Análise: The Wolf Among Us – Episode 2 “Smoke and Mirrors”

Já por diversas vezes tenho aqui elogiado os jogos da Telltale Games. A sua opção, bem vincada, de nos colocar em situações delicadas e desconfortáveis obriga-nos a tomar decisões de vida ou de morte com repercussões óbvias na linha da narrativa. ‘Smoke and Mirrors’ continua na linha do episódio anterior mas sob um tom menos agressivo. Esta é a análise WASD ao regresso de Bigby aos ecrãs das nossas salas de estar.

[SPOILER ALERT] Esta análise assume à partida que o leitor passou o primeiro episódio de The Wolf Among Us. Caso contrário, poderá conter alguns spoilers. Fica o aviso! 

A Telltale Games tem-se esforçado por criar “jogos de sofá”, que convidam quem vive lá por casa a sentar-se ao nosso lado e a acompanhar o desfecho de cada episódio. Os jogos são brilhantes e as narrativas, adaptadas de universos pré-existentes noutros mass media que não o dos videojogos, são construídas e desconstruídas num piscar de olhos mesmo ali à nossa frente. O resultado acaba por ser a criação de experiências memoráveis, episódio após episódio. Este ‘Smoke and Mirrors’ é mais um exemplo desse talento da Telltale.

Este segundo episódio de The Wolf Among Us não dura, infelizmente, mais do que duas horas. Ainda assim, entre perguntas por responder, confrontos sangrentos e decisões inesperadas, ‘Smoke and Mirrors’ continua na senda do episódio anterior. As personagens que compõem o elenco, refugiadas no Bairro dos Fables em Nova Iorque, vivem encurraladas constantemente entre a espada e a parede. Aqui, a personalidade de Bigby ganha relevo e assume destaque face à do silencioso e ponderado Lee, na também adaptação da Telltale para The Walking Dead.

O protagonista deste jogo é um homem sempre à beira da violência e da crueldade, embora sempre numa luta interior constante pelo seu controlo. Quando libertamos a sua fúria através das nossas opções, o mundo de Bigby parece levar uma volta. Ainda assim, neste segundo episódio, mesmo quando forçamos as acções mais violentas de Bigby, elas envolvem-se de uma tonalidade muito menos animalesca do que aquelas que vimos no episódio anterior em que até um braço foi decepado durante um confronto.

Por isso, este episódio também é menos marcante que o anterior embora também se entenda que a Telltale tenha tentado entrar com tudo na estreia de The Wolf Among Us e agora pretenda guardar as maiores surpresas para os episódios finais, assumimos nós. Por agora a narrativa parece encaminhada para um final muito previsível que, inevitavelmente terá de conhecer uma inesperada reviravolta.

A demora da Telltale em lançar este segundo episódio é que foi bem lamentável, com um intervalo de três longos meses que, inevitavelmente, provocaram esquecimentos de detalhes importantes na história e que, mesmo existindo um resumo no início deste segundo episódio, só são relembrados com uma segunda volta ao primeiro episódio. Felizmente, a produtora norte-americana prometeu que o próximo episódio não demorará tanto tempo a sair como aconteceu com este. Cá estaremos para comprovar.

Veredicto

Se da primeira vez acreditávamos piamente, na redacção do WASD, que era um excelente negócio comprar a Season Pass, depois deste segundo episódio não podemos deixar de recomendar, àqueles que ainda não o fizeram, a espera pelo lançamento da temporada completa de The Wolf Among Us. O impasse em que ficamos depois de cada episódio, com intervalos de meses entre lançamentos, pode ser o suficiente para gerar esquecimentos e faltas de percepção na história. Ainda assim, The Wolf Among Us parece encaminhado para uma memorável história no seu todo. Por agora, aguardamos ansiosamente pela terceira entrada na série da Telltale Games.