Insólito – Administrativa da Unity critica empresa e é despedida logo a seguir

Unity

A Unity está numa fase de reestruturação, pelo que os despedimentos não são novidade. Contudo para a executiva Miranda Due, o “machado” caiu inesperadamente, depois de um deslize de opinião.

Não é a primeira vez que ouvimos falar de um empregado que é afastado depois de se expressar de uma forma mais livre nas redes sociais. Aliás, dificilmente seria notícia não fossem os contornos únicos com que aconteceu. Por outro lado, não é frequente que um despedimento de um executivo da administração aconteça imediatamente depois de um comentário aparentemente inocente, especialmente nos dias que correm.

Miranda Due era a Gestora Sénior de Relações com Parceiros (Senior Partner Relations Manager) na Unity. Após um período longo de trabalho remoto muito provavelmente motivado pela pandemia, a empresa terá emitido uma nova reorientação para que os trabalhadores voltem ao trabalho presencial no escritório a partir de Setembro.

No Twitter, Due explicou que uma colega do executivo na Unity arrendou um segundo apartamento em São Francisco para ser mais fácil deslocar-se ao escritório, sugerindo ironicamente que todos (na Unity) deviam fazê-lo para facilitar as deslocações. Contudo, Due não ficou por aqui. Na última parte da sua mensagem, acrescentou de forma amarga que “A empresa está perdida. Completamente fora da realidade”.

Além de ter gerado uma onda de respostas absolutamente corrosivas, Miranda esqueceu-se que também a cúpula administrativa da Unity estava a ler estes seus comentários. Em apenas três horas, a autora do comentário veio novamente ao Twitter dizer que tinha acabado de ser despedida, logo no seu primeiro aniversário na empresa. Convenhamos que podia ter escolhido outro dia para “colocar o pescoço na guilhotina” até porque faltaria um mês para receber plenos benefícios do fim do seu contrato.

É óbvio que, depois dos vários comentários corrosivos ao post original, os mesmos “comentadores de bancada” lançaram-se contra a Unity, chamado a decisão de uma “vergonha”. Especialmente ex-trabalhadores da Unity deram a sua opinião, gerando uma onda negativa em torno da decisão. Há até quem sugira um ambiente de trabalho tóxico que “empurra” os trabalhadores para fora da empresa.

Ambiente tóxico ou não, por vezes o uso das redes sociais é feito de forma muito leviana, apesar dos imensos exemplos de problemas que podem gerar no trabalho. A gestão dos recursos humanos das empresas é da sua inteira responsabilidade e, dentro dos limites da lei, há termos nos contratos de trabalho que impedem a divulgação de decisões internas ou até a expressão de certas opiniões que manchem o bom nome ou imagem da empresa.

No rigor, ir para o Twitter inflamar opiniões e chamar a atenção dos tais “comentadores de bancada” não parece ser propriamente uma atitude correcta. Não sabendo bem o que Miranda Due estaria à espera de concretizar com isso, pelo menos uma repreensão seria de esperar. Talvez Due estivesse a pensar que o seu estatuto como executiva, em conjunto com esta era da “cultura do cancelamento”, a protegessem de algo drástico. Pelos vistos, não chegou.

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