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Análise: Batman Arkham Origins

Esta é uma nova era para o Homem-Morcego. Batman Arkham Origins é o primeiro jogo da série que não é elaborado pela Rocksteady, responsável pelos grandes jogos anteriores, introduz novidades de jogabilidade e até tenta inovar com novos modos de jogo. A Warner Brothers Games Montréal não podia falhar nesta sua entrada numa série de respeito. Vejamos como se debateu com o Cavaleiro das Trevas.

Cinco anos antes dos eventos de Batman Arkham Asylum, Bruce Wayne ainda está obcecado com o seu recente alter-ego de se vestir de Morcego a combater o crime em Gotham. Mas a sua fama como Batman está a chegar aos ouvidos dos grandes vilões criminosos e na véspera de Natal, Batman descobre que há preço pela sua cabeça. Alguém a colocou a prémio, mais precisamente um tal de Black Mask pede 50 milhões de dólares pela vida de Batman. No meio de uma Gotham empenhada nas celebrações de Natal e com tantos indivíduos envolvidos em criar o caos na cidade, não será tarefa fácil chegar ao culpado. Até porque todos os vilões, entre Enigma, Deadshot, FireflyDeathstroke, o poderoso Bane e muitos outros, querem arrebatar o prémio.

Esperem uma pequena surpresa mais ou menos no arranque do jogo. Uma surpresa que eu diria genial, embora um tanto ou quanto previsível. Mas não deixa de ser um momento interessante e digno de um bom plot-twist em Hollywood.

Tratando-se de uma prequela, Arkham Origins vai buscar imensas referências às comics como base das características das personagens e a forma como entram em contacto com Batman. De facto, há uma constante preocupação em honrar esse universos paralelo e evitar falhas no cânone como aconteceram, por exemplo, nos filmes de Hollywood. E isso é muito bom. A WB protege muito bem o seu espólio. Se bem que o argumento não foi escrito por Paul Dini o lendário argumentista da série animada e que escreveu os argumentos dos dois antecessores. Há uns buracos na lógica e perde-se o “conto noir” que Batman sempre foi. Mas enfim. Sem revelar spoilers, digamos que é cumpridor e é um bom argumento para um jogo.

Na verdade, a Gotham City deste jogo quase duplica o tamanho da cidade do jogo anterior (inclui uma parte de Gotham e toda a cidade que mais tarde se chamará Arkham City), que era, já de si, gigante. O modo de jogo aberto que esse jogo implementou poderia tornar-se exagerado não fosse a malta da produção ter introduzido o modo “Fast Travel” em que Batman usa a sua fantástica “Batwing”, uma espécie de avião, para ir aos locais pretendidos sem ter de esvoaçar por horas. Logo na introdução somos presenteados com um daqueles pequenos clips “à Batman” em que a Batcave em todo o seu esplendor é-nos mostrada e… vemos o Batmobile desmontado a um canto… É… Bruce Wayne tem um problema com carros. Mas com a Batwing parece que está tudo bem.

E é preciso falarmos nisto um pouco. Acho que a Rocksteady fez um trabalho hercúleo a produzir os dois jogos anteriores. Mas a Warner Montréal fez qualquer coisa de genial com o motor gráfico Unreal Engine porque este jogo explora muito bem as capacidades da Playstation 3 (versão analisada). Tudo bem que notamos algumas falhas de animação aqui e ali (é um jogo, pessoal), mas os efeitos de grafismo, animações e efeitos especiais são dignos de hollywood. Particularmente a iluminação. Temos pena que Batman não possa subir ainda mais alto aos arranha-céus de Gotham, mas pessoal… o crime está lá em baixo. Não chateia muito.

No que diz respeito à jogabilidade, Batman volta de punho quente. O jogo é novamente acerca de voar, correr, escalar e… desancar inimigos à porrada. Sim, há disso tudo e até há novidades no modo combate. A produção quis quebrar o ritmo repetitivo dos jogos anteriores no que diz respeito ao combate corpo-a-corpo. Agora os movimentos e golpes são muito mais fluidos e os famosos combos são mais fáceis de atingir porque os “multipliers” duram um pouco mais e não se apagam com tanta facilidade. Mais do que isso, aqueles “quick-time-events” estão agora embutidos em fantásticas animações em sequência e fazem parte do combate, sobretudo com Bosses. Genial. Torna-se mais fluido e não interrompe a acção.

Uma coisa que vão adorar fazer é… ir à Batcave! Se nos jogos anteriores o solar do morcego era apenas um ponto de transição, agora já podem perder umas boas horas por lá. Sempre acessível ao longo do jogo, na Batcave podem consultar o Batcomputer (só quando necessário), receber novos gadgets, conversar com o bajulador Alfred, olhar para o batmobile desmontado (tristeza) e treinar. Os treinos são os tais desafios “Predator” que nos jogos anteriores eram acedidos pelo menu. Aqui estão engenhosamente na Batcave e como nos demais jogos há três níveis de pontos para atingir em combate. A Batcave funciona engenhosamente como um “hub” do jogo e, quanto a mim, uma boa aposta.

Outras novidades são as armas novas que Batman arranja ao longo do jogo. Algumas ficaram para trás (ou será para a frente, é que isto é uma prequela, certo?) mas regressam os batarangs, batarangs remotos, batclaw, etc, para se juntarem a novas armas como luvas de electrocussão ou uma pistola que dispara um gancho que por sua vez dispara outro. Estas e outras armas são tiradas de Bosses que derrotamos ao longo do jogo e são passíveis de sofrerem upgrades.

Já agora, falando nesses upgrades, Arkham Origins introduz uma novidade que ao princípio não gostei muito, mas que depois até apreciei a forma como se insere no jogo. Tal como nos jogos anteriores, por cada combate bem sucedido, por cada crime resolvido, por cada vilão derrotado, Batman recebe pontos XP (Experiência). Nada de novo, só que agora esses pontos são colocados num quadro com uma avaliação em jeito de resumo do combate finalizado. Tira-nos completamente da atmosfera “noir” deste tipo de jogos e gritam “JOGO” por todo o lado. Mas, estas tabelas acabam por nos dar uma imagem do tipo de jogador que somos e se estamos a fazer tudo bem. Tornam-se um auxiliar interessante ao jogo, até porque a pontuação difere entre ataques directos ou mais furtivos. E esses pontos são importantes porque temos de evoluir a personagem ao melhorar o fato, além de actualizar os gadjets e armas do Cavaleiro das Trevas.

Regressam os segredos de Enigma, espalhados pela cidade, regressas os crimes aleatórios para resolver e todos aqueles pózinhos mágicos para nos fazer perder horas à procura de pequenos tesouros. Uma coisa que foi também remodelada foram os Desafios. Agora Batman possui o que se chama de “Dark Knight System” e, cada vez que imobiliza inimigos ou usa as suas habilidades de determinada forma, são-lhe atribuídos pontos XP. O que também regressa é o modo “Detective” em cenas de crime. Honestamente não há desafio nenhum quando ligamos o modo para investigar cenas de crimes. Apenas um apontar e seleccionar de alguma prova e depois é como uma reconstituição do crime. É mais uma cena interactiva que um real desafio. Para mim o modo Detective apenas serve para ver os inimigos na escuridão e através das paredes. De resto, perdeu-se nos jogos anteriores a sua utilidade.

Um modo que gostei muito foi “Most Wanted”. Basicamente o Batman persegue um determinado criminoso para obter preciosos pontos XP. Estas missões são paralelas ao enredo principal e são acessórias, mas conferem um mudança do ritmo algo repetitivo do enredo principal e permitem obter pontos para tornar os restantes combates menos desafiantes. Além de possuírem o seu próprio enredo e recompensas, alargando ainda mais a jogabilidade.

Por fim, a nível de jogabilidade, tenho de falar do modo competitivo online. Havia tanto para falar sobre isto, não fosse completamente irrelevante para o jogo. Não me levem a mal, os modos online até são divertidos para jogar com os amigos e até com desconhecidos. Mas Arkham Origins coloca-nos na prisão Blackgate com as facções de Joker (3 jogadores) e Bane (3 jogadores) contra Batman e Robin (2 jogadores). O único modo “Invisible Predator Online” visa derrotar as demais facções. Não é bem equilibrado porque os jogadores das facções criminosas possuem uma visão “detective” muito limitada mas depois têm armas de fogo para atingir Batman e Robin. O Duo Dinâmico só tem cordas e bombas de fumo… A personalização das personagens e armas dos vilões demonstra que a equipa responsável pelo modo multijogador (Splash Damage) perdeu algum tempo e empenhou-se nisto. Mas achei dispensável e confesso que não perdi muito tempo com este modo. O Multiplayer não acrescenta quase nada à experiência genial que o jogo no modo carreira oferece. Podia ser um jogo à parte, até…

Mas antes do veredicto, deixo para o fim aquilo que mais me custou como fã de Batman, sobretudo das séries animadas. É inegável que um ponto forte dos dois jogos anteriores eram as vozes do cast original de Batman: The Animated Series. O incomparável Mark Hamill na voz de Joker era qualquer coisa de envolvente. A voz de Batman na pessoa de Kevin Conroy era como visitar um velho amigo. Tenho de ser honesto e dizer que Roger Craig Smith (Ezio em Assassin’s Creed) como Batman/Bruce Wayne e Troy Baker (A voz de Booker em Bioshock: Infinite) como Joker são boas representações, bem estruturadas mas não são as originais e há momentos que isso se sente… Também não ter o lendário Paul Dini a escrever o argumento nota-se. Mas isto é um fã a falar…

Veredicto

Nova era, novos modos, nova jogabilidade, menos repetições. É isto o novo Batman Arkham Origins. Estou super ansioso por jogar este jogo na Playstation 4. Isto porque nesta geração o jogo já é genial e muito conseguido a nível de grafismo e efeitos, suspeito que na próxima geração será um momento de delírio voar por Gotham City e desancar meliantes. As novidades que traz a nível de jogabilidade vão-nos fazer perder longas horas.

Talvez não as percamos no multijogador, excepto se quiseres momentos frustrantes em que és atingido do nada sem hipótese de defesa ou encontras jogadores escondidos num canto do mapa…

Após umas 7 horas, ainda só tinha 15% de jogo feito o que dá uma ideia da sua dimensão. Hamill e Conroy deixam saudades, mas os herdeiros cumprem o seu trabalho. Vou só voltar para a Batcave, porque Gotham espera por mim!

  • ProdutoraWarner Bros. Games Montréal
  • EditoraWarner Brothers
  • Lançamento25 de Outubro 2013
  • PlataformasPC, PS3, Wii U, Xbox 360
  • GéneroAcção
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Saudades de Mark Hamill como Joker
  • Os combates com bosses podem ser frustrantes
  • Multiplayer era dispensável

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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