualidade da maioria das texturas e até alguns pormenores das sombras como quando nos atravessamos à frente dos faróis de um carro e não projectamos qualquer espécie de sombra.

A nível de jogabilidade, existem ainda outros pormenores que deturpam a experiência Watch_Dogs e que impedem este título de ser o que o seu potencial nos fazia sonhar. Aiden Pearce consegue hackear tudo e mais alguma coisa, pular vedações e subir prédios na cidade de Chicago mas disparar enquanto conduz, isso não! Também a visão do interior do carro aparece estranhamente desfocada e sem qualquer tipo de pormenor do cockpit do carro. A estas situações juntam-se algumas opções estranhas de checkpoint antes de alguns confrontos decisivos, em que somos vezes sem conta obrigados a ouvir o mesmo discurso das personagens sem a opção de os passar à frente. Algo que era facilmente resolvido com um checkpoint colocado depois da conversa e imediatamente antes do tiroteio começar.

Entretanto Watch Dogs recebeu o seu port para a Wii U. Não o recebemos aquando do seu lançamento mas é claro que não podemos deixar de o mencionar. Basicamente toda a experiência mencionada nesta análise, pode igualmente ser encontrada na Wii U. Só que infelizmente este é talvez o pior port que já alguma vez vi e nenhuma plataforma merece tão pouco esforço. Nota-se claramente que não houve muita preocupação na forma como este título ia chegar à consola da Nintendo.

Visualmente é uma desilusão que destoa imenso com a qualidade apresentada pelos vários títulos lançados nesta consola. Claro que não se trata de uma PS4 ou de uma Xbox One mas a Wii U já deu provas de conseguir bem melhor do que o que é aqui apresentado. O trabalho de som é igualmente medíocre e isso nota-se por exemplo na condução. Esta componente já vinha com os seus problemas, mencionados em cima e agora na Wii U vamos conduzir pelas ruas e avenidas de Chicago ao som agudo (e irritante) do nosso carro, como se de um carro telecomandado se tratasse. Dei-me ao trabalho de confirmar nas outras versões do jogo e isto acontece apenas com a Wii U.

De resto, em termos de jogabilidade e história, como já disse, não há nada de novo neste port. Todas as componentes tanto offline como online estão presentes e prontas para fazer as delícias dos mais competitivos. Podemos também utilizar Gamepad para consultar o mapa no seu ecrã táctil e jogar a este título remotamente mas em termos de “inovação” não passa disso. É uma pena que as potencialidades que o comando da Nintendo tem para oferecer não tenham sido devidamente aproveitadas, talvez assim este port merecesse mais destaque e se diferenciasse (pela positiva) das restantes versões.

Se este título já apresentava alguns problemas a versão da Wii U serve apenas para os realçar ainda mais e acrescentar outros, pelo que se torna impossível desfrutar das componentes positivas que este título tem, seguramente, para oferecer. Infelizmente não é fácil recomendar a aquisição deste título para a consola da Nintendo pelo que se tiverem a oportunidade de experimentar este título noutra plataforma, certamente que vão encontrar uma experiência de jogo mais gratificante.

Veredicto

A verdade é que a Ubisoft gerou um hype de tal forma enorme para Watch_Dogs que depois não foi capaz de cumprir de acordo com as expectativas de toda a gente. Não me entendam mal, Watch_Dogs é um bom jogo mas que sofre das mesmas coisas que GTA sofre e não consegue evitar as comparações, apesar de fazer algumas inovações. Da mesma forma, possui pormenores e falhas que o impedem de se tornar o excelente jogo que poderia ser. No entanto, fico com a esperança que Watch_Dogs possa ser o que o primeiro Assassin’s Creed foi: um bom início para uma memorável saga.

  • ProdutoraUbisoft Montreal
  • EditoraUbisoft
  • Lançamento27 de Junho 2014
  • PlataformasPC, PS3, PS4, Wii U, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroAcção, Aventura, Condução
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • História fraquinha
  • Situações de jogabilidade e a nível gráfico que estragam o envolvimento do jogador na narrativa de Watch_Dogs
  • Aplicação ctOS não disponível na Vita

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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