Nintendo Switch, dois meses depois
Faz hoje dois meses que a nova plataforma da Nintendo chegou às lojas com a promessa de mudar o paradigma das consolas como o conhecemos. Criou um novo conceito híbrido, permitindo uma utilização caseira e, ao mesmo tempo, portátil. Depois da nossa análise, achámos que era importante partilhar com vocês os nossos dois meses de uso intensivo e falar-vos de alguns pormenores interessantes da Nintendo Switch.
Apesar de já termos testado 10 jogos na consola, temos dedicado mais tempo ao novo The Legend of Zelda: Breath of the Wild, onde temos cerca de 80 horas de jogo. Temos mais umas quantas horas em Fast RMX e algumas dezenas em 1-2 Switch. Este último título, a par de HD Rumble é o jogo de eleição para mostrar capacidades dos Joy-Con e é por isso que temos tanto tempo gasto a gesticular nos seus simpáticos mini-jogos. Com este tempo de utilização, sem contar com os restantes jogos, sentimos confortáveis para falar-vos em detalhe da nova consola da Nintendo.
“Joga quando, onde e como quiseres”
Este é o slogan da Nintendo Switch, que reflecte muito bem as capacidades da consola. Todos os jogos podem ser usados no modo portátil da consola, de facto, mas é no modo de consola de secretária que a história muda. Curiosamente, jogos como o Voez, que dão uso unicamente ao ecrã touch, não podem ser usados na televisão, pelas razões óbvias. Fora dessas raras excepções, podem usufruir da maior parte dos jogos em qualquer situação. E a mudança entre os diferentes modos é feita sem qualquer dificuldade e sem necessitar, sequer, de pausar o jogo. A mudança do modo portátil para a televisão, por exemplo, é feita em 2 segundos, o mesmo tempo que demoram a sentar-se no sofá (ok, menos para os mais “atléticos”).
O simples facto de podermos usar a consola em três modos diferentes é uma grande novidade. Para começar, o modo de superfície estável é o nosso favorito para quando estamos a jogar com amigos. Retiramos os Joy-Con e podemos partilhar, tanto os comandos, como o ecrã com os amigos. Com o modo TV, a Switch transforma-se numa regular consola doméstica, por outro lado. E o facto de estar ligada à corrente permite que a resolução suba até ao seu limite máximo de Full HD, a 1080p.
Contudo, apesar de ser uma consola híbrida, acabamos por usá-la muito mais como uma unidade portátil. Isto porque ficámos surpreendidos com a optimização da sua autonomia. Num dos testes que fizemos, a Switch foi capaz de estar oito horas suspensa e gastar apenas 3% da bateria com o jogo em pausa, um modo que permite que a consola esteja sempre pronta a usar. Seja na pausa de almoço ou nos cinco minutos para a esposa arranjar-se, a bateria é muito competente. Este modo de poupança de energia permite-nos usufruir de uma autonomia que antes não era possível com as outras consolas.
Obviamente que o que interessa é saber quanto dura a bateria a consola em utilização normal. E aí os resultado até nem são muito maus, considerando o que há já no mercado. A sua autonomia, quando está a ser utilizada em pleno, dura entre duas horas e meia a seis horas, dependendo do título que estão a jogar. É importante referir que no seu ecrã de 6 polegadas, todos os jogos passam a ter uma resolução a 720p. O que também ajuda na performance geral e no seu consumo.
Os Joy-Con também são uma grande surpresa. Estes pequenos comandos, para além de terem uma autonomia de 20 horas, funcionam de forma inteiramente autónoma. Ou seja, podem ser usados de forma independente da própria consola, o que é ideal para jogarem com amigos, como já mencionámos anteriormente. Juntando a isso, temos o facto de podermos utilizar estes Joy-Con em todos os diferentes modos da consola. Quando usada como portátil, ambos encaixam nas laterais do tablet e, caso decidam usar na televisão a meio de um jogo, não vão sentir grande diferença porque os comandos são usados como um comando tradicional. O que é francamente positivo no que toca a ganhar memória mecânica para os mais diferentes jogos.
E notem que, apesar do seu reduzido tamanho, os Joy-Con escondem grandes surpresas. O Joy-Con do lado direito, por exemplo, tem um leitor NFC debaixo do analógico direito o que permite utilizar as famosas figuras amiibo. Na parte inferior esconde também um leitor de infra-vermelhos que, segundo a Nintendo, consegue diferenciar até alguns gestos do utilizador. Contudo, esta funcionalidade ainda não foi muito explorada. Apenas o 1-2 Switch dá uso a este sensor num dos seus mini-jogos mas, verdade seja dita, não funciona assim muito bem.
Outro pormenor importante na experiência da consola é, logicamente, o seu interface. Podemos navegar nele através dos comandos, como numa consola normal ou através da funcionalidade de toque do ecrã. É bastante rápido, fluido e intuitivo. Não há muito mais a mencionar acerca dos seus menus, na verdade. São cumpridores e na linha do que temos actualmente ao nível de interfaces modernos, virados para a facilidade de acesso e fluidez de navegação. A partir daqui, é tudo uma questão de gosto pessoal, como sempre.
Desde que a Nintendo Switch foi lançada, já recebeu duas actualizações importantes de sistema e ambas foram feitas em meros segundos. Nos dias que correm, esta é uma situação, no mínimo curiosa. Acreditamos que o sistema operativo da Switch seja relativamente simples, mas uma actualização em qualquer consola, seja portátil ou fixa, demora sempre algum tempo a realizar. Nesta plataforma, porém, foi realmente rápido e surpreendeu-nos pela positiva.
No caso da experiência online, a Nintendo promete um serviço melhorado quando comparado com as suas consolas anteriores. E, como seria de esperar, a Nintendo acabou por seguir a tendência normalizada pela concorrência. Usar a Switch para jogar online também terá um valor associado, algo que acontece pela primeira vez na história da Nintendo. Desta forma, a big-N compromete-se a oferecer o melhor serviço possível aos seus subscritores, com o valor pago a ajudar também na manutenção de todos os servidores. É discutível se estes valores são justo de pagar, mas já são banais na PlayStation e Xbox, por exemplo. Se isto significa mais e melhores servidores, mais fiáveis pelo menos, também irá atrair mais produtoras com títulos mais virados para o online.
Uma das críticas mais profundas à marca Nintendo, sempre foi a ausência de títulos mais exigentes, talvez virados para os jogadores mais regulares e não tanto casuais. Apesar de muitos títulos ainda não terem chegado à consola, este leque diversificado de oferta é, no mínimo, impressionante para uma nova consola. Sobretudo no que toca a títulos de terceiros que no passado fugiam um pouco às consolas Nintendo. Jogos como The Elder Scrolls V: Skyrim, apesar da sua idade, são ainda grandes títulos de culto. E notem grandes estreias como NBA2K18, FIFA ou Dragon Quest II que, de certeza, vão dar mais argumentos à consola ainda este ano. Claro que tudo isto é proporcional ao interesse das produtoras de apostarem nesta nova consola. Estamos confiantes que o seu sucesso de vendas ajudará a mais produtoras juntarem-se à sempre crescente lista de futuros títulos.
Claro que a Nintendo Switch não é uma consola perfeita, apesar destas virtudes que já mencionámos. Pela Internet fora ouvem-se vários relatos de comandos Joy-Con que perdem a ligação com a consola, outros dão conta dos próprios ecrãs que se dobram quando estão muito tempo na doca, ecrãs que riscam facilmente, há baterias que não carregam como deviam e até as que ficam tão quentes que se torna quase impossível de pegar na consola. Felizmente, não tivemos nenhum destes problemas com a nossa consola até à data. Será mau uso? Será defeitos pontuais de fabrico? Fica a dúvida. A nossa experiência tem sido realmente isenta de problemas. Vale para estatística?
Por outro lado, a Nintendo sempre soube responder de forma clara aos problemas das suas plataformas. Pela experiência destes casos que relatamos acima, sabemos que a Nintendo tratou de todas as avarias e falhas de forma exemplar, na maior parte das vezes até trocou a consola e ainda mantiveram os saves já guardados na memória. Portanto, caso tenham um destes problemas, contactem o apoio da Nintendo que, dependendo do vosso caso, será certamente analisado da melhor forma e, caso seja possível, corrigido prontamente.
O futuro da Switch mostra-se bastante risonho. A consola seduz pela sua incrível adaptabilidade e facilidade de uso. É também uma excelente aposta para adaptações e novos projectos de jogos que usufruam das suas capacidades. Quase todas as semanas ouvimos falar de novos projectos e produtoras a equacionar a Switch como possível plataforma. Também a eShop continua a receber vários pequenos jogos, na maior parte dos casos de produtoras independentes. Contudo, falta-nos ver qual será o real apoio das grandes produtoras, talvez a próxima feira E3 deste ano nos traga surpresas.
Por agora, vamos voltar à nossa Nintendo Switch que nunca mais nos deixou desde o dia que a recebemos…
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