ForzaHorizon5 (10)

Análise – Forza Horizon 5

O Festival Horizon já nos levou para várias paisagens arrebatadoras ao longo das suas edições. Depois do Colorado, fomos ao centro da Europa, descolámos para a Austrália e até conduzimos do outro lado da estrada no Reino Unido. Contudo, arrisco dizer que Forza Horizon 5 leva-nos para o melhor destino de todos até agora, o México!

Porque digo que é o melhor de todos? Porque cada viagem pelos mapas desta série é uma autêntica aventura e não há melhor aventura que um cenário que nos leva de uma pitoresca aldeia no limite do deserto, até uma praia paradisíaca. Tudo isto a alta velocidade, com uma fidelidade visual impressionante e uma banda-sonora escolhida a dedo. Por outro lado, este é também um regresso às Americas, depois de literalmente ter dado à volta do mundo com resultados mistos. Este é também o primeiro Forza criado de raís para a Xbox Series X|S e nota-se bem. Tira proveito do hardware mais avançado do momento de forma exímia e o resultado é simplesmente brilhante como irão ver. E ainda nem sequer me sentei ao volante propriamente dito e é só elogios…

Ao contrário do seu “irmão” mais sério Forza Motorsport, Forza Horizon não pretende emanar tanto realismo na condução, enaltecer a mecânica ou sequer fazer arte na curva perfeita. O convite é sempre para a diversão, celebrando o automóvel como companheiro de aventura. Forza Horizon 5 abraça muito bem essa herança mais aventureira, trazendo-nos uma recriação do México, onde só falta mesmo uns nachos com guacamole no tablier dos veículos. Continua a ser bastante estranho fazer “rali” com um Bugatti ou um Lamborghini, mas Horizon sempre foi e sempre será assim. Tal como os seus antecessores, aqui o interesse é ir a algum lado rapidamente, sim, mas também com estilo. Preferencialmente, sem riscar (muito) a pintura.

Como já disse, aqui o realismo senta-se no “banco de trás”. Ainda lá está, coitado. Por vezes dá palpites sobre a nossa forma de conduzir mas, regra geral, não o escutamos. Como a sogra que reclama que estamos a ir muito depressa e aceleramos mais ainda para o barulho do motor a calar. Sim, por vezes parece que estamos a conduzir sobre “carris”, a direcção é demasiado eficaz, assim como a travagem parece sempre muito eficiente. Os impactos também não penalizam assim tanto quanto deviam. Ainda assim, há uma credibilidade inegável em cada automóvel, seja no asfalto ou na areia da praia. Não é bem um estilo “arcade”, é uma evolução desse género. Notem que podem sempre escolher o nível de realismo da condução embora ache sempre a condução um pouco “domada” demais, sobretudo na direcção.

Esta facilidade no controlo é sintomática de uma certa facilidade geral também nas competições em si. Com um bólide à altura, alguns upgrades e alguma audácia, é relativamente fácil ganhar provas neste jogo. A essência do Festival Horizon é fazer vários tipos de corridas e eventos pelo vasto mapa, sendo estas organizadas, tanto pela potência dos veículos, como pela perícia do piloto. Seria de esperar que a dificuldade aumentasse consoante a classe dos veículos e a nossa evolução. Contudo, a única dificuldade que encontrei foi mesmo a dos veículos da IA, os tais Drivatars, que mais não são que recriações digitais de jogadores reais e cuja proficiência podemos (e devemos) aumentar para darem a devida “luta” em cada corrida.

Para competir, voltam as provas de contra-relógio, de A para B ou em circuitos improvisados e alguns eventos especiais com “corridas” improváveis. A ideia é vencer todas as provas e ser o campeão do festival. Há alguns mini-jogos divertidos pelo meio, uma vez mais a enfatizar a natureza descontraída deste título. De um modo geral, notarão que o jogo é incrivelmente longo e vasto, ainda mais porque irão percorrer vastas distâncias no mapa para participar em cada prova. E nem vou mencionar que poderão procurar carros raros escondidos e outras actividades paralelas que consumirão horas extra. Há mesmo muito para fazer, embora, inevitavelmente, alguma repetição eventualmente aparecerá.

Se tiver de assinalar algo que não gostei, foi novamente este modo de história tão forçado que uma vez mais nos impõem. As cenas intermédias são algo aborrecidas, com um claro interesse em contar uma história que, honestamente, não entusiasma assim tanto. Fomos para um país, largados de paraquedas (literalmente) para ganhar corridas… Pronto, basta só isso. Dêem-me carros e pistas para competir, não é preciso diálogos e explicações alargadas sobre as minhas prestações. Tudo bem, há jogadores que não conhecem as lógicas adicionais de exploração, de coleccionáveis e outros pormenores além das corridas e precisam de uns tutoriais. Ainda assim, não creio que haja muita gente a comprar um jogo deste calibre para prestar atenção a personagens e ao que dizem.

A dimensão do jogo nem sempre joga a seu favor, notem. Achei que o mapa se torna demasiado populado com muitas actividades paralelas, pontos de interesse e outros “pins” cheios de informação que não adiciona nada à competição. Seria bom que a produção se focasse, por exemplo, a dizer que veículo será usado na prova que vamos participar a seguir. Era prático para, por exemplo, fazer algum upgrade e tornar-nos mais competitivos nesse carro. Obriga-nos a conduzir até ao marco no mapa para depois concluirmos que precisamos mexer noutro carro para competir nesta prova em particular. OK, o tom aqui é mais descontraído e a paisagem até convida a mais uma “road trip” ou outra. Mesmo assim, alguma informação focada nas provas era mais útil.

Como cartão postal do México, como já disse, o jogo é deslumbrante. Tem mesmo algumas expedições que visam contar um pouco da história deste país, ao mesmo tempo que recompensa os “turistas” com novos veículos, elementos de personalização ou outros itens simpáticos. Embora não cubra todo o país, a área de jogo é bastante diversificada, contendo um enorme vulcão no centro (onde também poderão acelerar, claro). Considero este mapa uma clara evolução desde o jogo anterior, bem mais amplo e mais enquadrado no espírito do jogo. E é claro que não pode faltar a banda-sonora a condizer com a paisagem. Ouvir “Cielito Lindo” a deslizar a 200km/h por uma pitoresca aldeia não tem preço.

Este é também um jogo bastante social, como não podia deixar de ser. Regressa o convite à competição multi-jogador, num jogo permanentemente ligado e com muitos jogadores a povoar as estradas (além dos já mencionados Drivatars). Uma vez mais, podemos criar e partilhar as nossas melhores pinturas com a comunidade, agora num editor de pinturas ainda melhor com mais opções. Também temos nesta edição o novo Events Lab onde podemos criar sessões únicas multi-jogador e igualmente partilhar com os demais. E é claro que temos de volta o modo “battle royale” estreado no título anterior, o chamado “Terminator”, sendo desta vez mais simples encontrar companheiros online com a nova funcionalidade Forza Link.

Com mais de 500 novos carros, sem incluir pacotes adicionais de veículos, o espírito do coleccionismo está bem vivo. Este é também um meio de apreciar o design e aspecto de alguns dos melhores carros do mundo. Contudo, lamento informar que muitos deles já conhecem de edições anteriores. Fico algo desapontado por ver modelos antigos de marcas conceituadas, sabendo que há modelos mais recentes já lançados. Eu sei que os clássicos serão sempre clássicos e muitas vezes os novos modelos são só um “restyling” de edições anteriores. Ainda assim, queria ver modelos mais recentes de algumas marcas, além dos óbvios destaques dos veículos de capa.

Mas, lá porque nem todos sejam o último grito de tecnologia e design, todos os veículos estão modelados com um rigor insano. Forza Horizon 5 claramente estreia aqui diversas novas técnicas de iluminação, texturas e efeitos visuais. Isto cria momentos absolutamente espectaculares e que se confundem com a realidade. Aliado aos cenários com igual rigor visual, conseguimos criar fotografias fantásticas, o tal “car porn” que os amantes do automobilismo não prescindem. É normal passar imenso tempo a fotografar os carros. Não se sintam mal por isso… estou convosco nesta obsessão de parar o jogo frequentemente para mais uma fotografia.

Veredicto

A verdadeira novidade de Forza Horizon 5 não é a sua oferta de modos de jogo, não é a sua condução estilo “arcade evoluído”, não é a sua forte componente social, muito menos será a sua insistência num modo de carreira acessório. Aqui o que atrairá os jogadores é o seu novo destino, o México. Por outro lado, é impossível ficar indiferente ao rigor visual, especialmente num bom PC ou numa Xbox Series X|S. Se gostam de corridas de automóveis improváveis, onde o que conta é a diversão e o “turismo virtual” num mundo vasto e aberto à exploração, apanhem as chaves do vosso carro e sigam-me, muchachos.

  • ProdutoraPlayground Games
  • EditoraXbox Game Studios
  • Lançamento9 de Novembro 2021
  • PlataformasPC, Xbox One X, Xbox Series X|S
  • GéneroCondução
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Alguns modelos "batidos" de automóveis
  • Modo de história algo acessório

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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