Insólito – Dragon Age: The Veilguard é “woke”?

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Preparem-se para uma viagem daquelas que justifica plenamente esta nossa rúbrica de “Insólitos”. Como devem ter reparado, as análises de Dragon Age: The Veilguard já começaram a “cair” e também devem ter notado que já há polémica.

Nós ainda nem pegámos no jogo, uma vez que, apesar da Electronic Arts nos informar que haveria acesso antecipado ao jogo, decidiu reservá-lo a uns poucos sites seleccionados a dedo. Por isso, tudo o que sabemos vem exactamente do mesmo local que vocês: uma grande maioria de sites que não estão em Portugal e que, portanto, não são penalizados por causa disso. Acreditamos que isso se deve a uma certa tentativa de “controlo” das opiniões, com as grandes corporações a preferirem dar acesso privilegiado a sites que sabem vir a dar visões mais “positivas” das suas criações. Contudo, nem sempre isso corre assim tão bem e este é um bom exemplo dessa possibilidade.

Não há nada escrito em lado nenhum (pelo menos nós não temos, nem nunca tivemos nada solicitado ou escrito) que as análises devem ser positivas a todo o custo. Aliás, aqui no WASD privilegiamos esse mesmo ponto de vista: não há verdades absolutas nem temos de analisar os jogos com o que nos é dito ou alegado por terceiros. Numa era do “politicamente correcto” e da “cultura do cancelamento”, porém, é preciso coragem para ser isento e dizer o que realmente se passa e se sente. Ontem, o site DualShockers fez isso mesmo, publicando uma sua análise, depois de vários dias de acesso antecipado.

Nessa análise, o autor Callum Marshall afirmou que a história não foi bem do seu agrado, por dizer que, ao invés de agradar aos fãs de longa data de Dragon Age, preferia adicionar “um pouco do tratamento Sweet Baby Inc. amiúde, no que toca ao passado das personagens e da sua história”. Não vale a pena procurarem este trecho no texto do artigo porque, entretanto, já foi apagado e já explicaremos porquê. Para que entendam melhor o que é que o autor quis dizer, temos de primeiro de explicar quem é a Sweet Baby Inc.

De forma muito sucinta, a Sweet Baby Inc. é uma daquelas empresas de consultoria que surge com base no activismo, com foco nos movimentos activistas por igualdade de género, inclusão ou diversidade. Fruto deste momento em que as “mensagens” parecem ser mais importantes que a qualidade, a empresa age como consultora de argumentos e enredos para o entretenimento, tendo participado na criação de enredos de jogos recentes como God of War: Ragnarök, por exemplo. Ironicamente, também participou em alguns flops como Suicide Squad: Kill the Justice League, por isso, não quer dizer que seja propriamente um sucesso.

Sempre acreditámos no WASD que a política e o activismo não devem ter lugar no mundo dos videojogos. Este é um universo de entretenimento, em que o que deveria interessar mesmo deveriam ser as histórias bem construídas e envolventes, não esta notória tentativa de colocar o máximo de orientações, etnias e crenças possíveis num enredo ou num lore que não precisa disso mesmo. Os jogos não foram sempre feitos para “todos”, nem devia ser esse o seu objectivo. Forçar alguns temas mais polarizadores, aliás, levou a inexplicáveis mudanças de paradigmas que não fizeram nenhum favor a algumas séries de longa data.

Parece ser o caso de Dragon Age: The Veilguard, pelo menos para o analista do site supracitado, porque nós nem sequer pudemos atestar ainda se é mesmo assim. Contudo, apesar do sentimento do autor, afinal esta Sweet Baby Inc. nem sequer participou no enredo do jogo, o que levou, então o texto da análise a ser editado, removendo essa citação. Mas, já sabem que “a internet não esquece“™. Quem viu, guardou para a posteridade e passou a espalhar por todo o lado. O mal estava feito e a polémica instalou-se.

Nos dias que correm, sempre que um jogo se mostra mais “woke”, lá surge a associação com esta empresa de consultoria. Considerando o quão activa tem estado em alguns dos maiores êxitos, é muito fácil simplesmente apontar dedos se, por sorte, em muitos casos é mesmo verdade. O problema é que, do lado dos activistas, qualquer crítica é vista como um atentado aos seus direitos. Desde pedidos de cancelamento do site onde foi publicada a análise, por um lado, a extremismo contra Dragon Age, nas últimas horas já lemos de tudo um pouco.

Alheio a isto tudo, claro, está o jogo em si. Goste-se ou não do seu enredo, Dragon Age: The Veilguard ainda nem nos deu uma chance de nos contar a sua história e já há quem o ataque baseado na opinião de terceiros. É por isso que, quem quer realmente apreciar os jogos pelo que são, deve sempre procurar a opinião de quem não quer “jogar” fora do jogo em si. Estamos cá há 14 anos a tentar fazer isso mesmo e não nos subjugamos a tendências ou ideias “extracurriculares”… como devia ser sempre, aliás, num site análises a títulos de entretenimento. Não é preciso nenhum formato de activismo. Deixamos isso lá fora, para quem quer falar nisso nos locais apropriados.

Dragon Age: The Veilguard será lançado a 31 de Outubro para a PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC. Por cá, o jogo arranca oficialmente pelas 16:00 do dia 31. As pré-encomendas asseguram armaduras cosméticas para as três classes em jogo. Recordamos que este título será o primeiro da EA lançado no PC sem recorrer à EA App.

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