Rocksmith
Depois do muito sucesso de que gozaram jogos como Guitar Hero e Rock Band, o panorama de jogos musicais já começava a escassear de novidades. Principalmente nestes títulos era notório que de há algum tempo para cá pouco ou nada apresentavam de novo a não ser um conjunto de novas canções. A mecânica de jogo era a mesma desde o seu lançamento e os vários instrumentos criados para interagir com o jogo apenas serviram para nos agarrar mais algum tempo em frente à TV, e eventualmente foram sendo postos de lado a ocupar espaço e apanhar pó.
Quando há uns anos atrás se ouviu rumores de que poderia vir a ser lançado um jogo que apesar de semelhante ao já existente Guitar Hero, inovaria com a sua forma de jogar em que a guitarra de plástico com botões seria substituída por um “clone” de uma guitarra verdadeira que seria preparada para funcionar ligada à consola, foi com grande expectativa que muitos, tal como eu, ficaram à espera deste. Mas esse jogo tardou e foi caindo no esquecimento.
Por este motivo quando a Ubisoft anunciou ter avançado com o projecto e que estava para breve o lançamento, foi uma lufada de ar fresco na expectativa que já havia causado antes.
Pois bem, para os amantes da música e também para aqueles que achavam que as guitarras de plástico com botões coloridos eram ridículas e que em nada transmitiam o prazer e a sensação de tocar um instrumento, a Ubisoft conseguiu subir o nível e trás-nos um jogo que apesar de muito inspirado nos títulos já referidos, consegue trazer uma série de novidades que prometem fazer as delicias de toda a gente.
Antes de começar a disparar com todas as características que fazem deste jogo um título a ter em conta para quem gosta de música e toca ou quer tocar um instrumento, deve ser feita uma ressalva que pode afastar desde já alguns possíveis jogadores: Este jogo não ensina a tocar guitarra. Pelo menos não no sentido literal da afirmação. Este jogo ensina técnicas e posicionamento dos dedos no instrumento, e talvez até certo ponto se possa considerar que ensina a tocar, pois se se treinar bastante as musicas, quando se atinge os níveis mais avançados, está-se na realidade a tocar igual ou muito próximo da maneira como a musica foi composta pelo artista. Tudo isto é verdade mas se objectivo é aprender a tocar, lendo pautas, notas e e quem sabe até vir a compor musica, então nesse caso aconselha-se a ter aulas a sério!
Para começar a jogar, fui desenterrar do fundo da arrecadação o meu baixo que já não usava há uns bons anos. Foi com grande satisfação que me vi “obrigado” a voltar a pegar naquele instrumento que me acompanhou durante anos em várias bandas que tive oportunidade de tocar. Sim, estava sujo e cheio de pó e com as cordas num estado lastimoso, mas convencido que iria apenas experimentar para depois mais tarde pegar mais seriamente lá peguei nele tal como estava e depois de preparar todas as ligações necessárias da consola, TV, instrumento e home cinema comecei a jogar.
Antes de avançar, especial nota de atenção que os sistemas de HDTV e ligação por HDMI da consola ao televisor criam uma lag entre o que se toca no instrumento e o que se ouve/vê aparecer na TV Por isso mesmo, dentro da caixa do jogo vem um pequeno manual de como ligar a consola e a saída de som de forma independente à TV e ao sistema de som. Se não tiverem um sistema de som “home cinema” ao qual ligar a saída de som do jogo, não se preocupem pois o som pode ser enviado directamente para os headphones sem grande prejuízo na qualidade. Apesar de ter feito o setup tal como aconselhado pelo jogo, notava ainda um pequeno atraso no som, mas que mais tarde pude vir a corrigir nos menus do jogo que permitem realizar algumas afinações para corrigir esta falha.
Entrando então no jogo, somos levados através de um tutorial que vai dando a escolher as afinações e configurações do nosso instrumento (guitarra ou baixo) e também dando alguns conselhos e ensinamentos de algumas técnicas que iremos usar no jogo. Tutoriais esses que vão sendo apresentados à medida que progredimos e vamos desbloqueando técnicas que são ensinadas e postas à prova nos ensaios das musicas e posteriormente nos concertos.
Começamos o jogo como totais Rookies e o nosso objectivo é chegar a ser uma grande estrela do rock, tendo para tal de treinar muito bem as várias musicas que temos à disposição e qualificar-nos para um evento (um concerto) que determinará a nossa pontuação e consequente progressão no jogo. À medida que vamos avançando, os concertos ganham magnitude quer em termos de expectadores, como em termos do local onde decorrem e ainda em termos do números de músicas que é necessário dominar para terminar o concerto.
De notar que o nível de dificuldade do jogo é adaptativo à nossa destreza e é actualizado frequentemente durante o decorrer dos concertos e até mesmo entre músicas. Se num ensaio tivemos oportunidade de tocar uma musica com meia dúzia de notas diferentes, no concerto podemos apanhar a mesma música com o dobro das notas. Claro que se metermos água, tão depressa como a dificuldade subiu, ela também desce. Mas claro está que o objectivo é mesmo ficar cada vez mais difícil até que consigamos tocar a música o mais próximo do original possível. Fiquem avisados que até que isso aconteça, terão de tocar várias vezes a musica e voltar a tocar ao longo do jogo para conseguirem chegar ao ponto de a saber tocar bem, pois tal como referi, ao inicio as musicas são bastante simplificadas e quando falhamos muito a dificuldade também desce automaticamente.
Por fim, depois de dominarmos muito bem todas as músicas e se mesmo assim faltava aquele clássico que gostamos há anos e gostaríamos de saber tocar, podemos sempre explorar a galeria de músicas extra que nos são apresentadas como “add-ons” e que podem ser “adquiridas” em separado. (agora assim de repente lembro-me de ter visto nessa lista, músicas como Bohemian Rhapsody dos Queen, Self Esteem dos The Offspring ou até mesmo Smoke on the water dos Deep Purple)
Com esta explicação podemos ter uma noção daquilo que o jogo nos pode oferecer. Mas claro que se fosse só isto, o jogo não seria assim tão inovador e perderia alguma satisfação em jogá-lo. Vou então falar um pouco dos pequenos “grandes” pormenores que realmente fazem o jogo valer a pena.
Como pontos fortes a assinalar, temos por exemplo uma progressão não linear derivada das alterações de dificuldade que vão ocorrendo à medida que vamos melhorando ou piorando a tocar as musicas. Por vezes torna-se chato ter de tocar repetidamente a mesma musica até atingir a pontuação que nos permite qualificar para um evento, ou até mesmo ir treinar as técnicas que são ensinadas a cada etapa para que consigamos fazer boa figura e subir o nível de dificuldade do jogo, mas somos recompensados através do desbloqueio de componentes essenciais para quem toca… Instrumentos, amplificadores, colunas, pedais… Sim, ao inicio seremos confrontados com um som muito cru, saído directamente do instrumento para as colunas. Devo dizer que é até um som um pouco feio, mas à medida que avançamos e somos presenteados com instrumentos novos, configurações de amplificadores e colunas e ainda pedais de todos os tipos de efeitos, poderemos começar a combiná-los e criar um som realmente personalizado e nosso que depois teremos de adequar ao tipo de música que vamos tocar. Se para o início com músicas mais calmas e simples, um instrumento cujo som tem poucos efeitos é suficiente, quando avançamos para músicas mais elaboradas, ansiamos ter um som mais adequado e suspiramos por ter aquela distorção “grundge” que tanto gostávamos nos Nirvana com um pedal compressor que nos dá aquele “sustain” necessário para puxar uns valentes “feedbacks”.
O jogo vem acompanhado de troféus ou “achievements” que vamos desbloqueando e com eles registando o nosso nome e sucesso para a posteridade. Existem muitos desde o simples terminar o tutorial ou o primeiro concerto, até ao “Note Streak” em que conseguimos com sucesso dar uma série de X notas seguidas sem falhar, até outros mais complexos como o grau de satisfação do publico do concerto.
Neste ponto insere-se uma das maiores surpresas e talvez das mais agradáveis que me aconteceu enquanto jogava. A certa altura de um concerto que até estava a correr bem, fui brindado com um pedido de “Encore”, ou seja, o público queria mais uma música. Ora tendo treinado apenas as músicas que à partida ia tocar no concerto, não foi com surpresa que constatei que a música do encore nunca tinha tocado. Ou seja, foi uma estreia total quer para o público, quer para mim. Devo dizer que foi uma agradável surpresa e que até nem correu mal de todo, quando de repente… “Double Encore” e parece que o público gostou do meu desempenho e fui convidado a tocar uma outra música subindo o nível de dificuldade e novamente uma música totalmente desconhecida. Não correu mal de todo, mas não ouve um terceiro encore nesse concerto.
Encore
Muito resumidamente, podemos dizer que este jogo tem potencial para se tornar um digno sucessor do Guitar Hero. Neste caso poderemos ter de desembolsar mais algum dinheiro para comprar uma guitarra, caso não tenhamos nenhuma por casa perdida, para poder usufruir deste excelente título. Mas para quem se lembra dos controladores do Guitar Hero, não eram também propriamente baratos, sendo que neste caso temos a hipótese de mais tarde poder tocar com a guitarra sem ser no contexto do jogo.
Em termos da mecânica do jogo, graças à sua dificuldade adaptativa e lições práticas sobre as várias técnicas necessárias, podemos enfrentar de forma um pouco mais fácil e livre de frustração as dificuldades de se iniciar no mundo da música. Claro que não podemos afirmar que terminaremos o jogo a ser grandes músicos e seguir uma carreira musical, mas podemos com alguma confiança fazer um brilharete junto dos amigos quando tocarmos parte daquela música que gostámos e que por isso até conseguimos aprender a tocar. Poderemos não saber se estamos a tocar um Fá sustenido ou um Mi bemol, mas seremos capazes de tocar aquele riff cheio de energia e até brincar com uns hammer-ons e pull-offs só para dar espectáculo.
Lamentamos apenas o preço talvez um pouco excessivo das músicas extra que podemos adquirir para enriquecer o nosso jogo, em que temos cada título a custar algo como 240 XBL | $2.99 PSN | $2.99 STEAM (podem consultar a lista completa aqui).
Na minha modesta opinião, apesar de ao início ter achado piada ao Guitar Hero na altura em que saiu, como já tido a oportunidade te tocar um instrumento real, aquelas guitarras de plástico não me convenciam. No entanto, com este Rocksmith, devo dizer que fiquei até algo entusiasmado por voltar a pegar no meu baixo.
- ProdutoraUbisoft / Emergent Game Techonlogies
- EditoraUbisoft
- Lançamento27 de Setembro 2012
- PlataformasPC, PS3, Xbox 360
- GéneroMúsica
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- adaptação automática de dificuldade
- lições fáceis de seguir e muito práticas
- progressão e desbloqueio de equipamento
- variedade de estilos musicais
- maioria das grandes músicas apenas disponíveis através de dlc (pago)
- pode ser relativamente curto para quem já esteja habituado a tocar
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.