Jogos que merecem sequela

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Muitos são os jogos, poucos são diferentes. Sequelas, prequelas, os jogos prolongam-se até ao seu 3 título. Por vezes até mais. Ainda há pouco tempo soubemos que o jogo Assassins Creed merecerá mais um título a adicionar a outros cinco. Se continuam é porque têm sucesso e também porque são, na verdade, bons jogos. Vendem, sim, vendem, mas julgo que fecham portas a outras oportunidades e espaço para a criatividade prosseguir. 

No entanto, e já que nos mantemos neste círculo sem saída, junto aqui, neste artigo, alguns dos jogos que podíamos muito bem ver ressurgir. A tom pessoal claro, pois custar-me-ia falar de jogos que, de uma forma ou outra, não entraram no meu habitat. Jogos estes que não joguei ou pouco sei dizer.

É uma lista curta de jogos antigos. Alguns marcaram a indústria e outros passaram ao lado desta mas, no fim, são jogos que me disseram algo. Algo tão forte que ainda hoje os lembro e escrevo. Ei-los:

Road Rash (Mega Drive)

Nunca fui um grande amante de veículos de duas rodas. Julgo não ter sido a corrida em si que me levou a usar tempo de lazer com este jogo. Claramente deve ter sido um outro motivo ainda mais básico. De mota, meio selvagem, ali, pela estrada fora, a carregar furiosamente no botão vezes sem conta para derrubar qualquer adversário que se apresentasse a meu lado com uma corrente ou qualquer outro objecto que servisse o mesmo propósito. Violento, é, mas uma feliz memória que bem merece uma versão atualizada num qualquer dispositivo móvel.

Smash TV (Mega Drive)

Estranho este jogo. Também muito violento. No jogo somos um concorrente de um reality tv, a competir por dinheiro e também pelas nossas vidas. Originalmente saiu para a SNES mas só o joguei mais tarde na Mega Drive. Um dos jogos que mais joguei cooperativamente. Eliminar hordas de inimigos e avançar para o próximo nível é a sua simplicidade e o seu desafio. Frenético, muito exigente a nível de reflexos, Smash TV é suficientemente fácil de entrar e rapidamente convidativo para merecer uma sequela num qualquer tablet.

Fear Effect (PS1)

Quando iniciamos este jogo deparamo-nos logo com a sua arte contagiante (que envelheceu bem com o tempo), numa mistura única de personagens anime com fundos pre renderizados. Fear Effect pegou em mecânicas já habitualmente usadas no género, conferiu-lhe uma história interessante e marcou pelo seu ambiente inesquecível. Estamos numa China futurista que coabita com a sua própria mitologia, tudo num ambiente imensamente profundo. Momentos mais adultos, de nudez e outros mais, também estão incluídos no pacote. Um jogo que nos agarra e que estranhamente vai ficando melhor e melhor à medida que progredimos. Com a mesma direção de arte, num novo capítulo, facilmente voltaria a entrar neste mundo.

Shenmue (Dreamcast)

Em 1999 Shenmue foi a pérola da Dreamcast, talvez até da sua geração. Jogo mais caro do seu tempo, que não defraudou as expectativas de quem o jogou. Um mundo aberto, livre, e a noção de estarmos realmente a viver na pele de uma personagem virtual, pôs este jogo no patamar de clássico, de culto. Uma sequela saiu um tempo depois mas a promessa de um terceiro título ainda se mantém. Vários rumores apontam para o seu regresso e uma vasta comunidade ainda hoje espera jogá-lo num novo capítulo. Sabe-se que os altos custos de produção, no fim, não geraram o retorno monetário esperado. No entanto, esperemos que Yu suzuki, o seu criador, retire da sua mente mais uma obra e que essa obra seja o tão esperado Shenmue III.

Mission: Impossible (PS1)

Tenho alguma dificuldade em falar deste jogo. Pois hoje, a esta distância de tempo, olho para o Mission: Impossible como um jogo que não competia com outros grandes sucessos da indústria de então, jogos como Metal Gear ou Syphon filter. Difícil de entrar nesta lista, pensei eu. Sei que na altura, ao contrário de hoje, não gerava preconceitos ao redor dos jogos, apenas os jogava. Pequeno, fácil de jogar, neste jogo vestimos a pele de um espião e somos levados por vários níveis ao longo do mundo. Igual a tantos outros. Mas aqui havia algo: o ambiente glamoroso do próprio título, o facto de podermos vestir a roupa de uma outra personagem e, por momentos, passar despercebido perante o inimigo, ou até os níveis cliché, tal como o nível tão icónico da Embaixada. Admito ser difícil justificar a presença de Mission: Impossible nesta lista, no entanto ainda o recordo como um dos jogos que mais gostei e, caso um futuro capítulo se processe, não seria nada “Impossível” voltar a vestir a pele do tão inesquecível Ethan Hunt .

Medal of Honor, Allied Assault (PC)

Estranha escolha esta, sim, pois tempos a tempos surge um novo Medal of Honor. Porém, sempre a fugir à qualidade que o primeiro – MOHAA – nos presenciou. Foi o jogo que me fez iniciar o multiplayer online. Longas tardes e noites à frente do PC a jogar contra tantos outros de diferentes partes do globo. Mapas que nos transportam diretamente para o seu contexto, jogabilidade simples e sempre eficaz – mesmo com uma ligação de 512kb – e o som, aqueles passos e portas que indiciavam o perigo eminente, levam-nos a querer mais e mais desta experiência para o PC atual. Em vão e já com alguma descrença, ainda hoje procuro esta primeira experiência em jogos do género.

Admito que há algum saudosismo nestas escolhas. Porém, há também pontos base que distinguem estes jogos de tantos outros – o multiplayer em Smash TV e em MOHAA, os ambientes de Fear Effect, ou até a profundidade narrativa de Shenmue. Pontos fortes que fazem destas escolhas jogos que ainda hoje são referência e me lembram que os jogos têm mais para dar que simples entretenimento.

Poderia ter escrito sobre tantos outros jogos que marcaram o seu tempo e outros quem os jogou. Outros tempos talvez, outra visão do mundo. No entanto, estes foram a minha primeira escolha, aqueles que se me surgiram imediatamente na mente. Se assim o foi, assim de uma forma quase inconsciente, julgo então que a escolha foi a mais acertada. Espero também que vos tenha dito algo.

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