O que não está a correr bem em The Division?
Certamente os mais assíduos tiraram o dia de ontem para visitarem The Division e testar as inúmeras novidades do MMO da Ubisoft. A actualização 1.1 prometia resolver inúmeros problemas e o que os jogadores mais queriam: mais conteúdo com uma nova missão chamada de Incursion. Só que nem tudo correu bem.
Alguns dos jogadores notaram que as suas personagens desapareceram sem deixar rasto. Simplesmente não aparecem no menu inicial e o jogador não consegue entrar no jogo. Só mesmo se quiser iniciar uma nova personagem. O problema começou a ser reportado na conta Twitter de suporte do jogo e também nas redes sociais como o Reddit. Acontece logo no primeiro arranque depois da actualização ou pode acontecer num arranque posterior. E apesar de ser genérico, parece mais frequente na Xbox One.
Já antes tinha havido um erro que fazia desaparecer mochilas criadas com crafting, algo que só foi resolvido na actualização de ontem, tendo demorado vários dias para ser corrigido. Este novo problema, parece igualmente complexo e a resposta da Ubisoft faz prever mais algumas semanas de espera para os jogadores afectados. Esperemos que não.
We are aware that some players may have seen their characters gone missing since Update 1.1. The issue is being investigated.
— The Division (@TheDivisionGame) April 12, 2016
Mas há mais questões que mancharam o lançamento da actualização de ontem. Conforme leram na mensagem acima, a Ubisoft preparou uma actualização adicional rápida, chamada de Hotfix. Perto das 0:00 de ontem, os servidores foram lentamente desligados e foi lançada essa pequena correcção. Não, não se tratava de alguma correcção urgente de um erro grave, mas de uma alteração pontual para resolver um bug no esquema de loot.
Conforme se recordarão, a partir desta actualização, a Ubisoft havia implementado um novo “drop” de uma peça de equipamento High-End (amarelo) com a eliminação de qualquer adversário com nome nos modos PvE. Ora, muitos jogadores ficaram surpresos por ver até quatro (4) peças surgirem nos adversários eliminados especificamente nas missões “Challenging”. E foi mesmo isso que a produtora corrigiu. O Natal, afinal, não tinha vindo mais cedo. Depois desta correcção, os jogadores já reportaram que só está a “cair” uma peça Amarela, como originalmente planeado.
Eis as alterações desta Hotfix:
- Inimigos com nome no modo “Challenging” já só garantem uma peça High-End como todos outros inimigos com nome.
- Incursion: Falcon Lost: O APC já não recebe danos dos jogadores com armas de fogo. O canhão do APC agora já dispara correctamente.
- Diversas correcções de estabilidade no servidor.
Acontece que a Ubisoft, tão sedenta que estava de tirar as peças High-End excedentes aos jogadores, até acabou por remover a missão diária “Challenging”. Ainda no fim de semana passado vimos que todas as missões diárias desaparecerem. Parece que hoje também não temos missão diária “Challenging”. Segundo a produtora, a missão voltará amanhã, mas ninguém pagará ao jogador os tais Phoenix Credits perdidos, agora ainda mais necessários para adquirir peças de categoria mais elevada. É só mais uma dose de “resolver para estragar” que parece estar a invadir este jogo. Dejá vu para quem jogou os jogos de uma outra produtora chamada DICE.
We are aware of the missing Daily Challenge mode. While we won’t be able to fix it today, we can confirm that it will be back tomorrow
— The Division (@TheDivisionGame) April 13, 2016
Outro ponto do Hotfix listado acima aborda um outro problema evidente na nova missão Falcon Lost. Um de vários problemas de lógica, na realidade. Ao não permitirem que se faça dano no APC, o tanque omnipotente no centro do mapa, este só pode ser destruído com os recursos presentes no mapa. Até aqui tudo bem, uma vez que muitos jogadores ignoravam os inimigos das vagas e focavam-se a disparar no APC. Só que agora o tal tanque passa a ser virtualmente indestrutível, além das dezenas de adversários de nível elevado que possuem uma precisão e dano dementes.
Sim, é um modo desafiante de jogo, não queríamos algo fácil. Mas com tantos inimigos e um tanque constantemente a disparar, os jogadores são obrigados a agruparem-se, invariavelmente, num só local: uma pequena sala de controlo perto do começo da missão. Só que esta sala também age como ponto de estrangulamento. Ou seja, não há hipótese de fuga, excepto pela janela frontal para o piso inferior. Se saltarmos por essa janela, porém, vamos ser imediatamente expostos e mortos sem misericórdia pelas dezenas de adversários. E isto causa muitas desistências de jogadores, especialmente os que não possuem um bom “Gear Level”, algo que nos leva a outro problema.
Se por acaso alguém abandonar a sessão, já não é possível fazer matchmaking. Ou seja, imaginem que estão já na 5ª vaga (de 15) para derrotar o APC. Se um jogador (ou mais) dos quatro em equipa sair da sessão (seja porque desiste, seja porque teve uma quebra na ligação), noutras missões a lógica será voltar ao início do mapa, fazer matchmaking para procurar jogadores substitutos e retomar a acção. Nesta Incursion, porém, fazer isto cria um erro em que o(s) novo(s) jogador(es) entra(m) num estranho loop que acaba a enviá-lo(s) novamente para o ponto de início. A solução é perder o progresso e começar tudo de novo.
E outros problemas ainda persistem desde o primeiro dia, como a precisão de “sniper” dos adversários com caçadeiras em longas distâncias, armas que na realidade só são eficazes a curta distância, o excesso de adversários que correm em algumas secções mais complexas no modo “Challenging”, a falta de eficácia de algumas armas de topo e os erros de missões bloqueadas de forma aleatória na sua entrada.
Mas há que diminuir o dano de armas e a frequência de loot por adversário, porque é isso que os jogadores mais querem: travões no progresso, certo?
Estas e outras falhas que vão sendo encontradas, deverão ser corrigidas ao longo do tempo, como é lógico. Mas a questão é sempre a mesma: Porque é que a Ubisoft se prontificou a corrigir um mero erro de quantidade de equipamento que beneficiava os jogadores, mas não teve a mesma brevidade a corrigir erros graves de lógica e jogabilidade, alguns persistentes desde o primeiro dia?
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