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Análise: World of Final Fantasy

Apesar de termos no horizonte dois grandes jogos da série, por agora, World of Final Fantasy é a mais recente adição. Trata-se de um Role Play Game com muita vontade de reviver o passado sem perder o foco na actualidade. Mesmo que isso traga alguns riscos.

A vasta série Final Fantasy já nos deu algumas das melhores aventuras em videojogo que há memória. Já no passado a Square Enix criou um jogo de combate que agia como ponte entre dos diversos universos, chamado Dissidia. Agora, com World of Final Fantasy, esse desejo de honrar todos os enredos regressa, num JRPG com algumas mecânicas familiares. Só que, por mais que gostemos de voltar a algumas dessas histórias, não temos muitas saudades de algumas mecânicas, como os combates aleatórios e por turnos. Vejamos como é regressar ao passado, com uma boa dose de novas ideias, não propriamente originais.

Os irmãos Reynn e Lann estão amnésicos. Aparentemente, as suas vidas banais serão bem mais interessantes do que suspeitam. Só quando são visitados por duas estranhas identidades é que a sua percepção começa a mudar. Tama, uma raposa branca com poderes mágicos e alguns problemas de dicção e a misteriosa Enna Kros explicam que os dois protagonistas são, na verdade, dois grandes heróis e líderes de exércitos de seres mágicos. E agora é preciso recuperar esse poder e as suas memórias, viajando pelos diversos mundos das histórias de Final Fantasy, no chamado Grymoire. Pelo caminho, há que reunir os mais diversos seres, chamados de Mirages, para recriar o tal exército. Isto porque um outro exército Bahamut ameaça lançar Grymoire para o caos.

Com este enredo, preparem-se para revisitar locais e personagens icónicos das história de Final Fantasy. Desde a visita à lendária cidade de Cornelia do primeiro título da série até combater ao lado de Cloud Strife (FF VII) ou Lightning (FF XIII), estamos perante, acima de tudo, de um serviço aos fãs. A ideia é reviver os melhores momentos dos diversos jogos, adaptados, claro, à imagem deste novo título. Na maior parte do tempo, personagens e locais estarão caracterizados sob a forma de pequenos Lilikins, que mais não são que pequenas miniaturas dos heróis que já conhecemos. E nada do que se passa em jogo é canónico, sendo esta uma aventura paralela a todas as demais histórias.

Também as famosas cenas intermédias com diálogos desnecessários, típicas da série, são aqui homenageadas. Basicamente, as personagens descrevem tudo o que é preciso fazer e, pelo meio, dão comentários diversos acerca dos eventos. Invariavelmente, entre diálogos e quadros de explicação, mesmo depois de passada a fase estilo tutorial, torna-se aborrecido ouvir explicações para tudo, sobretudo porque muitas coisas são repetidas com pequenas nuances. Além disso, o humor é muito característico dos título nipónicos e pode não agradar a todos. Felizmente, podem sempre carregar num botão e acelerar os diálogos ou saltar as cenas intermédias, sobretudo quando recuperam um savegame.

Qualquer semelhança entre este jogo e um outro franchise muito famoso e que anda nas bocas do mundo, é mera coincidência. Se, a dada altura, acharem que coleccionar pequenos monstros, em pequenas esferas, de modo a criar uma equipa que combate outros monstros, vos é familiar, não estarão sozinhos. Na verdade, nem o próprio universo Pokémon é verdadeiramente original. É só o jogo de coleccionar monstros mais famoso de um lote vasto de outros com mecânicas muito semelhantes. World of Final Fantasy convida-nos a jogar só mais uma variante deste género, tendo como base os universos dos jogos Final Fantasy e as suas personagens. Se esta fórmula funciona, só o tempo o dirá, mas é notório que a Square Enix queria uma “fatia do bolo” e usou a sua série mais famosa para o fazer.

Ao longo destes anos recentes, diversos jogos Final Fantasy inovaram as suas mecânicas, sobretudo no seu combate. Este, por seu lado, regressa ao passado. Ao que parece, nem o próximo muito esperado Final Fantasy VII Remake irá ter combate por turnos. Não é que seja uma mecânica falível, é apenas uma lógica algo datada e que parece não acompanhar a evolução do género. Os combates directos pareciam cada vez mais a nova ordem da série, com FF XIII a ditar as preferências dos fãs. Regressar ao combate indirecto e por turnos, é uma aposta arriscada e que pode afastar muitos dos novos jogadores. De qualquer forma, este parece mais um serviço para os fãs de longa data, ao mesmo tempo que aproveita para introduzir lógicas tornadas populares noutros jogos do género.

Depois de combater e derrotar Mirages, podem recrutar algumas delas para o vosso exército. Estas podem depois ser agrupadas com Reynn e Lann, as maiores por baixo, como se se tratassem de montadas e as mais pequenas sobre as suas cabeças. Esta lógica de “stack” varia entre os tamanhos das personagens, quando estão na sua forma normal (Jiants) ou miniatura (Lilikin). Cada personagem tem poderes únicos e dons especiais, pelo que é recomendado que equipem o melhor stack possível. E não se esqueçam que cada adversário tem o seu elemento (Gelo, Fogo ou Terra) que é preciso contrariar. A gestão de stacks e de Mirages é feita pelo menu e de forma relativamente simples. Depois, é só combater, esperando que seja a sua vez de lançar o ataque ou defesa.

É muito importante que giram bem as vossas Mirages. Obviamente, os dois irmãos vão evoluindo, aumentado a sua energia e poder para poderem combater com adversários mais poderosos. Mas, sem um bom conjunto de Mirages, o combate tornar-se-á muito complicado contra inimigos com mais energia e poder. Por isso, é bom que se aventurem em áreas que marcam noutro regresso da série: as lendárias Dungeons espalhadas pelos mapas. Aqui, além de alguns pequenos puzzles para resolver, com intrincados labirintos para navegar, vão ter encontros aleatórios com Mirages selvagens para as combater e capturar.

Como devem calcular, a dada altura, estarão presos ao infame grind de modo a poderem enfrentar monstros e outras ameaças mais poderosas. Como qualquer outro título deste género, é tudo uma questão de gestão de recursos e estatísticas. Isto, obviamente, se quiserem cumprir todas as missões da história principal e tarefas secundárias que passam por, eventualmente, derrotar personagens cada vez mais difíceis e poderosas. Infelizmente, isto só aumenta a duração dos combates e a sua variedade, não traz real variedade. Contudo, recordo que este título é orientado, sobretudo, para os fãs dos JRPGs e da série Final Fantasy, piscando o olho aos amantes dos jogos de caça de monstros. Todos estes estarão em casa e, possivelmente, não serão muito afectados pela repetição.

Falta só falar do plano técnico. Como devem calcular, este não é um título que deseje impressionar visualmente. Se os corpos desproporcionados com enormes cabeças e cabelos espigados não o denuncie, talvez as texturas e efeitos em jeito de banda desenhada o confirme. De qualquer modo, o motor gráfico Orochi 3 comporta-se muito bem na PlayStation 4, oferecendo boa performance em todos os momentos. Uma nota positiva para as animações das personagens, bem ao jeito do Anime, com algumas expressões exageradas, algumas nitidamente para sacar um sorriso fácil.

E todos os que (ainda) possuam uma consola portátil PlayStation Vita gostarão de saber que este título pode ser jogado tanto numa PS4 com numa PSVita, transitando o progresso do jogo e savegames entre as duas plataformas. Esta é uma mais valia para quem quiser aproveitar a portabilidade da Vita para jogar em qualquer lado. Notem, porém, que cada um destes savegames tem de ser salvo duas vezes, uma na consola em que estão e outra na cloud dos servidores da Square Enix, o que pode demorar alguns segundos a processar.

Veredicto

Este é um título mais orientado para os fãs dos diversos jogos da série Final Fantasy. Tal como foi Dissidia, este outro mais virado para o combate, conta uma história transversal aos diversos universos. Contudo, mesmo os que gostam de caçar monstros num qualquer outro franchise, irão também encontrar aqui mais um título para explorar. Não tem intenção de ser um colosso visual como os mais recentes jogos da série. Querendo apenas ser um simpático tributo a toda a série, recuperando muita da sua nostalgia. Mesmo que, para tal, tenha de se repetir demasiadas vezes.

  • ProdutoraTose
  • EditoraSquare Enix
  • Lançamento28 de Outubro 2016
  • PlataformasPS4, Vita
  • GéneroRole Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Repetitivo
  • Combate por turnos

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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