Insólito – Bioware tem poucas pessoas que conhecem o seu próprio motor gráfico

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Em tempos excelentes marcos técnicos no seu género, os jogos da Bioware usaram o motor gráfico Eclipse por anos. Contudo, parece que restam poucos veteranos que pudessem recuperar clássicos como Dragon Age para os tempos modernos.

A questão surgiu quando o director de Dragon Age: The Veilguard, John Epler, deu uma entrevista ao site Rolling Stone. A dada altura, perguntaram a Epler se os fãs podiam esperar uma reedição remasterizada da série Dragon Age, tal como aconteceu com o recente Mass Effect: Legendary Edition. Epler de uma resposta curiosa, dizendo que ele fazia parte de “umas 20 pessoas que restam na Bioware que usaram o Eclipse”, tornando uma possível revisita aos jogos originais “mais difícil que em Mass Effect”.

Considerando que Dragon Age: Origins é até mais recente que o primeiro Mass Effect, é bastante estranho que seja “mais difícil” que o outro RPG Sci-Fi. Contudo, temos que recordar que desde o lançamento destes clássicos (Dragon Age data de 2009) já muito aconteceu na Bioware, inclusive várias reorganizações, redireccionamentos e, claro, despedimentos.

Poderão pensar que 20 pessoas chegariam para trabalhar numa remasterização mas não é bem o caso. Estes são jogos gigantescos que teriam de ser portados para o motor gráfico proprietário da Electronic Arts, o lendário Frostbite onde foi criado The Veilguard e que serve de plataforma para todos os jogos da editora. Sem esquecer que teria também de ser actualizado em grafismo e algum conteúdo, tudo isto precisando ser ainda testado convenientemente antes de lançado.

Com 20 pessoas experientes, uma remasterização não é impossível, de facto, mas é de certeza mais difícil e morosa, sem esquecer que estas pessoas terão outros projectos e actividades para lidar. É que não está nos planos da Bioware ou da EA continuar a trabalhar na série Dragon Age, já que foi confirmado que The Veilguard não terá quaisquer expansões previstas, deixando no ar que o seu conteúdo está completo. Por outro lado, o foco agora da produtora é Mass Effect 4 que continua no horizonte mas sobre o qual se sabe muito, muito pouco.

O que se torna insólito nesta história é que a Bioware não tenha equacionado que haveria de chegar o dia em que o seus jogos clássicos poderia necessitar de uma revisita. Para isso, se calhar, era bom salvaguardar o “know-how” necessário para essa eventualidade. Se estas 20 pessoas forem despedidas, mudarem-se para outra empresa ou simplesmente reformarem-se, os clássicos Dragon Age (e outros ainda não portados) poderão nunca mais ser revisitados. Falamos sempre deste receio que todos temos que os legados se percam na história dos videojogos, esta é mais uma clara chamada de atenção para essa possibilidade.

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