Insólito – Primeiro Grammy para jogos… não foi bem para um jogo
Quem (ainda) assiste aos Grammys, espera que os melhores temas do ano sejam galardoados com a célebre “grafonola dourada”. A última edição premiou, pela primeira vez, um tema de banda-sonora de um jogo.
“Pela primeira vez” como categoria oficial e com nomeados pré-anunciados, antenção. Anteriormente, Austin Wintory ganhou o galardão em 2012 com o fenómeno de sucesso Journey e a Recording Academy, de vez em quando, visitava temas de jogos como destaques musicais do ano em questão. Só que agora, na 65ª Edição dos Grammy Awards, jogos foram oficialmente nomeados para ganhar um dos prémios.
Contudo, não foi bem a um jogo que o Grammy foi dado, foi a uma expansão do mesmo. E o que é mais curioso é que, apesar do DLC ter sido lançado no ano passado, o título original é de 2020. Por isso, se no rigor dissermos que foi o jogo original que o ganhou, o critério falha. Se, por outro lado, dissermos que é o DLC que é realmente premiado… também o critério falha. Enfim, vamos todos dar os parabéns ao vencedor.
Quem ganhou foi Stephanie Economou, compositora da banda sonora da expansão Dawn of Ragnarok de Assassin’s Creed: Valhalla. Convenhamos que os demais nomeados não eram, de facto, muito representativos da qualidade das músicas em videojogos. Além da vencedora, estavam na corrida, Bear McCreary por “Call of Duty: Vanguard”, Austin Wintory por “Aliens: Fireteam Elite”, Richard Jacques por “Marvel’s Guardians of the Galaxy” e Christopher Tin por “Old World”.
Se o critério para escolha do vencedor é algo vago, a estranheza começou logo por todos os nomeados escolhidos pela organização. Não podem ter sido escolhidos pelo ano de lançamento, porque nenhum dos jogos foi lançado em 2022, só mesmo o DLC vencedor. Talvez Economou tenha ganho mais “por exclusão de partes”. Não desfazendo da qualidade da produção de Dawn of Ragnarok e dos demais nomeados, 2022 teve títulos bem mais épicos com bandas sonoras fantásticas… e que foram realmente lançados no ano passado.
O que dá a entender é que estes escolhidos (e o próprio prémio) foram algo forçados. Se escolher o melhor músico e a melhor canção de um ano é algo subjectivo, dependendo muito do que é “trending”, não propriamente do que tem real qualidade, os jogos são perfeitos “outsiders” nisto tudo. Dos 350 elementos do juri, duvidamos sinceramente que todos conheçam o panorama total das criações musicais em videojogos. Também não precisam propriamente conhecer, já que há vários meios que se dedicam a isso mesmo e poderiam ser, simplesmente, consultados.
É discutível se os Grammys (como os Óscares ou Emmys) ainda servem para realmente tomar o pulso da qualidade anual da oferta de entretenimento. Há muito que ninguém os usa realmente como um critério de qualidade, apenas de palmarés. É muito discutível se os vencedores noutras categorias foram mesmo o “melhor do ano”. Afinal, esta edição dos Grammys premiou umas impressionantes 91 categorias… sim, pode ser que encontrem Grammys baratos à venda por aí nos próximos diass.
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