A Retro-Compatibilidade da Xbox One

Foi um dos destaques nesta última feira E3. A Microsoft “largou a bomba” por revelar que a sua Xbox One iria passar a permitir jogar jogos antigos da Xbox 360. Num dia em que soubemos de mais alguns jogos compatíveis com esta funcionalidade, falamos um pouco sobre as reverberações desta novidade.

As reacções foram mistas. Se por um lado quem possui uma Xbox One e já tinha jogos da X360 fica contente, por outro, quem só chegou ao universo Xbox com a One fica indiferente. Mas esta novidade teve ecos em mais locais. É impossível ficar indiferente ao quebrar de uma tendência quase universal. Noutras comunidades, é notório o interesse gerado, mesmo que a Playstation não tenha planos objectivos para tornar isto realidade nos seus sistemas.

Recordamos que as primeiras PlayStation 3 podiam ainda correr jogos da PlayStation 2. Mesmo a Xbox 360 podia ainda correr jogos da primeira Xbox. O que mudou nestas novas consolas, porém, foi algo mais substancial. A dimensão física dos jogos, a fidelidade gráfica e as conectividades online tornam os jogos antigos algo obsoletos com o hardware actual. O motivo maior para a retro-compatibilidade não estar no topo das prioridades, porém, é outro.

Nenhuma empresa que viva de criar, editar ou publicar videojogos gosta de ver jogos reciclados em popularidade sem que receba algo em troca. Veja-se o caso dos inúmeros remakes, reboots e remasters que a indústria tem lançado. Assim, as marcas fazem renascer títulos populares, alguns autênticos blockbusters como The Last of Us Remaster ou Halo: The Master Chief Collection. É certo que muitos remakes são apenas ports para as novas consolas e, para isso, mais vale ligar a PS3 ou a X360 e jogar lá.

Talvez a pensar nisso, a Microsoft decidiu criar esta funcionalidade. Assim, grandes clássicos não precisam ser comprados novamente, as colecções recuperam valor e as prateleiras não precisam ser recicladas. Economicamente, ganha o jogador que não precisa voltar a comprar aquele jogo que tanto gosta num qualquer remake de qualidade duvidosa. A Microsoft ganha uma plataforma ainda mais versátil na Xbox One. A comunidade não perde grandes clássicos que, assim, ganham nova vida. Mas serão só vantagens?

Como já disse, os jogos antigos poderão muito bem estar obsoletos. Alguns já perderam funcionalidades com o passar do tempo. Servidores ou foram desligados ou estão pouco preenchidos, ligações a contas podem estar desactivadas, perdendo-se conteúdo comprado, entre muitas outras razões. A experiência pode não ser igual ao período de estreia do jogo. A garantia e suporte técnico até poderão ser impossíveis. Pior que tudo isto, é o compromisso da Microsoft de cativar esta funcionalidade na consola. Para o ter feito, é bem possível que já estivesse presente no fabrico da consola, adormecida, para agora ser “activada”. Será que esta funcionalidade, então, limita a consola em termos de hardware? Será que com o avanço tecnológico dos interfaces e do software, a garantia de correr protocolos mais antigos pode travar a evolução da própria consola? Só o futuro o dirá, mas já há quem anteveja isso mesmo.

Jim Ryan, Director da Playstation para a Europa, afirmou que a estratégia da sua PS4 passa por outros horizontes. O Shareplay, Suspend/Resume, entre outras, são exemplos de funcionalidades recentes em que a PlayStation aposta. A retro-compatibilidade “é uma escolha legítima”, diz Ryan, “já tivemos experiência com as primeiras PS3 a correrem jogos da PS2, foi uma funcionalidade muito pedida… mas pouco usada”.

De facto, com o passar do tempo, com novos jogos e novas tecnologias, só mesmo os nostálgicos desejam reviver os jogos mais antigos. É bem possível que depois da febre de jogar os clássicos, se dissipe a vontade de usar este serviço. É normal regressar a jogos e ficarmos desiludidos pela antiguidade do código, o nível de qualidade de imagem ou da mecânica de jogo. Na altura fez as nossas delícias, no entanto, há jogos que não envelhecem bem, talvez por estarmos “mal” habituados com experiências mais recentes. Não invalida a sua qualidade geral, mas tiveram o seu tempo. Agora podem já não ter, salvo algumas excepções de jogos intemporais.

Mas, regozijem-se nostálgicos. Agora podem jogar jogos de Xbox 360 digitais ou em disco óptico (DVD) na Xbox One. Notem que este serviço está apenas disponível, por enquanto, para utilizadores do serviço Xbox Live Preview. O serviço só será tornado público dentro de alguns meses. A lista dos jogos compatíveis está ainda limitada a um punhado de títulos. Hoje mesmo, à data deste artigo, mais alguns jogos foram adicionados numa lista sempre crescente.

A lista original divulgada na E3 2015 incluía os seguintes jogos: A Kingdom for Keflings, A World of Keflings, Alien Hominid HD, Banjo-Kazooie, Banjo-Tooie, BattleBlock Theater, Defense Grid, Geometry Wars Evolved, Hexic HD, Jetpac Refuelled, Kameo, Mass Effect, N+, Perfect Dark, Perfect Dark Zero, Small Arms, Super Meat Boy, Toy Soldiers, Toy Soldiers: Cold War, Viva Piñata, Viva Piñata: TIP e Zuma.

O site “ThisGenGaming” descobriu ainda mais alguns jogos de maior impacto a chegar futuramente: Halo 3, Halo Reach, Halo 3 ODST, Halo Wars, Fable II, Borderlands, Gears of War, Gears of War 2, Alan Wake e Shadow Complex.

Mais jogos estão a ser preparados, uma vez que a Microsoft prevê disponibilizar compatibilidade com cerca de 100 jogos no lançamento geral, numa lista que será lentamente actualizada para ainda mais títulos posteriormente. Todos estes jogos da X360 terão completa integração no interface da Xbox One, incluindo comandos Kinect, gravação de jogabilidade, etc. Também terão compatibilidade com os serviços de streaming para Windows 10 e para o sistema de realidade virtual Oculus Rift.

Notem que estes jogos não são jogados como na X360 no disco óptico. Apesar de terem de ter o disco dentro da unidade leitura durante o jogo, este tem de ser instalado no disco-rígido interno, uma vez que a consola não corre nenhum jogo nos DVD ou BluRay Disc.

Que jogos tinham Xbox 360 que queriam revisitar na Xbox One? Além dos populares remakes, algum clássico esquecido pelas produtoras que gostassem de revisitar? Por aqui, Mass Effect está no topo da lista.