Simuladores – PMDG Boeing 737 (MSFS) [Actualização: B737-900]
Este lançamento foi o mais moroso na série PMDG 737 para o Microsoft Flight Simulator. A expectativa era que o PMDG Boeing 737-900 completasse o pacote, não só com modelos, também com conteúdo.
Lendo a análise que fizemos em baixo a cada modelo, fica sempre no ar que a PMDG foi melhorando o seu produto a cada lançamento. De facto, em cada um dos lançamentos faseados, além de algumas actualizações e correcções pelo meio, melhoraram o PMDG 737 a olhos vistos. Contudo, algumas características e funcionalidades não chegaram a ser implementadas, também dependendo do desenvolvimento do próprio simulador. Era com o -900 que se esperava que finalmente estreassem o Electronic Flight Bag e a representação do radar meteorológico, por exemplo. Isto, só para nomear dois dos maiores pedidos.
O Boeing 737-900 ou B739 é capaz de ser o modelo mais raro família 737 NG ou Next Generation. A sua versão de cabine mais esticada mantém o peso máximo à descolagem (MTOW) e capacidade de combustível, mas consegue carregar mais passageiros e carga, diminuindo ligeiramente a sua autonomia em comparação com o -800 por causa disso. Para compensar esta lacuna, a Boeing viria a lançar o -900ER (Extended Range), mantendo as dimensões, mas aumentando ainda mais capacidade de carga e, mais importante, a autonomia, para competir com o Airbus A321.
Ainda assim, o -900 não atraiu muitos operadores. Além da transportadora de lançamento Alaska Airlines, somente a KLM, Korean, United e outras poucas companhias Asiáticas adoptaram a aeronave para rotas de médio alcance e alta densidade. O tipo de operação normal de um avião de médio-alcance pressupõe cálculos complexos de rentabilidade, carga e distância que o -900 nunca conseguiu justificar perante os demais modelos. Mesmo as versões modernizadas equivalentes, 737MAX 9 e 737MAX 10, possuem um mercado muito específico e reduzido.
Por isso, a chegada o PMDG 737-900 não adianta muito ao pacote total, chega mesmo a subtrair. É uma aeronave claramente mais limitada em operação (já lá vamos) e o que oferece em termos de aumento real de carga e até autonomia (no caso do PMDG 737-900ER) em relação ao -800 é um tanto residual, já num patamar onde já entramos em rotas mais longas, onde outras aeronaves de maior envergadura farão mais sentido. Mas, não estamos aqui propriamente para fazer gestão comercial de uma frota, estamos aqui para voar.
Como seria de esperar, o -900 está em linha com os demais aviões já revistos deste pacote. Além das suas maiores dimensões provocadas pela cabine mais esticada, estamos a operar o mesmíssimo aparelho, com as mesmíssimas características e funcionalidades. A Boeing não alterou as lógicas de operação desta família de aeronaves, exactamente para manter um fio condutor nas lógicas, ideal para um cross-training intuitivo das tripulações. As suas reais diferenças estão na performance.
No rigor da operação, este é um avião um pouco diferente no seu controlo e que requer uma atenção especial às suas características únicas. A sua envergadura de asas é virtualmente igual aos demais modelos, assim como a sua altura ao chão e até o comportamento aerodinâmico é quase igual. Onde notamos reais diferenças é logo no taxi, observando que a volta é forçosamente maior e exige um pouco mais de antecipação. Não é nada que não nos habituemos, mas há uma clara diferença a manobrar no chão, por exemplo numa comparação extrema com um -600.
Agora, onde realmente vamos notar uma diferença grande é na velocidade de descolagem, no rácio de aproximação e em especial no ângulo de rotação na descolagem e no ângulo de aproximação e toque. É muito fácil fazer “tail strike” na corrida para descolar, porque iniciamos a rotação demasiado cedo ou com um ângulo demasiado acentuado. E também é muito fácil bater com a cauda na aterragem, simplesmente porque compensamos o rácio como estamos habituados nos demais modelos.
Estas diferenças de operação exigem a consulta devida às tabelas de performance e aerodinâmica. Outra limitação a ter em conta é a da extensão de pista, uma vez que a velocidade e distância de rolagem é francamente maior, especialmente no -900 regular. Os erros são esperados e considerados normais e é por isso que os próprios pilotos de 737 reais necessitam de formação adicional para pilotar os modelos com maior envergadura. Especialmente se vierem de modelos semelhantes mais curtos, como do -600 ou -700.
O que talvez não seja tão interessante neste avião é que, como já disse, a versão -900 regular é ligeiramente mais limitada em autonomia que, por exemplo, o -800. Para levar mais uns 20 passageiros e mais umas 5 toneladas de carga, ter uma autonomia reduzida em médias de 10/15%, deixa muito a desejar. É talvez por isso que apenas 52 aviões deste modelo foram encomendados e entregues. O -900ER é sempre uma melhor opção no geral se considerarmos estas condições.
Contudo, mais uma vez, dadas as limitações de operações em pistas curtas, aliadas a uma performance mais exigente, em troca de simplesmente mais peso, mesmo o -900ER se torna uma opção menos atraente nesta família. No meu ponto de vista, o PMDG 737 atinge o seu pináculo de oferta com os -700 e -800, sendo o -600 “demasiado” pequeno e o -900 “demasiado” grande. Com o -900ER, também roçamos no “reino” do longo-curso, onde se justificará mais um Boeing 787 ou do Airbus A350. Honestamente, preferiria operar esses aviões para estas rotas mais longas.
Apesar do pacote PMDG 737-900 completar uma colecção de elevadíssima qualidade para o MSFS, não posso deixar de assinalar que nem com esta derradeira entrega ficamos a par das versões anteriores para o FSX e P3D. Ainda não foi desta que a PMDG conseguiu implementar o EFB e também não temos ainda um radar doppler funcional. Se, até ao momento, a “desculpa” foi a falta de uma lógica de radar coerente por parte do Asobo Studio, a mais recente actualização do simulador já colocou o SDK do seu radar disponível. Ainda não chegar?
Por outro lado, a PMDG não lançou neste pacote a versão executiva Boeing 737BBJ3. É um avião raríssimo, com apenas 7 unidades jamais fabricadas. Mas, seria de esperar que a colecção se completasse com o terceiro BBJ e isso não aconteceu. Sem EFB, sem radar, sem BBJ3, duvido sinceramente que a PMDG precisasse de tanto tempo só por causa de uma fuselagem mais comprida e performances mais limitadas. Vamos pensar que foi apenas alguma adaptação necessária à evolução constante do MSFS. Mas, há alguns detalhes estranhos neste lançamento.
Devo assinalar que, aquando do lançamento deste -900, pela primeira vez (que me lembro) a PMDG não lançou um “changelog” das melhorias e adições técnicas neste novo avião, assim com os demais aviões que foram também actualizados para a mesma versão. Não sabemos ao certo o que foi feito nestes meses de trabalho para nos trazer o -900 e o que melhorou ou foi alterado nos outros modelos. Não é particularmente importante saber, bastando notar que alguns erros foram corrigidos e a performance geral (de fps) foi melhorada.
Contudo, tenho de apontar que, também pela primeira vez que me lembro de voar num PMDG no MSFS, encontrei erros graves na operação. Numa instância, o APU decidiu não operar, impedindo-me de iniciar o avião. Noutra vez, os veículos de handling (escadas, GPU, trolleys de carga, etc) decidiram “bloquear” a simulação, impendindo-me de sair do stand. Ainda noutra situação, o piloto automático falhou por completo os cálculos de VNAV, obrigando-me a fazer meio voo à mão. Todas as estas questões denotam só uma coisa: falta de polimento, algo que, sinceramente, nunca esperei associar à PMDG e não esperava ao fim de tantos meses.
Veredicto PMDG 737-900
Embora tenhamos no PMDG 737-900 mais uma demontração de elavada qualidade conceito e implementação, em complemento com os três outros aviões já lançados, pelo tempo que demorou a chegar, esperava-se um pouco mais. A empresa nunca partilhou muitos detalhes da produção interna, pelo que podemos apenas especular a demora na entrega. Contudo, parece que não foi tempo suficiente. A falta que faz o EFB e o radar são notórias mas os erros técnicos encontrados são, no mínimo, estranhos. O -900 completa um pacote sem dúvida fantástico mas o que oferece, de facto, não adiciona muito ao restante.
[Actualização PMDG Boeing 737-800 – 26/08/2022]
Finalmente, aquele que será o avião mais esperado da família Boeing 737 NG criada pela PMDG. O PMDG Boeing 737-800 NG está já a voar nos céus do Microsoft Flight Simulator e é óbvio que fomos experimentar.
Quando virmos um Boeing 737 nos céus à volta do mundo, o mais provável é ser um 737-800 ou um 738. A descrição mais simplista para este modelo é que é uma “versão esticada” do -700. O que não é muito justo para o que o -800 fez pela família 737. Pegando na popularidade reconhecida do anterior 737-400, a versão NG deste aparelho fez sempre mais e melhor que o antecessor, rivalizando directamente com o Airbus A320. Em temos idos, foi mesmo o rei dos céus na sua categoria “narrowbody” de avião comercial de médio curso. Desde o seu voo inaugural em 1998 tem sido a espinha dorsal de várias companhias, como a infame Ryanair.
Só para terem uma ideia da popularidade do 737-800, foram construídos mais destes modelos que qualquer outro Boeing 737. Tudo somado, o -800 conta quase para metade (4.989 unidades) de todas as aeronave da família 737 já entregues (11.089 unidades). E, muito embora a Boeing esteja a recuperar terreno nas encomendas e entregas do malogrado Boeing 737 MAX, o -800 é ainda o hoje o avião mais vendido da construtora Norte-Americana. Sim, mais popular que o mítico e igualmente popular 727 ou que o também popular MD-80, herdado da McDonnell Douglas.
Porque motivo é especificamente o 737-800 tão popular entre as companhias aéreas? Os motivos serão variados, mas as principais razões para algumas companhias aéreas prendem-se com a eficiência e custo por milha, versus a capacidade de carga e autonomia. A sua dimensão foi exactamente a ideal, sem perder grande alcance comparado com as demais versões. A fórmula de sucesso foi de tal forma eficaz com o 800, que em várias companhias chegou mesmo a substituir os demais 737 nas mesmas operações. Simplesmente, o 737-800NG é o avião perfeito para a operação pretendida de médio-curso de elevada densidade (desculpa A320).
A pergunta que farão agora é: porque é que o 737-800 é tão popular também nos simuladores? Convenhamos que os já analisados 737-700 e 737-600 são muito semelhantes em operação, porque motivo é -800 tão esperado? A culpa é da própria PMDG. Em tempos, o 737-800 foi a sua primeira aeronave e foi sempre este avião a solo ou em pacote com o -900 que estreou primeiro em cada simulador. O PMDG 737 foi sempre tido como a melhor simulação disponível em cada simulador. E como as outras versões eram compradas em pacotes separados, muitos ficaram-se pelo original.
Há até quem defenda que a PMDG nem precisava de lançar as demais versões. Até este modelo de negócio estreado no MSFS com um modelo e sub-modelos lançados individualmente, a PMDG lançou também as variantes BBJ e Carga como meras expansões opcionais. Como já falei em baixo, é um modelo perfeitamente discutível se traz mais ou menos vantagens para os simmers. Para mim, parece-me justo que o utilizador compre apenas o avião que quer voar. Para mim, se é um Boeing 737 NG, tem de ser o -800. E, comigo, concordam muitos.
A espera até foi fácil de digerir, já que os brilhantes -700 e -600 encheram bem as medidas dos fãs. Só lhes faltava um pouco mais de capacidade e um pouco mais de carisma, o “rei” da família ainda não tinha saído do hangar. E a PMDG não se limitou a apenas alongar os aviões já lançados. Há novidades interessantes para ter em conta. Além da versão de passageiros Boeing 737-800, temos também a versão privada B737-BBJ2 e as versões de carga BCF (nativa) e BDSF (convertida). Ou seja, praticamente a mesma oferta da versão -700 anteriormente disponível.
As diferenças residem nos pormenores. O -800 é mais longo (mais cerca de 3 metros que o -700), levando mais 40 passageiros em configuração de classe singular do que os 149 totais do -700. O que altera também o ângulo de rotação, descolando também um pouco mais adiante na pista. O -800 tem também ligeiramente mais potência geral e consegue transportar quase mais 10 toneladas que a versão inferior. Isto sem perder assim tanta autonomia, apenas menos 575km que o -700 que chega aos 6000km totais. Como disse, está num ponto perfeito de capacidade e autonomia.
Para dizer a verdade, só mesmo quem segue os procedimentos à risca é que notará as diferenças entre variantes 737. Contudo, de um modo geral, os infames “tail strikes” são frequentes entre quem se habitua a voar 737-600 ou -700 e depois salta para o -800 (e é ainda pior com o -900, digo-vos). Por outro lado, o -800 é famoso por ser mais difícil de desacelerar, requerendo uma boa programação de descidas e ângulos à risca. E todos sabemos como a PMDG é muito rigorosa no que toca a performance e rácios com as suas aeronaves.
Durante estes meses, a PMDG não se ficou por apenas modelar os aviões mais recentes. Aliás, além das actualizações regulares que tenho visto, cada novidade que um avião apresenta é também adicionada aos modelos já existentes. Não, não é desta que temos finalmente painéis destacáveis para multi-monitor ou radar meteorológico. Recordo, pela enésima vez, que essas funcionalidades são da responsabilidade do Asobo Studio, produtor do próprio MSFS. Mas, também não é desta que temos o Eletronic Flight Bag, algo prometido e que a PMDG teima em atrasar.
Isto não significa que não hajam novidades. Para já, houve uma importante mexida na iluminação. As lanternas espalhadas pelo cockpit são agora mais realistas e as laterais e superiores são agora ajustáveis e móveis, podendo apontar para um ponto em particular. Também temos agora as famosas pálas transparentes anti-reflexo. Existem seis ao todo, quatro em “mylar” fixas nas janelas laterais e dois visores “rosen” amovíveis montadas em carril. As primeiras têm de ser activadas no menu do CDU, as outras estão disponíveis no cesto próprio atrás do assento.
Como já disse, estas novidades são também adicionadas às versões -700 e -600 já lançadas anteriormente. Embora não sejam as novidades que realmente os fãs queriam, são bem vindas para o pacote de aviões no geral. Tal como anteriors, também o -800 tem várias opções de personalização, desde o Heads-up Display, opções de winglets, janelas superiores e vários outros pequenos detalhes que personalizam profundamente cada avião que voamos. Obviamente, o Operations Centre tem dezenas de pinturas habilmente criadas para as novas quatro variantes.
Veredicto PMDG 737-800
Ainda nos falta voar o Boeing 737-900 mas arrisco dizer que este será o modelo mais bem sucedido do PMDG Boeing 737 para o Microsoft Flight Simulator. Dado que as aeronaves estão a receber todas as novas funcionalidades de forma paralela, não é nada específico a nível operacional que a destaca. Esta minha opinião é apenas relacionada, tanto com a popularidade do modelo real, como com o famoso historial de sucesso deste modelo concebido pela PMDG. Talvez por isso, as grandes actualizações de conteúdo e funcionalidades tenham ficado para o próximo modelo. Há que espaçar as nossas expectativas…
[Análise PMDG B737-600 de 1 de Agosto de 2022]
Neste novo modelo de lançamentos adoptado pela PMDG, o “senhor que se segue” é o pequeno Boeing 737-600 na sua linha PMDG 737. O lançamento decorreu neste fim de semana e já o testámos.
Tal como no caso do seu rival directo, o também pouco popular A318, o B736 não é propriamente o mais popular da família 737. O intuito destes aparelhos é servir um nicho muito peculiar de rotas de curtas distâncias em aeródromos de menor dimensão. O problema com este conceito, como também a Airbus aprendeu, é que este tipo de operação é já muito bem preenchido pelos aviões regionais da Embraer, de Havilland ou ATR, sendo complicado a nível de preços por operação de competir directamente. Foi um conceito um tanto falível para a Boeing e Airbus. Talvez por isso a PMDG quis colocar já este aparelho cá fora, antes dos “maiores”.
De 1998 a 2006 apenas 69 exemplares foram produzidos do pequeno 600. A sua utilização mais famosa, sem dúvida que é pela Janet Airlines que voa todos os dias pessoal civil e militar desde Las Vegas para a enigmática Area 51. Herda todos os sistemas e funcionalidades dos seus “irmãos” maiores, mantendo o design e dimensão exterior do anterior Boeing 737-500 que, por sua vez, mantiveram as dimensões do clássico 737-200. Foram, claramente, dimensões pertencentes a outra era, em que o voo era um meio exclusivo e pouco denso, nada a ver com a azáfama e densidade dos voos modernos.
Como conceito, assim como add-on para o Microsoft Flight Simulator, o herdeiro da denominação “baby Boeing” é, portanto, uma aeronave um tanto limitada. Apesar de ter a mesma motorização, a cabine leva menos passageiros (até 130 no seu limite máximo de configuração), leva também obviamente menos carga e ligeiramente menos combustível. O seu peso total à descolagem também é menor, o que até facilita na sua operação original de aeródromos menores, mas restringe um pouco a sua autonomia. Para terem uma ideia, a Boeing nunca chegou a implementar “winglets” nem optou por este modelo para a variante MAX.
Isto não significa que a PMDG tenha ignorado o pequeno Boeing. A modelação desta variante está, como seria de esperar, a par com a do já lançado Boeing 737-700 que analisei em baixo. Claro está, tem as suas limitações já listadas mas oferece as mesmíssimas funcionalidades, opções de personalização e diversos sistemas já conhecidos. O que também significa que partilha a sua falta de um Electronic Flight Bag funcional, algo que a PMDG continua a prometer que está para breve, provavelmente aquando do lançamento do 737-800, mas partilhado em todos os modelos.
O que a PMDG tem feito não é apenas lançar uma variante atrás de outra. Tem continuamente actualizado a sua simulação. Com este 600, por exemplo, fizeram várias correcções para trazer ainda maior realismo. Uma dessas correcções é a do travão de parque, cujo procedimento (que obriga a pisar o travão antes de engatar ou desengatar) é agora realista. Outros detalhes prendem-se com o auto-brake, várias correcções visuais e de lógicas dos painéis, entre outras. Notem que as novidades são também para o B737-700 e futuras variantes.
Veredicto PMDG 737-600
Não esperem com o PMDG 737-600 uma revolução no Microsoft Flight Simulator. É apenas uma variante reduzida do já conhecido B737 neste simulador, com toda a qualidade PMDG que tem vindo a continuamente melhorar nos seus aviões. Infelizmente, ainda não é desta que temos o EFB e ainda estamos a aguardar funcionalidades que o próprio MSFS ainda não possui, como o radar meteorológico. Este B736 é, portanto, um “cumprimento de calendário”, muito prático para aeródromos menores mas ainda não é bem o avanço técnico que queria ver. Vamos aguardar pelas variantes maiores e pelas actualizações que trarão.
[Análise original PMDG B737-700 de 3 de Julho de 2022]
É caso para dizer: “custou mas foi”. A PMDG finalmente lançou o seu “avião-bandeira” no Microsoft Flight Simulator. Mesmo demorada, a nossa análise ao PMDG 737 para este simulador está aqui.
A nossa parceria com a PMDG continua, naquela que é para mim uma das melhores produtoras de add-ons do momento, especialmente quando se fala de aeronaves Boeing. Certamente recordam as nossas análises anteriores ao Boeing 747 ou, claro, ao Boeing 737, na última instância ainda no Prepar3D V5. Agora que o simulador da Microsoft se firmou como o grande líder de mercado, pelo menos no que toca aos simuladores civis, era óbvio que tinha de experimentar o lendário PMDG 737 nesta nova plataforma. Dificilmente ficaria desapontado, dado o historial impecável desta produtora. Há, ainda assim, muitos elementos na “equação”.
Os tempos são, de facto, outros. Em tempos idos, era uma ousadia dizer que um add-on da PMDG “ficou aquém” ou tinha “algo em falta”. Contudo, nos dias que correm as produtoras de add-ons “esticam o envelope” para trazer sempre algo maior, melhor ou, pelo menos, mais vistoso. De facto, mesmo com a sigla “PMDG” no rótulo, a exigência actual por determinados elementos, na maioria de interface ou de “qualidade de vida”, criou um padrão de expectativas em que todos os pormenores contam.
No passado, a PDMG lançou sempre os seus módulos em pacotes. Por exemplo, no caso do Boeing 737 tivemos sempre dois pacotes, um de base, com o 737-800 e 900 e um de expansão, com o 737-600 e 700. O mesmo aconteceu com o 747 e 777. No caso deste 737, o seu avião mais popular de sempre, ainda surgiram expansões adicionais menores, os 737-BBJ e os 737 BCF de carga. Para o MSFS, porém, a PMDG decidiu mudar um pouco o seu modelo de negócio, preferindo lançar os modelos por plataforma-base, incluindo as suas variantes menores.
É por isso que temos inicialmente apenas o Boeing 737-700 como aeronave de arranque desta linha. Notem, porém, que neste primeiro volume temos já incluídas as variantes BBJ1 e Carga, além das opções de winglets “blended” ou “split scimitar”. Não ficou bem claro porque é que a PMDG optou pelo menos popular -700 e não pelo bem mais procurado -800. Contudo, a PMDG espera lançar as demais variantes 600, 800 e 900 nos próximos meses, com uma cadência regular de cerca de dois meses cada.
Mesmo não sendo tão popular como o -800, o Boeing 737-700 é, ainda assim, um competente avião de médio-curso, a segunda aeronave mais popular de sempre da empresa de Seattle. Curiosamente, foi também o primeiro modelo de sempre da série NG (Next Generation) a ser lançado em 1993, seguindo-se o -800 em 1994, o -600 em 1995 e o -900 em 1997. É como se a PMDG estivesse a replicar a ordem real de lançamento dos modelos no MS Flight Simulator. Bom… quase.
A réplica do Boeing 737-700 no Microsoft Flight Simulator está a par da qualidade reconhecida da PMDG nos demais simuladores. Não me vou debruçar muito sobre a qualidade geral e profundidade de sistemas, para isso remeto para a minha outra análise do mesmo modelo de aeronave no Prepar3D. Aquilo que podem esperar é o que já é um chavão neste meio dos simuladores de voo: “qualidade PMDG”. De facto, ainda hoje, no que toca à simulação de sistemas, aerodinâmica ou procedimentos, dificilmente encontrarão algo mais profundo.
Desde sempre que a PMDG criou uma interessante e profunda interacção com avião, recriando quase tudo a rigor, tanto a nível de procedimentos normais como anormais. Para a interacção com outros detalhes de sistema, porém, a PMDG sempre optou por usar menus próprios simulados de forma pouco realista nos CDUs (computadores de bordo) da aeronave. E é exactamente isso que temos aqui no PMDG 737. Para todos os efeitos, é o mesmo menu de sempre, funciona igualmente bem e de forma intuitiva.
Contudo, como disse lá em cima, os tempos e os padrões de agora são outros. Se leram a minha última análise ao Fenix A320, saberão de imediato que me estou a referir ao seu robusto e completo Electronic Flight Bag, o tablet lateral que, não sendo propriamente novidade, é das melhores opções que tenho visto por aí. Os tablets de controlo e interacção não são exclusivos do Fenix A320, notem. Pelo contrário, muitas outras empresas optaram pelas suas versões tablet, até mesmo o helicóptero H415 que revi recentemente tem um.
É já um padrão lógico o tablet, um pouco mais realista que usar o CDU para as funções mudanas de personalizar o avião, alterar preferências ou interagir com o plano de voo e outras opções de performance. A PMDG foi sempre algo “resistente” a adicionar um EFB às suas aeronaves, diga-se. E quando o implementou, tentou que fosse algo mais realista, não tanto um “glorificado” tablet. Só que o seu Boeing 737 no MSFS não possui qualquer EFB nesta fase. Está planeado para ser lançado algures numa futura actualização, é certo, mas senti muito a sua falta.
Não é pela falta de um EFB que o PMDG 737, de alguma forma, se torna numa má simulação da aeronave em si. Digo sem rodeios que não há, neste momento, melhor simulação de um Boeing 737 (ou de um Boeing qualquer) que esta. Ainda assim, aliado ao facto de não termos as restantes variantes da aeronave ainda disponíveis, ao faltar-nos tabelas de cálculo, cartas de voo, acompanhamento de rota e outros pormenores que, regra geral, são suportados pelos tablets, cria um vazio tremendo em voo. Ou temos software de terceiros ou temos de imprimir a nefasta “papelada”.
Mas, há outras lacunas nesta simulação e que saltam à vista dos que estão habituados a “outras andanças”. A cabine de passageiros não tem o mesmo nível de cuidado e qualidade que o restante modelo. O mesmo acontece com os compartimentos de manutenção e carga. Poderão achar isto um preciosismo (até é) mas, mais uma vez, só estou a comparar com o que por aí se vende pelo mesmo preço e com o que a própria PMDG nos habituou. Convém mencionar que este não é um projecto encerrado e estão planeadas actualizações de texturas e outros pormenores. Mas, mais uma vez, soa a algo apressado ou incompleto, tão atípico da PMDG.
Como sempre faço nestas análises, um voo ligeiro permite-me “tomar o pulso” do novo PMDG 737 para o MSFS. Mais uma vez, o voo regular em Portugal Continental é mais que ideal, recriando um dos vários voos de várias operadoras no nosso território. Neste caso, decido-me por um Faro – Lisboa ao final do dia, ideal para testar tudo ao pormenor. Infelizmente, alguns aspectos clássicos que a simulação da PMDG já nos habituou ainda não estão prontos, já que o Asobo Studio ainda não implementou o radar meteorológico ou os painéis 2D destacáveis por exemplo. Enfim.
Não sei se é algo que será implementado apenas quando tivermos o EFB nesta aeronave mas também a listada “integração com o Simbrief” que está na página do produto, é uma afirmação… vá lá… um tanto optimista. Sim, há, de facto, uma integração, sem dúvida. Mas esta passa pela cópia manual dos ficheiros de plano de voo e respectiva meteorologia para dentro da pasta do 737. Não há uma real ligação directa ao Simbrief como temos noutros produtos. O que torna a criação do plano de voo um trabalho a três partes que, mais uma vez, não é o padrão actual em addons de topo.
Depois de tudo programado e configurado, usamos o CDU para chamar e ligar sistemas de terra, carregar passageiros e carga, etc. Depois disto, a preparação do cockpit é perfeitamente linear. O taxi, alinhamento e descolagem, cruzeiro e aterragem decorrem da mesma forma como sempre decorreram em qualquer aeronave PMDG: zero defeitos, tudo é desenhado para a fluidez e funcionalidade. Se carregarem o plano de voo e meteorologia pelos tais ficheiros salvos via Simbrief, terão uma robusta e funcional simulação de Datalink que é muito bem vinda.
Gosto bastante de termos algumas opções de cockpit, entre instrumentos stand-by integrados ou analógicos, tipos diferentes de MCP (Honeywell ou Collins), sistema de combustível adicional (para os BBJ) e até o infame HUD (Heads-Up Display) que torna o cockpit do 737 bem mais futurista. No exterior também podemos optar por travões de carbono ou aço e até luzes de aterragem pulsante ou em LED. São estes pequenos detalhes que fazem a diferença e nunca desapontam.
Dado que o Microsoft Flight Simulator é tão exigente, a pergunta que muitos farão é se este módulo é acessível para todos os PCs. Para uma aeronave adicional, algo “pesada” em tempos de carregamento, graças a uma boa optimização, não notei quebras de performance que merecessem atenção. Tudo depende, claro, do vosso PC e como preferem o visual do simulador. De um modo geral, porém, a performance é francamente positiva para um add-on tão complexo. E, não, o PMDG 737 não está disponível para a versão de consola Xbox, se é algo que estariam à procura.
Em complemento ao módulo, como sempre, temos o famoso PMDG Operations Center, que continua a ser o local privilegiado para actualizações de software e instalação de pinturas das aeronaves. Ainda hoje indago sobre a funcionalidade da opção “Global Flight Operations” no menu deste programa, já agora. Há tantos anos desactivada para a maioria, visa criar uma visualização global das operações de voo das aeronaves PMDG. Mas, ainda hoje é um mistério quando irá entrar em funcionamento para todos. Se é que a PMDG ainda está a ponderar torná-la uma realidade.
Veredicto PMDG 737-700
A PMDG dispensa reais avaliações do seu rigor técnico. As limitações nesta nova versão do PMDG 737, para mim, estão nos pormenores. Em primeiro lugar, só temos ainda esta aeronave menos popular, num modelo de negócio em expansões que poderá não agradar a todos. Depois, tive uma sensação de estar “incompleto”. Estou certo que a PMDG vai em breve colmatar todas as lacunas que menciono mas, como está agora, parece-me “magro” em demasiados pontos, especialmente olhando para o que outros têm feito para o Microsoft Flight Simulator. O que é tanto irónico, como pouco representativo da qualidade reconhecida desta produtora.
A versão de testes usada para esta análise, foi gentilmente cedida pela PMDG. De momento, apenas o PMDG 737-700 está disponível na loja oficial da empresa que podem visitar aqui. Os demais modelos não possuem ainda nenhuma data nem pré-encomenda possível.
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