Recordar: Outcast (1999)
Estávamos no longínquo ano de 1999 quando Outcast foi lançado para PC, quebrando barreiras no mundo dos videojogos e apresentando inovações nunca antes vistas até então. Este é um dos melhores jogos da últimas duas décadas e um título para o qual merece a pena olhar, sobretudo depois do lançamento da sua versão optimizada.
Ao ver a caixa do jogo ali na prateleira dos meus jogos para PC, recordo-me perfeitamente do momento em que o vi no super-mercado (sim, em 1999 comprávamos os nossos jogos também no super-mercado). Distribuído, na altura, pela empresa francesa Infogrames, estava ali colocado na parte central do super-mercado com um enorme destaque. A minha curiosidade ficou desperta e rapidamente fui investigar de que jogo se trataria.
Os trunfos de Outcast eram claros: um novo visual gráfico, pelos padrões de 1999, uma banda sonora executada pela Orquestra Sinfónica de Moscovo e uma história com uma clara influência de Stargate (confesso, um dos meus filmes favoritos de ficção científica). A compra era obrigatória e lá fui eu, com os meus 14 anos, fazer o choradinho aos pais que, após alguma insistência, acederam ao pedido do seu filho adolescente cheio de borbulhas.
Cheguei a casa, instalei o jogo e rapidamente as ventoinhas do meu computador começaram a soprar vento do interior do PC. A minha máquina não era a mais actualizada e Outcast era um título exigente para a altura. Baixei as definições e experimentei finalmente, com fps decentes, um dos melhores jogos que já joguei até hoje.
Agora, em 2015, com a versão optimizada recordo-me perfeitamente dos excelentes momentos que passei com o jogo original. Este excelente regresso ao passado, numa aula em como bons jogos podem e devem ser feitos, recordou-me a brilhante obra de arte que chegou na viragem do século pronta a inovar com os seus gráficos voxel. A história ficcional de Outcast passa-se em 2007, quando o governo americano consegue enviar uma sonda para um universo paralelo. Lá, a sonda acaba por ser encontrada por um ser alienígena que a destrói, provocando uma onda de choque que causa o aparecimento de um buraco negro na Terra. Cutter Slade, o protagonista, é enviado através de um portal, escoltando três cientistas, com a missão de resolverem o problema da Terra através do mundo paralelo. O problema complica-se quando, à chegada, Cutter Slade se separa completamente dos três cientistas. Os seres alienígenas ao verem o protagonista reconhecem, no símbolo da sua camisola, o emblema do Ulukai (o Messias).
As interacções entre o protagonista e os habitantes de Adelpha, o mundo paralelo para onde viajamos, são hilariantes e o jogo está recheado de referências bem humoradas que variam do tom apocalíptico que se vive na trama principal. É disso exemplo o meio que utilizamos para gravar o nosso jogo – um item com o nome curioso de Gaamsav (estão a ver o trocadilho, certo?).
Pelas suas especificações exigentes a nível de hardware, este foi um jogo que atingiu apenas um nicho dos jogadores de PC da viragem do século e a verdade é que são poucos os jogadores que, actualmente, reconhecem Outcast. Foi aliás por este ser um jogo de culto que alcançou apenas um grupo específico de jogadores que os produtores, a Fresh3D, avançaram com uma campanha no Kickstarter para recriar todo o jogo original e conseguir assim alcançar toda uma nova legião de fãs. Contudo, o objectivo final de 600.000€ nunca foi alcançado, ficando a campanha por menos de metade do valor final. Falhada esta campanha, os produtores acabaram por lançar inesperadamente uma versão optimizada que permite aos PCs modernos correr Outcast a 1080p.
Esta versão optimizada, Outcast 1.1, está disponível no Steam e os produtores do jogo original merecem todo o nosso apoio para que um dia, no futuro, possamos ver Outcast totalmente recriado ou até para que, eventualmente, possamos ver uma sequela dentro do mesmo universo do jogo original.
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