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Análise – ASUS ROG Ally X

Aí está uma potencial nova líder no mercado das consolas portáteis. A ASUS ROG Ally X chega ao mercado com muitas novas funcionalidades, bateria maior e ainda mais memória RAM. Será que justifica o seu preço (ainda mais) premium?

Pouco mais de um ano após o lançamento da primeira ROG Ally, a ASUS está a enriquecer a sua gama de dispositivos portáteis com uma actualização de hardware. Embora semelhante, a nova ROG Ally X é, na verdade, uma versão aprimorada do seu PC portátil disfarçado de consola, apresentando-se como uma actualização intermédia e não como um modelo 2.0 completo. Para desenvolver a ROG Ally X, a ASUS contou com a comunidade, recolhendo feedback dos utilizadores e implementando uma série de soluções com o principal objectivo de melhorar a experiência do jogador e da consola em si. O dobro da duração da bateria, o aumento da 24GB de memória RAM, a adição de uma porta USB-C e uma série de melhorias em termos de design, ergonomia e construção, permitem ao produto da marca ROG (Republic of Gamers) atingir um novo nível de maturidade. Mas, obviamente isto acontece com alguns pequenos compromissos.

Embora o hardware da ROG Ally X permaneça quase inteiramente inalterado em relação ao modelo anterior, não faltam inovações em termos de desempenho, especialmente graças a uma nova organização dos perfis de energia. Passei os últimos 20 dias em companhia deste dispositivo e estou pronto para vos contar todas as novas funcionalidades que este novo dispositivo tem para oferecer. Acredito que o preço de lançamento de 899,99€, poderá deixar os mais cépticos a perguntar se uma actualização de hardware conseguirá cumprir todas as expectativas. Mas, acima de tudo, conseguirá o novo dispositivo portátil encontrar o seu lugar no mercado e superar a concorrência interna do primeiro Ally?

Embora traga algumas melhorias fundamentais, a verdade é que não revoluciona assim tanto no sector técnico. O processador deste novo modelo continua a ser o mesmo AMD Ryzen Z1 Extreme que conhecemos na variante topo de gama, um processador Zen 4 que conta com 8 núcleos e 16 threads, com 24 MB de cache total e uma frequência de aumento máxima de 5,10 GHz. Também a placa gráfica é uma Radeon baseada na arquitectura RDNA 3, equipada com 12CU (unidades de cálculo) e uma frequência máxima de 2,7 GHz, com uma potência teórica de até 8,6 TeraFLOPS.

A primeira grande diferença em relação à versão de 2023 está na memória, que vê melhorias tanto na sua RAM como no próprio armazenamento interno. Como já mencionei, temos agora 24 GB de RAM LPDDR5X dual-channel a 7.500 MHz, dividida em dois módulos de 12 GB, com a possibilidade de atribuir 16 GB exclusivamente à placa gráfica. Quanto ao armazenamento, aumenta para um SSD NVMe M.2 de 1 TB e suporte para PCIe 4.0. Este disco pode agora ser actualizado com mais facilidade e o novo formato permite o acesso a uma variedade muito maior de opções.

Também há mudanças bem vindas em termos de conectividade e portas de ligação disponíveis. A família ROG Ally já suporta Wi-Fi 6E, Bluetooth 5.2 e, além da porta USB Type-C 3.2 Gen2 com suporte para Power Delivery e DisplayPort 1.4. Esta nova versão oferece também uma porta adicional USB-C 4.0 com suporte para Thunderbolt 4 e DisplayPort 1.4. Contem ainda com um leitor de cartões MicroSD e uma entrada de jack de 3,5 mm. Contudo, talvez porque a sua procura tivesse sido algo escassa (arriscaria mesmo dizer que foi nula), a badalada entrada XG Mobile para eGPUs (placas gráficas externas) desaparece completamente.

A segunda actualização significativa neste novo modelo refere-se à bateria, que passou de 40 Wh no modelo original para o dobro, agora 80 Wh. Efectivamente duplica assim a sua capacidade e duranção entre cargas, também prometendo uma capacidade residual de 80% após três anos de uso, em comparação com 70% da versão anterior. Notem que na caixa encontrarão um carregador de 65W mas a nova bateria suporta carregamento rápido até 100W. Mesmo assim, não me pude queixar. O carregamento de 0 a 50% leva apenas 30 minutos, enquanto uma carga completa demora cerca de 90 minutos. Nada mau.

O ecrã da ROG Ally X é exactamente o mesmo do modelo anterior, um painel LCD de 7 polegadas, que oferece uma resolução Full HD de 1920 x 1080 pixels com uma taxa de actualização de até 120 Hz e um brilho máximo de até 500 nits. Acho que este é, talvez, um dos pontos fracos do dispositivo. Embora cumpra bem a sua função, a falta de tecnologia OLED é notada, ainda mais porque estamos a falar de um produto móvel. Além de temos por aqui uma Nintendo Switch OLED que nos dá um modelo comparativo, qualquer smartphone recente, mesmo de gama baixa, oferece uma qualidade de visualização superior ao que temos neste dispositivo a nível de número de cores, contraste luminoso e intensidade da lâmpada, especialmente quando a luminosidade ambiente é muito alta.

A nível de áudio, temos dois altifalantes colocados na parte frontal do dispositivo, compatíveis com Dolby Atmos e com tecnologia de Cancelamento de Ruído da IA, capaz de filtrar o ruído de fundo que entra e sai com relativamente bons resultados. Também aqui, a qualidade permanece inalterada em comparação com o primeiro modelo. Fica bem claro que, sem se afastar demasiado do equipamento original, as melhorias têm um impacto positivo na “qualidade de vida” do dispositivo e no desempenho mas não tanto na oferta visual ou sonora. As mudanças não param no hardware, no entanto, e envolvem sobretudo o design e a construção do novo portátil.

Ficha Técnica da ASUS ROG Ally X

  • Sistema em Chip: AMD Ryzen Z1 Extreme com 8 núcleos e 16 threads @5,1 GHz, arquitectura Zen 4 e TDP de 7 – 30 Watts
  • GPU: Arquitectura RDNA 3 até 8 GB de RAM, 12CU (unidades de cálculo) e 8,6 TeraFLOPS @2,7 GHz
  • Display:
    • 7 polegadas IPS com toque de 10 pontos
    • Resolução Full HD (1920 x 1080)
    • Taxa de actualização de 120Hz
    • Brilho de 500 nits
    • Cobertura de cor 100% sRGB
    • FreeSync Premium e Gorilla Glass Victus com revestimento DXC
  • Memória: 24GB LPDDR5X @ 7500 MHz
  • Armazenamento: 1 TB M.2 NVMe 2280 PCIe 4.0 + slot Micro SD 4.0 UHS-2
  • Áudio: 2x altifalantes de 1 Watt com amplificador inteligente, Dolby Atmos e Cancelamento de Ruído AI
  • Conectividade: WiFi 6E (802.11ax) + Bluetooth v5.2
  • Portas:
    • 1x USB Type-C 3.2 Gen2 com suporte para Power Delivery e DisplayPort 1.4
    • 1x USB Type-C 4.0 com suporte para Thunderbolt 4 e DisplayPort 1.4
    • 1x jack mini de 3,5 mm
  • Bateria: 80Wh com carregador de 65W e suporte para carregamento até 100W
  • Dimensões: 280,2 x 114 x 36,9 mm
  • Peso: 678g
  • Preço: 899,99€

Design

Apesar do ligeiro aumento de tamanho e do peso muito mais significativo, o design geral é bastante semelhante ao modelo anterior. Esta nova versão é, de facto, caracterizada por dimensões mais avantajadas mas não assim tanto que se torne incomportável. Estamos a falar de 280,2 x 114 x 36,9 mm, apenas alguns milímetros mais alta e mais espessa do que a original. Agora, no peso total temos cerca de 678 gramas, mais 70 gramas que o modelo anterior é que se sente e bem. O aumento de peso deve-se quase exclusivamente à nova bateria, que por si só pesa 120 gramas. Mesmo assim, é ainda perfeitamente portátil.

Tendo em conta a necessidade de redesenhar o interior para acomodar as novidades, o trabalho de engenharia realizado pela ASUS é notável. Sim, notamos de imediato as diferenças de dimensão e peso ao pegar na Ally X, dados os benefícios trazidos pela maior duração da bateria, o compromisso, na minha opinião, é mais do que aceitável. Sim, há dispositivos mais leves por aí e acredito que as dimensões sejam um pouco mais complicadas de manejar, sobretudo para os mais novos. Também admito que, ao fim de umas horas a jogar, talvez o peso comece a notar-se mais. Ainda assim, não há milagres no que toca ao que é possível colocar dentro destas consolas para que sejam significativas.

Mesmo assim, houve um trabalho de optimização neste peso. Se se tratasse meramente de colocar uma nova bateria na consola antiga, a nova consola pesaria muito mais. Graças à implementação de um chassi mais leve, que passou de 176 para 134 gramas e à redistribuição do hardware interno, atingiu-se um bom compromisso. As placas de circuito impresso mais leves da nova versão também permitiram eliminar todas as camadas desnecessárias, enquanto o sistema de refrigeração renovado ajudou a reduzir ainda mais o peso. Aqueles que escolheram a original ROG Ally precisamente pela sua versatilidade podem achar que os gramas adicionais são negativos mas o trabalho de construção e acabamento adoptado pela ASUS para a versão X, quanto a mim, chegam mesmo a ser superiores em termos de ergonomia e equilíbrio.

Isto nota-se na forma como a nova consola se adapta bem às mãos, com os cantos inferiores e os manípulos completamente redesenhados para se adaptarem ainda mais aos dedos e palmas das mãos, conferindo ao dispositivo mais estabilidade. A textura da sua superfície nas zonas de contacto são assinaláveis, conferindo a devida fricção. Está distribuída por toda a superfície traseira, aumentando significativamente a aderência. Também gostei bastante do novo arranjo dos botões frontais e dos analógicos, parecendo agora a sua posição bem mais natural. Isto é, obviamente, uma questão de preferência pessoal.

Os analógicos também passaram por uma actualização, usando agora potenciómetros ALPS, dispositivos que, regra geral, são só encontrados em comandos de gama alta. A forma côncava e a textura áspera permitem que os dedos controlem a direcção com eficiência, tudo com uma resposta muito mais precisa graças à maior rigidez. A ASUS também promete uma capacidade de rotação de até 5 milhões de ciclos, em comparação com os 2 milhões do modelo original. Os analógicos também podem ser substituídos por kits de terceiros que serão lançados em breve no mercado. E é bom que o façam porque, como sabemos estas serão as superfíceis que mais se desgastam em comandos e consolas portáteis. Há que proteger este elevado investimento.

Também o D-pad foi redesenhado, encontrando agora uma cruz direccional de 8 posições, adornada com uma linha ligeiramente côncava e feita de plástico rígido com uma superfície áspera. Fica a dúvida se este desenho é mais eficaz que as tradicionais teclas individuais em cruz mas este formato de “prato” é, de facto, a “moda” do momento em várias marcas. Os bumpers e gatilhos também foram actualizados. Os bumpers foram reposicionados para se adaptarem às novas dimensões e os gatilhos foram completamente redesenhados, oferecendo uma superfície muito maior, tendo ainda uma resistência à pressão significativamente melhorada.

A maior mudança, no entanto, foi reservada para os botões de atalho presente na parte traseira. Estão muito mais alinhados com a posição das mãos e podem ser alcançados por vários dedos. O redimensionamento das teclas também resolveu os problemas de pressão encontrados com o modelo anterior. Personalizar comandos ou criar macros será agora algo muito mais fácil e intuitivo.

A grelha de ventilação traseira foi ampliada para permitir um maior fluxo de ar, enquanto uma grelha adicional foi posicionada na parte superior do dispositivo, colocada no centro em relação às duas portas USB-C, ao leitor de MicroSD e ao botão de alimentação com leitor de impressões digitais. Este último é então rodeado por um anel fino que facilita a identificação da sua posição, embora deva ser dito que muitas vezes acaba por se confundir com o pequeno slot de cartão MicroSD localizado nas proximidades.

Infelizmente, o design do ecrã em si permanece inalterado, ainda cercado por bordas grossas que afectam inevitavelmente a linha geral de todo o dispositivo. Tirando isso, embora à primeira vista seja semelhante à primeira versão, na verdade, há uma série de melhorias estéticas e funcionais que melhoram o seu aspecto e também a experiência do utilizador, resultando num dispositivo extremamente equilibrado e fácil de segurar, mesmo com o seu peso maior.

Sistema de Refrigeração

Já mencionei s novas grelhas de refrigeração e há um motivo para elas existirem. As ventoinhas internas são agora menores, com uma espessura das lâminas reduzida para 0,1 mm mas esta solução permitiu a instalação de 77 lâminas por unidade (44 no modelo anterior), aumentando o fluxo de ar e reduzindo o ruído, em particular em baixas frequências. O dissipador de calor também passou por um processo de melhoria e agora conta com 102 aletas que cobrem uma área de superfície maior. Em teoria, portanto, conseguem dissipar o calor de forma mais eficaz. Finalmente, o sistema Anti-Gravity implementado nestes tubos promete manter a pressão do ar constante, mesmo quando o dispositivo está invertido.

Voltarei a falar das temperaturas nesta análise mas, no geral, as alterações feitas permitem que o dispositivo apresente temperaturas ligeiramente melhores, com uma média de menos 5°C nas mesmas condições de uso que o modelo anterior. Obviamente, isto irá variar com o uso e idade do aparelho, sem esquecer as condições ambientes. Contudo, não deixa de ser um bom resultado considerando que estamos a tratar de um restyling na circulação de ar e não de uma completa reformulação que certamente um sucessor verdadeiro terá.

Novos Perfis de Energia

Outra mudança significativa diz respeito aos perfis de energia da APU, que permanecem inalterados em forma mas não em substância. Os presets disponíveis são outra vez três, tal como na versão anterior. Voltamos a ter as opões “Silent”, “Performance” e “Turbo” para escolher consoante a situação. O que mudou, no entanto, foram os limites de potência fornecidos pelos presets mais conservadores, “Silent” e “Performance”.

O perfil “Silent” agora apresenta uma absorção do SoC (CPU + GPU) definida em 13W (contra 10W anteriores), com um sPPT de 19W (contra 14W anteriores) e um fPPT de 23W (contra 17W anteriores). O perfil “Performance também recebeu um aumento e agora atinge 17W (contra 15W anteriores), com um sPPT de 24W e um fPPT de 30W. O perfil “Turbo” permanece inalterado nos seus 25W, até 30W se a máquina for usada ligada à corrente eléctrica. Da mesma forma, o modo manual permanece inalterado, permitindo mudar a potência fornecida de um mínimo de 7W a um máximo de 25W (30W ligado à corrente). O mesmo acontece com os respectivos limites de sPPT entre 13-30W e fTTP entre 19-35W, que se tornam 13-43W e 19-53W com a alimentação eléctrica.

Estes aumento de performance dos diferentes perfis foi possível graças à bateria de maior capacidade e, acima de tudo, ao sistema de refrigeração renovado que já discutimos. Isto permite melhorar o desempenho mesmo com baixa potência e com as ventoinhas em rotação reduzida, enfrentando temperaturas ligeiramente mais baixas e tendo um aumento no ruído médio limitado a 2 dB.

Condições de Teste

Para testar oa ROG Ally X, utilizámos uma combinação de benchmarks, recorrendo ao Cinebench 2024 e ao 3DMark, e uma série de jogos como Cyberpunk 2077 e Returnal, terminando com o menos exigente Hades 2. Utilizámos então o perfil de energia Performance como referência, o mais adequado para equilibrar desempenho e consumo, comparando depois os resultados obtidos com os outros dois perfis de energia.

A consola foi mantida na resolução base de 1080p com uma taxa de actualização definida para 120 Hz e com 8 GB dedicados ao GPU, sem a intervenção das funcionalidades oferecidas pelos drivers da AMD. Também foi mantido o brilho do ecrã no valor padrão para referência. A versão dos drivers AMD Adrenalin utilizada foi a 23.40.28, enquanto no software proprietário confiámos na versão do Armoury Crate 1.5.5.

Comecemos pelos benchmarks e pelos testes do SoC realizados com o Cinebench 2024. Com o perfil “Performance”, obtivemos uma pontuação de 616 pontos em multi-core e 97 pontos em single-core. Para testar a potência máxima que a máquina pode alcançar em modo bateria, também realizámos os testes com o perfil “Turbo”, neste caso, o hardware obteve 734 pontos em multi-core e 100 pontos em single-core. Como se pode ver, o aumento na potência parece afectar principalmente o desempenho em multi-thread, com uma diferença bastante significativa. Quando levado ao máximo, o AMD Ryzen Z1 Extreme aproxima-se de um processador de um portátil de gama média, um óptimo resultado considerando o tamanho do portátil.

Passando para o 3DMark, tomando o perfil Performance como referência, a ROG Ally X obtém bons resultados, bastante alinhados com a antecessora. No teste “Night Raid”, ideal para avaliar iGPUs, o dispositivo registou 25.165 pontos. No teste “Solar Bay”, útil para testar as capacidades de ray tracing das GPUs móveis, alcançou 11.196 pontos. No que diz respeito aos testes clássicos de PC, o “Time Spy” obteve 2.915 pontos, enquanto o mais recente “Steel Nomad Light” registou 2.727 pontos.

Para ter uma ideia completa da diferença entre os vários perfis de energia, realizámos o teste “Night Raid” em todos os limites de potência. Com o perfil “Silent”, o benchmark totalizou 18.657 pontos, enquanto com o perfil “Turbo” atingiu 27.962 pontos. Notaram, com certeza, que a diferença entre os perfis é abismal. Todavia, a curva de alta potência o desempenho sofre um aumento significativo mas menos vertiginoso, uma característica que confirma o bom equilíbrio do perfil mediano.

Finalmente, testámos o impacto das optimizações possíveis realizadas pela célebre tecnologia AMD FSR no desempenho da portátil. O super sampling da marca vermelha é, de facto, uma característica essencial para esta categoria de produtos, havendo já muitos jogos compatíveis e prontos para a sua optimização inteligente. Com o teste apropriado fornecido, obtivemos uma média de 15,73 FPS sem FSR e uma excelente média de 27,87 FPS com FSR. É uma diferença considerável de 77,2% de melhoria da performance geral, que destaca a eficácia da tecnologia da AMD.

Como bónus, não poderíamos deixar de testar o novo SSD 2280, sendo esta unidade posta à prova pelo CrystalDiskMark. Esta memória obteve 5007 MB/s em leitura e 2887 MB/s em escrita, o que também representa uma melhoria de velocidades de acesso em relação à versão original, alcançando velocidades superiores em todas as frentes, entre leitura e escrita.

Benchmarks de Jogos

Podemos começar pelo inevitável Cyberpunk 2077 da CD Projekt RED que, nas suas configurações de PC mais poderosas, pode fazer suar mesmo os melhores PCs. Usando o perfil de energia “Performance” com FSR 2 activo por padrão, a ROG Ally X alcança uma média de 31 FPS a 1080p, que sobe para 48 FPS a 720p. Neste caso específico, também experimentámos o perfil de energia “Turbo”, empurrando o desempenho a 1080p e a média sobe para 44 FPS, enquanto a 720p chega a impressionantes 67 FPS. A diferença de 8W entre os dois perfis é notável, especialmente na presença de jogos que não economizam recursos de hardware. No geral, notámos uma melhoria na estabilidade do título (provavelmente devido ao aumento de RAM) e uma velocidade de carregamento que, embora subtil, é apreciável.

Além dos números, a verdadeira experiência de jogo, com todos os títulos que testámos, revelou-se extremamente positiva para uma consola portátil e francamente aceitável, se considerarmos que isto é mesmo um PC portátil compacto. As vantagens geradas pela nova distribuição da potência de energia, com perfis agora mais equilibrados e funcionais, permitem que a ROG Ally X tenha um bom desempenho mesmo recorrendo a potências mais baixas, com a possibilidade de escolher o melhor compromisso consoante o contexto.

Neste sentido, o pacote de tecnologias AMD HYPR-RX integrado no software de gestão da ASUS e facilmente acessível a partir do painel lateral do Armoury Crate torna-se fundamental. Temos aqui opções, como usar super sampling, geração de frames, anti-lag e todas as outras funcionalidades que são potencialmente capazes de melhorar significativamente o desempenho dos jogos mais exigentes. Em alguns casos, dependendo da optimização dos próprios jogos, pode até duplicar a sua performance. Mesmo sem aumentar assim tanto as capacidades da ROG Ally X, a ASUS conseguiu evoluir o bom trabalho realizado com o modelo original.

Autonomia

A nova bateria de 80 Wh, que duplica a capacidade em comparação com a anterior consola, é talvez o upgrade mais atraente para os compradores. Apesar dos números, no entanto, uma bateria duas vezes maior não significa necessariamente que tem o dobro da autonomia. Há muitos factores a considerar, como o tipo de utilização, tipo de carga e até as temperaturas ambiente. Neste contexto, muito vai depender da optimização do software e dos drivers da fabricante para tirar todo o potencial da maior capacidade. Mesmo assim, o que interessa saber é que a ROG Ally X oferece uma autonomia significativamente maior do que o modelo original.

Usando o perfil de energia “Performance” como referência, com o brilho do ecrã a 80%, o volume dos altifalantes a 60% e o brilho dos LEDs a 33% (consideradas as configurações ideais para uso diário), conseguimos jogar Cyberpunk 2077 durante cerca de 130 minutos até precisar de ser novamente carregada. Com o perfil “Turbo” (brilho do ecrã a 100%) há uma óbvia e esperada redução na autonomia, conseguindo cerca de 105 minutos de utilização. Os mesmos resultados foram obtidos com outros jogos, como Hitman 3 ou Returnal, enquanto que com Hades 2 no perfil “Performance” já permitiu quase alcançar 190 minutos.

Quanto a multimédia, assistir a um vídeo em 4K por mais de 320 minutos contínuos é um feito. Duvido que alguém use esta consola somente para esta função mas é sempre bom sabermos estes dados. Isto é particularmente interessante se pensarmos no Streaming de jogos (que infelizmente não nos foi possível testar nesta análise) que recorrem ao processamento na nuvem. Acreditamos que jogar via cloud, por exemplo a 1080p nos dê ainda mais autonomia, mesmo considerando o recurso de rede necessário.

A melhoria na autonomia da ROG Ally X é evidente e permite que a portátil da ASUS finalmente alcance o nível de um verdadeiro dispositivo móvel prático e que faça frente a computadores portáteis. A nova bateria traz consigo uma vantagem adicional. O perfil “Turbo”, que era muito pouco usado no modelo anterior, torna-se agora uma opção mais vantajoso para quem não quer (muitos) compromissos. E, nos perfis mais conservadores, pode ser usado por mais tempo.

Temperaturas e Ruído

O novo sistema de arrefecimento do ROG Ally X permite que o dispositivo mantenha essencialmente as mesmas temperaturas da anterior ROG Ally. Devido à bateria maior (com uma potencial redução correspondente no fluxo de ar e maior dispersão de calor) e um SSD maior (também mais quente do que o anterior), o trabalho realizado pelos engenheiros da ASUS é de louvar.  Na práctica, tomando Cyberpunk 2077 como amostra, o SoC do Ally X atinge 58°C com o perfil “Silent”, 72°C com o perfil “Performance” e 80°C com o perfil “Turbo”. O que poderá ser um elemento de preocupação, especialmente em ambientes quentes.

De facto, o calor percebido está concentrado exclusivamente na parte traseira do chassis, particularmente na área central-superior, assim como na área do ecrã. Os analógicos, botões e todas as áreas externas mais expostas ao contacto directo com as mãos, no entanto, permanecem à temperatura ambiente. É um bom atestado de como a reformulação da refrigeração funciona muito bem neste modelo.

Quanto ao “barulho”, a ROG Ally X mantém tem um perfil de ruído baixo, embora ligeiramente mais alto que o modelo anterior. Sob stress, registámos 38 dB no perfil Silent, 40 dB no perfil Performance e 46 dB no perfil Turbo. (Testado com App SoundMeter). Em todos os casos, no entanto, o ruído não é assim tão incomodativo. Afinal, podemos usar auscultadores para jogar ou até usar os altifalantes incorporados com volumes baixos. Se o fizermos, será um ruído bastante discreto. 

Veredicto

Como provavelmente se pode deduzir pela extensa análise, a ASUS ROG Ally X apresenta-se como uma actualização de meia-geração que melhora o produto original em vários aspectos. Ainda assim, para este novo modelo, a ASUS não se limitou a adicionar componentes e refinar a ergonomia, realizou uma reestruturação praticamente total do hardware interno, repensando a disposição dos componentes e entregando um dispositivo que é mais pesado e ligeiramente mais volumoso, mas também melhor projectado, mais refinado e também mais potente. Se tivéssemos de avaliar o mero “pedaço” de hardware, completamente desvinculado das dinâmicas de mercado e do contexto histórico, só poderíamos aplaudir o trabalho realizado. Se estas forem as premissas para um “Ally 2.0”, o caminho seguido certamente dá-nos esperança.

O maior problema da ASUS ROG Ally X, no entanto, é… a ASUS ROG Ally (a primeira versão). Com o mesmo AMD Ryzen Z1 Extreme, tem hoje um preço de 599 €, ou seja, 35% mais barata. Portanto, recomendar a compra da nova versão é muito complicado, especialmente quando se trata de um upgrade para quem já possui o modelo original ou outra consola portátil. É uma melhoria inquestionável em termos de hardware e desempenho mas não podemos ignorar a actual situação do mercado. O ligeiro aumento de desempenho e de bateria pode não ser suficiente para justificar um preço de lançamento de 899 € (100 € mais do que o preço da ROG Ally original).

Se, por outro lado, estão a pensar em comprar uma consola para jogar títulos de PC com qualidade, o preço da anterior ROG Ally é definitivamente mais apelativo. Em suma, a qualidade intrínseca da ASUS ROG Ally X é evidente de todos os pontos de vista, mas a nova máquina chega um pouco tarde, não está sozinha no mercado e o seu preço mais elevado pode afastar uma boa parte dos interessados.

  • MarcaASUS
  • ModeloROG Ally X
  • Lançamento2024
  • PlataformasASUS ROG Ally X, PC
b
Bom

Equilibrado e com boas ideias, os seus erros não o impedem de brilhar.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Peso aumentado em 70 gramas
  • Ligeiramente mais volumoso que o original
  • O ecrã LCD é agora anacrónico
  • O preço de lançamento choca com o mercado

Comentários