Análise – Razer Blackwidow V4 X
Como nova evolução na sua já mítica série de teclados de alta performance, os Razer Blackwidow são ainda imbatíveis. Com uma vasta selecção disponível, os novos Razer Blackwidow V4 X são uma escolha consciente.
Quando falamos da Razer, alguns lembrar-se-ão dos seus fantásticos auscultadores, outros irão louvar os vários modelos de ratos. Aqui no WASD a nossa preferência sempre foi para os seus teclados. De facto, aqui na redacção já tínhamos dois, o Blackwidow V2 e o Blackwidow Elite. São dois óptimos teclados que provam que a tecnologia da Razer é ainda imbatível. Só que há um problema latente nestes dispositivos que impedem-nos de brilhar tanto por cá. Não tem nada a ver com a sua qualidade geral ou tecnologia no interior. Tem a ver com os layouts. Infelizmente, nem todos os modelos possuem layout em Português, pelo que acabamos por não os poder usar no dia-a-dia como deve ser. É possível adaptar as teclas, claro, mas nunca é a mesma coisa.
Felizmente, de vez em quando, a Razer concebe alguns modelos em particular com esta disposição única de teclas. Um dos teclados mais populares da Razer por cá, é mesmo o modelo Ornata que, além de ter um preço mais simpático (tecnologia de teclas em membrana é muito mais barata) são um bom compromisso entre qualidade e performance, tendo, lá está, layout em Português. Os Blackwidow em PT existiram ao longo do tempo mas, dada a sua qualidade inegável e preço mais elevado, são mais raros de encontrar. De facto, uma curta pesquisa pelas lojas nacionais leva exactamente a esta conclusão.
É verdade, o nosso mercado é mais reduzido que outros, não há como escamotear este facto. Para satisfazer a procura de teclados PT, a Razer não pode fabricar vários milhares de unidades para depois vender uma curta percentagem. É um investimento sério e que obriga a ter alguns resultados justificáveis. Outras marcas nem se são ao trabalho de mudar o layout para cá, sabendo que os sistemas operativos possuem a capacidade e emular teclas. Contudo, acreditem, muitos procuram teclados PT para, não apenas jogar, também escrever regularmente e trabalhar.
O teclados mecânicos são muito populares hoje em dia para os gamers, de facto. Contudo, a sua génese é inversamente proporcional à evolução da sua tecnologia. Os primeiros teclados eram realmente mecânicos, barulhentos e desajeitados. Com o passar do tempo, tornaram-se mais reactivos e silenciosos. Subitamente, o gaming começou a exigir ainda mais tecnologia e os teclados voltaram a apostar nos seus “clicks” ruidosos, numa busca pelo importante “feed-back”. Neste segmento tão peculiar, os Blackwidow foram, são e serão os “senhores” do momento.
Esta gama da Razer é composta por vários modelos de teclados, sempre com um compromisso de preço versus tecnologia. Ao longo dos anos, os Blackwidow receberam várias evoluções, sendo esta V4 a mais recente. Na maioria dos casos, essas evoluções são ao nível de um restyling de aspecto e de materiais usados. Neste caso, o modelo V4 que vamos analisar está claramente mais estreito, tem um novo desenho no rolo multifunções no canto superior direito, as teclas são mais elevadas mas pouco mais. O intuito destas gerações é claramente actualizar a gama, não tanto introduzir novas tecnologias. Quando isso acontece, a Razer prefere criar uma nova linha, como aconteceu com os switches ópticos e a nova linha Razer Huntsman.
Nesta gama Blackwidow V4 temos, então, cinco modelos diferentes. o Blackwidow V4 Pro é o topo de gama, com switches mecânicos proprietários de terceira geração com hot swap, roda de comando, 5 + 3 teclas macro, rolo multi-funções, passthrough USB, taxa da polling até 8000Hz (4000Hz na versão 75%, sem teclado numérico à direita), um ecrã LCD programável (apenas na versão 75%), almofada de pulso, luzes Chroma nas teclas e no chassis e outros extras… Só que, além do seu preço esticado (269,99€ na versão completa e 349,99€ na versão 75%) não está disponível com outro layout além do Norte-Americano.
Mais abaixo, está a edição Blackwidow V4 standard, a versão mediana que perde uma série de extras mas mantém a taxa de polling, teclas Macro dedicadas, base para os pulsos e iluminação RGB no chassis, num bom compromisso entre tecnologia e “vistão”. Infelizmente, por 189,99€ (219,99€ na versão 75%), só compram o layout US, UK, Alemão ou Francês. Então, para cá, a única escolha que terão na nova linha é mesmo o Razer Blackwidow V4 X. Tradicionalmente, na Razer o “X” é a indicação que se trata de uma linha de entrada na gama em questão. Logo aí começam a ver quais as limitações que terão doravante.
Mais que explicar o que este teclado tem, comecemos por mencionar o que não tem. Esqueçam a luz no chassis, esqueçam a base para os pulsos, esqueçam a roda de comando programável, esqueçam o cabo USB-C destacável, esqueçam até a elevada taxa de polling. Este é um teclado puramente linear, com uma certa “humilde” na apresentação, não fossem as teclas retro-iluminadas a chamar a atenção. Visualmente, portanto, é bem mais discreto, contendo apenas um rolo multifunções no topo direito e seis botões macro laterais, numa posição que já irei descrever que, inicialmente, não o favorece muito.
Falo de “humildade” porque é claramente um teclado mais comedido, mas também é mais discreto. Muitos preferem nem sequer ter luzes programáveis, pelo que, se calhar, a iluminação não é assim tão essencial. Por outro lado, o apoio dos punhos pode ser irrelevante para alguns utilizadores que preverem uma posição das mãos mais baixa. As demais opções e extras são também algo dispensáveis para um jogador que só quer um teclado novo mas não pretende “rebentar” a carteira. O que interessa para muitos é a resposta da tecla em si. Felizmente, com o Blackwidow V4 X continuamos a ter opções.
Embora tivéssemos à escolha o tradicional switch Verde, linear e com som de “click”, decidimos optar desta vez pelo switch Amarelo. Este é na mesma mecânico mas prescinde do “click”, mantendo a famosa linearidade. A outra opção seriam os switches Laranja que mantém o feedback táctil mas são (mais ou menos) silenciosos. Contudo, para o Razer Blackwidow V4 X em particular, não temos esta última opção. O que é uma pena porque era exactamente este switch que eu queria há tanto tempo experimentar e nunca foi possível. No fundo, isto é uma questão de opção dos jogadores, que terão de experimentar primeiro antes de decidir. Infelizmente, nem todas as lojas dão essa opção, pelo que vou tentar ajudar-vos a escolher o switch ideal com esta análise.
Se gostam de feedback que sentem e ouvem de cada vez que pressionam uma tecla, o tradicional “click, click, click” que é também tão satisfatório a nível sensorial, sem dúvida devem optar pelo switch Verde. Se, pelo contrário, não querem nada disto, apenas querem pressionar as teclas sem qualquer feedback sensorial ou sonoro, então a escolha deve ser o switch Amarelo que temos aqui em análise. Notem, porém, que algumas lojas físicas não encomendam sempre os teclados com os dois modelos de switches. Geralmente, optam por um deles, quase sempre o verde ou encomendam em quantidades diferentes. Por isso, se escolherem estes switches amarelos, talvez tenham de os procurar ou encomendar via Razer.com.
Mas, confesso, esta é uma experiência demasiado diferente do que estou habituado, por vezes algo frustrante. Como aliás é frustrante a experiência de mudar de um teclado com um determinado design e intuito para outro. Passar do meu Razer Blackwidow Elite para este foi um autêntico processo de habituação. Em primeiro lugar, a principal questão é com os switches que, sem o feedback físico/mecânico, não fornecem um “limite” de actuação perceptível. O que faz com que muitas vezes, ao repousar o dedo sobre a tecla, estamos a actuá-la sem querer. Por outro lado, a sensibilidade de actuação parece-me muito, mesmo muito mais reactiva, pelo que é óptimo para “first person shooters” por exemplo mas não tanto para escrever.
Com hábito, acabei por dominar os “strokes”, a força necessária para actuar as teclas. Pressionar teclas “sem querer” deixou de ser um problema e habituei-me a não repousar os dedos nelas. Agora, o que não me consegui realmente habituar foi à disposição das seis teclas macro imediatamente à esquerda do teclado principal. Não é o primeiro modelo da Razer que faz isto, pelo que quem está habituado nunca se queixará. Contudo, para mim foi um “desvio” de tudo para a direita, ainda hoje carregando inadvertidamente nas teclas ao lado ou nas próprias teclas macro sem querer. Para quem escreve sem olhar para o teclado isto pode ser um problema.
Por outro lado, não entendo porque é que, por um preço de 149,99€, não podemos ter um cabo USB-C destacável. Ou porque é que não podemos ter a tal base para repouso do pulso. É uma escolha da Razer, obviamente, não querer incluir muitos extras para reduzir o preço. Contudo, este continua a ser um teclado “premium” e, considerando que só este teclado é (para já) disponibilizado em PT, ficamos um pouco desfalcados em termos de conteúdo. Prescindo, claramente, das luzes de chassis ou de rodas de comando que, provavelmente, nunca usarei mas há coisas que parecem mais essenciais que outras.
Quem sabe o item mais controverso nisto tudo, é o facto da taxa de polling deste teclado ser de apenas 1000Hz. Para a maioria dos utilizadores isto é perfeitamente indiferente, sendo, ainda assim, uma boa performance para a maioria das utilizações. Afinal é nos ratos que esta taxa de actualização é realmente importante. Mas, quem compra um teclado pela sua tecnologia, invariavelmente vai ver isto como uma contradição numa gama historicamente de alta performance. Aqui está um teclado premium, de uma gama de teclados aclamada ao longo da sua história, mas tendo uma taxa de polling digna de dispositivos de gama baixa. Enfim.
No que toca a jogar com este teclado, que é que a maioria dos que estão a ler se interessam, estamos a falar de um dispositivo cumpridor, dentro do que esperam dos teclados mecânicos da Razer. Há anos que estes teclados têm vindo a evoluir bastante em construção e robustez, pelo que os chassis em alumínio e as teclas em plástico ABS são já um “habitué” que não prescindimos. Sem dúvida, onde reside a principal diferença é mesmo nos switches que nesta gama em particular são tão aclamados pela crítica e fãs. De facto, não me posso queixar das prestações com o Blackwidow V4 X mas… há alguns reparos.
Novamente, o switch Amarelo é óptimo para jogos mais reactivos, como os já mencionados shooters onde as reacções fluidas ao milésimo são tão importantes. Os movimentos são bastante suaves nestes switches que, sem o tal feedback, proporcionam uma fluidez muito peculiar. Continuo a preferir o switch Verde, mesmo assim, mas acho que acaba por ser uma óptima experiência neste tipo de jogos quando se habituam. Agora, em todos os outros, em particular em RPGs ou em títulos com recurso a muitos comandos, a falta do feedback é muito sentida. Senti mais falta do “click” físico, que o sonoro, para dizer a verdade. Há quem diga que, “quando fazemos “click”, é difícil voltar” e é mesmo verdade.
E não acreditem muito nessa história destes teclados serem “silenciosos”. Tudo bem, a ausência do “click” inquestionavelmente torna-os menos ruidosos. Contudo, por causa da arquitectura interna, do design das teclas elevadas com um grande curso e recorrendo a actuadores mecânicos com molas, continuam a fazer algum ruído, mais que nas membranas do Razer Ornata. Provavelmente, não acordam tanta gente lá em casa nas jogatinas nocturnas, mas continuarão a fazer ruído na mesma. Assim sendo, considerando todos os prós e contras, se não querem mesmo o ruído, se calhar não ganham muito com um teclado mecânico, switches Amarelos e tudo.
Noutras questões, algo que “chateia” muita gente é o bloqueio de teclas com combinações entre elas ou usando macros. Este teclado possui a tecnologia Razer Snap Tap, que permite priorizar o comando de duas teclas previamente seleccionadas sem ter de libertar a primeira. Isto é muito importante com as teclas direccionais e é ainda mais importante com jogos que tenham muitas combinações necessárias. Sendo um teclado de gaming, não é algo extraordinário que tenha esta função mas é bom saber que não ficam “bloqueados” quando pressionam múltiplas teclas.
Por fim, temos de falhar da sua programação. Com direito a cinco slot para perfis internos, podemos fazer a programação das teclas macro, das luzes LED e do rolo multi-funções via Razer Sinapse, como sempre. Temos também as funções gaming para eliminar teclas ou comandos de sistema (Alt-F4, Tecla Windows, etc) e ainda a capacidade de programar teclas adicionais, mapeando-as em tempo real via Razer Hypershift. Contem também com a já costumeira compatibilidade de jogos e aplicações com as luzes personalizáveis via Razer Chroma. Ou seja, o habitual para quase todos os teclados recentes da marca. Pelo menos aqui, não há compromissos.
Veredicto
Não optámos por adquirir especificamente o Razer Blackwidow V4 X. Foi uma imposição da Razer porque não temos esta geração de teclados em Português nos demais modelos. O que é uma pena, porque o topo de gama e mesmo o de gama média parecem bem superiores em termos de conteúdo e funcionalidades. Este é um teclado para quem quer algo mais discreto, num preço mais simpático mas não quer compromissos a jogar. Cumpre bem o que prometem estes teclados mecânicos desenhados para gaming. A sua baixa taxa de polling não é algo que a maioria dos jogadores vai notar e a falta de extras é também discutível. Apenas certifiquem-se que escolhem bem o switch, porque, para mim, o switch Amarelo não convenceu.
- MarcaRazzer
- ModeloRazer Blackwidow V4 X
- Lançamento2024
- PlataformasPC
Equilibrado e com boas ideias, os seus erros não o impedem de brilhar.
Mais sobre a nossa pontuação- Evolução no design mantém óptima robustez
- Seis teclas macro dedicadas
- Layout em PT é quase essencial para alguns
- Opção de switches amarelos ou verdes
- Posição das teclas macro requer hábito
- Switches Amarelos não convencem
- Falta layout PT em gamas altas