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Wonderful 101

Acção frenética com um bom toque de humor, é como consigo descrever o Wonderful 101, o novo jogo da Platinum Games exclusivo para a Wii U. Mas para quem está familiarizado com esta produtora, responsável por jogos como Vanquish, Bayonetta e o mais recente Metal Gear Rising: Revengeancejá sabe mais ou menos no que se vai meter. 

Na premissa de Wonderful 101, o planeta terra tem sido constantemente atacado pela raça alienígena “Geathjerk“. Em resposta, por todo o mundo, surgem auto-intitulados super-heróis de diferentes nacionalidades e habilidades. Infelizmente esta ameaça é demasiado poderosa para ser derrotada individualmente. Então é formado “The Centinels” o grupo de super-heróis, que ao trabalhar em conjunto, adquirem a habilidade de se unificarem, chamados “unite morphs“,  formando assim vários elementos de porpoções absurdas como punhos, chicotes, espadas, pistolas, pontes, asas-delta e por ai a fora.

O Jogador controla esse mesmo grupo de heróis, 100 para ser mais exacto, bem… mas não desde o principio do jogo. Começamos a história com o professor William Wedgewood, que em part-time é Wonder Red destemido super-herói com o poder do punho gigante, encontra-se numa carrinha de escola em chamas, cheio de crianças e em rota de colisão com a escola principal da cidade de Blossom City, isto porque a via a 30 metros de altura ainda não está totalmente acabada…cliché? Sim claro, mas aí é que está a piada. Wonderful 101 tem mais clichés do que um filme de sábado à tarde, não é para jogar pelo seguro, mas sim aliar esses conceitos ao bom humor e a acção levada ao exagero!

De início começamos com um pequeno leque de heróis que salva alguns cidadãos indefesos, esse mesmo leque é facilmente expandindo juntando-os à causa e atribuindo-lhes estatuto de heróis temporários. Quanto maior o número de heróis, maiores são os resultados das formas criadas. Criar uma espada com 20 heróis é bem diferente do que uma com todos os 100, que mal cabe no ecrã, dando assim uma imensa noção de poder. Para efectuar os “unite morphs“, é preciso ter atenção ao uso e limitação de uma barra de pilhas, que pode ser recarregada com o uso de ataques básicos, derrotando inimigos ou apanhando pequenas baterias espalhadas pelo cenário, promovendo assim a exploração. Derrotando inimigos também será recompensado com “O-parts” que servem como moeda de troca para comprar upgrades, “unite morphs“, habilidades e itens. Existe ainda um sistema de crafting mas pouco trabalhado.

Desenhar com os cotovelos

O ecrã táctil do gamepad é usado para desenhar as formas correspondentes aos “unite morphs”, como uma linha direita para a espada, uma em “L” para a pistola ou uma ondulada para o chicote. Fantástico não é? O problema é que nem sempre funciona tal e qual como esperamos pois… porque a dificuldade de soltar uma mão do comando para desenhar uma forma até pode ser ultrapassado. Mas problema é quando a mesma não é reconhecida e temos de a desenhar vezes sem conta, até ser identificada, quebrando a sequência de combate ou quando vamos desenhar a forma de “vou aniquilá-los a todos com a minha bazooka gigante” e acabamos por descobrir não existe espaço no ecrã do gamepad para a nossa maior criação. É este o meu maior obstáculo ao apreciar o Wondeful 101, visto que o ecrã táctil não é o ideal para este sistema de combate. Felizmente o uso do stick analógico torna-se o mais….lógico e prático. Esta alternativa é muito bem vinda e um factor decisivo para conseguir dominar todo o sistema de combate para alcançar a melhor pontuação possível ou as miticas medalhas platinum típicas dos jogos da platinum games. Eventualmente a acção é interrompida por um desenrolar de uma situação de adrenalina na qual é respondida da parte do jogador através de uma espécie de quick time event, que nós todos adoramos não é?, mas neste jogo encontra-se mesmo muito bem disfarçada. Porque é nos pedido a forma do “unite morph” sendo também contabilizado, tempo de resposta e tamanho da forma. Variando assim do simples carrega no botão para continuar esta cutscene. Mas toda esta situação faz pensar que, se o uso do gamepad pode ser falível então para quê a razão da exclusividade na Wii U? Porque o gamepad é usado neste jogo como nenhum outro jogo desta plataforma.

https://www.youtube.com/watch?v=1ewv7BaJGwY

Acção alucinante claramente é o foco deste jogo, mas ocasionalmente um ou outro puzzle/mini jogo através do uso do gamepad e sempre único e engenhoso. Situações desde as mais elaboradas como; entramos no interior de uma nave, passando o combate para o gamepad e enquanto se anda á pancada com os inimigos, notamos que na televisão a nave onde estamos vai ser bombardeada com uma frota de naves inimigas. Reparamos então que existem botões de controlo de direcção e disparo no chão da própria nave onde estamos a desmanchar os vilões. Subitamente a batalha para sobrevivência torna-se numa situação de multitasking digna de um aneurisma cerebral mas a cima de tudo divertida. Dificil e caótico mas sobretudo engenhoso e divertido. Outras situações são mais simples mas usam o gamepad de maneiras que nunca estamos à espera como; controlar uma turret em primeira pessoa para derrotar inimigos que não vemos na televisão ou a acção passar para o gamepad quando passamos para o interior dos edifícios. Apesar de toda estas particularidades não me surpreendia nada de que de futuro nos entreguem um port para as outras plataformas, porque apesar de serem únicas e realmente engenhosas poderiam ser replicadas de uma forma simplificada com intuito de ganhar mais uns tostões, o que sinceramente acho lógico visto que não deixa de ser um negócio. Caso isso aconteça e tiver opção de escolha, nem pensem duas vezes e agarrem esta versão.

Uma amálgama de ideias

Wondeful 101 retira inspirações de vários campos, os mais atentos iram reparar em algumas parecenças estéticas com o jogo Viewtful Joe, jogo do mesmo criador de Wonderful 101, Hideki Kamiya, responsável pela criação de jogos muito pouco falados como Resident Evil, Okami, Devil may Cry ou Bayonetta…coisa pouca. Mas sem dúvida a mais óbvia seram as séries japonesas de super-heróis como Power Rangers ou Kamen Rider, abrindo assim portas para uma espécie de sátira em torno de todo este conceito. Criando super-heróis como wonder toilet, wonder vending machine, wonder cellphone men e por ai a fora. Agora…são 100 super-heróis, cada um com o seu bilhete de identidade, origem, habilidade, ocupação na vida real, hobbies, etc. A atenção ao detalhe é tão absurda quanto o próprio conceito do jogo. É simplesmente incrível o enorme esforço criativo e humorístico investido em todos os pequenos elementos, tornando assim, todo este universo o mais coeso possível. Com uma surpreendente variedade e quantidade criativa nos inimigos e formas especificas de os derrotar. Cativam o uso de todo o arsenal de habilidades e “unite morphs”, solidificando toda a mecânica de jogo.

Existe algum problema na curva de aprendizagem, talvez nem tanto pela falta de informação no interface deixa ás vezes um pouco vago, o que já por sí é bastante penoso. Mas sim pela quantidade de coisas que se estão a passar no ecrã. É este um dos significantes obstáculos de Wonderful 101. Até nos habituarmos a perceber a identificar cada elemento e a importância dos mesmos leva tempo, mas assim que vamos ganhando conhecimento da situação tudo bate certo o que é sem dúvida gratificante e partir daí ninguém vos agarra…até levarmos com um prédio em cima…e acreditem, isto é coisa pouca comparado com o que vos espera.

A nível gráfico, é realmente único, tirando partido da profundidade de foco criando assim ilusão de diorama…basicamente tudo parece uma maqueta. Apesar de estar na moda na fotografia e cinema, ainda não tinha sido introduzido em nenhum jogo de video. Com uma enorme variedade de cenários que vão desde enormes metrópoles futuristas, templos de lava, instalações subaquáticas e no espaço…até dentro do corpo humano…sem limites mesmo. E é esse, para mim, o ponto forte deste jogo, a imprevisibilidade. Num momento estamos a matar um boss enquanto caímos de um prédio de mil andares noutro estamos à porrada com boss ao estilo do jogo Punch Out ou então jogar uma secção ao estilo G-Darius, é mesmo de doidos. Em termos de conteúdo e diversidade não falha.

Tanto na acção como na história, que digo vos desde já, que apesar de estar carregada do típico melodrama japonês é constantemente interrompido com bom humor…e uma revelação final um tanto ou quanto fora do comum que vai agradar a qualquer um. Todas as personagens estão bem caracterizadas, carregando bem fundo nos estereótipos internacionais manipulando assim situações cómicas e seriamente caricatas contra costumes franceses, russos, norte americanos,etc. Existe também a possibilidade de trocar todo o voice over para a língua nipónica o que é uma boa adesão ao pacote. Em termos de replay value, já por sí a campanha, deixa muito por comprar na sua loja de skills, obter pontuações perfeitas são recompensadas e ainda é possível desbloquear missões adicionais, as wonderful missions. Existe ainda um modo multi jogador mas infelizmente não pude experimentar.

Veredicto

Tudo me pareceu bater certo, a estrutura do jogo tem o passo certo e uma grande dose de inovação. A música constantemente presente, alimenta a adrenalina e ao mesmo tempo parece brincar com temas de John Williams, como a marcha imperial do Star Wars ou a tipica música do fantástico de hollywood. Eu acho que quando na premissa de um jogo os inimigos são denunimados de “jerks” e contém tanta acção que mal se consegue conter. É sem dúvida bem caminha andado para uma boa compra para a Wii U.

  • ProdutoraPlatinum Games
  • EditoraNintendo
  • Lançamento23 de Agosto 2013
  • PlataformasWii U
  • GéneroAcção
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Desenhar as formas no gamepad pode ser complicado
  • Interface do jogo nem sempre é intuitivo

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários