WASD comemora 14 anos
Quando em 2010 um tal de Portal WASD apareceu, o mundo dos videojogos era muito diferente. Havia uma grande expectativa pelas novas experiências que surgiam. 14 anos depois, cá estamos ainda com o mesmo entusiasmo.
É como recordar algum momento bom da nossa infância. O primeiro dia que desembrulhámos a nossa primeira consola, talvez uma Atari, o momento em que assistimos pela primeira vez à introdução de Metal Gear Solid 3 ou quando ligámos pela primeira vez a nossa Nintendo Switch. O arranque do WASD em 2010 foi um misto de entusiasmo, muita vontade e também algum receio. Inicialmente, o objectivo era muito humilde, criar um site isento e descontraído com análises e notícias de videojogos, tentando sempre oferecer a visão do jogador. Pensávamos nós que seria algo breve, que todos os outros projectos fariam o mesmo e acabariam por eclipsar-nos. Não podíamos imaginar que 14 anos depois perdurámos e ainda cá estamos com a mesmíssima missão.
Falar de videojogos é muito fácil. Basta buscar fontes e fazer a respectiva transposição para a sua audiência. Pelo meio, podem adicionar uma ou outra opinião, um ou outro facto ou uma qualquer associação de temas. Contudo, fazer isso de forma isenta, sem tendências, com honestidade e cheio de vagar para suportar os possíveis efeitos secundários, é que é o verdadeiro feito. É por isso que estamos tão orgulhosos destes anos de serviço público. Ainda para mais se pensarmos que nunca tivemos fins lucrativos. Mais que comparar com os outros meios, há que enaltecer que somos e sempre seremos uma alternativa credível e de confiança.
Em 2010, o paradigma dos videojogos era tão diferente. Nesse ano tivemos (só) Mass Effect 2, Red Dead Redemption, StarCraft II, God of War III, Halo: Reach, Super Mario Galaxy 2 e tantos outros títulos épicos. Ainda estávamos armados em músicos com a série Rock Band, ainda fazíamos desporto com Wii Sports, apareceu um tal de PlayStation Move com uma nova forma de interacção, pouco depois, a Xbox lançou um tal de Xbox Kinect que, se calhar, já nem se lembravam. Ainda tínhamos a estrondosa E3 e a Gamescom era um pequeno evento algures em Colónia, Alemanha. Foi também o ano em que o Humble Bundle arrancou. Até tivemos um novo modelo de consola, a pequena Xbox 360 S.
Sem dúvida, desde então esta indústria evoluiu bastante, muitos apostando na tecnologia, outros apostando mais na criatividade. Infelizmente, nem todas essas apostas foram felizes mas, como em tudo, aprende-se com os erros. Aqui, porém, os erros pagam-se caros. Quem sabe a maior das evoluções, também a mais polarizadora, foi a do discurso geral dos jogos e das suas respectivas mensagens e conversas paralelas, que incluem as crónicas, notícias e análises aos novos títulos feitas por vários sites pela internet.
Nos anos que correm, o “politicamente correcto” tomou conta de todos os sectores do entretenimento, em muitos casos de forma tão agressiva que antagoniza os fãs de longa data. A política e o activismo entraram por estes mundos adentro, algo que, ainda hoje achamos que não deveria acontecer nestes universos. Não porque estejamos a favor ou contra qualquer um dos lados mas porque achamos que este mundo precisa de estar apartado destas questões para não se tornar um foco de discórdia. Os jogos deveriam ser uma escapatória da realidade, não uma hipérbole dos seus maiores debates.
Tratando-se de uma indústria de milhares de milhões, os jogos tendem a ser uma plataforma de mensagens sociais e políticas, quando outrora só queriam entreter miúdos e graúdos. Mas, há excepções. Há quem resista a deixar-se levar pelos debates públicos, pelos temas controversos ou pelas análises tendenciosas. O WASD orgulha-se de estar exactamente nesse patamar. Falamos dos jogos pelo que são, não pelo que parecem ser. Temos as nossas opiniões, coincidentes ou não com a maioria, defendemos os jogos como peças de entretenimento e distracção e não permitimos que os demais temas, por vezes jeitosamente embebidos por produtores com “agendas” ou simplesmente pelo que as tendências ditam.
Em 2024, tememos que as grandes franquias definhem, que estúdios estejam constantemente a ajustar-se à realidade financeira e à saturação de reedições, que mais produtoras prefiram contratar talento pela sua posição social ou política que propriamente pelo seu talento, que a sede por lucro de grandes corporações absorvam pequenos estúdios e que depois os encerrem quando o plano falhar. Mas, também temos esperança que tudo isto seja passageiro, que a indústria volte ao ritmo certo e que recuperemos a essência do que faz os videojogos tão memoráveis. E cá estaremos para comentar, noticiar e analisar esse retorno.
Agradecemos a todos os que estiveram ao nosso lado nestes 14 anos, a nossa família que nos apoiou sempre em dias fora de casa em reportagens ou noites perdidas a assistir em directo à E3, os nossos amigos que sempre nos apoiaram, os nosso colegas e ex-colegas que contribuíram para o que somos hoje e, claro, todos os nossos fiéis leitores, os veteranos de vários anos e os recém chegados que justificam cá estarmos.
Gostaríamos de vos convidar a comentar e a dar o vosso parecer, contar-nos a vossa própria experiência ao longo destes 14 anos de videojogos e como o WASD foi a vossa companhia. Cá estaremos para vos ouvir.
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