Análise: Rayman Legends

Rayman Legends foi anunciado em 2012 como um exclusivo Wii U tendo sido, entretanto, adiado para um lançamento multi-plataforma. Hoje, quase um ano depois, tive a oportunidade de experimentar não só a versão criada especialmente para a Wii U, como também a versão alterada para as restantes consolas, neste caso a Xbox 360. Será que valeu a pena esta espera de um ano? 

A desistência de exclusividade da Ubisoft deixou pelo caminho o grande conceito do GamePad da Nintendo e, no fundo, perdeu a sua melhor essência para as restantes consolas, substituindo a jogabilidade touch por quick time events, mas já lá vamos.

O anterior jogo do protagonista sem braços e pernas, Rayman Origins, saiu em 2011 e foi muito bem recebido pelo seu visual atractivo e pelo seu feeling do jogos anteriores, o que poderia a Ubisoft fazer para melhorar em Rayman Legends? A resposta é fácil: adicionar multiplayer cooperativo!

Rayman e os seus amigos acordam de uma bela soneca que durou mais de 100 anos. Durante esse tempo os pesadelos do Bubble Dreamer cresceram em número e em força, transformando o mundo num autêntico caos e raptando todas as princesas, incluindo Barbara. Mais uma vez cabe a Rayman e companhia fazer os possíveis para salvar o dia e encontrar todos os Teensies, pequenas criaturas azuis espalhadas pelos níveis.
A história é simples e quase inexistente, mas isso nem incomoda, porque nota-se claramente que o principal foco da Ubisoft foi, mais uma vez, a jogabilidade e isso sente-se em cada nível e em cada detalhe.

São esses mesmos detalhes que fazem toda a diferença. Quando uma zona secreta é encontrada, ouve-se em coro um grande “uh!”; Os Teensies quando são resgatados, pregam um grande beijo no herói como agradecimento; no fim de cada nível os Teensies salvos fazem uma grande festa por verem o seu salvador. São pequenos detalhes que podem parecer insignificantes, mas dão uma sensação de recompensa muito grande ao longo do jogo e faz-nos continuar nível após nível até perdermos noção das horas.

Cada nível possui as famosas taças de bronze, prata e ouro para sabermos o quão bem correu a nossa aventura e quando atingimos pontuações razoáveis, temos direito a uma espécie de raspadinha de lotaria que dá acesso a criaturas coleccionáveis e níveis extras. São cerca de 120 níveis no jogo, sendo 40 deles versões “remasterizadas” do Rayman Origins.
A herança de Origins é clara, os controlos são muito simples, intuitivos e precisos. A jogabilidade é tão simples como os primeiro 8 segundos de Super Mario, não há tutoriais invasivos e os menos sortudos, aqueles morrem vezes sem conta no mesmo sítio, terão uma pequena mensagem com o botão que devem carregar. Adicionalmente, todos os níveis podem ser completados em modo cooperativo. Mesmo que não gostem do Rayman, podem usar outras personagens que vão resgatando ao longo do jogo.

Como a intenção principal da Ubisoft era fazer o jogo para a Wii U, Rayman Legends tem um uso muito interessante no GamePad. Em vários níveis Rayman é ajudado por Murfy, que é capaz de mover plataformas, bater em inimigos e activar alavancas. O ideal é esta personagem ser controlada por outro jogador usando o touch do GamePad enquanto Rayman percorre os níveis. Quando não é possível, o primeiro jogador controla Murfy e a inteligência artificial controla Rayman.
Nas outras consolas, as acções auxiliares são feitas com o simples pressionar de um botão, perdendo todo o conceito inicial e tornando-se mais frustrante porque temos de controlar duas personagens ao mesmo tempo. Não foi a solução ideal e tira um pouco da essência do jogo.

Veredicto

Rayman Legends é a prova que não é preciso termos jogos com histórias megalómanas, por vezes a premissa mais simples é a melhor. Só tenho pena que o conceito da Wii U não tenha sido aproveitado para as outras consolas, com a PS Vita e com o Xbox SmartGlass por exemplo.
Foram quase 7 horas de jogo até chegar ao fim dos níveis, muito ficou por fazer, mas o jogo em si é fácil. No entanto, devido à audiência que se destina, a dificuldade está muito bem balanceada e Rayman Legends consegue melhorar tudo o que era bom em Origins!