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Análise – X-Plane 12 [Actualização: Lançamento]

A nossa análise à versão pré-lançamento do jogo foi amplamente condicionada porque, de facto, X-Plane 12 tinha ainda algum trabalho pela frente. Finalmente, a Laminar Research lançou oficialmente o simulador.

Sensivelmente três meses em fase “Beta”, não é propriamente um período extenso, onde problemas de maior envergadura possam ser devidamente abordados. Pelo menos, não nesta indústria. Conforme o simulador evoluiu com mais e mais versões e correcções de erros, porém, parecia mesmo que a Laminar iria cumprir com a promessa que o simulador estaria pronto a tempo do Natal de 2022. Contudo, a definição de “pronto” num simulador é bem mais vaga que num jogo. E ainda mais ampla é se considerarmos os anteriores simuladores.

As boas notícias são várias. Em primeiro lugar, sim, esta é uma real evolução de X-Plane 11, com imensas novidades a todos os níveis, com especial destaque para o visual e para a tecnologia aqui imposta. As más notícias é que, não, X-Plane 12 continua a não ser um simulador acessível para a maioria, mais habituada que está a algo mais “amigo do utilizador”. Havia uma certa esperança que, por exemplo, o interface fosse melhorado ou alterado para algo mais “convencional” nestes meses. Mas a Laminar persiste nos seus menus e interacção tão distintos.

Não há nada de errado com “distinção”, especialmente quando falamos de produtos tão complexos como os simuladores de voo. Não queria propriamente um clone de MSFS, até porque esse simulador também precisava de uma revisão neste aspecto da interacção. Não. O que falo é de simplificação, de facilidade de uso e de acessibilidade. Como digo em baixo, esta versão é pouco mais que um ligeiro “upgrade” ao menu e lógicas de interface de XP11. O que continuo a achar uma certa “calanzice” da Laminar para criar um novo capítulo do seu simulador.

O “cavalo de batalha” da Laminar para justificar a sua relevância, foi sempre a “seriedade” do modelo de voo, a grande aposta em dinâmicas mais exigentes e, sim, uma maior dificuldade no controlo do aparelho. Para todos os efeitos, porém, ao fim de umas boas horas a voar este simulador e podendo comparar com outras ofertas por aí, concluo que X-Plane 12 já não tem aquela vantagem do “realismo” como teve outrora. O seu grande rival MSFS já possui óptimas dinâmicas de voo, estando a anos-luz dos seus antecessores. E já nem falo de outros simuladores ainda mais “precisos”.

Até mesmo nos helicópteros, onde X-Plane sempre foi “dono e senhor” da aerodinâmica realista, já não se sente o “abismo” de feedback e comportamento que tivemos anteriormente. O modelo de voo no geral é, de facto, muito fiel à realidade mas agora é apenas “marginalmente” superior ao da concorrência, na maioria dos casos, em pequenos pormenores. Claro que estas coisas são profundamente abstractas de se dizer sem uma comparação técnica mais clara. Tudo o que digo é baseado na minha experiência pura e simples e nestas coisas, é o que posso dizer.

O mesmo acontece na oferta de conteúdo. Embora o salto qualitativo e quantitativo de cenário e de aeronaves seja evidente na franquia, não há aqui nada que seja francamente inovador ou “destruidor de competição”. Apesar de muita coisa de arregalar o olho, sente-se a falta das capacidades técnicas de fotogametria do simulador rival, por exemplo. Até mesmo o motor meteorológico mais robusto e que acrescenta bastante à franquia, não tem nada que já não tenhamos visto noutros lados.

Resta-nos a performance que, de facto, foi sempre o outro grande trunfo da série. Sim, nestas últimas semanas a Laminar optimizou bastante o simulador, ao ponto de o tornar francamente mais “suave” e estável… até começar a adicionar add-ons. Tudo bem, não é culpa do simulador ou do API Vulkan que se acrescentem mais polígonos, texturas ou efeitos ao já complexo mundo de XP12. Mas, senti que atingi um ponto de regressão inesperada por adicionar um simples cenário e uma ou outra aeronave mais complexa.

Quanto às questões mais graves que abordei na antevisão em baixo, a produção mostrou “serviço”. Finalmente, a realidade virtual recebeu suporte e travou todas as notas negativas que vimos por aí. A performance geral também foi francamente mais optimizada no robusto API Vulkan, tirando o tal detalhe dos add-ons que menciono acima. Infelizmente, crashes aleatórios continuam a acontecer, além de umas quantas questões com o motor meteorológico a precisarem de revisão. Enfim, três meses de Beta…

Como sempre aconteceu nas versões anteriores, X-Plane 12 será um trabalho de construção, optimização e adição contínua de funcionalidades. Ser “lançado” agora é só uma “muleta” comercial para colocar o jogo noutros lados, como na loja digital do Steam. Serve para chamar a atenção dos simmers e produtores de expansões. Dentro de um ano, teremos provavelmente um simulador robusto em “velocidade de cruzeiro”. Se ainda terá relevância, é outra questão.

Veredicto Final

Tudo o que digo abaixo, mesmo depois de meses de melhorias e reformas, mantenho. X-Plane 12 é um óbvio salto de qualidade e quantidade para a franquia, coloca-o a par do que visualmente se vê por aí e eleva-o ainda mais além para quem procura de algo credível na simulação de voo. Mas, continua a ter uma curva de aprendizagem elevada e a tal busca por “realismo” já não tem o mesmo peso. Por outro lado, as novidades não conseguem fazer esquecer a concorrência, apenas melhorar que já o preferia. E não sei se isso chega para o sustentar.

[Antevisão Original de 10 de Setembro de 2022]

Ao longo dos anos, tivemos sempre uma clara divisão entre os utilizadores dos simuladores mais mainstream e a franquia da Laminar Research. O novo X-Plane 12 surge no panorama como uma soma de várias realidades.

Uma das “realidades” mais evidentes, é que este novo XP12 não podia, simplesmente, perder todo o ADN que diferencia este simulador há anos. O seu interface, as suas lógicas e até a sua simulação mais “rígida” são quase a sua “imagem de marca” e não podiam ser ignorados, talvez a bem de algum facilitismo que outros simuladores apresentam. Por outro lado, o grande “calcanhar de Aquiles” desta franquia, a outra “realidade”, foi sempre o seu visual, sempre criticado como “competente” mas pouco mais que isso. A terceira e igualmente importante “realidade” é o argumento comercial. Neste momento, três simuladores de aviação civil disputam a nossa atenção. Porque é que devíamos apostar agora em X-Plane 12?

É preciso dizer que o X-Plane 12 não foi ainda realmente lançado. Na verdade, está disponível numa espécie de fase Beta aberta ao público, um Acesso Antecipado. É por isso que nas primeiras horas de vida no início desta semana, encontrei imensos problemas. A começar no acto de descarregar o próprio jogo. O instalador teve imensos erros de ligação ao servidor, demorando exageradamente a instalação. O facto do mesmo instalador ser usado para versões completas e para a demonstração do simulador pode explicar esta falha nas primeiras horas.

Por outro lado, a compatibilidade com alguns periféricos ainda não está a 100%, especialmente com dispositivos de Realidade Virtual. Também encontrei vários erros de ligação online para obter meteorologia e outras pequenas questões visuais e erros nos efeitos visuais que precisam de polimento. Por outro lado, é preciso dizer que, nesta fase, o simulador ainda só está disponível na loja oficial da Laminar Research, com a produtora a dizer que a versão Steam está em processo de publicação.

Com tudo isto em mente, é bem possível que achem que o lançamento de X-Plane 12 foi algo apressado. Acho apenas que estes e outros problemas são casuais e não tanto fruto de alguma precipitação. Mesmo assim, com anos de X-Plane 11, seria de esperar que a produção tivesse um maior cuidado no momento do lançamento. Contudo, a data de estreia não podia ser outra. Afinal, o rival Microsoft Flight Simulator está prestes a lançar uma mega-reedição para comemorar os 40 anos da franquia. Por outro lado, a Lockheed Martin estará prestes a anunciar o próximo Prepar3D.

Felizmente, mesmo que alguns detalhes de procedimento não tenham corrido tão bem, a parte técnica do novo simulador surge como o verdadeiro destaque. XP 12 estreia um novo motor gráfico que melhora substancialmente a iluminação, agora compatível com a tecnologia HDR (High Dynamic Range) e capacidades fotométricas. Texturas e modelos possuem uma fidelidade sem precedentes nesta série. Há também um espectacular motor de meteorologia com nuvens volumétricas em 3D,  vegetação e água tridimensional com efeitos variáveis consoante a estação do ano e inúmeros efeitos de condensação, piso molhado, vibrações, etc.

E tudo isto é devido ao novo API. Embora a versão anterior do simulador tenha sido lançada ainda com o API DirectX 11, a meio da sua vida o X-Plane 11 recebeu suporte para o API Vulkan, tido por muitos como o “santo graal” da performance para o hardware moderno. Era possível alternar nesse outro simulador entre os dois APIs e, de facto, constatar a diferença a nível de rácio de fotogramas e estabilidade. Neste novo X-Plane 12, porém, a versão mais recente 1.3 do Vulkan é usada de forma exclusiva. O hardware recente corre muito bem, o mais arcaico também é beneficiado.

O resultado é mesmo interessante. Gostei particularmente do efeito 3D da água em rios e mar, dando uma imersão incrível, especial com aeronaves anfíbias. Em terra, as florestas são bem mais detalhadas, assim como algumas cidades com tráfego nas estradas ou vias férreas, por exemplo. E, claro, os aeroportos estão cheios de detalhes de realismo, gostei imenso dos seus sons ambientes que só acrescentam imersão. Alternando as estações do ano, o cenário oferece uma real mudança de clima, podendo visualizar campos verdes tornados nevados no inverno.

Em edições anteriores já gostava bastante do rigor técnico da meteorologia, com o seu robusto editor. Infelizmente, a nível visual as nuvens tinham um aspecto horrível, quanto mais densas, pior. Em XP 12, as nuvens volumétricas, aliadas a toda uma série de novos efeitos dinâmicos, dão o devido realismo aos céus. E também regressa o tal editor meteorológico, como não podia deixar de ser. Sabendo quão importante é a nebulosidade para o voo, X-Plane chega um pouco tarde ao nível de realismo visual que já predomina na concorrência. Mas, o que interessa é que chegou.

Claro que tudo isto é algo cosmético. É preciso que as condições meteorológicas influenciem, de facto, o voo de forma coerente. Este nunca foi o problema de X-Plane, que sempre contou com detalhados e profundos modelos de voo para cada aeronave. É discutível se alguns efeitos aerodinâmicos precisavam ser tão punitivos mas, uma coisa é certa: a performance geral das aeronaves neste simulador é das mais realistas que temos em simuladores de consumo. E é por isso que, desde há algum tempo, o X-Plane é o simulador indicado para quem quer algo mais realista a nível de diâmicas ou pretende uma ferramenta mais didática.

Falando de dinâmicas de voo, falemos das aeronaves. É óbvio que todos estarão a aguardar o que as produtoras terceiras estarão a conceber para o simulador. Ainda assim, podem contar com os normais aviões “default” que já conhecíamos dos títulos anteriores para explorar no simulador. Nesta edição, foram adicionadas sete novas aeronaves, um majestoso Airbus A330, um rápido Cessna Citation X, os desportivos SR22, RV-10 e Lancair Revolution, além do clássico Piper PA-18 e o helicóptero R-22. Como sempre, a profundidade da simulação não é muito acentuada nestas aeronaves mas servem perfeitamente para experimentar as novidades.

Pelo que estive a ver nos últimos dias, muitas produtoras de add-ons para o anterior X-Plane 11 já disponibilizaram ou estão em vias de disponibilizar uma versão actualizada dos seus produtos para o novo simulador. É ainda possível que muitos addons do XP11 funcionem bem no novo simulador, talvez precisando de alguns pequenos ajustes. Esta foi sempre a vantagem da franquia X-Plane. Em muitos casos, os novos simuladores são retro-compatíveis com add-ons e mods feitos para versões mais antigas. Não é algo muito comum nesta mercado e demonstra como a base do simulador se mantém quase idêntica (para o bem e para o mal).

Por fim, o interface. A evolução entre X-Plane 10 para X-Plane 11 a nível de interface foi francamente positiva, tornando-se um pouco mais intuitivo. Talvez por isso, o X-Plane 12 não tenta “reinventar” quase nada. O menu é francamente semelhante em aspecto, organização e até mantém um design muito parecido. Mudam-se cores, tipos de letra, adicionam-se alguns pormenores, mas ninguém poderá dizer que a mudança foi drástica, longe disso. Para quem não conhece o X-Plane 12, sim, continua a ser pouco “user-friendly“. Não é algo que não se domine ao fim de umas horas mas já se justificava uma modernização.

Se ficaram interessados em conhecer o X-Plane 12, como já disse, há uma demonstração do simulador inteiramente gratuita para todos. Esta demonstração permite conhecer quase todo o simulador… numa só área (Portland) e por apenas 15 minutos por sessão. Não é, de facto, o suficiente para explorar tudo, mas permite testar as várias aeronaves em pequenas porções “bite size” e “tomar-lhe o gosto”. Especialmente para quem nunca voou um X-Plane, é bom que se habituem às suas idiossincrasias antes de apostar nesta nova simulação.

Veredicto da Antevisão

X-Plane 12 continuará a ser “aquele” simulador meio obscuro mas que os profissionais e os mais exigentes a nível de realismo sabem reconhecer. Nesta edição, mantém a atenção aos pormenores técnicos e o rigor das físicas, acrescentando-se agora todos os detalhes visuais, que também vendem um simulador hoje em dia. Para todos os efeitos, está no padrão do que é esperado de um simulador de voo civil moderno. Agora, se se tornará a preferência dos “simmers” é que é mais difícil. Acompanha muito bem a concorrência, sim, mas o seu interface “exótico” e a falta de expansões ao nível dos demais simuladores, será sempre o que retém a Laminar Research no terceiro lugar do pódio.

  • ProdutoraLaminar Research
  • EditoraLaminar Research
  • Lançamento5 de Setembro 2022
  • PlataformasMac, PC
  • GéneroSimulação
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Interface praticamente igual
  • Série demorou para chegar a este nível gráfico
  • Ainda não é um simulador acessível

Esta análise foi realizada com uma cópia adquirida pela redacção.

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