Voltámos a Morrowind em The Elder Scrolls Online
O lendário MMORPG da Zenimax e da Bethesda continua saudável e a expandir a experiência de milhares de jogadores. Depois de quatro expansões bem sucedidas, The Elder Scrolls Online prepara-se para nos levar de volta a Morrowind. E o WASD andou por lá em acesso antecipado pelos servidores de testes da comunidade.
Já lá vai algum tempo desde que visitámos TES Online pela primeira vez. Na altura, o jogo ainda estava nos seus primórdios, muito longe da dimensão de hoje. Não havia nenhuma Tamriel Unlimited ou quaisquer expansões. O jogo era cru e repleto de boas promessas, mas algum desapontamento pelo meio. Os MMORPGs possuem sempre a mesma premissa: É preciso retirar bastante tempo para usufruir da sua experiência. Sobretudo, depois de tantas optimizações e melhorias da parte da produção no jogo base e já com um bom punhado de expansões pelo meio. Este meu retorno a TES Online dá-se na fase de Beta Fechada da próxima expansão Morrowind, que chegará em Junho. Será que o regresso a Vvardenfell é tão gratificante como foi no saudoso The Elder Scrolls III: Morrowind?
Tenhamos as expectativas mais baixas. Afinal, TES III foi e ainda é considerado por muitos como um dos melhores jogos da série, até mesmo acima de Skyrim ou Oblivion. De facto, não esperámos encontrar a mesma aventura nesta expansão, não era tecnicamente possível sequer. Todos os eventos de TES Online são passados quase mil anos antes de TES III, o que significa que todos os grandes eventos nesta expansão são algo previsíveis (como a construção da lendária Vivec City). Mesmo assim, durante as minhas horas de testes Beta, não encontrei muitas semelhanças desse clássico jogo de 2002, à excepção, logicamente, do tema em si e do local onde a acção se passa e de algumas personagens que reencontramos. São outros tempos e outras opções criativas. O RPG puro, deu lugar ao MMO e todas as mecânicas que sempre irão dividir a comunidade.
Não entendam mal as minhas palavras acima. Esta expansão, assim como o jogo base, são excelentes experiências de jogo. Contudo, todos os que gostam de RPGs clássicos saberão do que falamos. Há aquela simplicidade de controlos, aquele facilitismo visual de orientar o jogador para a próxima acção, aquela simplificação de diálogos, tudo a bem de uma jogabilidade acessível e para todos os gostos. Longe está o tempo em que os RPGs assustavam meio mundo pela complexidade de menus e de mecânicas. Notem, porém, que mesmo TES Online é um jogo complexo, com muitas lógicas essenciais que precisam de tempo e dedicação, mesmo assim.
Se nunca jogaram TES Online, não se preocupem. Com uma expansão independente, Morrowind permite ao jogador iniciar-se com uma nova personagem logo na região em causa, partindo para a nova aventura. É, obviamente, mais lógico iniciar-se pela aventura base de Tamriel Unlimited, partindo depois para as respectivas expansões. Porque testei esta expansão em servidores dedicados, tive de criar uma nova personagem e, apesar de ter tido algumas questões com uma personagem tão inicial em alguns locais de maior dificuldade, a aventura adaptou-se ao meu nível de experiência. Até porque muitas das secções e das áreas a explorar estão ainda em desenvolvimento e até estão incompletas, com a produção a facilitar um pouco o combate ou aquisição de bens.
Como seria de esperar, começamos com um pequeno tutorial para nos explicar o que há de básico nesta aventura. Se já conhecem o jogo base, não há nada de novo nesta expansão excepto uma nova classe de jogador que já irei falar mais à frente. Uma vez completo o tutorial, estava “em pulgas” para regressar a Morrowind. Nesta expansão teremos as regiões de Ald’ruhn, Balmora, Sadrith Mora e, claro, a tão bem conhecida Vivec City, nesta altura ainda em expansão. Saibam que esta é a maior área jamais criada para TES Online numa expansão. E muitas áreas do jogo de 2002 são reconhecíveis, como o mítico porto de Seyda Neen onde esse jogo se iniciava.
Por esta altura já a nostalgia estava a bater forte e dei por mim a ignorar quests e missões só para explorar as inúmeras áreas que me lembrava de há uma década. Nem tudo está igual, mas muitas das regiões e locais icónicos estão lá, assim como estavam em outras regiões de outros jogos, tanto no jogo base como nas expansões. Mas, quem sabe a química mais apetecível de Morrowind foi sempre a sua ambiência quase alienígena. Nesta expansão, a produção soube trazer de volta os tais cogumelos gigantes e seres estranhos como os gigantes Silt Striders (que, infelizmente, não podemos andar em tempo real, mas servem de meio de “fast travel”). Aí estamos “em casa”.
No que toca à acção, esperem mais do mesmo. Não, não estou a criticar. Imaginem agora a Bethesda decidir alterar todas as mecânicas de jogo do seu MMO só por causa de uma expansão. Não faria sentido, certo? Por isso, é bom que nada mude neste campo. Mesmo assim há espaço para uma nova classe de jogador: o Warden. Exclusiva desta expansão, esta nova classe cria uma mistura entre um Sorcerer com habilidades de invocar animais de estimação para combate e o DragonKnight com os seus poderes de elementos, neste caso poderes de gelo e de vegetação, em vez de fogo. Confesso que não é uma classe que me agradasse, uma vez que sempre preferi classes de soldados, mas achei uma boa adição. Quanto mais não seja pelo claro contraste do gelo na região vulcânica que é Morrowind.
O combate, como já disse anteriormente, é escalado e adaptado ao nosso nível. Mesmo assim, tive imensas dificuldades em confrontos iniciais, criados em áreas específicas de missões, como dungeons ou edifícios pejados de adversários. E fugir não é sempre a melhor opção. Tal como em outros jogos do género, voltar para trás inicia um perseguição de todos os adversários “acordados”. Pior, a dada altura eles regressam ao ponto inicial com toda a energia regenerada… mas, nós mantemos a nossa energia. Por isso, antes de se aventurarem em áreas mais exigentes, é melhor explorarem bem o mapa e iniciarem algumas quests secundárias para evoluírem a personagem e ganhar melhor equipamento.
E esta lógica é ainda mais importante se se aventurarem pelo universo multi-jogador (PvP) e dos raids. Infelizmente, não me foi possível aventurar nestes modos, nem tive muitas oportunidades de interagir com outros jogadores. A Beta Fechada torna toda esta área algo deserta de jogadores, ficando confinada a uns quantos jogadores esporádicos aqui e ali, na maior parte do tempo membros da produção, jornalistas ou jogadores convidados. Também não ajudou o meu nível baixo de personagem. Acredito que ninguém quisesse um Warden de nível 4 no seu grupo para um Raid perigoso numa qualquer gruta cheia de Trolls e outros perigos.
Falta só falar da parte técnica desta experiência. Tenho de recordar que esta foi uma fase de testes e não uma representação do jogo final. Os ecrãs de carregamento, por exemplo, ainda nem sequer são os finais. Muito está por fazer ao nível de cenários, modelos, texturas e efeitos visuais. Muita das vozes em diálogos ainda nem sequer estão implementados e há algumas limitações de objectos e de lógicas que precisam ainda de ser trabalhados. Também notei algumas texturas que não estavam correctas ou estavam mesmo omitidas. Jogando na versão PC, também notei inúmeras oscilações de performance, sobretudo em regiões mais detalhas ou com mais efeitos como junto aos rios de lava de Ald’ruhn.
Muitas correcções foram, entretanto, lançadas com uma cadência quase diária e já muito está feito, mais de um mês antes do seu lançamento. Algumas casas que compramos, por exemplo, nem sequer possuíam interiores no início dos testes. Ainda assim, há muito mais para fazer, mesmo que esteja já com um incrível aspecto, pelo menos comparando com a última vez que estivemos nesta região em TES III. Há sempre um certo receio que a produção não tenha tempo de completar a expansão na sua inteireza até à data de lançamento, com tantas partes incompletas. Quero acreditar que a produção não vai negligenciar o seu DLC mais ambicioso até à data. E é para isso que estas Betas Fechadas servem.
Notem que decidi não contar quase nada do enredo desta expansão. Não só porque, como já disse, muitos dos diálogos estavam sem áudio, mas também porque algumas missões continham alguns erros. Prefiro aguardar pelo jogo final para abordar esta importante faceta desta expansão. Além de uma nova linha de história e uma nova região gigante, quando Morrowind for lançado contem também com a já mencionada classe de Warden, novos itens de personalização no estilo dos assassinos de Morag Tong, novos animais de estimação (uma aranha mecânica e um cão com armadura Dwarven), um cavalo com armadura, mapas de tesouros, um urso de Combate que pode ser invocado pela classe Warden, novos emotes, caixas de loot exclusivas e scrolls para bónus temporário de pontuação.
Estou mesmo convicto que esta será uma das melhores expansões para TES Online, pelo menos a julgar pela expectativa dos fãs. A minha experiência de regressar a Vvardenfell não foi propriamente como um “remake” de TES III, mas deu para matar saudades de muitos locais icónicos, agora actualizados para todo um novo visual refinado. Ainda com muitas coisas por fazer, Morrowind é uma compra obrigatória para todos os que tenham o jogo base ou desejem iniciar-se num dos melhores MMORPG da actualidade.
Aquilo que mais me preocupa é o tempo que falta para a chegada desta expansão e os erros e questões técnicas que ainda faltam corrigir. É que The Elder Scrolls Online: Morrowind chegará a 6 de Junho deste ano para PlayStation 4, Xbox One e PC.
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