Simuladores – Flight Factor Boeing 757 Pro V2 (XP11)

757-200_xp11 – 2019-08-04 10.03.41

Não, não é uma repetição. Embora o avião seja muito semelhante ao recentemente revisto FF B767 Pro, a Flight Factor Aero e a StepToSky garantem que o seu Flight Factor Boeing 757 Professional V2 é mais que um clone de outro avião para o X-Plane 11.

Tal como disse na análise do 767, este é o seu módulo “irmão” de médio curso. Bom, médio/longo curso. Na verdade, tal como o avião real, este add-on para o XP11 é uma espécie de complemento para rotas ligeiramente menos densas ou longínquas em que o 767 seria excedente. Por isso mesmo, a minha intenção original era juntar as duas análises numa só, dando-vos uma perspectiva geral dos sistemas (que até são francamente semelhantes, como vão ver), mas observando as principais diferenças na operação e no conteúdo dos dois. Como não foi possível por vários motivos, aqui está a análise individual ao melhor B757 do X-Plane 11 e, sem dúvida, também um dos melhores add-ons jamais feito para este simulador.

O design do Boeing 757 real foi mesmo concebido em paralelo com o do 767. Não só partilham imensa tecnologia entre si, sobretudo no seu cockpit, mas também partilham alguns elementos de design geral. Isto porque o programa de criação de um aparelho de médio curso “narrow body”, que viria a substituir o idoso 727, arrancou na mesma altura do programa que daria origem ao 767. Ainda assim, o design do 757 é francamente distinto. Além da cabine mais estreita, também o porão é menos, criando um diâmetro menor na fuselagem e obrigando a um perfil novo no nariz do avião. O resultado são linhas esguias e francamente bonitas, num dos aviões mais elegantes que a Boeing já desenhou (até ao 787 Dreamliner, claro).

O avião viria a entrar ao serviço em 1983, um ano depois do “mano” 767. Na altura, o primeiro 757-200 trouxe capacidade até 224 passageiros, com os seus motores Rolls-Royce RB211 a levar um peso máximo de 255.000 libras (116.000 kg) até 3.850 milhas náuticas (7,130 km). O avião haveria de sofrer diversos upgrades, inclusive novas motorizações, com as opções Pratt & Whitney (PW2037 e PW2040). Em 1999 entraria ao serviço o 757-300, com mais capacidade de cabine (até 295 pax e peso máximo de 272,500 libras ou 124,000 toneladas) e um alcance máximo de 3.395 milhas náuticas (6,290 km). Pelo caminho, também foi lançada uma versão de carga, o B757-200F.

Tal como o seu módulo “irmão”, o FF B757 Pro replica no XP11 todos os sistemas vitais, principais e secundários deste aparelho. A FF e a StepToSky disponibilizam para venda um pacote simples, só com o B757-200, ou o pacote Extended, que inclui também o 757-200, o 757-300 e o 757-200F, além de uma série de pinturas adicionais de companhias aéreas. Tal como o avião real, estas versões também podem ser equipadas com os motores Rolls Royce ou Pratt & Witney e incluir ou não as famosas Winglets. Notaram que esta é a Versão 2 (V2), que adiciona todas as novidades introduzidas nos módulos mais recentes da FF, inclusive o suporte para Realidade Virtual (VR).

Depois de lerem a minha visita ao FF B767, o primeiro impacto que terão ao entrar no cockpit deste avião é de completa familiaridade. De facto, tirando uns (muito, mesmo muito) sucintos detalhes, somente no plano geral deste “escritório”, é que notarão algumas diferenças. A Boeing desenvolveu o 757 e 767 com chamado “cross-training” em mente. Um piloto de 767, em teoria, só precisa de umas quantas horas de conversão para efectuar um Type-Rating para um 757 e vice-versa. Esta é a realidade de toda a linha de aviões Airbus, por exemplo. E a Boeing continua a trabalhar nesta lógica com os mais recentes B777 e B787, com uma tentativa menos directa com os B737 MAX.

E no que toca ao produto em si, também temos muitas semelhanças com o 767. Temos igualmente o famoso tablet para a operação de configurações do avião, handling de chão, checklists (também estas interactivas), falhas (inclusive falhas persistentes), mensagens de cabine, entre outras configurações e opções. Os próprios painéis, MCP, pedestal, painel overhead ou FMC são virtualmente iguais, com umas poucas diferenças subtis. De facto, sinto que não preciso de vos falar novamente nos sistemas a bordo ou das funcionalidades. Convido-vos a ler novamente o artigo do FF 767 Pro e partam do princípio que só os pesos, velocidades e performances diferem, mas toda a operação é francamente igual.

E mesmo no que toca ao voo em si, é de assinalar que os comportamentos são também muito parecidos. O que é só positivo para este 757, porque o 767 é um avião muito estável e com aerodinâmicas bem concebidas de acordo com as tabelas. Onde o 757 se destaca é na performance, muito mais ágil e manobrável, graças à figura esguia e menor peso. Gosto bastante de fazer subidas com rácios mais elevados e chegar mais cedo ao cruzeiro, uma vez que o avião suporta melhor ângulos de ataque mais pronunciados. E podemos levá-lo também para pistas menores e… bom, talvez não o 757-300, mas mais por causa do comprimento total da fuselagem.

Resumindo, esperem todos os sistemas modelados, inclusive o FMS e EFIS quase completos, faltando igualmente algumas funções secundárias de menor relevância, sistema de hidráulica, sistema eléctrico, pressurização, pneumáticos, GPWS, radar meteorológico, IRS triplo, entre outras funcionalidades que aumentam a imersão. Este é, novamente, um aparelho dedicado aos mais exigentes, que querem simular um avião em toda a sua profundidade. Ainda assim, a existência das ajudas escritas em cada objecto interactivo que agem como tutoriais e os possíveis automatismos e estados dos painéis, tornam-no acessível também para os novatos. Foi algo que também notei no 767, já agora.

E tecnicamente, o FF B757 é também um primor visual. O desenho do cockpit e da cabine são igualmente rigorosos, com muitos objectos e interacções possíveis. No exterior, a produção conseguiu replicar de forma competente o célebre aspecto do “bico” pronunciado do avião, assim como as suas linhas estreitas e fluídas. De um modo geral, partilha da mesma qualidade do seu irmão. O que é bom e mau ao mesmo tempo. Sim, tem muitos sons e efeitos sonoros credíveis, mas uma vez mais os motores não estão “no ponto”. Sobretudo no exterior, o kit de som não é o melhor. Também sofre de uma perda acentuada de FPS, fruto da mesmas falhas de optimização. Aqui, até gostava que não partilhasse tanta coisa com o FF B767.

Notas Finais

Esta é uma análise complementar, num avião que soa a dejá vu. Contudo, isto não é uma crítica negativa, pelo contrário. O Flight Factor Boeing 757 Pro é um excelente complemento ao FF B767 Pro, mas para as rotas de médio curso. É uma mais-valia aprender uma só lógica de operação que nos permita voar mais que um avião. Assim, estes dois aviões são perfeitos companheiros em qualquer hangar. E, mesmo sozinho, o FF B757 é, ainda assim, uma proeza técnica e complexa de enorme valor para o X-Plane 11. Só é pena que a sonoridade e optimização geral também não sejam tão boas. Ainda assim, parece-me que o FF A320 tem agora muita concorrência no médio curso, pelo menos nos meus céus virtuais.

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