5 jogos que se calhar não devias jogar

DONOTPLAY

Há imensos videojogos que a dada altura cruzam as barreiras da sanidade, do que é moral ou do que é socialmente aceitável. Numa lista que tem tendência a crescer porque a controvérsia vende, porém, há determinados jogos que são simplesmente errados. Censurados ou banidos, representam o lado negro da Indústria. Felizmente são raros mas tomem lá cinco jogos que se calhar não deviam jogar…

Esqueçam as piadas racistas de Grand Theft Auto, as insinuações sexuais de Saint’s Row ou as cenas macabras de Manhunt. Recordo com alguma nostalgia quando o primeiro Mortal Kombat mostrava as famosas Fatalities que consistiam em arrancar corações ou crânios com a espinal medula e jorros de sangue, a controvérsia em programas de televisão, os debates sobre “limites” e as conversas de televisão apagada com os nossos pais. Todos esses jogos são amadores comparados com o grau de controvérsia destes que vos vou falar. Atenção que, felizmente, muitos deles são extremamente difíceis de conseguir e outros só existem em versões ultra-censuradas. Mas porque raio os quereriam jogar?

Como é habitual, esta lista não pretende ser exaustiva ou ordenada numa particular ordem. Há outros, se calhar piores, mais obscenos ou ainda mais ridículos. Estes que escolhemos, porém, serão os mais conhecidos pela sua controvérsia e não apenas pelo conteúdo impróprio. Muitas vezes, basta apenas a mensagem que tentam passar, ora vejam.

ADVERTÊNCIA:

O WASD não se responsabiliza pelos vídeos e mensagem destes jogos. Os vídeos apresentados são públicos no site Youtube. Alguns só estão disponíveis para Maiores de 18 anos. Não recomendamos o seu visionamento a menores ou adultos cujas sensibilidades se possam ferir.

Ethnic Cleansing (2002)

Começo por aquele que considero o pior dos exemplos no uso de software livre para criar videojogos, mas também o pior tema possível para um jogo de acção: ideais extremistas de racismo e xenofobia. Algures num casebre numa qualquer zona rural norte-americana, um grupo de pessoas que usa capuzes brancos na cabeça e incita o ódio racial deve adorar este jogo. É incrivelmente mal feito e cheio de erros e falhas. Mas pior que isso é o facto de se percorrerem ruas a matar minorias étnicas (que o jogo insiste em dar títulos com termos depreciativos) enquanto escutamos uma qualquer música de apoio à “raça branca” e incitação ao extermínio das demais raças. Um primor. Felizmente está tão proibido por todo o lado que só o poderão encontrar em locais de promoção do neo-nazismo.

https://www.youtube.com/watch?v=hdLX4GuySwQ

JFK Reloaded (2004)

Depois do filme de Oliver Stone, alguém achou piada a usar um videojogo para reproduzir os momentos trágicos de JFK, contrariando o próprio filme. Ou seja, alguém achou que o mundo precisava de um jogo onde encarnamos Lee Harvey Oswald e assassinamos o Presidente dos EUA, John Kennedy. Já não era nada bom pensar que estamos a recriar um momento macabro, pior é quando esse momento é repetido… em câmara lenta… e em diversos ângulos para ver bem todos os pormenores macabros… A pontuação é dada numa escala de eficácia ao abater as pessoas a bordo da famosa Limousine nessa tarde em Dallas, de modo a (segundo o autor) remover qualquer teoria de conspiração criada pelo filme de Stone e confirmar a autoria solitária de Oswald. Se consegue ou não, não sei, o que é certo é que, apesar de não ter sido proibido em lado nenhum, a sua recepção foi a pior possível.

Hezbollah Special Force 1 e 2 (2003/2007)

Este jogo será mais controverso por causa do estigma do terrorismo, do que propriamente a sua mensagem. Independentemente do que achamos da dita “guerra ao terrorismo”, os jogos de combate modernos colocam-nos sempre do lado dos “Aliados” ou de algum país da NATO a combater essa “ameaça global”. Este jogo porém, coloca-nos no outro lado. Se um Call of Duty (ou outro jogo de acção na primeira pessoa) idolatra o soldado Americano e despreza o “mártir” islâmico, este jogo faz exactamente o contrário. Alterando o estereótipo, reconta a “história” do ponto de vista dos soldados do Hezbollah contra os Israelitas. No fundo a mensagem é a mesma, mas ao contrário e com incitação ao ódio dos ideiais ocidentais. Obviamente censurado e proibido nos canais normais de distribuição, tem tanto sucesso no sub-mundo da web, sobretudo no Médio Oriente (obviamente), que já vai na segunda versão. A qualidade não é o que desejam neste tipo de jogos, seguramente, mas parece popular entre os extremistas com recordes de vendas de mais de 8000 unidades numa semana. O pior disto tudo é que ao jogarem um dia podem ter a CIA a bater-vos à porta.

https://www.youtube.com/watch?v=ECJHi7DyeJc

Super Columbine Massacre RPG (2005)

Numa trágica manhã de 1999, Eric Harris e Dylan Klebold decidiram pegar em armas e assassinar colegas, professores e funcionários do Liceu que frequentavam no Colorado. O “Massacre de Columbine” ficou para a história como um dos mais trágicos exemplos de bullying levado ao extremo. Este jogo, cuja intenção ultrapassa qualquer definição de bom senso, recria esses momentos trágicos por assumir o papel de um dos dois assassinos. O objectivo é matar o maior número de pessoas antes de cometer o suicídio, com uma jogabilidade tipo Role Play Game com bonecos “fofinhos”. Pior ainda é que usa termos depreciativos, estereótipos grosseiros e outras anormalidades para com as vítimas. O jogo nunca chegou a ser propriamente banido. Porém, a sua péssima recepção e reacção pública relegou-o a uma mera má memória na história dos jogos Indie. Inclusive os próprios produtores e criadores de videojogos Independentes fizeram do autor Danny Ledonne uma pária no seu círculo por acharem que Ledonne tinha passado os limites do que é aceitável.

https://www.youtube.com/watch?v=f2XE1nTps1M

RapeLay (2006)

Nada como um jogo sobre um mega-fetiche nipónico para acabar esta lista em beleza. Parece que no Japão há um grupo de pessoas que se chamam “chikan” que gostam de apalpar mulheres em locais públicos, sobretudo no metro. No rigor da coisa, um jogo sobre isso já seria bastante mau. Mas este vai mais além. Este jogo é sobre apalpar mulheres, sim, mas pretende ir mais longe na sua loucura e levar essas mulheres indefesas ao estupro. Sim leram bem. Violação. Em três dimensões. Daí o título que não engana ninguém (“Rape” = “Violação” em Inglês). Este jogo gerou tanta controvérsia que chegou ao Parlamento Britânico e ao Senado dos EUA como exemplo do pior que existe no mundo dos videojogos e da descriminação das mulheres como objectos sexuais. Levou também o Estado Japonês a tornar o jogo apenas disponível no Japão e tendo conteúdo para adultos na classificação de “Hentai”. Sim, o jogo ainda é vendido por lá. Pelos motivos óbvios, mostramos apenas uma parte do Gameplay “menos má”… se é que isso é possível.

https://www.youtube.com/watch?v=VpkcSPyMCmQ

E é isto que a Liberdade de Expressão e a forma como muitas pessoas a interpretam nos trazem. Há produtos dessa liberdade bem mais graves e flagrantes. No que nos diz respeito como jogadores de videojogos, porém, estes meios interactivos de fácil propagação são usados para divulgar ideais distorcidos, chocar ou simplesmente tentar manipular os mais distraídos. Há uma diferença entre ler ou ver que estes fenómenos ou momentos trágicos acontecem. Chama-se a isso “ser informado”. Neste caso, porém, personificamos alguns dos piores exemplos da sociedade. Será necessário?

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