Antevisão da Playstation 4: O Software

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Depois de na semana passada nos tornarmos íntimos com as entranhas da Playstation 4, ou seja, o seu Hardware, esta semana voltamos a falar da nova consola da Sony. Desta vez, vamos falar no que faz tudo trabalhar e ficar bonito no televisor, o Software. São anos e anos de interfaces de consolas de videojogos e o mundo, agora, parece girar no conceito dos ícones em scroll para os menus. Veremos como a Sony abordou o interface, mas também o que é que está envolvido na sua plataforma PSN (Playstation Network) e subscrições. Preparem-se para algumas surpresas, nem todas agradáveis…

Ligando a consola, somos logo presenteados com o lendário logótipo da Playstation. Há, por esta altura, um update (1.50) não obrigatório para todos os que se ligarem online que adiciona funcionalidades como a leitura de filmes DVD, por exemplo. Convém fazerem isto no primeiro arranque se tiverem ligação à Internet para usufruir em pleno da consola. Caso não possuam ligação online, podem passar pelo site da Playstation e descarregar o update para uma pendrive para depois o instalar offline.

Logo a seguir ao setup inicial aparece o famoso e remodelado XMB ou Cross Media Bar, agora pomposamente chamado de Playstation Dynamic Menu. Trata-se de um menu que abandona o conceito linear da PS3 e implementa um novo tipo de interface dinâmico baseado em ícones, um pouco na linha da Playstation Vita, mas muito mais expandido e mais rectangular, em contraste com os ícones redondos da Vita.

Os menus estão estruturados por imagens com fotografias, ou animações do conteúdo, em menus próprios, nos quais podemos navegar, suavemente entre as opções ou com os manípulos analógicos ou com o touchpad do Dualshock 4. Dá a entender que a Sony perdeu algum tempo a construir uma navegação entre jogos e funcionalidades de actualização e informação muito próximas das redes sociais e sistemas operativos da actualidade.

E aqui vemos uma gigante mudança no panorama das consolas de jogos. Se há uns anos o foco de uma consola eram os jogos, com o advento das redes sociais, parece que o foco mudou drasticamente para o próprio jogador. A prova disso foi a implementação de aplicações como o Facebook ou Twitter nas consolas da geração anterior. A cada troféu ganho, cada compra ou cada desafio, a Playstation 3 enviava uma actualização (opcional) para o Facebook, por exemplo. O novo Menu Dinâmico da Playstation 4 deixou, então, de ser um menu só para jogar e, bom, passou a ser um menu para muitas coisas, entre as quais, os jogos.

Permanentemente ligada à SEN a Playstation 4 está efectivamente online. Podem jogar com a Internet desligada, mas a experiência jamais ficará completa. O menu inicial está repleto de informações sobre o que vocês e os vossos amigos da lista estão ou a fazer ou já fizeram em notícias e eventos relacionados.

Como explicámos no artigo anterior sobre o Hardware, basta um pressionar do botão “Share” no Dualshock 4 e teremos o que estamos a fazer naquele momento partilhado com amigos, em tempo real… e em Alta-Definição. Claro que pesará na nossa ligação à Internet e veremos como se aguenta com tanta informação mas, a consola em si, como também explicámos anteriormente, não se desequilibra com tantos dados, já que possui processadores dedicados para estas operações, sem usar o CPU central.

Isto, por si só, é uma rede social. É um salto de gigante do que era anteriormente a PSN. Mas não se fica por aqui. E que dizer das restantes redes sociais? Tanto o emergente Twitch, o rei Facebook como o próprio príncipe Youtube (que por agora ainda não aguenta tanta informação e está suspenso até futura indicação) estão a ser contemplados nas capacidades da Playstation 4.

Com o botão “Share” partilhamos o livestream do que estamos a jogar via Twitch (convém, já agora, ter uma conta criada) ou gravamos o que estamos a jogar. Podemos editar o vídeo com a função Trim Video e, depois, podemos actualizar o perfil do “Face” ou mandar um vídeo para a nossa página do “Tubo”. Genial para quem gosta destas coisas das redes sociais, horrível para quem vive com medo da NSA descobrir o seu truque para tantos headshots no Call of Duty. Sobretudo porque há uma pequena opção de fornecermos o nosso nome verdadeiro em vez do nick, felizmente que é um pedido especial e não algo obrigatório.

Anonimato à parte, poderão então usar o vosso Online ID que já tenham na PS3 ou PS Vita e entrar na Playstation Network, agora chamada de Sony Entertainment Network (desde há pouco tempo na PS3 e PS Vita) e adicionar… até 2000 amigos! Sim, lembram-se como a PS3 limitava apenas 100 amigos por utilizador? Adeus solidão! Infelizmente, terão de se manter com o vosso ID até ao fim das vossas vidas porque este não pode ser alterado. Se querem um novo, mais vale mesmo criar de origem. Noutras plataformas é possível alterar o nome apenas comprando a alteração. Nas Playstation, isto não é possível, nem nunca foi.

No entanto, se pensam que ter 2000 amigos a entrar e sair dos jogos vos vai encher o ecrã com as típicas mensagens “Utilizador_X Iniciou Sessão”, acalmem-se. Agora a PS4 permite filtrar e restringir a quantidade de informações e alertas. Podemos, por exemplo, optar por nunca sermos incomodados com informações deste género. O que com tantos amigos é capaz de ser uma opção muito usada, não?

Regressam as funcionalidades que também compõem a Playstation 4 e que fazem dela uma excelente plataforma multimédia. Não só o sempre útil leitor multimédia de DVD e BluRay (lamentavelmente não suporta CD-Audio ou MP3) recorrendo ao leitor óptico interno, como também um servidor interno para vídeo e faixas de áudio. Normal e costumeiro em qualquer consola. As capacidades multimédia ficam completas com um browser de Internet de que dispomos de pouca informação, mas a julgar pelo que tínhamos na PS3, qualquer coisa é melhor…

E lá fora há ainda a possibilidade de subscrever serviços online de videoclube, música on-demand e outros tantos. Só que, pronto, em Portugal tudo isto é uma miragem. Não esperem ver o Netflix por cá nas próximas décadas. Seria excelente usar a Playstation 4 como uma plataforma de videoclube e acredito que isto é uma terrível perda da PS4, pelo menos por cá, com esta tão optimizada para uploads e downloads. Infelizmente, não depende só da Sony.

E pronto… vamos aos jogos! O que interessa mesmo, certo? Felizmente (ou infelizmente, depende do ponto de vista), o preço dos jogos mantém-se comparativamente aos jogos da PS3. Claro que aquilo que todos gostávamos, que era poder jogar os jogos PS3 na PS4, não será possível. Comercialmente seria um suicídio para qualquer empresa permitir a retro-compatibilidade mas, como jogadores, gostaríamos de ter essa possibilidade, certo? A minha dica é: Guardem a Playstation 3 lá ao lado para os jogos PS3 que querem jogar.

Uma das coisas que gostei de ver é a capacidade da PS4 nos meter a jogar em meros segundos, ou poucos minutos, dependendo do título. Sabemos que todos os jogos precisam de ser instalados no disco-rígido da consola e não podem correr no disco BluRay como a PS3 faz, isto para evitar a chatice do buffering e loading demorados seria de esperar longas horas de instalações de jogos. Mas a PS4 permite que comecemos a jogar quase de imediato enquanto vai instalando o restante do jogo no background e o mesmo acontece com jogos comprados online com a funcionalidade “PlayAsYouDownload”. Em alguns jogos até é possível escolher se queremos instalar os modos Carreira ou Multi-jogador primeiro.

Esta capacidade é extensível a updates e patches de jogo. Já não precisamos aguardar minutos largos para descarregar a actualização antes de entrar no jogo e nem sequer precisamos sair do jogo que está a decorrer. Até que enfim, uma funcionalidade que poupa tempo e paciência aos jogadores, a do download e instalação paralelos.

No próximo artigo da semana que vem, vamos falar dos jogos que a Playstation 4 vai receber. Não percam. É claro que os jogos que irão servir de showcase irão explorar ao máximo as capacidades gráficas e de processamento da PS4, mas também as restantes funcionalidades sociais que já falei. Só tenho pena que tão poucos jogos de qualidade estejam na carteira da Sony como jogos internos de lançamento. Seria excelente ver a versão The Last of Us da PS4, o novo Gran Turismo 6 (só em dezembro) ou ainda um novo Resistance (sem data prevista). Felizmente que jogos de outras editoras estão previstos com versão PS4.

Felizmente também, a arquitectura do novo processador AMD Jaguar e GPU Radeon torna-os, aparentemente, mais fáceis de programar, evitando assim os nefastos “ports” que a Playstation 3 tanto se pode queixar. Esperamos que a Playstation 4 não tenha de sofrer com “versões inferiores” de jogos multi-plataforma por causa da dificuldade de programação, como sofreu a PS3. E já agora que os produtores usem as capacidades de hardware e sobretudo as novas funcionalidades sociais, a câmara Playstation com detecção do PS Move e Dualshock 4 e outras novidades que a consola apresenta.

Temos de destacar a fantástica funcionalidade de Cross Play aproveitando a consola portátil da Sony, a Playstation Vita. Como sabem, outras plataformas possuem a capacidade de usar um comando com um visor em complemento à consola principal para menus, mapas de jogo e outros extras, (já sabem que estou a falar da Nintendo Wii U). Na Playstation 3 poucos títulos aproveitaram esta capacidade de poder usar a Playstation Vita como plataforma adicional. Até porque se trata de um hardware separado mas a Sony assegura que a união da PS4 com a Vita será ainda mais estreita… desde que os produtores decidam explorar isso. Por isso, esperem alguns jogos a usar a Vita como complemento.

Funcionalidades como a capacidade de conversar via “Party”, enviar ou receber mensagens entre PS4 e Vita, durante o jogo ou nos menus, são bem vindas. Ainda não ficou claro se podemos usar estas funcionalidades por 3G, mas sem dúvida que é possível usar via Wi-Fi. A PS Vita consegue até ligar a PS4 remotamente se estiver em Stand-By.

O que sempre quisemos ver bem usado foi o fantástico Remote Play, que permite jogar jogos na PS3 usando o ecrã e controlos da Vita de forma remota. Veremos se na PS4 esta funcionalidade é melhor aproveitada pelos produtores. Até porque era bastante limitada na PS3 e agora na nova consola parece muito mais simples e prático de usar com o novo sistema integrado da empresa Gaikai. Pelo menos os grandes jogos como Killzone Shadow Fall, Battlefield 4 ou o futuro Watch_Dogs são compatíveis com esta funcionalidade. A Sony, porém, não permite esta funcionalidade por 3G e recomenda o uso da rede Wi-Fi partilhada com a PS4. Não esperem estar no trabalho a jogar na PS4 lá de casa… com a Vita. Tecnicamente é possível, mas as velocidades e lag seriam devastadoras.

Mais plataformas estão previstas para interagir com a PS4, não só para jogos, mas também para partilha e comunicação com amigos e redes sociais. Uma aplicação chamada de Playstation App estará disponível para iOS e Android para ser usada nos dispositivos móveis como um iPad ou outro tablet. Esta aplicação permite usar o periférico para operações paralelas como chats, compra de jogos online e outras operações, como um ecrã secundário.

Voltando, então aos jogos, falta só mesmo falar da Sony Entertainment Network e o seu serviço online de ligação multiplayer das diversas Playstation. Falta também falar do serviço de subscrição mensal Playstation Plus.

Decisão controversa da Sony, alvo de imensa crítica por parte dos futuros compradores (e até um factor inibidor na compra, diga-se) é o facto do jogo online, ou seja, o multi-jogador competitivo ou cooperativo, deixar de ser gratuito como até agora sempre foi nas diversas consolas da Sony com esse suporte. A partir da Playstation 4 quem quiser jogar online terá de subscrever o serviço Playstation Plus. Não é nenhuma novidade para os gamers que possuem a Xbox 360, por exemplo. Os serviços Premium como o Xbox Live e agora o Playstation Plus oferecem muitas vantagens como jogos gratuitos, acesso a descontos, ofertas especiais e… ao jogo online. Alguns jogos com o DC Online estão a prever uma variante Free2Play para poderem jogar sem necessidade do Plus, mas serão muito poucos com essa oportunidade.

Felizmente, só o jogo online fica condicionado para quem não tiver Plus. Entre outras coisas, partilhar vídeos, sejam gravados ou em streaming, Remote Play, Enviar e receber mensagens, Party, Playstation App são gratuitos e até os downloads automáticos de actualizações, algo que na PS3 e Vita continua exclusivo do Plus, passa a ser gratuito. Menos mal, mas algo insuficiente, não?

O serviço Plus que já tenham na PS3 e PS Vita e todos os conteúdos e jogos (excepto os não compatíveis) estarão disponíveis na PS4 sem necessidade de algo mais que o vosso SEN ID e password.

E então? Ainda pensam comprar a PS4? Depois de ver o Hardware e agora o Software, sentem que é desta que a Sony triunfa? Incomodam-vos as novas condições do PS Plus? Digam de vossa justiça.
Para a semana, como já disse, vou falar-vos dos jogos mais esperados para esta consola. Talvez fiquem mais motivados para estarem connosco de 28 para 29 deste mês a desembrulhar a consola!

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