Experimentámos LEGO: Horizon Adventures

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Embora familiar, LEGO: Horizon Adventures tem uma abordagem única,. Fruto da colaboração entre a Guerrilla Games e o Studio Gobo, o objectivo é recriar um universo tão único com os blocos de construção.

Os jogos LEGO conquistaram uma fatia significativa do mercado com seu humor e criatividade, mas raramente são reconhecidos como “grandes títulos”. Na maior parte dos casos, é só uma fórmula repetida com outro tema. Neste caso, sem dúvida, temos aqui um título diferente. A diferença omeça logo pelas plataformas para as quais estará disponível. Distribuído na PlayStation 5, PC e Nintendo Switch, é, provavelmente, o primeiro título na história da Sony Interactive Entertainment a chegar à consola principal da Nintendo, curiosamente deixando de lado a PlayStation 4 onde Horizon (e LEGO) ainda “dão cartas”.

O objectivo deste título é muito simples: converter o universo de Aloy em peças LEGO, numa tentativa de alcançar um público de todas as idades e proporcionar uma boa introdução à saga. Várias vezes a marca de brinquedos fez isto com várias produtoras que transformaram franquias como Star Wars, Marvel, Harry Potter e tantos outros com esta mesma fórmula. Mas, em raras ocasiões foi mesmo a produtora original das franquias a trabalhar neste tipo de jogos. Fidelidade, pelo menos estaria garantida. Por isso, quando a SIE Portugal nos convidou, não hesitámos e fomos experimentá-lo em primeira mão, para vos dar uma ideia do que podem esperar.

Qualquer pessoa que tenha jogado um título LEGO pelo menos uma vez, pode imaginar facilmente o que nos espera aqui: LEGO Horizon Adventures é essencialmente uma reinterpretação do original Horizon Zero Dawn, cuja história é contada de uma maneira simplificada e re-imaginada com recurso aos famosos blocos de construção e estando recheada de situações cómicas e “piadas internas” ligadas à estrutura de peças do mundo do jogo. Isto significa que, ao iniciarem um novo jogo, irão refazer os passos de Aloy, a tal jovem rapariga guiada por Rost na aprendizagem das mecânicas básicas de um mundo perigoso, onde os humanos regrediram e as máquinas dominam.

Não preciso contar novamente a história de Aloy, sendo obviamente bastante conhecida. Apesar das variações notórias, neste jogo esse enrendo mantém-se globalmente fiel ao material original, adaptando os diálogos e as interacções às circunstâncias. Isto significa que em muitos casos, actos mais solenes ou mais sérios ganham outro tom. Por exemplo, o uso do dispositivo Focus é objecto de uma pequena piada sobre a sua representação. Esta “brincadeira” constante, porém, não é um problema. Pelo contrário, quase se torna uma vantagem nesta nova visão. Ao atacar as máquinas, as peças danificadas desencaixam-se como se fossem peças LEGO, removendo ainda alguma da violência latente para algo mais “leve”. Noutros lados, esta “leveza” permite que os pontos fundamentais da jogabilidade original sejam traduzidos sem grandes problemas.

A estrutura de jogabilidade criada aqui é simples e eficaz, controlando Aloy com uma perspectiva fixa de uma câmara isométrica. O jogador pode correr, saltar, esquivar-se, escalar para alcançar áreas escondidas ou tesouros e também usar o seu arco para alvos à distância. São precisamente as interacções relacionadas com as flechas que representam a maior camada de interacção, podendo ser usadas para derrubar objectos no cenário, atiradas através das chamas feitas de peças LEGO para queimar paredes de videiras indestrutíveis e, obviamente, representam o principal método para eliminar a ameaça das máquinas.

A jovem protagonista manteve a capacidade de se camuflar na folhagem para passar despercebida, assim como a capacidade de usar o Focus para destacar os pontos fracos das criaturas que enfrenta. Temos até mesmo as partes mecânicas mais fracas devidamente iluminadas, num paralelo muito bem conseguido com o original. Temos ainda uma maior profundidade na jogabilidade se equacionarmos os efeitos ambientais, como os barris explosivos e os os bónus garantidos pelo fogo, também a quantidade limitada de bagas de recuperação de energia nas arenas, ou os pequenos power-ups consumíveis que alteram o equipamento da personagem em uso. Tudo é adaptado para algo simples mas verdadeiramente familiar.

Dadas estas premissas, fica claro que a estrutura geral da aventura é bastante simples. Ancorado num sistema de missões lineares, LEGO Horizon Adventures baseia-se em pequenas secções do famoso mapa adaptado para o explorar em busca de recompensas, enfrentando uma série de arenas nas quais se derrotam hordas de inimigos, antes de se chegar a enfrentar o boss dessa área. Uma vez na sua presença, é preciso tentar desviar-se dos ataques mais perigosos e atingir os pontos fracos desse boss para continuar a história e, obviamente, arrecadar algum loot. Foi mesmo isto que tornou o original Horizon tão popular e parece-me realmente bem adaptado.

O lado técnico merece uma menção especial. Apesar do Horizon original ser tão brilhante a nível visual, aparentemente, a Guerrilla Games quis experimentar algo novo. Optou pelo Unreal Engine 5, deixando de lado o seu motor gráfico Decima, tomando a difícil decisão de renderizar individualmente cada bloco que compõe o cenário, depois utilizando novas tecnologias de iluminação para dar um brilho adicional ao lado visual. Devo admitir que o impacto visual é verdadeiramente surpreendente. Considerando que é um título inspirado pelo design dos filmes LEGO, é evidente que foi feito um esforço considerável no campo gráfico, que, dado o público-alvo, terá um papel decisivo a “arregalar o olho”.

Além de contar a história de Horizon de forma abrangente e com uma linguagem extremamente simples e divertida, mas também com algumas aventuras colaterais, LEGO Horizon Adventures introduz ainda uma rica componente de personalização ligada a duas divisas ganhas em jogo, com as quais é possível modificar toda a aldeia. É também possível personalizar os protagonistas, que tiram bastante inspiração não só do universo de referência, mas também de outros IPs da LEGO, como Ninjago, por exemplo.

Obviamente, joguei uma versão pré-lançamento e é bem possível que o curto período de tempo em que tive contacto com o jogo apenas me permitiu avaliá-lo de forma superficial. Para mim, como em quase todos os títulos LEGO, esta é uma espécie de pequeno “parque infantil” dedicado aos fãs de Horizon e a todos aqueles que ainda não tiveram contacto com ela, especialmente os mais novos. Teremos de esperar para ver se LEGO Horizon Adventures cativará muitos com a acção simples numa versão simplificada e divertida do universo de Horizon. Acredito que sim, especialmente sabendo que é totalmente jogável em modo cooperativo local. Lá em casa, estamos todos à espera.

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