Kinect Star Wars

Há muito tempo que já se justificava um jogo de Star Wars que nos permitisse pegar no sabre de luz e espadeirar por aí numa Galáxia muito, muito distante. Desde o lançamento do dispositivo de captura de movimentos da Microsoft que ouvimos falar de Star Wars Kinect quando foi demonstrado na E3 há uns anos. E, notem, valeu bem a pena a espera!

Pelas eras de Star Wars

Perante a sala do Jedi Council em Coruscant, C3PO e R2-D2 recebem-nos como “Comandantes” de uma “importante missão” dada pelo próprio Luke Skywalker. Ao vasculharmos o arquivo dos Jedi, encontramos importantes testemunhos da época das Clone Wars. E é nessa altura que incorporamos a personagem principal do modo carreira ou em alternativa

Como Padawan entramos no modo Jedi Destiny (Destino Jedi) e passamos pelo treinos para nos tornarmos um valente Jedi numa era tumultuosa das Guerras Clone. A evolução levar-nos-á pelas duas trilogias e abrange todas as grandes batalhas e duelos em que se trocam as personagens principais e somos colocados bem no meio da acção.

Desde as tão desejadas lutas de sabre entre Jedi e Sith, fugas de speeder bike pelas florestas e as célebres lutas espaciais, tão famosas na Saga. As batalhas e momentos são adaptados dos filmes originais e há até lugar para algumas cenas extraídas da série televisiva Clone Wars.

Além do modo carreira como Jedi, podemos optar por uma outra carreira no Pod Racing pelas diversas pistas de Felucia a Tatooine. Existe também um divertido modo de destruição na pele de um enorme Rancor que libertado do cativeiro se dispõe a lançar o caos perante os impotentes transeuntes. Ainda um interessante modo Duel permite aos jogadores aperfeiçoarem os seus dotes com o sabre de luz em duelos com personagens conhecidas. Há ainda um modo menos interessante e que nos causou um enorme sobrolho franzido foi o modo de Dança em que… enfim… dançamos… Se por um lado é divertido ver o Imperador Palpatine dançar Hip Hop, por outro torna-se ridículo… Já lá vamos.

Use the Force…

O objectivo é mesmo esse. Usar a Força, entrar no vasto e rico universo da maior Saga de sempre na história do Cinema. O uso do kinect é bastante vasto permitindo que os jogadores (um ou dois localmente) usem o sensor de movimentos para os mais diversos golpes de sabre de luz que respondem exactamente aos nossos braços, saltar para evitar precipícios, estender os braços como se controlassem um speeder no meio da floresta ou mesmo mover a mão para levitar objectos como Yoda. A interacção é simples e eficaz, transmite toda a atmosfera da Saga e transporta-nos mesmo para dentro dela.

Havendo algo de menos positivo a destacar na jogabilidade será mesmo a forma menos correcta com que se movimentam personagens a pé pelos mapas. A óbvia ausência de teclas faz com que  movimentar o nosso Jedi seja dar um passo em frente e a personagem usa a Força para dar um salto em frente. Mas nem sempre funciona bem esta lógica e chega a desesperar.

Nos modos Duelo e PodRacing é que exploramos bem o potencial do Kinect. Podemos efectuar golpes precisos de ataque e defesa com os sabres e fazer ultrapassagens rápidas no Pod Racer com toda a destreza do nosso físico. Talvez o mais exigente fisicamente seja mesmo o irritado Rancor que nos obriga a poses menos dignas a tentar desancar tudo à nossa frente.

Não há muito mais a dizer a nível da jogabilidade excepto quando temos de abordar o já mencionado modo de dança. Diz a produção que se inspiraram no palácio de Jabba no Episódio VI – The Return of the Jedi, mas infelizmente vimos Darth Vader e um grupo de Stormtroopers dançar de forma cómica e isso fez-nos arrepiar. A fórmula é a mesma de outros jogos como “Just Dance” em que temos de replicar os movimentos de dança que vemos no ecrã e ganhar pontos por isso. Mas era escusado. Mesmo! Chega até a insultar os fãs da Saga. Felizmente é opcional.

Look, Sir! Droids…

Graficamente, Star Wars Kinect possui um ambiente que nos faz lembrar a série de TV Clone Wars, mas aqui e ali os objectos e personagens são modelados para se parecerem mais com os filmes. As personagens no jogo, porém, não se assemelham a nenhum dos actores reais das trilogias, embora sejam vagamente parecidos. No final, o seu grande apelo à camada mais jovem de jogadores aproxima graficamente o jogo do desenho animado.

Mesmo assim não podemos ficar indiferentes à modelação precisa da face de Yoda, as animações faciais e sincronismo de lábios, o olhar expressivo e a convincente animação geral das personagens. Mesmo os cenários são riquíssimos e recriam com rigor os diversos planetas e ambientes celebrizados na Saga.

Nota também positiva para os menus, inteiramente funcionais com Kinect usando as mãos para navegar, com todo o grafismo inspirado na série Star Wars. Talvez não fosse má ideia deixar as transições de lado entre modos com o C3PO que não se cala até conseguirmos finalmente entrar no modo de jogo que queremos. Ocupa demasiado tempo e quebra a fluidez do jogo, mas não é realmente algo errado. Digamos que é excesso de uso dos dróides… Até porque depois os loading times são muito longos e chegam a exasperar.

A nível sonoro, temos todos os efeitos de som famosos dos seis filmes e séries. Vão recordar não só os míticos zumbidos dos sabes de luz, como os sons característicos dos blasters dos Stormtroopers ou a respiração artificial do famigerado Darth Vader. A banda sonora é a mesma que encontramos em tudo o que é relacionado com Star Wars. Da autoria de John Williams, é adaptada ao jogo de forma soberba e imprime uma elevada dose de drama.

Veredicto

Mesmo que não sejam fãs de Star Wars, quem possui o Kinect não pode deixar passar a oportunidade de usar o sensor de movimentos de uma forma divertida e precisa. Os fãs têm neste título uma óptima homenagem à sua Saga favorita. O uso do Kinect é genial e onde falha é só mesmo porque o próprio sensor não é perfeito. E que mais querem que andar pela galáxia como um Jedi destemido e com um simples movimento de braços mandar Dróides pelo ar? Kinect Star Wars coloca-nos mesmo lá… dentro da Saga! E depois de tanta campanha publicitária com divertidos vídeos (alguns partilhamos convosco acima), o apetite só pode estar aguçado para entrar (literalmente) na maior Saga de sempre!