14 anos depois, o WASD chegou ao fim.
Olá família, amigos e conhecidos.
Ainda há dias comemorámos 14 anos de actividade e não podemos deixar de pensar em tantas horas gastas a criar este cantinho que aqui vêem. Para vos falar dos videojogos com isenção, honestidade e lealdade, porque somos jogadores como todos vocês, porque não temos filiações, patrocínios ou afinidades, demos sempre de nós para vocês. Realmente, deixámos de estar com os amigos ou saímos com a família para não vos falhar. Porque sempre acreditámos que poderíamos ser diferentes, podíamos ser credíveis e ter a vossa confiança.
Ninguém nos tira as noites mal dormidas para relatar os eventos da E3, ninguém apagará a memória de irmos a um evento de lançamento de um videojogo, ninguém nos fará esquecer os sacrifícios de andar quilómetros em reportagens. Tudo o que aqui fizemos nestes 14 anos foi da nossa iniciativa, com imenso sacrifício e cheios de vontade de remar contra uma maré implacável.
Saibam que o jornalismo independente e isento de videojogos é uma “ilha isolada”. Cada vez mais irão ver sites e meios empenhados em parcerias, publicidades e patrocínios que, invariavelmente, colocarão em causa a sua isenção. É algo inevitável se cada vez mais se privilegiam os números, uma medida que só serve uns poucos criadores de conteúdo que fazem deste meio um negócio. O resultado é, à falta de uma melhor palavra, infeliz. A isenção, quanto a nós, só é possível se não houverem patrocínios, um apoio comercial mais vincado, enfim, um “investimento” de terceiros com interesses promocionais, mesmo que indirectos.
O WASD foi desde a sua origem, um site sem fins lucrativos, primeiro porque é muito difícil monetizar algo que quer ser independente, depois porque não queríamos vínculos que nos condicionassem na forma de analisar conteúdo. Isto, porque… somos jogadores. Não somos promotores de serviços, não somos publicitários, não somos cronistas ou comentadores de painel com “cartilha”. Até porque, entre muitos apoios que reconhecemos ter tido ao longo dos anos, muitos dos jogos que analisámos e hardware que testámos foram comprados com o nosso dinheiro, para que pudéssemos falar deles livrevemente quando não era possível através de apoios.
O WASD foi criado para que nunca jamais alguém comprasse um jogo “enganado” ou ficasse mal servido com algum hardware mal recomendado. Orgulhamo-nos de ter atingido um patamar de excelência, isenção e lealdade, depois de 14 anos a falar com justiça, sem que nunca nos tivessem acusado de “favoritismo” latente.
Tivemos os nossos gostos, obviamente, as nossas análises e opiniões sempre foram assinadas e assumidas pelos nossos redactores como algo “pessoal”. Falhámos umas quantas vezes, maioritariamente em pormenores. É normal e não achamos que essas falhas nos tivessem influenciado a alterar a nossa missão. Pelo contrário, assumimos sempre onde podíamos fazer melhor e corrigimos onde foi necessário.
Como devem calcular, apesar de tudo, seria impossível realizar muito deste trabalho sem o apoio de meios de representação e distribuição dos videojogos em Portugal para termos acesso antecipado ou privilegiado aos jogos e ao hardware. Em tempos, foi precioso e absolutamente crítico este apoio. Lamentavelmente, ao fim de 14 anos de actividade, notámos que o WASD perdeu apoios, como o simples acesso antecipado a vários novos lançamentos para falar neles em tempo útil, por exemplo. Também notámos uma crassa falta de comunicação cada vez maior, o que é inevitável se, infelizmente, as próprias marcas e estúdios passam por tantas reduções desde 2020, especialmente no estrangeiro.
Por tudo isto, a redacção do WASD decidiu encerrar actividade a partir de 12 de Dezembro de 2024.
Sabemos que esta decisão será muito difícil de entender para a maioria e nem todos concordarão. Embora seja previsível que alguns nos peçam para continuar, esta é uma decisão ponderada e da qual não poderemos recuar. Até esta data, o site continuou a assumir compromissos pendentes e a publicar conteúdo. Depois de hoje, infelizmente, passará a existir apenas para consulta até que seja definitivamente fechado no início de 2025.
Obrigado a todos os que nos seguiram, apoiaram, consideraram, criticaram, aconselharam, encorajaram e até aturaram. Vocês sabem quem são mas vamos deixar aqui os nomes de alguns (a ordem não é importante):
Eric Chulot-Laprès, Pedro Ollero, Gonçalo Brito, Jorge Vieira, João Campos, Sérgio Pires, Pedro Resende, Nuno Coelho, Tânia Figueiredo, Bruno Costa, Bárbara Parente, Ana Pereira, Inês Santos, Rebeca Fernández, Vicky Tejero, Ana Lafuente, José Pereira, Aitana Garcia, Paulo Pires, Beatriz Monteiro, João Lopes, Nuno Casaca, Filipe Marques, Alexandre Mestre, Erica Macieira, Sara São Miguel, Joana de Barros, Helena Guia e… muitos, muitos outros.
É possível que nos tenhamos de esquecido de alguns nomes importantes. Deem-nos um desconto… afinal já passaram 14 anos…
Obrigado a todos os que nos visitaram regularmente, obrigado pelos vossos comentários, críticas e observações. Obrigado a todos os que em tempos pertenceram à equipa e que, por vários motivos, deixaram de poder fazer parte. Obrigado aos nossos amigos que fizemos (e que perdemos) pelo caminho. Obrigado a quem nos ama.
A 1 de Novembro de 2010, o Ivo Pereira e o João Pinto começaram um sonho. Em 2024 damo-lo como concretizado. A viagem foi fantástica, apesar de tudo. Vemo-nos por aí, provavelmente de comando na mão.
Game Over.
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