“O Bom, o Mau e o Vilão” da E3 2017
Agora que a feira E3 2017 já terminou, temos que fazer um rescaldo deste evento. Muito aconteceu nos dias de conferências e também na própria feira em si. Alguns acontecimentos foram muito bem recebidos, houve até surpresas, mas também houve espaço para algum desapontamento.
Este é o artigo da nossa opinião sobre o evento depois de algumas horas mal dormidas. Logicamente que a nossa visão será diferente dos demais, entre visitantes e leitores. Até mesmo entre nós na redacção há pontos de discórdia. No fundo, tudo depende da nossa visão, antecipação e preferências em cada conferência.
“O Bom”
Para nós, houve dois grandes louvores nesta feira E3. O primeiro pertence, logicamente, à Microsoft e à sua fantástica Xbox One X. Poderão dizer o que quiserem da sua potência e dos seu preço, qualquer gamer que se preze tem uma palavra de apreço por cada empresa que pretende manter estas plataformas na vanguarda da tecnologia. Aplaudimos a Sony pela sua PlayStation 4 Pro e aplaudimos agora a Microsoft pela sua Xbox One X. Vejamos apenas como a comunidade reage a tanta consola lançada em tão pouco tempo. Para esta consola vingar e recuperar o tempo perdido perante a concorrência, só precisa de empenho com novos IPs e muito trabalho de optimização dos demais jogos.
Outro grande louvor vai para a Ubisoft. Numa E3 claramente “morna”, apresentou novos jogos tão arrojados e com tanto interesse em fazer mexer alguma coisa. Adorámos a ideia de recuperar a jogabilidade de Assassin’s Creed IV: Black Flag no próximo Skull & Bones. Também apreciamos o rumo dos dois novos jogos-bandeira Far Cry 5 e Assassin’s Creed Origins. Mas o que mais nos impressionou foi mesmo a alegria patente no staff desta empresa, que até leva o seu Presidente ao palco. Parece ser mesmo bom trabalhar nesta gigante Francesa. Os seus jogos estão longe de serem perfeitos, mas conseguimos sempre apreciar alguns dos seus títulos. A braços com uma potencial tomada hostil da gigante Vivendi, estamos todos a torcer pela Ubisoft.
“O Mau”
Duas tendências teimam em não deixar esta indústria: Vaporware e Remakes. A primeira é uma fatídica vontade das produtoras e editoras de levar pequenos grandes nadas para as suas conferências. Trailers não são jogos propriamente, os projectos só estão no futuro e já não há paciência para “fantasmas” colossais como Death Stranding (Sim, Hideo Kojima, estamos a olhar para ti!), o remake de Final Fantasy VII, estes dois da Sony, curiosamente, mas também para as outras dezenas de jogos anunciados para 2018, alguns com trailers francamente escassos. As feiras servem para isto mesmo, levantar as expectativas. Contudo, já temos saudades de lançamentos no evento e algum contacto com os títulos, nem que seja através de uma simples demonstração.
A outra tendência é a que menos nos devia apelar. Não devíamos compactuar com esta incrível recuperação de capital que são os remakes e reedições de jogos. Há títulos que pertencem ao nosso imaginário e de lá não deviam sair. Adorámos jogar Shadow of Colossus quando surgiu na PlayStation 2, mas não gostamos tanto de ter jogado a sua remasterização. Porquê? Porque os jogos têm todos o seu tempo. Recuperar títulos ao invés de lançar algo novo parece-nos um desaproveitar de mentes e recursos. Porque não canalizar tudo para um novo projecto? Há muita explicações por aí, por exemplo relacionadas com duração de direitos de autor que obrigam a uma reedição. Contudo, por mais que queira compreender, não conseguimos aceitar esta onda de jogos “refeitos”.
“O Vilão”
Na dimensão da E3 é preciso um pouco mais que boa vontade para criar uma conferência. O PC Gaming Show deste ano foi quase uma perda de tempo ao longo de todo o evento. Para isso, contribuiu (muito) o seu apresentador demasiado “entusiasmado”, juntando-se a falta de coerência nas apresentações e entrevistas. Não era preciso tanto foco no patrocinador Intel, por exemplo. O que mais nos interessava, os jogos, foram quase relegados para segundo plano. Pior, notaram-se inúmeras ausências de grandes títulos que lá deveriam estar. Gaming no PC só tem esta conferência dedicada, não tendo expressão nas demais apresentações, maioritariamente viradas para as consolas. Largos minutos com piadas secas, entrevistas rocambolescas e destaques sem interesse, não fazem muito a favor desta plataforma.
Contudo, para nós o pior de tudo nesta feira foi mesmo o teor “morno” com que tudo foi realizado. Talvez estejamos mal habituados, porque no ano passado tivemos uma E3 de arromba com tantos títulos novos que passámos uma boa parte a ver trailers e a antecipar títulos como Horizon: Zero Dawn, Battlefield 1, DOOM, Prey, Forza Horizon 3, Resident Evil 7, The Legend of Zelda… ufa… que grande ano foi 2016 para a E3. Tanto a Electronic Arts como a Activision há muito tempo que dão menor importância a este evento. Mesmo outras editoras e produtoras estão a dar menos exclusividade à E3 e a olhar mais para eventos noutros lados, como a Gamescom, por exemplo. Talvez haja um padrão. Será que esta feira está a perder força? A organização acha que não…
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