Borderlands 2
Pandora está ao rubro com o regresso da caça ao tesouro. O cofre está escondido algures e quatro destemidos caçadores embarcam numa aventura para o procurar auxiliados por uma visão de uma jovem em holograma e fugindo dos perigos espalhados por colonos dementes e criaturas selvagens… Soa familiar? Isso é porque se calhar jogaram Borderlands, um dos jogos mais originais em conceito e imagem criado pela Gearbox Software. Borderlands 2 chega agora para retomar a aventura. Promete…
De volta à caça
Passaram-se cinco anos desde que os originais Vault Hunters (Caçadores de Cofre, ou caçadores de prémios) chegaram a Pandora, um planeta hostil e habitado pelas criaturas mais aberrantes que há memória. Depois de cumprirem a sua missão e capturarem o cofre escondido, espalharam-se por Pandora buscando seja lá o que for que buscavam.
Entretanto, quatro novos Vault Hunters chegam a Pandora com a promessa da existência de um cofre ainda maior escondido algures no planeta além do surgimento de um novo mineral de poderes misteriosos de nome “Eridium”. Só que esta informação também chegou à poderosa empresa Hyperion que, com o seu demente líder Handsome Jack, decide tomar Pandora de assalto e não só travar os quatro caçadores como reclamar o cofre para si.
No entanto, o regresso de Angel, uma misteriosa mulher que aparece em visão aos caçadores no primeiro jogo, regressa agora para auxiliar os novos caçadores a chegarem ao cofre antes de Handsome Jack e as suas hordas de robots.
A introdução está feita a uma estória que não irá variar muito. Aqui e ali algumas personagens novas vão dar alguma variedade e pelo meio existem algumas reviravoltas interessantes. Mas nada de especial, já que o forte do jogo não é mesmo o enredo.
O que mais gostámos no desenrolar da estória foram as personagens. Muito mais presentes e cheias de humor, sobretudo o vilão Handsome Jack que nos tenta chatear a cada passo que damos para chegar ao cofre e, claro, o sempre soberbo robot Claptrap que consegue sempre nos surpreender com as suas piadas incrivelmente más e com as suas danças exóticas.
Os Quatro Magníficos
Em termos de acção de jogo, nada muda em Borderlands 2. Apesar de serem introduzidas quatro novas personagens e apesar destas possuírem novos itens e poderes, a jogabilidade continua a definir-se pelo tiro abundante com pouca estratégia, excepto apontar e disparar a melhor arma contra os diferentes adversários. Mesmo assim, cada classe tem os seus próprios prós e contras. Todas as armas e poderes estão sujeitos a efectividade. Existem seis elementos disponíveis em Pandora que afectam armas e escudos no jogo: fogo, explosivos, ácido corrosivo, electricidade e um atordoante chamado “slag”. Por exemplo, não podemos usar munições de fogo em inimigos que usem fogo como elemento. Mas podemos usar munições corrosivas em robots sendo estes compostos por metal.
Maya é a personagem feminina jogável que pertence à classe das Sirens. Muito semelhante a Lilith no primeiro jogo, usa um poder chamado “Phaselock” que lhe permite prender os inimigos numa espécie de bolha flutuante sendo mais fácil, depois, alvejá-los. Esta bolha pode ser melhorada com os já mencionados elementos destruidores existentes no jogo. Maya é a mais ágil dos quatro jogadores.
Axton é o equivalente neste segundo capítulo a Roland. Comando, equipado com uma pequena metralhadora portátil como seu antecessor, a sua metralhadora pode ser colocada em qualquer lado, mas desta vez não coloca um escudo ao seu redor, compensando, no entanto, com o seu poder de rodar a 360 graus. Esta arma pode ser melhorada ao ponto de ser mais precisa e eficaz que o jogador sendo uma excelente companhia em campo atraindo fogo e dizimando ameaças.
Salvador é um Gunzerker, que é o mesmo que dizer que é o destruidor do grupo, um pouco à semelhança de Brick no primeiro jogo. A diferença é que Salvador não recorre aos seus punhos mas sim à possibilidade de carregar duas armas em simultâneo. Nos seus upgrades podemos chegar a ser um autêntico tanque de duas pernas, com um destes upgrades dar a possibilidade de fazer manguitos aos adversários… lindo…
Zer0 é o atirador de serviço e herdeiro da mística de Mordecai do primeiro Borderlands. A sua classe de Assassino permite-lhe deixar uma imagem sua em holograma enquanto se torna invisível ele próprio para investir no inimigo. Quando ressurge pode desferir um golpe crítico que mata a maioria dos adversários com um só tiro. Podemos evoluir esta personagem para se tornar cada vez mais eficiente no tiro de arma sniper e pistola ou no seu poder de invisibilidade.
Estas são as personagens jogáveis, mas as personagens do primeiro jogo que já mencionámos aparecem neste com papéis importantes no enredo, além de alguns regressos como o mecânico Scooter, o demente Dr. Zed, o vendedor de armas Marcus e a opulenta Moxxi. E claro, este não era um Borderlands sem o já mencionado Claptrap e as suas ilusões de grandeza.
De realçar que agora as personagens jogáveis podem ser personalizadas com cores diferentes e caras novas que podem ser adquiridas em jogo através de missões ou através de bónus como o facto do jogo encontrar o savegame do primeiro Borderlands ou possuírem a edição de coleccionador.
Outro pormenor é a adição de objectivos como um número de inimigos específicos a abater ou número de mortes com determinadas armas. Esses objectivos quando cumpridos dão-nos nível de “Bad Ass” (Mausão) e em trocam dão-nos pontos que podemos trocar por bónus como melhoramento na precisão de tiro, máximo de energia, etc. Ajuda na evolução da personagem e mesmo na efectividade dos seus poderes e características. Claro que estes melhoramentos dependem da classe escolhida e alguns fazem mais sentido que outros. Por exemplo o Commando beneficia muito mais da precisão de tiro que do efeito dos elementos nele próprio, mas o contrário verifica-se na classe Siren, etc.
Pandora mais diversificada
Regressa o original método de renderização em “Cell Shading” que tornou o primeiro jogo tão famoso. Esta técnica permite conferir aos modelos 3D um aspecto de banda-desenhada, pelo que não podemos abordar sequer o realismo gráfico ou os efeitos. É um ambiente de jogo que pretende ser cartoonesco, exagerado e sem grandes doses de realismo. O que se justifica, aliado às personagens doidas como os anões explosivos, os enormes Goliath que em desespero fazem saltar a sua cabeça fora do corpo e correm para nós como se não houvesse amanhã e à vida selvagem absurda, com aranhas enormes, monstros de três patas que segregam cristais ou abelhas voadoras que nos odeiam.
Pandora possui zonas áridas, geladas, temperadas e cáusticas (literalmente). Por vezes em emboscadas de inimigos não temos só de nos preocupar com as balas mas com o facto de estarmos à beira de um lago cheio de ácido mortal ou um lago congelado que nos mata de frio. Mas, sem dúvida, o melhor deste planeta neste segundo capítulo é a amplitude. Apesar das missões continuarem a ocorrer em zonas que nos obrigam a seguir um percurso, o mundo é vasto, aberto à exploração, muito mais que o primeiro jogo. Os mapas das missões são bem trabalhados, agora muito mais verticais que anteriormente. Não há estratégia definida, até porque os inimigos gostam de flanquear e surpreender-nos pelo que temos de nos mexer muito mais.
As personagens são realmente o forte do jogo. Com caricaturas exageradas, as suas animações são também profundamente exageradas e assemelham-se a desenhos-animados. Personagens como a adorável mas mortífera Tiny Tina que rebenta vilões entre refrões de músicas infantis, os insanos anões que correm o mapa e lamentam a sua morte de uma forma que nos arranca sempre uma gargalhada, são exemplos do que podem esperar deste jogo.
Por falar nisso é na sonoridade que o jogo encontra pontos fortes e um dos poucos pontos fracos. Se por um lado a banda-sonora é genial entre música ecléctica, as vozes de jogo são soberbas e os efeitos bem conseguidos por outro as constantes falhas de som nas três plataformas (PC, PS3 e X360) fazem-nos entristecer um pouco. Por vezes os sons ficam presos em loop mesmo depois da acção ter terminado. Aconteceu-nos duas vezes termos embatido contra um cacto electrificado e o som dos choques eléctricos permaneceu connosco até sairmos do jogo. Também as excelentes falas são cortadas muitas vezes se tivermos mais de uma comunicação ao mesmo tempo, perdendo o que as personagens nos dizem. Mesmo assim, o excelente casting de vozes dá bons momentos de entretenimento e a magnífica banda sonora coloca-nos no ambiente certo. Só era preciso aprimorar este ponto.
De notar ainda que Borderlands 2 está pejado de “Easter Eggs” e homenagens. Há um sem número de referências a outros jogos como Call of Duty ou Minecraft, a célebre dança de “moonwalk” de Michael Jackson imortalizada pelo robot Claptrap ou mesmo referência a filmes e séries de TV como a missão de investigação de um assassinato de nome “We won’t get fooled again” numa clara referência à banda-sonora da série de televisão CSI. Fiquem atentos durante o jogo e verão o que vos dizemos.
Disparas tu ou disparo eu?
Falta só mesmo falar na dinâmica e jogabilidade. Não há nada de novo aqui excepto o regresso dos “Bazillions” de armas. Sim, as armas não são baseadas em armas reais e, sim, são aos magotes espalhadas pelo mundo de Pandora. Tal como no primeiro jogo, podemos procurar por horas e horas de jogo e nunca encontrar uma arma específica que faça a diferença e, de repente, matamos um inimigo que a larga no chão. É mesmo assim. Não há uma única arma igual em toda a Pandora, pelo que não vale a pena dizermos uma arma que tenhamos que seja “a” arma. São todas diferentes entre jogos e são milhões de combinações possíveis que o motor de jogo gera aleatoriamente. Já nos aconteceu encontrar uma pistola virtualmente idêntica a uma que tínhamos em stock, mas foi um único caso e não mais aconteceu.
Como já dissemos, as armas e poderes são influenciadas pelos elementos e possuem características diferentes. É preciso gerir bem o nosso stock de armas que transportamos e é essencial que ampliemos o número de armas que podemos transportar. Para isso, temos de visitar o mercado negro e comprar slots do Backpack (mochila) para levarmos sempre mais items. No Blackmarket só podemos comprar items com Eridium que apanhamos em jogo. O dinheiro normal não serve aqui, mas sim nas lojas e máquinas tradicionais. Podemos comprar armas, escudos de protecção, granadas e melhoramentos. Mas claro que em Borderlands o que interessa nem é comprar mas o que encontramos em saque por todo o lado.
O saque (loot) é o forte do jogo. Em pequenas caixas e pequenos cofres ou em corpos de inimigos e até montes de lixo e sanitas (sim, em sanitas!) encontramos munições, itens de melhoramento, armas e dinheiro que convém saquear com toda a avidez que consigamos dispensar. Se não se viciarem no Loot, não vale a pena jogarem este jogo.
Tudo isto fica muito mais interessante com o regresso do modo cooperativo até quatro jogadores. O matchmaking do jogo permite procurar jogos com jogadores de níveis semelhantes ao nosso ou com amigos. E se encontrarem loot é todo vosso. Mais, imaginem que ajudam um amigo numa missão que ainda não fizeram individualmente. Quando tiveram de a fazer na vossa campanha individual a missão aparece já cumprida. Simpático, não? O modo cooperativo permite ainda combater contra adversários mais perigosos e assim aumentar a nossa experiência. Isto porque o jogo se adapta ao nível do jogador, mas se jogamos em modo cooperativo com um jogador mais elevado em experiência o jogo assume sempre o nível mais elevado de todos e os inimigos, por consequência, aumentam em dificuldade.
Veredicto
Borderlands 2 é mais do mesmo. Mas neste caso isso é óptimo. Porque tudo o que gostávamos no primeiro jogo, regressa em grande e cheio de estilo e com enormes melhoramentos. Ficou muita coisa por falar a nível de novidades porque achamos que este é o tipo de jogo que merece ser explorado e jogado até à exaustão. É claro que não é possível resumir aqui tudo o que o jogo tem a nível de novidades, porém é de notar que o jogo oferece muitas horas de humor e diversão aliada à acção desmiolada. E claro muito e muito saque à disposição para evoluir em melhorar as personagens.
- ProdutoraGearbox Software
- Editora2K Games
- Lançamento21 de Setembro 2012
- PlataformasPC, PS3, Xbox 360
- GéneroFPS
Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.
Mais sobre a nossa pontuação- Claptrap e todo o humor patente do inicio ao fim
- Jogabilidade mais polida que o primeiro jogo
- Finalmente um vilão à altura dos Vault Hunters
- Diálogos compensam a estória simplista
- Não adiciona realmente nada de novo, só amplia o primeiro jogo
- Alguns erros de som
- Às vezes as missões secundárias são clones das principais
- Algo repetitivo
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.