Ainda mais alterações às análises no Steam
Já em Maio vimos como as análises dos utilizadores do Steam passaram a ter uma importante filtragem para evitar a adulteração de classificação. Agora, uma nova série de medidas visa aperfeiçoar ainda mais o sistema, evitando deturpação na opinião.
Uma coisa é termos um website com o WASD, que promove uma opinião analítica, baseada na experiência de um ou mais redactores. Outra completamente diferente, é haver opiniões de um vasto leque de utilizadores que, de forma anónima, agem em massa para influenciar outros. Sites como o Metacritic são prova de que as massas podem agir de forma propositada contra ou a favor de um jogo, muitas vezes independentemente da real qualidade de um jogo.
As meta-análises livres na plataforma Steam sempre foram um alvo preferencial deste tipo de críticas tendenciosas. Muitas das vezes, os jogadores criam análises de poucas linhas para aconselhar ou não a compra de um jogo sem qualquer justificação na sua opinião. O problema neste caso em particular, é que todas as opiniões contavam para uma avaliação genérica, positiva ou negativa.
Em Maio, a Valve alterou a exposição das ditas análises, criando uma nova divisão chamada de “Mais recentes” para análises dos últimos 30 dias e outra secção análises votadas “Mais úteis” que também era mais destacadas numa página de resumo. Isto fez com que, por exemplo, as avaliações de jogos que eram designados como “negativos” mas há 30 dias para cá aparecessem como “praticamente positivos“, caso a mudança de opinião se alterasse, como quando há empenho da produção na correcção de erros.
Acontece que, algumas destas análises podiam, mesmo assim, ser tendenciosas. É muito difícil para a Valve filtrar o que são análises legítimas das restantes, sobretudo se um jogo foi oferecido ao analista. Por isso mesmo, a editora decidiu implementar mais uma medida adicional: A partir de agora, todas as análises de jogos cujas chaves de activação sejam adquiridas de compras externas ao Steam, ou que sejam oferecidas pelos estúdios, não contarão para a avaliação geral na página do jogo. As ditas análises não serão omitidas, apenas não contarão mais para a pontuação positiva ou negativa de um título.
O objectivo, segundo a Valve, é concentrar as análises apenas de compradores directos de jogos vendidos via plataforma Steam, evitando opiniões “prudentes” ou desniveladas por causa de ofertas de estúdios ou prémios, por exemplo. Já antes, podia aparecer na análise a indicação de que o jogo tinha sido adquirido por alguma oferta. Mesmo assim, parece que não foi suficiente.
“É muito fácil que estas chaves (adquiridas fora do Steam) sejam usadas de forma a inflaccionar as pontuações das análises”, diz o comunicado. A Valve afirma ainda que em “pelo menos 160 títulos tiveram uma substancial percentagem maior de análises positivas de utilizadores que activaram o produto com uma CD key (chave externa) comparando com utilizadores que compraram o jogo directamente no Steam”. Se assim forem, estes são números preocupantes que denotam uma clara tendência de favorecimento que agora será algo mitigada.
Em conjunto com esta nova medida, há também novas filtragens, como uma que permite ver análises de compradores via Steam ou via chaves de activação externas, além de um novo cálculo na avaliação dos jogos para tentar dar uma ideia mais concreta da sua qualidade.
E a Valve não ficará por aqui. Ciente que muitas das compras de jogos na sua loja são influenciadas pelas meta-análises dos seus utilizadores, tem mais alguns aprimoramentos para fazer. Por exemplo, o esquema de avaliação da utilidade de algumas análises precisa de uma aprimoramento, estando algumas análises muito pouco “úteis” em destaque. Por vezes, confundem-se o que são análises úteis das que são pura brincadeira.
Vejamos o que a distribuidora líder do mercado digital de videojogos no PC vai fazer nos próximos meses. Afinal, análises tendenciosas não têm lugar em lado nenhum desta indústria, já de si pejada de muito hype e lobbies que não interessam ao consumidor.
Aqui no WASD, sempre apostámos em análises isentas, por mais que nos custe ter de falar de forma menos positiva de títulos que até gostamos pessoalmente. No nosso ponto de vista, o objectivo de uma análise é falar do jogo enquanto experiência e dizer o que o jogador pode esperar da oferta.
Analisar o jogo baseando-se em “vendas”, tendências, lobbies ou outro tipo de factores não é justo para quem lê e se sente influenciado a comprar algo que depois dará uma desilusão. Ou então ao contrário, quando se fazem autênticas pérolas passarem ao lado, por causa de opiniões erradamente negativas sobre a sua qualidade. Se mesmo com uma atitude de isenção, isso pode acontecer porque não gostamos todos do mesmo, imagine-se quando uma análise é intencionalmente enganosa. No final, perdem todos: os jogadores e a própria indústria.
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