De regresso ao assalto em Ready or Not

ReadyorNot (7)

Como uma “carta de fãs” à lendária série SWAT, este jogo da Void Interactive, já tinha sido visitado anteriormente por nós e agora chegou a altura de voltar ao activo. Ready or Not: Home Invasion marca também a consolidação do jogo.

Além de ser uma revisita para conhecer os novos mapas, armas e outras novidades, esta também é a oportunidade de voltar a este jogo que, em menos de três anos, deu saltos qualitativos e quantitativos de enorme envergadura. Na verdade, quase tudo neste jogo foi alterado, quase sempre para melhor, oferecendo uma experiência ainda mais impactante que o que vimos originalmente, que já era tão promissor. Novos mapas, novas mecânicas, novos modelos, novos ajustes e a muito importante adição de suporte para mods, fizeram este jogo perdurar ao longo do tempo para atingir agora o seu potencial máximo. Não sem antes sofrer alguns problemas de bastidores, claro. E ainda agora luta para chegar àquela optimização que produtora e fãs tanto desejam.

Home Invasion, como o próprio título indica, é um DLC dedicado à situações de invasão domiciliar de meliantes. Temos três novos mapas com situações muito diferentes para abordar em missões muito focadas na imobilização de assaltantes e defesa de civis inocentes no interior. Dorms é o terror de todos os policiais em todo o mundo, ter de intervir num dormitório decrépito, cheio de viciados em droga. Narcos é outro terror, um assalto a uma favela cheia de meliantes fortemente armados. Já Lawmaker é uma resposta a uma chamada de emergência de uma família barricada numa sala de pânico dentro de uma gigante mansão.

Todos os mapas apresentam desafios diferentes. Enquanto que a escuridão e paredes rebentadas de Dorms fornecem linhas de tiro complicadas, Narcos é perfeito para emboscadas e as áreas tão amplas de Lawmaker dificultam um movimento mais furtivo. Estes três mapas são francamente reminiscentes dos demais já disponíveis por defeito em jogo, podendo facilmente dizer que se enquadram tão bem… que podiam fazer parte do jogo original. Obviamente, a Void precisa fazer dinheiro para continuar o suporte para este título e é por isso que meses depois a adicionar mapas, desta feita temos de pagar por eles.

Além dos mapas, temos também novas armas. Temos um novo modelo de pistola FN 509 e duas novas metralhadoras ligeiras, a MP17 e a DM4. A boa notícia é que estas armas são adicionadas para todos os jogadores, tenham ou não este DLC, como add-on gratuito. Apenas os mapas e uma série de novas vestimentas decorativas estão realmente bloqueadas com a compra. Mas, se jogarem online com quem possui o DLC, poderão experimentar os mapas à mesma e as roupas, bem, a moda aqui é um bocado irrelevante. Gostaria de ver mais itens de equipamento, havendo muitas sugestões online sobre possíveis adições, como escudos tácticos com flash ou até drones. Para já, é só isto.

Para dizer a verdade, se os próximos DLCs forem só mesmo mapas e umas quantas armas, não creio que os jogadores mais casuais sequer prestem atenção. Acredito que os fãs quererão dar suporte à produção para mais conteúdo mas, de um modo geral, este tipo de DLC não são muito justificáveis a médio prazo. O preço (9,99€) é até bastante acessível, nem é bem pelo valor. O que falo mesmo é da validade de comprar pacotes de três mapas aqui e ali, sabendo que, muito provavelmente, no futuro teremos uma edição que compila tudo num só pacote. Pelo menos, é esse o “modus operandi” desta indústria. Se calhar, mais vale esperar.

É que, como pacote base, Ready or Not é um jogo bastante completo desde a última vez que jogámos. É por isso que aproveitei esta oportunidade para voltar a falar na oferta geral, como um complemento à minha visita ao jogo no Acesso Antecipado. De facto, este é agora um jogo muito robusto, desde o interface, menus e opções de jogo, até à própria jogabilidade em si. Não mais temos mapas “provisórios”, armas genéricas e até a Esquadra de Polícia onde iniciamos a acção é agora uma credível localização, com departamentos modelos, dando-nos um pouco de “role play” à mistura.

Também a acção em si está a milha de distância do que experimentei em Dezembro de 2021. A Inteligência Artificial está agora bem mais inteligente, em especial nos nossos companheiros de equipa no modo Commander ou Practice. Os tiroteios são agora bem mais realistas, com os meliantes a procurar linha de fogo para nos flanquear e emboscar. Há também situações em que as vozes de comando para se renderem são mais úteis, podendo na mesma usar elementos não letais (espingardas de bagas, mace ou flashbangs) para os dissuadir. Claro que nem tudo é perfeito mas é um trabalho muito cuidado em prol do realismo.

Também houve um bom trabalho nos elementos tácticos, havendo mais cuidado em, por exemplo, usar paredes como protecção ou até com civis usados como escudos humanos, obrigando a nos adaptar às circunstâncias. Algo que não tínhamos em 2021 era a possibilidade de efectuar assaltos sincronizados entre as duas equipas, agora finalmente possível. É também possível fazer os assaltos síncronos com a acção do líder e até alterar as formações dos elementos que nos seguem. Estes e muitos outros elementos são literais refinamentos da acção que tornam toda a experiência mais fluida e realista.

Infelizmente, noto ainda muitos problemas com a IA, em especial com os inimigos a ficarem especados a olha para paredes ou a simplesmente disparar com imensa imprecisão, para depois conseguir atingir-nos com um headshot por entre a frecha de uma porta. Enfim, a inconsistência é notória, mesmo mexendo no nível de dificuldade nos modos de carreira a solo ou no online. Por falar nisso, obviamente, este jogo só deve ser jogado em multi-jogador com comunicação e jogadores experientes nas tácticas CQB. Este não é um shooter tradicional de passada rápida, sendo até muito lento na sua evolução.

Gostei bastante da inclusão de um extenso tutorial que passa em revista quase todos os pormenores tácticos da acção deste jogo. Desde o simples disparo de uma arma principal ou secundária, às interacções com as duas equipas e ainda as tácticas de assalto em salas, o essencial é passado em revista para que todos entendam as lógicas. Contudo, acho que era bom que se apresentassem situações de uso de equipamento mais variado, como aríetes, caçadeiras, armas não letais, gadjets ou explosivos. Nada disto é explicado, obrigado a alguma experimentação.

Também acho que há margem para uma jogabilidade online mais ampla, talvez com mais modos competitivos à mistura. Nesta fase, a produtora apostou apenas em modos cooperativos, apostando nas mesmas missões do modo de carreira mas jogando-as com jogadores reais a substituir os elementos da IA na nossa equipa. Entendo que a produção não quer algo que subverta o espírito original do jogo mas, ao mesmo tempo, tirando o mapa que muda, este jogo acaba por tornar-se francamente repetitivo se for jogado sempre da mesma maneira. Estas sugestões de modos online, pelo menos, seria algo diferente para “limpar o palato”.

Também a nível visual esta é uma evolução significativa. De facto, se só jogaram Ready or Not em 2021 e voltam agora, é bem possível que tenham um certo “choque” visual positivo. Tudo foi revisto, desde modelos, texturas e animações, iluminação e efeitos visuais. Há ainda muita coisa que nos recorda que isto é um jogo mas em certos momentos podemos mesmo confundir a acção com imagens reais de acções policiais. Também a nível sonoro temos uma evolução notória, parecendo um jogo completamente revisto em vários níveis, inclusive nos sons ambientes, passos ou disparos. Ainda se nota alguma desorientação na origem dos sons, mas é algo que nos habituamos facilmente.

Por fim, os mods. Infelizmente, à data desta minha revisita, todos os mods que tinha tiveram de ser desinstalados porque a nova versão do jogo não era compatível. Contudo, quando estiverem a ler estas palavras, possivelmente já está tudo actualizados. Mods de skins, armas, mapas, efeitos visuais e até de melhoria da IA e depois aspectos, de facto, contribuem para um jogo ainda melhor. É impressionante a forma apaixonada com que este mods são criados, permitindo experimentar algo ainda mais imersivo ou mais realista. Como sempre, é algo experimental mas na dúvida se os mods ajudam a criar algo melhor, este é um bom exemplo que é mesmo possível.

Por fim, uma nota mais técnica. Embora este DLC já tenha sido lançado há alguns dias, só agora estamos em condições de publicar esta revisita. Basicamente, Home Invasion foi lançado com enormes problemas de estabilidade e com crashes frequentes. Também os novos mapas só estava disponíveis no modo Practice e online, não aparecendo no modo de carreira Commander. Felizmente, a produção resolveu a maioria dos problemas à data, mas ainda subsistem vários problemas de estabilidade de fotogramas. O jogo tornou-se um pouco pesado com tantas adições que agora é preciso muita optimização adicional… ou um PC novo.

Também não entendemos porque é que a Void Interactive não planeia (para já) lançar este título nas consolas. Não, o jogo não precisa propriamente de uma nova audiência, a não ser que a Void precise de uma nova injecção financeira, obviamente. Também não é que este seja um jogo muito propício para as consolas. Entendo que é um pouco complicado adaptar a acção aos gamepads tradicionais, sendo o suporte destes comandos no PC amplamente limitado. Ainda assim, há margem para um jogo deste calibre chegar às PlayStation e Xbox e penso que estes jogadores das consolas estão a perder esta óptima experiência táctica.

Veredicto da Revisita a Ready or Not

Quase três anos depois, Ready or Not é um jogo amadurecido, fruto de várias actualizações e adições que criaram um jogo que atinge e até ultrapassa as promessas originais. A herança da lendária série SWAT está muito bem entregue à Void Interactive que não compromete quase nada a criar e optimizar mapas, armas e interacções de forma credível ao longo destes anos. O que é um feito neste tipo de acção CQB tão específica. O DLC “Home Invasion” é uma boa forma de suportar este trabalho contínuo, embora não seja realmente uma adição substancial ao jogo. É só um pretexto para voltarmos a pegar na MP5 e no escudo para mais uma intervenção táctica. E, por mim, tudo bem… FLASH OUT!

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