100 Censura: Quando os números ditam modas

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As análises que vemos por aí aos jogos do momento, podem ou não influenciar as vendas? Claro que sim. Qualquer site de videojogos, tal como o WASD é, tem uma componente geradora de opinião. Mas e se um jogo receber uma má votação já não o vão comprar? E se for um jogo de marca 10, vão comprar de certeza? Dependendo dos sites, sentem-se influenciados pelas votações que apresentam e respectivos argumentos? A resposta depende da nossa experiência com determinados jogos que comprámos ou deixámos de comprar baseados em avaliações que tenhamos lido em revistas ou sites. Mas o que é certo é que se cometem muitas injustiças em relação a muitos títulos, tudo porque nem sempre o que se preza é a experiência proporcionada pelo jogo, mas sim as influências de determinados canais como publicidades nos próprios sites, participações nas empresas de videojogos ou outros factores.

As injustiças e as dúvidas…

Dois casos recentes fizeram-me abordar este assunto.

Call of Duty Modern Warfare 3 teve no Metacritic (site em que um utilizador normal registado pode dar a sua avaliação numérica de 1 a 10 sobre a qualidade do jogo) nos dias seguintes ao seu lançamento, uma média de… 2.2 em 10 possíveis. Não me recordo de um jogo de tão elevada produção com tão baixa votação no Metacritic. Aqui no WASD já avaliámos o jogo e achamos que a nossa pontuação faz justiça ao bom jogo que é. Por isso talvez no Metacritic as votações dos visitantes estejam a reflectir algum exagero, talvez criado por fãs de outros jogos do género a tentar destronar o jogo da Activision. É possível. Mesmo as nossas votações possuem um pequeno módulo para os visitantes darem a sua própria votação e notamos que por vezes há votações demasiado altas ou demasiado baixas, nitidamente com o objectivo de influenciar votações. Mas impediu o Metacritic os 2 Milhões de unidades vendidas num só dia de MW3? Claro que não.

Mas outro exemplo ainda mais recente, vem do jogo mais esperado do ano para os fãs da Nintendo Wii, The Legend of Zelda: Skyward Sword, com médias baixas perto dos 7,5 pontos em 10 no site da prestigiada GameSpot em comparação com os 10 da IGN. O jogo só sairá na sexta feira e podem contar com uma review de luxo feita pela nossa “Nintendeira” Susana, mas sem dúvida que a avaliação será sempre na perspectiva da sua experiência de jogo e não com base nestas discrepâncias do mercado. A diferença entre a Gamespot e a IGN, quanto a nós, é que o pessoal da Gamespot está tendencialmente a avaliar o jogo com base noutros (basta ler a review deles) e o pessoal da IGN jogou-o como fã ou pelo menos como um gamer que espera do jogo uma experiência… Eis a verdadeira diferença.

Nada justifica, quanto a nós, as duas situações. Há jogos que quando não gostamos deles, tendencialmente vamos falar menos bem, por uma questão de gosto pessoal. Mas esse tipo de opiniões surgem no café, na companhia de amigos, é uma opinião pessoal que não deve ser reflectida para uma análise geradora de opinião. Mesmo assim, o MetaCritic e outros sites são alvo de autênticos ataques concentrados deste género por parte dos utilizadores, vulgarmente conhecidos como “trolls”. Por outro lado, as opiniões de um jogo como o Zelda, um jogo de culto com uma legião de fãs por trás, não devem ser baseados na experiência de pessoas que gostam de jogar, por exemplo, Call of Duty ou Battlefield. Dificilmente alguém que não conhece a mitologia e enredo de Zelda o vai entender. Vai avaliar o que vê. Vai ter uma abordagem superficial. E isso reflecte-se no resultado final em que a pessoa nitidamente não gostou do jogo e reflectiu isso na avaliação. No caso da IGN, qual é a diferença? Estará a IGN paga pela Nintendo para dar 10 pontos ao jogo? Ou será que quem o avaliou era um jogador convicto da série? Descubram as diferenças. O que é certo é que dificilmente tanto a avaliação de 7.5 vai travar as vendas como a de 10 vai trazer muitos novos jogadores a Zelda. Quem é fiel, será, quem não é pode dar uma chance.

Não queremos dizer com isto que só as avaliações altas de jogos é que merecem atenção. Também se dá o caso de grandes avaliações serem exageradas. Apenas achamos que tanto numa situação de avaliação negativa ou de elevada nota, devem reservar sempre a vossa opinião para o jogo nas vossas mãos. Existem demos, betas e mesmo jogos colocados nas lojas em consolas de teste para que possam ver e experimentar com as vossas próprias mãos o jogo. Em certas lojas, mesmo que não os comprem lá, podem pedir para experimentar alguns jogos. Lá fora, existem sites de Aluguer de Videojogos que infelizmente não existem ainda em Portugal, que ajudam a decidir. Acima de tudo é a vossa ronda pelo jogo, não a nossa como site de videojogos, que vos influencia a compra.

A realidade WASD

As nossas análises, e forçamos muito este ponto para que fique bem claro a todos os que nos visitam, são baseadas na nossa experiência pessoal. Não é por mero acaso que todos os novos colaboradores que estamos a recrutar têm de possuir como factor de candidatura o gosto pelos videojogos em geral e ser um gamer convicto. Caso contrário, não nos podemos distanciar do jornalismo banal tendencioso que ainda vemos por aí (com muito boas excepções, felizmente). As nossas inspirações fazem-nos tentar com muito esforço levar até vocês não a escolha da compra, porque isso não nos compete a nós mas ao marketing das empresas e sim um resumo do nosso contacto com o jogo e a forma como o apreciámos… ou não. Os pontos que damos aos jogos baseiam-se na nossa experiência com o mesmo e não com o que lemos por aí ou o que nos tentam impingir para opinar. Como projecto independente, tentamos não ser “contagiados” pelo que outros estão a dizer, embora por vezes recorramos a determinados sites de opinião para vermos “como param as hostes”. Isso serve-nos apenas de comparativo e sacia a nossa curiosidade, nada mais.

Mas quer isto dizer que as nossas notas, como as de outros, não servem para nada? Claro que não. As nossas notas tem argumentos por trás. Escrevemos muito mais que apenas o enredo e a interacção. As nossas reviews não são meras substituições do manual ou resumos da jogabilidade. Inclusos estão os nossos argumentos, o que achamos bom e o que achamos mau em determinados aspectos. Não há nas nossas abordagens aos jogos demasiadas influências de tendências, excepto no caso de haver tecnologia ou alguma questão técnica melhor ou mais recente que a que foi empregada no jogo. Tentamos que quem os experimenta seja versado no cânone dos jogos, tenha experiência no género e conheça a série de forma aprofundada. Com isso, garantimos que haja um critério directo ao assunto e que se procurem os pontos positivos ou negativos relacionados com o que o jogo procura proporcionar. No final podem ficar empolgados ou desiludidos com o que é revelado, como é óbvio, mas a compra, essa, é uma decisão vossa.

Já tivemos casos de grandes notas dadas aqui que depois noutros lados foram menores. O contrário também. Nós recebemos o jogos da maioria das editoras com o mesmo tipo de expectativa. Temos pessoas especializadas em géneros para falar neles. Por vezes, geramos um caminho que ninguém mais percorre e despertamos a atenção para um ponto que só a nossa experiência pode ditar. Acima de tudo é a emoção de um Skyrim jogado até ao limite das forças humanas, muitas horas de Battlefield 3 ou ainda mais em Mass Effect 2 que nos apaixonam e nos fazem dar boas notas porque apreciamos o jogo como fã, como gamer. Não os resultados de vendas ou as comparações directas com outros jogos. Aqui, tentamos que não hajam “FanBoys”. Mas não podemos dizer o mesmo de outros locais.

Os números, infelizmente, ditam as modas. Mas lembrem-se que a decisão jamais é feita numa avaliação superficial.

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