Square Enix E3 2015 – A falácia de um teaser ao melhor JRPG de todos os tempos
Existem apenas duas coisas capazes de me colocar completamente fora de mim: uma delas é fazerem-me esperar por algo que anseio avidamente (sim, Final Fantasy XV estou a olhar para ti); a outra é pregarem-me uma valente mentirada acerca de algo do qual sou fã. Ora foi isso mesmo que a Square Enix fez comigo no final da semana passada, com efeitos directos no final de tarde desta terça-feira, com a conferência da companhia nipónica na E3.
No passada quinta-feira, dia 12, a Square Enix divulgou um teaser para a E3 no qual, por entre a informação escrita que passava, tocava o brilhante Frog’s Theme. Este é um tema pertencente à banda sonora original de Chrono Trigger, embora remixado, podem ouvi-lo no teaser em baixo e comparar com o original ainda mais em baixo. Esta era uma clara alusão ao supra-sumo dos clássicos JRPG e que ainda hoje é considerado por muitos como o melhor do género. Não havia nada que enganar, tudo apontava para a revelação inesperada na conferência da E3 da Square Enix. O meu nível de expectativa atingiu o grau máximo e, às 18h em ponto de hoje estava sentado comodamente, aguardando ansiosamente no cadeirão cá de casa pela revelação que se aproximava.
A conferência da E3 durou cerca de uma hora e vinte minutos e, por entre Just Cause 3, Deus Ex: Mankind Divided, Hitman e Kingdom Hearts 3, surgiu uma mixórdia de jogos mobile desinteressantes, assim como a repetição de trailers que já haviam passado noutras conferências, já durante esta feira de videojogos. De Chrono Trigger nem sequer uma pequena alusão com o Pelé (desculpem trazer-vos à baila EA mas aquele momento foi bizarro).
https://www.youtube.com/watch?v=yp7PYi5b8jg
Este será o teaser que fica para a história como um dos maiores trolls feitos por uma companhia que, para todos os efeitos, é seu por direito para usar comercialmente como bem entenderem. Só que a alusão naquele teaser provocou, claramente, falsas esperanças aos fãs de Chrono Trigger. Esta foi uma má política de uma companhia que, nos últimos tempos, tem sofrido quebras drásticas e que parece custar a perceber qual o seu real propósito na indústria dos videojogos. Afinal de contas, a Squaresoft era a gigante produtora de JRPG’s nos anos 90 e no início do século XXI e, da qual, apenas pequenos laivos têm surgido com a actual Square Enix. Exemplo disso é o genial Bravely Default cujo sucesso foi uma surpresa para a companhia mas que, para os fãs do género, era precisamente aquilo que sempre haviam pedido: um JRPG clássico embora com pequenos laivos de modernidade.
O caminho para onde a Square Enix se dirige é bastante sinuoso e provoca-me calafrios quando penso que nas suas mãos continuam licenças fantásticas como Kingdom Hearts 3, Final Fantasy, ou, claro, Chrono Trigger. O género JRPG vive actualmente num limbo do qual, felizmente, a Nintendo ainda vai pescando umas pérolas que ajudam o género a alimentar-nos a nós jogadores que tanto amamos uma batalha por turnos, uma história digna de uma epopeia grega e personagens memoráveis que perduram pela eternidade. Jogos como Monster Hunter ou Fire Emblem mantêm os standards altos e exigem da concorrência jogos de qualidade.
Seja como for, esta foi, muito provavelmente, a maior mentira já pregada no mundo dos videojogos aos fãs de um clássico. Os fãs de Chrono Trigger mereciam melhor… nem que fosse mais um lançamento mobile (admito que esta era a minha expectativa mais baixa para o dia de hoje).
Resta-nos, por agora, depositar ainda alguma esperança no remake de Final Fantasy VII…
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